terça-feira, 10 de novembro de 2015

PYOGENESIS - A CENTURY IN THE CURSE OF TIME


              Confesso que ainda não conhecia a fundo o trabalho dos alemães do PYOGENESIS. Mas sabia que tratava-se de uma banda que praticava um Doom Metal que, com o passar do tempo, foi modificando seu som, adicionando elementos mais "alternativos" e com nuances Pop á sua sonoridade. A banda foi formada em 1991 e manteve-se  ativa até 2005. E 10 anos após sua separação, voltam ao mercado com A CENTURY IN THE CURSE OF TIME, que chega por aqui, via Shinigami Records. Um álbum, que num primeiro momento, não tem uma fácil assimilação, visto que a banda nos apresenta uma grande variação em suas músicas. Desde passagens que remetem ao metal mais pesado praticado em seus primórdios, até toques de metal mais recente, como os já citados acentos de música alternativa e Pop.

             A banda atualmente é formada por Flo V. Schwarz (vocal e guitarra), Gizz Butt (guitarra e backing vocal), Malte Brauer (baixo e backing vocal) e Jan Räthje (bateria). Todas as músicas foram compostas por Flo V. Schwarz, único membro da formação original do grupo, que também ficou encarregado da produção do trabalho, que pode-se dizer, ficou muito boa, tendo em vista a grande variedade de estilos apresentada pela banda, e que manteve uma boa dose de peso (sem pender para o exagero), um pouco de sujeira e melodia, sem comprometer essa interação. O belo trabalho gráfico também se destaca, com uma capa rica em detalhes, cuja responsabilidade ficou á cargo de Stanis-W Decker. Como dito anteriormente, o som do Pyogenesis, não tem uma fácil assimilação logo de cara. Mas a cada audição, pode-se perceber a proposta do grupo, e assim, apreciá-lo. Até certo ponto mais acessível, mas sem esquecer de suas raízes, o resultado vai agradar aos que não se apegam á conceitos pré-concebitos.

            O álbum inicia com Steam Paves Its Way (The Machine), uma faixa que já entrega a proposta sonora da banda, aliando o peso das guitarras, que carregam consigo uma boa dose de melodia, com elementos mais variados. Vocais que vão do urrado ao mais limpo, com uma estrutura bem trabalhada (algo que se mostra durante todo o trabalho) e uma pegada por vezes agressiva. A Love Once New Has Now Grown Old começa mais rápida e traz guitarras agressivas, mas que durante sua execução, se tornam mais simples, com passagens que nos remetem ás bandas de Pop Rock. A veia melódica do grupo se mostra latente em This Won't Last Forever. O vocal de Flo V. Schwarz se encaixa de forma correta na melodia apresentada, fazendo com que as guitarras, transitem entre o peso (em menor quantidade) e a suavidade. Uma bela faixa. The Best Is Yet To Come vem na seqüência e talvez seja a faixa mais acessível do cd. Mais cadenciada, possui um belo arranjo, onde o baixo e bateria, apesar de ser uma música mais calma, acabam se destacando. Destaque também para o bom trabalho de backing vocal.

           Lifeless traz uma bela melodia. Com um forte acento Pop, as guitarras aparecem de forma tímida, mas com belos solos. Os variações nos vocais me lembraram um pouco a fase mais acessível do Paradise Lost. The Swan King inicia com a bateria marcada, e em seguida bons riffs de guitarra, são "interrompidos" por passagens mais simples. Uma faixa bem variada, com a cara da banda. Flesh and Hair é outra faixa bem variada, pois o grupo vai de arranjos mais "metal" á passagens mais suaves com desenvoltura, e por que não dizer, sem medo de ousar. E esse talvez seja um dos grandes méritos do grupo. Praticar o som que querem, sem preocupação. Algo arriscado comercialmente, mas que deve trazer a satisfação pessoal para os músicos. A longa, muito bem trabalhada e estruturada A Century In The Curse Of Time encerra o trabalho e sintetiza a sonoridade da banda. Peso, melodia, arranjos corretos, guitarras bem timbradas, grande variação de andamentos, baixo e bateria alinhados, belos vocais e a ousadia na composição, fazem da faixa uma bela composição.

          Um álbum que pode soar estranho numa primeira audição, afinal, a grande variação de estilos proposta pela banda, nem sempre agrada ao fã mais radical. E convenhamos, nem sempre o fã de heavy metal tem a mente aberta á inovações, sejam elas quais forem. Mas se ao ouvir esse trabalho, o ouvinte se despir de preconceitos, encontrará uma banda ousada, sem medo de inovar, com guitarras pesadas e melódicas, intensas e que dosam de forma correta essa variação, além de músicos de extrema qualidade. Dê uma chance á banda e curta esse grande trabalho!



           
Sergiomar Menezes

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