sexta-feira, 11 de novembro de 2016

GAMMA RAY - INSANITY AND GENIUS - ANNIVERSARY EDITION (2016)



             E a série de relançamentos especiais do GAMMA RAY chega agora a INSANITY AND GENIUS. Originalmente lançado em 1993, o álbum já havia sido relançado em 2002 com algumas faixas bônus. Mas este, que chega por aqui através da Shinigami Records, vem com um cd bônus, cheio de faixas ao vivo, versões demo, novas versões e um cover. Ou seja, mesmo pra quem é fã e já possui a versão original, essa aqui vale muito á pena. Além disso, como nos outros relançamentos dessa fantástica série, o álbum vem com um livreto cheio de fotos, informações da época e também marca a última performance em estúdio de Ralph Scheepers com banda. E nos mostra, mais uma vez, toda a genialidade do mestre Kai Hansen.

              A formação que gravou este cd era composta pelos já citados Ralph Scheepers (vocal), Kai Hansen (guitarra), além de Dirk Schlächter (guitarra), Jan Rubach (baixo) e Thomas Nack (bateria) e tem nesse álbum seu único registro. E podemos afirmar que esse é um dos principais trabalhos dos alemães. Composições fortes, voltando mais ao heavy metal que sempre norteou suas linhas de criação (leia-se Judas Priest), Hansen soube explorar ao máximo a  capacidade vocal de Scheepers que tem aqui, sua melhor performance na banda. E como em todos os outros cds desta série, o álbum foi remasterizado por Eike Freese. E também ganhou uma nova capa, que acabou dando um upgrade á já bela arte do lançamento original.

              O cd 1 contém as composições lançadas originalmente em 1993 (devidamente remasterizadas). E podemos destacar faixas como as sensacionais Tribute To The Past, um heavy metal com a cara das composições de Kai Hansen, onde o melódico e o peso andam lado a lado, mostrando que suas influências tem raízes na NWOBHM, enquanto No Return traz um refrão que poderia estar em qualquer trabalho do Helloween. Last Before The Storm volta novamente a explorar linhas mais tradicionais do estilo, e conta com um belo trabalho da dupla Kai e Dirk Schächter. The Cave Principle é uma faixa mais "diferente", algo bem corriqueiro nos trabalhos do grupo, pois traz uma linha de baixo e bateria que foge aos padrões mais típicos. Já Future Madhouse é aquele metal melódico de dois bumbos que se tornou uma marca registrada tanto do Gamma Ray, como das bandas que vieram depois. A faixa Gamma Ray, que deu origem ao nome da banda, é um cover do grupo dos anos 70 chamado Birthcontrol, e ganhou um toque totalmente "hanseniano", ficando com a cara da banda. 

                     A faixa título tem guitarras bem pesadas e uma linha mais próxima do metal tradicional, e conta com uma interpretação primorosa de Scheepers. 18 Years é ua balada cheia de melodia e intensidade. You Torn Is Over tem algo de hard rock em sua estrutura, estilo do qual Kai Hansen é fã declarado.  Heal Me é outra faixa bastante interessante, pois possui um clima mais introspectivo, mas em sua execução apresenta um pouco da "insanidade" do guitarrista, que insere passagens com backing vocals interessantes, antes de se transformar em um heavy metal de respeito! E o primeiro cd encerra com Brothers, uma faixa que navega por águas mais "turvas", adentrando numa linha de composição que Hansen adotaria em todos os próximos trabalhos do grupo.

                  O cd bônus abre com duas faixas ao vivo gravadas no Chameleon Studios em 2016. Valley of The Kings e Heaven Can Wait, que são faixas que não precisam de comentários a seu respeito. Traz também uma versão extendida para Gamma Ray, presente na versão original, além de versões demo de três faixas que contam com os vocais de Ralph Scheepers e são elas Money, Silence e Sail On. Uma nova mixagem para Space Eater e o cover de Exciter do Judas Priest. Ou seja, muito mais do que apenas faixas bônus.


               INSANITY AND GENIUS encerrou um ciclo na carreira o GAMMA RAY. E esse relançamento mais uma vez, comprova que  Kai Hansen é um dos maiores nomes do metal mundial. É até complicado pensar que alguém ainda não tenha escutado esse álbum, mas se isso aconteceu... Chegou a oportunidade perfeita para reparar essa "falha"! 


           
       




            Sergiomar Menezes

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

PERC3PTION - ONCE AND FOR ALL (2016)



              Eu confesso que sempre que me deparo com um abanda que recebe o "rótulo" de Prog Metal, fico com receio. Pois na maioria das vezes, muitas bandas acabam trilhando um caminho perigoso, aquele onde a essência da música (o sentimento) se perde em meio as milhares de notas, quebradeiras, arranjos complexos e vocalizações insuportáveis. Mas felizmente, existem bandas que fogem disso e aliam o que de melhor o estilo tem com uma pegada cheia de garra e carisma. E esse é o caso da banda PERC3PTION, banda de São Paulo que chega ao seu segundo trabalho, o sensacional ONCE AND FOR ALL, que tem seu lançamento via Shinigami Records, e mostra que o prog, agregado ao heavy metal e porque não dizer, ao hard rock, traz resultados muito mais do que satisfatórios.

                   A banda  é composta por Dan Figueiredo (vocal), que entrou na banda em substituição ao antigo vocalista, Luiz Poleto, Glauco Barros (guitarra), Rick Leite (guitarra), Wellington Consoli (baixo) e Peferson Mendes (bateria), e traz nas nove faixas que compõem o álbum, um trabalho primoroso! Composições complexas, mas bem bem estruturadas, linhas vocais excelentes, melodias cheias de passagens envolventes, além de peso, algo primordial quando falamos em heavy metal. E a banda sabe muito bem disso. Talento e qualidade andam lado a lado aqui. A produção, que também não fica atrás no quesito qualidade técnica ficou por conta do guitarrista Glauco Barros e contou com a co-produção de Edu Falaschi (Almah, ex- Angra), enquanto o guitarrista também se encarregou da mixagem e masterização com a parceria de Rodrigo Ninrod. Já a capa e toda a arte gráfica foi um trabalho do baixista Wellington Consoli. Ou seja, tudo "feito em casa". 

                  Persistence Makes The Difference abre o trabalho de forma bem pesada, trazendo as influências do lado mais "heavy" do grupo. Já o lado prog flui com extrema facilidade e de forma correta, criando um belo equilíbrio entre os estilos, fazendo com que a banda seja muito bem sucedida. Excelente trabalho da cozinha que sustenta de forma bem pesada os riffs intensos das guitarras, enquanto o vocalista Dan Figueiredo alterna momentos mais agressivos e outros mais melódicos. Oblivon's Gate também capricha no peso e tem seu destaque no baixista Wellington Consoli, que cria linha de baixo muito interessantes, enquanto as guitarras inserem uma dose forte de agressividade em alguns momentos, mesmo sendo a faixa um pouco mais cadenciada. Um belo solo de guitarra dá um brilho extra á composição. A terceira faixa, Rise, tem a participação de  Edu Falaschi  nos teclados. e possui uma estrutura bem interessante, haja visto os momentos mais melódicos que se alternam com outros mais fortes, principalmente pelos vocais de Dan. Immortality  tem toques de metal moderno, mas nada que venha a alterar o andamento da linha de composição da banda.  Braving The Beast tem mais de dez minutos de duração e faz de certa forma, um apanhado de todas as características do grupo, pois temos a veia prog expressa de forma latente, enquanto o lado mais heavy também surge de forma bem espontânea. E até mesmo, algumas linhas que nos remetem ao hard/AOR surgem em determinados momentos. Grande composição! Em Magnitude 666 temos um peso fantástco, cortesia da dupla Wellington e Peferson (baixo e bateria) que mostram um perfeito entrosamento, criando uma base rítmica perfeita para o clima bem heavy metal da faixa.

                   As três últimas faixas do cd, formam The Apocalypse Trilogy. Welcome To The End é uma composição que começa bastante introspectiva, com uma atmosfera densa, mas ganha peso em sua execução e possui um refrão onde Dan Figueiredo, mais uma vez, expões sua categoria como vocalista. Extinction Level Event é bem pesada (destaque para a dupla baixo/bateria) e tem nas guitarras uma forte influência de metal oitentista (pelo menos foi o que eu percebi) e o vocal rasgado faz a diferença, sendo uma das faixas destaques do trabalho. Se bem, que o cd é muito homogêneo, ficando difícil citar uma ou outra faixa como destaque. O encerramento vem com Through The Invisible Horizons, que fecha o álbum de forma brilhante. Melódica e com linhas que afloram o lado prog do grupo, a faixa nos deixa com a certeza de que a banda sabe muito bem o rumo que quer seguir.

                  O heavy metal nacional seguidamente é questionado sobre o nível de qualidade em que se encontra. Eu sempre digo que muitas bandas daqui, aliás, a grande maioria delas, está no mesmo nível de muitas bandas lá de fora. Não precisa nem mesmo ser um expert no assunto para concordar com isso. O PERC3PTION, com toda a certeza, pertence á essa turma. Composições muito bem estruturadas, priorizando a música e não apenas a técnica, aliados a muita qualidade e talento fazem do grupo um dos grandes destaques desse anos. Podem anotar aí. ONCE AND FOR ALL estará na lista de melhores do ano deste blog. E de muitos outros.

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              Sergiomar Menezes

domingo, 6 de novembro de 2016

MOBY JAM - SEM JUÍZO (2014)



               O trio MOBY JAM estréia em CD praticando uma sonoridade que resgata os bons momentos que o rock nacional já teve. Mesmo que muitos não concordem, muitas bandas das décadas de 80, 90 e até mesmo nos anos 2000, escreveram importantes passagens daquilo que se estabeleceu como Rock Brasileiro. Citar nomes aqui causaria injustiças, pois foram muitos grupos que influenciaram (e até hoje influenciam) inúmeras bandas do cenário. E SEM JUÍZO, lançado elo trio fluminense em 2014 comprova esta "tese". 

                      Formado por Marcelo Vargas (vocal e guitarra/violão), Elson Braga (baixo) e Augusto Borges (bateria), o trio apresenta neste trabalho, oito composições onde a veia rocker de seus integrantes fica exposta de forma bastante clara. Desde os riffs de guitarra até a boa base rítmica, tudo nos remete aos bons momentos do rock nacional. A produção do trabalho ficou por conta da própria banda, enquanto a Felipe Marques trabalhou como Engenheiro e técnico de som. Já a mixagem e masterização ficaram por conta do Estúdio Pombo. E no cnjunto, a sonoridade ficou muito boa, não exagerando na "limpeza" do som, o que muitas vezes, acaba por sepultar bons trabalhos que não ganham uma correta produção. Aqui, podemos dizer que a "sujeira" necessária foi preservada, mas também, sem nenhum exagero. A capa, simples e direta, foi obra de Felipe Mazza. A banda contou ainda com a participação de Márcio Pombo em 4 faixas.

                      O cd abre com Purpurina uma faixa "pesada" (para os padrões da banda) e cheia de groove, cortesia do baixista Elson Braga. A guitarra traz um riff bem interessante, com linhas próximas do hard rock. Cantada em português (como todas as demais faixas do trabalho), a música é um dos destaques do trabalho por apresentar de forma bem sucinta, a pegada do grupo. O Sol,  a segunda faixa tem uma levada mais próxima do pop, mas sem soar piegas. Simples, a composição ganha ares mais sujos no real, cortesia dos bons riffs e do interessante solo de guitarra.  Chuva Ácida conta com a participação de Marcelo Pombo no piano e no Hammond. A música, apesar da boa melodia, me lembrou um pouco o que bandas como o Detonautas tenta fazer pra soar mais rock n' roll sem conseguir. Aqui, o trio injetou sua personalidade e transformou a faixa que parecia que iria se perder. Ponto positivo ao grupo! Descalabro já retoma a pegada mais rocker do grupo, e também conta com o piano de Márcio Pombo, o que dá um molho extra a faixa, que apresenta características bem anos 70.

                         Homem de Gelo também capricha no peso e mostra a versatilidade do grupo, que busca sempre não ficar preso no mesmo lugar, trazendo as mais variadas influências no seu som. O vocalista Marcelo Vargas possui um timbre interessante e passa, em sua interpretação, aquela "manha" que muitos vocalistas oriundos do RJ trazem em sua bagagem. Então temos a faixa mais diferente do trabalho. Brilhar a Minha Estrela é um reggae que traz em sua execução algumas passagens mais pesadas, o que acaba diferenciando a composição e mostra uma nova face da banda. A faixa O Voo também conta com a participação de Márcio Pombo, e é uma faixa bem acessível, que poderia tocar facilmente em muitas rádios por aí. O cd se encerra com Sem Juízo, onde a guitarra comanda o ritmo, numa levada bem direta. Baixo e bateria se destacam, mostrando um bom entrosamento.

                          O MOBY JAM garante aqui, bons momentos para quem procura uma banda que pratica um rock n' roll simples, direto e sem invencionices. Buscando seu lugar ao sol no disputado cenário nacional, onde na maioria das vezes, grupos que não apresentam nada de novo ou até mesmo sem nenhum talento, conseguem se destacar, SEM JUÍZO pode ser considerado uma boa pedida e faz do grupo uma promessa de que o rock nacional, seguirá tendo grandes representantes.



                           


                   Sergiomar Menezes

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

TARJA - THE SHADOW SELF (2016)




                Eis que poucos meses após a chegada ao mercado de The Brightest Void, é lançado por aqui via Shinigami Records, THE SHADOW SELF, o sétimo trabalho solo da cantora TARJA. Não é preciso mais dizer aqui tudo que envolve o passado musical da bela vocalista, pois acredito que tudo que tinha que ser dito já foi. E quem acompanha a carreira dela já deve estar cansado de sempre ler as mesmas coias. Portanto, vamos nos focar apenas no álbum que, pelo menos na minha visão, é candidato ao posto de melhor trabalho solo já lançado pela finlandesa. E muito disso se dá pelo fato de que aqui, a veia mais metal de sua carreira volta  a aparecer e de forma mais intensa.

               A banda hoje é formada pela própria Tarja, além de Alex Scholpp (guitarra), Doug Wimbish (baixo, ex- Living Colour), Christian Kretschmar (teclados), Mike Terrana (bateria, ex-Rage, entre outros) e Max Lilja (cello). Mas o álbum teve inúmeras participações especiais. E uma das principais foi a da vocalista Alissa White-Gluz (Arch Enemy, ex- The Agonist) que abrilhantou ainda mais essa constelação. A produção do cd  nem precisa ser comentada, afinal, é algo rotineiro nos trabalhos da cantora a qualidade apresentada neste quesito. A temática da capa e do layout, segue a linha adotada no álbum anterior, tendo por base as cores branca e preta, criando belas imagens com a figura da vocalista. 

              A faixa e abertura, Innocence, retrata bem o teor do álbum. Sem exageros, há uma boa mistura entre o peso do metal e a fase mais "sinfônica" dos trabalhos anteriores de Tarja. A guitarra imprime uma pegada mais pesada enquanto os teclados fazem essa junção entre os "dois mundos" aos quais a vocalista está envolvida. Simples e de fácil assimilação, a faixa antecede um dos grandes destaques do trabalho. Demons in You, que conta com a participação de Allisa White-GLuz, tem no peso e no brilhante trabalho da dupla Kevin Chown (baixo) e Chad Smith (bateria, Red Hot Chili Peppers) que acertam ao incluir uma dose de groove antes do peso da guitarra de Julian Barret guiar a faixa numa linha moderna e bem trabalhada. O contraste entre as vozes de Tarja e Alissa cria uma atmosfera bem bacana. No Bitter End fez parte de The Brightest Void, e aqui aparece em sua versão definitiva. Uma faixa pronta para ser tocada nas "rádios Rock" por aí, mas que nos shows tem tudo para ganhar mais peso, visto que aqui ela já tem uma roupagem mais metal. Já Love To Hate parece uma faixa extraída de algum trabalho de Tarja com sua antiga banda. Uma bela orquestração que ganha reforço de belas melodias, enquanto os vocais, como de costume, preenchem cada espaço da composição. Supremacy, cover do grupo MUSE, ganhou uma versão bem pesda e a meu ver, ficou bem melhor. Tarja consegue fazer com que a faixa ganhe uma nova interpretação de forma magistral.

           The Living End tem um início acústico, com uma linha mais suave, transformando-se em uma bela balada e conta mais uma vez, com uma grande interpretação de Tarja. Confesso que nunca fui um grande fã dos trabalhos anteriores da vocalista, mas nunca neguei seu talento e qualidade enquanto intérprete. E aqui, ela comprova mais uma vez sua inegável capacidade. Diva já consegue me fazer retroceder aos trabalhos do início da carreira solo da cantora e não acrescenta muito ao trabalho, mesmo que Tarja seja o destaque da composição. Eagle Eye também estava presente em The Brightest Void e conta com a participação do irmão da vocalista, Toni Turunen. Um pouco mais pesada que a versão anterior, a faixa é, como no álbum anterior, um dos destaques do cd. Em Undertaker temos mais partes orquestradas que primam pela grandiosidade nos arranjos, elevando ainda mais o alto nivel das composições apresentadas. Destaque para o bom trabalho da guitarra, que se preocupa em criar um cima mais intenso. Calling From The Wild, pesada e moderna, de certa forma ns reete aos últimos momentos de Tarja á frente do Nightwish, mas aqui, ela canta de uma forma mais "normal" deixando um pouco aquela forma mais lírica que usava na sua antiga banda. Too Many encerra o trabalho e destoa um pouco do restante, pois não apresenta nada muito interessante, seja na melodia, seja no arranjo. Mas isso em nada vem a desmerecer o que é apresentado, pois apesar de mais fraca, a faixa só não tem o mesmo destaque das demais.

           Como frisei antes, na minha opinião, THE SHADOW SELF pode ser considerado o melhor trabalho solo de TARJA, pois conseguiu unir de forma bem interessante o lado sinfônico e o lado metal que sempre estiveram, de certa forma, em conflito na carreira da vocalista. Muitos podem não concordar, mas o fato é que, como já havia dito na resenha de seu álbum anterior, sua saída do Nightwish fez bem para ambos. Tarja está muito mais á vontade, sem aquela pressão que envolvia o seu antigo grupo e isso fica comprovado de forma definitiva aqui. Pois é. Nunca fui um grande fã da finlandesa. Mas isso acabou de mudar...





                 Sergiomar Menezes

CARNIFEX - SLOW DEATH (2016)



                   O CARNIFEX chega ao seu sexto álbum de estúdio em 11 anos de atividades (houve um pequeno hiato entre 2012 e 2013), e podemos afirmar aqui, sem medo de errar que o grupo entrega em SLOW DEATH, que sai por aqui pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast, seu melhor e mais intenso trabalho. Praticando um Deathcore, mas sem se prender ás amarras do estilo, incorporando muita personalidade em suas composições, o quinteto norte-americano investe no peso e na agressividade de forma consistente, injetando uma dose extra de adrenalina á técnica apurada dos músicos que compõem o grupo.

               Formada por Scott Ian Lewis (vocal), Jordan Lockrey (guitarra), Cory Arford (guitarra), Fred Calderon (baixo) e Shawn Cameron (bateria), a banda foi formada em 2005 e possui uma base sólida de fãs no underground. E pra quem conhece o trabalho do grupo isso não é nenhuma surpresa. A brutalidade de salta aos ouvidos em cada faixa presente aqui é absurda. Usando a "modernidade" a seu favor, o grupo traz 10 faixas que fogem um pouco dos clichês do estilo, o que acaba sendo um diferencial num cenário que, podemos afirmar, encontra-se bastante saturado. SLOW DEATH foi produzido por Jason Suecof, enquanto a mixagem e masterização ficaram sob a responsabilidade de Mark Lewis. E esse trabalho em conjunto atingiu a perfeição, pois apesar do peso e "sujeira", os instrumentos estão nítidos, o que mostra que o estilo não precisa ser mal gravado ou desleixado para ficar com "cara" de underground. A capa foi feita pela Godmachine e o layout ficou por conta do brasileiro Marcelo Vasco (Slayer, Distraught, entre outros).

                  Uma introdução bem sombria dá início a Dark Heart Ceremony, uma faixa pesada, brutal e cheia de variações, o que já deixo provado que o grupo possui uma personalidade forte. Arrastada em alguns momentos, mas bem intensa e rápida em outros, a música tem na cozinha, composta por Fred Calderon e Shawn Cameron (baixo e bateria, respectivamente) seu destaque. As guitarras da dupla Jordan Lockrey e Cory Arford despejam doses generosas de peso em riffs cortantes. Já o vocalista Scott Ian Lewis sabe dosar perfeitamente sua voz, sem que soe forçado ou ago do tipo. Abertura perfeita! Mais porrada é o que temos na faixa título. Slow Death tem linhas que intercalam a hostilidade do hardcore com a agressividade do death metal, enquanto a bateria segue seu massacre nos bumbos. Aqui, ainda podemos citar os teclados que surgem de forma correta, não interferindo na brutalidade da faixa. Drown Me in Blood é uma faixa mais "tradicional", com certa influência do metal atual, praticado por algumas bandas americanas. E os vocais mais rasgados dão um clima mais violento á faixa, enquanto as guitarras trazem um peso absurdo ao andamento da composição. Pale Ghost tem um início meio "suspeito" (aqueles famosos "barulhinho" que causam repulsa aos fãs de heavy metal), mas que duram parcos segundos, enveredando por uma linha mais cadenciada e muito bem trabalhada e explorada pela banda. Black Candles Burning mantém o ritmo, com um belo trabalho de guitarras.

                Six Feet Closer To Hell é uma faixa típicamente deathcore, pois traz todas as características do estilo, mas que mantém uma certa proximidade com o Black Metal em algumas passagens. Isso devido ao clima bastante sombrio que acompanha o andamento da composição. Necrotoxic tem teclados ao fundo, o que cria um certo ar mais denso, o que vem a ser corroborado pelos riffs insanos que a dupla de guitarristas nos entrega. Impossível ficar inerte á capacidade criativa da banda que tem uma versatilidade poucas vezes vista dentro do estilo. Por falar em clima denso, a melancolia presente em Life Fades To A Funeral chega a ser bela e triste ao mesmo tempo (obviamente que ambas não precisam ser opostas). Aquela proximidade ao Black Metal surge novamente na violenta Countness Of The Crescent Moon. Novamente, os teclados se encarregam de criar uma atmosfera mais introspectiva em certos momentos, o que cria um interessante contraste devido ao peso descomunal que emana das guitarras. O encerramento vem com Servants To The Horde, uma faixa bem extrema, que ressalta as características do grupo e dá ao trabalho, um fechamento de alto nível.

                Indicado não apenas ao fãs do estilo, SLOW DEATH é indicado aos que apreciam um metal pesado, denso e muito bem elaborado. O CARNIFEX neste cd mostra que o grupo não precisa ser refém dos limites pré estabelecidos para se mostrar relevante. E faz isso com maestria. Um álbum que deverá constar em muitas listas de melhores do ano!





              Sergiomar Menezes