quinta-feira, 24 de março de 2016

DOKTORCLUB - DOKTORCLUB



                 O cenário do hard/heavy brasileiro é muito vasto. O problema é que muitas vezes, até mesmo por nossa própria culpa, acabamos restringindo o raio de alcance e deixamos passar bons nomes. E se não mudarmos um pouco nosso conceito (meio que involuntário, é verdade), bandas como a sul mato-grossense DOKTORCLUB, não receberão a devida atenção. Seu auto intitulado trabalho de estréia, foi lançado em 2012 e nos traz um som calcado no hard rock mas que carrega consigo uma forte influência do metal tradicional.

                Formada por André Koutchin (vocal), Aldo Camine (guitarra e teclado), Carlos Prado (guitarra), Jeferson Taborda (baixo) e Edu Ribeiro (bateria), a banda já se encontra em processo de gravação do próximo trabalho. Enquanto isso, segue a divulgação do homônimo álbum que teve a produção do guitarrista/tecladista Aldo Camine (líder da banda). Apesar de boa, a produção deixou o som da banda pouco encorpado, meio simples até. Pro estilo praticado pelo grupo, uma produção mais esmerada traria um melhor resultado. A bela capa, que nos remete as histórias em quadrinhos, foge um pouco do estilo, o que é bem legal, pois além de diferente, mostra personalidade. E se prestarmos atenção, faz referência aos títulos das faixas do álbum. Grande sacada!

              Composto por dez faixas, o cd abre com Showtime e já se percebe a forte influência do metal tradicional no som do grupo. A voz de André Koutchin soa extremamente limpa, num meio termo entre o hard e o heavy. As guitarras trazem um resgate bem anos 80, principalmente nos timbres. Blind Poet, por sua vez, tem em suas guitarras, uma levada bem NWOBHM, principalmente aquela faze inicial. A cozinha é correte e eficiente, mostrando bom entrosamento da dupla Jeferson e Edu. Em Take a Part of Me, apesar desse acento mais heavy das guitarras a faixa possui as características mais fortes do hard, com uma linha melódica mais suave. Mais hard é o que temos em Never Let Me Down, onde a estrutura favorece ao bom desempenho do vocalista André. The Story, em um primeiro momento, soa como uma balada, mas ganha corpo e peso e se transforma em uma música cheia de variações, demonstrando a versatilidade do grupo. Destaque ara o belo solo de guitarra.

             Bad Girl tem uma cadência voltada ao hard, com guitarras que inserem um punch mais metal á composição. Os backing vocals poderiam ser melhor explorados aqui, tendo em vista o bom refrão da composição. Guitarras á frente em Dog Days seguem ditando o ritmo mais heavy. O vocal de André, apesar de correto, poderia ter mais explosão. Não que isso pese contra o bom vocalista, mais algumas musicas acabam pedindo um pouco mais de vibração e esta é um exemplo. One More Classic traz uma belo arranjo e tem mudanças de andamento que vem a  comprovar a qualidade dos músicos. A dupla de guitarristas Aldo e Carlos mostram entrosamento e despejam bons riffs e solos cheios de feeling. Russian Revolution é a faixa mais pesada do trabalho. Isso devido aos bons riffs de guitarra e ao trabalho da cozinha, que imprime uma dose forte de peso á composição.  O cd se encerra com Tonight I Won't Sleep, uma balada com uma melodia simples, mas bonita.

            Com um som trabalhado e boas composições, o DOKTORCLUB estréia com um trabalho onde suas influências revelam músicos técnicos e criativos. Uma produção mais caprichada (vejam, não estou dizendo que a mesma foi desleixada, apenas que podia ter sido melhor explorada e trabalhada), faraá com que o grupo evolua ainda mais e ofereça ao público, um trabalho de qualidade ainda maior que este álbum de estréia. Talento o grupo tem de sobra.




        Sergiomar Menezes

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