domingo, 20 de março de 2016

SOILWORK - THE RIDE MAJESTIC


     
                     Seguir apostando em uma fórmula que vem dando certo. Evoluir dentro dos eu estilo sem perder personalidade. Assim os suecos do SOILWORK nos apresentam seu décimo trabalho de estúdio. THE RIDE MAJESTIC chega ao Brasil fruto da parceria entre a Nuclear Blast e a Shinigami Records (parceria essa que possibilita o lançamento de outros trabalhos do selo e que são de grande valia aos bangers brasileiros). Mantendo uma surpreendente regularidade em seus álbuns, o grupo mantém a pegada característica do seu death metal melódico com maestria, dosando de forma sublime o peso da parte mais agressiva e brutal de seu som com a melodia que vem fazer a diferença com relação a alguns grupos da mesma cena.

                    Formado pelo excepcional vocalista Björn "Speed" Strid (que consegue uma variação entre o mais rasgado e brutal e o mais limpo e suave tom de voz), David Andersson (guitarras), Sylvain Couldret (guitarras), Ola Flink (baixo - que deixou o grupo e já foi substituído por Markus Wibom), Dirk Verbeuren (bateria) e Sven Karlsson (teclados), o grupo apresenta em THE RIDE MAJESTIC aquilo que seus fãs estão acostumados a ouvir: guitarras poderosas, melodias eficientes, bateria e baixo muito bem explorados e executados e, como dito anteriormente, um vocal extremamente talentoso e cativante. Tendo a produção sob a responsabilidade de David Castillo e da própria banda (que manteve a sonoridade no mesmo nível dos trabalhos anteriores), o álbum teve a mixagem e masterização feita por Jens Bogren no Fascination Street Studios 2. A arte da capa, que fecha com o conceito proposto pelo grupo, foi idealizada por Robert Borbás.

                  A faixa título, The Ride Majestic, abre o cd. Com um início simples, a faixa ganha peso e melodia na seqüência, mostrando o poderio do grupo. Seguindo a fórmula estruturada, as guitarras ditam o ritmo, enquanto os teclados trazem a melodia que casa perfeitamente com o desempenho do vocalista Björn "Speed". Poucos vocalistas tem essa capacidade de alternar momentos brutais e limpos com tanta desenvoltura quanto o sueco. A brutalidade e velocidade são a marca de Alight in the Aftermath. Buscando o equilíbrio entre dois extremos, o grupo aqui, deixa que a agressividade se sobressaia de forma mais sutil, tendo no vocalista sua referência. As guitarras merecem destaque também, pois o bom trabalho efetuado por David Andersson e Sylvain Couldret é meuito bem executado. Mais porradaria melódica é o que temos em Death in General. Riffs marcantes, encontram uma cozinha pesada e cheia de punch. A linha vocal adotada aqui chama a atenção pelas passagens limpas de muito bom gosto. Enemies in Fidelity traz uma variação de arranjos muito boa, pois consegue mesclar "blast beats" com melodias simples e diretas. Algo inusitado, mas que nas mãos do SOILWORK tornou-se fácil. Petrichor by Sulfhur, a quinta faixa, é um dos grandes destaques do álbum. Muito bem trabalhada, com arranjos bem elaborados, a música é uma aula de variação e versatilidade dentro do estilo. A agressiva e veloz The Phantom imprime um ritmo mais acelerado e carrega no peso dos riffs. O bom trabalho de baixo ( que no cd foi gravado pelos guitarristas), encontra no baterista Dirk Verbeuren, um belo entrosamento.

                  The Ride Majestic (Aspic Angelic) traz em suas linhas, uma tendência mais moderna, com certas passagens que nos remetem o que vem sendo feito na cena metalcore. Mas que não causa deméritos ao trabalho, pois a identidade do grupo segue sendo bem representada. Uma certa dose de melancolia permeia Whirl of Pain. Aqui, as melodias se sobressaem enquanto as guitarras acabam despejando doses mais sutis de peso. All Along Echoing Paths recoloca a brutalidade em primeiro plano, mesmo com suas passagens mais amenas. O início "pop" de Shining Lights, quase engana. Mas temos o bom mix de brutalidade e melodia do grupo mais uma vez bem colocado, de forma correta. As guitarras comandam as linhas melódicas acompanhadas do trabalho bem executado de Sven Karlsson. A versão regular do cd se encerra com Father and Son, Watching. Uma faixa bem arranjada, com teclados inseridos num contexto onde a agressividade e melodia se encontram. Um clima bastante denso em algumas passagens e mais direto e reto em outras, fazem da faixa um bom exemplo do que o SOILWORK vem nos oferecendo nessas duas décadas de existência.

                  A versão nacional possui ainda duas faixas bônus. Of Hollow Dreams, uma música veloz e com um direcionamento mais agressivo, mesmo com as linhas melódicas que o vocalista "Speed" imprime á faixa, e Ghosts and Thunder, que possui um andamento mais suave e harmonioso em seu início, e ganha peso no desenrolar de sua execução.

                 Mantendo sua essência, o SOILWORK repete a fórmula que vem dando certo há algum tempo. Mas isso depõe contra a banda? Não, muito pelo contrário. Mostrar evolução sem tomar caminhos distintos é uma boa indicação de personalidade e identidade. Algo que o grupo só vem a comprovar com o lançamento de THE RIDE MAJESTIC. Peso e melodia cercados por composições bem arranjadas e produzidas, aliados de muita técnica e talento, fazem deste trabalho, mais um importante marco em sua já vitoriosa carreira.


                 
              Sergiomar Menezes

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