segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

ANTHRAX - STOMP 442 (1995) (RELANÇAMENTO - 2016)



                  STOMP 442 é um álbum de transição. Sim. Em 1995 o ANTHRAX lançava o segundo trabalho após a saída de Joey Belladona e enfrentava  o fato do guitarrista Dan Spitz também deixar a formação que deu ao mundo clássicos como Spreading The Disease (1985), Among The Living (1987), State of Euphoria (1988) e Persistence of Time (1990). E é preciso levar em conta que o metal que o grupo sempre apresentou em seus trabalhos não estava , digamos assim, em alta naquele momento. O Rock Alternativo ditava as regras "comerciais" e com isso, muitas bandas acabaram ficando deixadas em segundo plano. E apesar de não ser um álbum no mesmo nível dos trabalhos anteriores, inclusive do primeiro trabalho de John Bush (ex- Armored Saint) com a banda, o excelente Sound Of White Noise (1993), STOMP 442, que chega por aqui via Shinigami Records/Nuclear Blast, é um bom álbum.

                   John Bush (vocal), Scott Ian (guitarra), Frank Bello (baixo) e Charlie Benante (bateria) - apesar de não constar nos créditos, o guitarrista Paul Crook já integrava a banda - sofreram, segundo eles próprios, com a má divulgação de sua gravadora, à época, a Elektra Records. O investimento não foi conforme o combinado e o cd acabou ficando "esquecido". Na verdade, o trabalho traz boas composições e um dos melhores vocalistas do metal americano (aliás, na opinião deste que vos escreve, Bush está anos luz á frente de Belladona), além do habitual talento de Scott Ian em criar riffs. Produzido pela própria banda em parceria com The Butcher Brothers, o álbum mantém a sonoridade que foi explorada no disco anterior. A capa, feita por Storm Thorgerson e Peter Curzon, ficou um tanto quanto diferente, o que ajudou a criar um certo desinteresse pelo álbum.

                  Random Acts of Senseless Violence abre o play de forma intensa e pesada, mostrando que em matéria de riffs, o grupo continuava com o mesmo padrão. Bush por sua vez, imprimia definitivamente sua personalidade, com uma interpretação cheia de garra e técnica. E falar da dupla Frank Bello e Charlie Benante é fácil, afinal estamos falando de uma das melhores "cozinhas" do thrash metal! Fueled vem na sequência e pode ser considerada uma das melhores faixas do trabalho. Um vocal furioso, riffs pesados e um trabalho de bateria monstruoso, nos remetem aos bons tempos do grupo, mesmo que utilizando uma roupagem mais moderna. Em King Size, a banda segue com a mesma estrutura, com as guitarras diretas e intensas. Riding Shotgun acaba por dar uma certa "exagerada" nessa modernidade e deixa a faixa perdida. Os bons riffs do mestre Scott Ian soam desconexos na estrutura da composição. Já Perpetual Motion coloca tudo no lugar novamente. Com uma pegada mais trabalhada, Benante se destaca, enquanto Bush dá mais um show de interpretação. In a Zone tem linhas um pouco mais tradicionais em alguns momentos, mas mantém a pegada que o grupo adotou na execução do álbum.

                  Nothing é uma faixa mais amena, o que serve para que John Bush, mais uma vez, mostre sua categoria. Os riffs aqui também se mostram mais comedidos, deixando o clima do álbum cair um pouco. American Pompeii é outra faixa de destaque. Percebemos que muito do "velho" Anthrax aparece por aqui. Não da mesma forma, mas pela pegada dos riffs e também pela estrutura criada por Bello e Benante. Drop The Ball é outra faixa que soa estranha, pois o grupo foge totalmente de suas características buscando influências que antes não apareciam nas músicas. Na época, como dito anteriormente, o rock alternativo e o metal industrial estavam em alta. Com isso, a banda acabou incorporando um pouco destes estilos em algumas faixas. E essa é uma delas. Já Tester traz os bons e velhos riffs de volta. Com um andamento mais cadenciado (uma das características do álbum) Bush alia sua técnica à garra, criando mais um grande momento. O encerramento vem com a balada Bare, algo um tanto quanto inusitado. Cabe lembrar que neste relançamento, temos dois bônus em vídeo, com os clipes das faixas Fueled e Nothing.

                  Depois de mais de 20 anos, STOMP 442 se mostra um bom álbum. Se não tem a força que os trabalhos anteriores do grupo tiveram, o álbum revela uma banda em fase de transição que buscava inovar e não se repetir. Se na época você não prestou muita atenção ou simplesmente ignorou o álbum, chegou a chance de se redimir e ouvir com atenção o que o ANTHRAX buscava fazer. E se fizer isso você descobrirá um bom álbum cheio de bons riffs e boas composições. Vale a pena arriscar!





                  Sergiomar Menezes

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