terça-feira, 31 de janeiro de 2017

NO TRAUMA - VIVA FORTE ATÉ SEU LEITO DE MORTE (2016)



                     Confesso que o metalcore não é um dos estilos que me chama a atenção. Nada contra, mas nunca tive bandas do estilo entre as minhas preferidas. Mas isso não significa que faço vistas grossas às inúmeras bandas com talento que surgem no nosso país (e fora dele). E isso até se torna mais interessante, pois muitas vezes a gente acaba sendo surpreendido positivamente. E foi exatamente isso que aconteceu ao ouvir o cd da banda carioca NO TRAUMA, que lançou em 2016 o bem trabalhado e pesado VIVA FORTE ATÉ O SEU LEITO DE MORTE. Músicas fortes, cheias de energia e com uma pegada intensa, mostram que apesar do pouco tempo de estrada, a banda sabe onde quer chegar e que tem uma visão bem própria do som que procura fazer.

                       Formada em 2012, a banda é composta por Hosmany Bandeira (vocal), Tunninho Silva (guitarra), Jhonny Boy (baixo) e Marvin Tabosa (bateria). Um quarteto que manda ver em 12 faixas que, apesar de se enquadrarem na proposta do metalcore, não se prendem apenas ás amarras do estilo, buscando linhas variadas, algumas vezes, se aproximando bem mais do thrash metal. Cortesia das guitarras de Tunninho, que busca inspiração para seus riffs no que de melhor bandas como Korzus, Killswitch Engage, Sepultura já fizeram e também, em bandas mais atuais como o Project 46. Bem produzido, o trabalho foi feito em conjunto entre a própria banda e o Aeon Audio. Já a arte da capa e do encarte ficou por conta do guitarrista Tunninho. E apesar de simples, passou de forma direta a mensagem do grupo.

                     O álbum começa com a agressividade em alta! Fuga traz uma linha de baixo bem intensa, enquanto a bateria alterna momentos mais rápidos com outros mais "quebrados" e variados. O vocal também mostra desenvoltura, pois cantar em português um estilo mais "americano" não é fácil. Assim como na faixa seguinte, Quimera, que segue uma linha mais próxima do que o Hatebreed fazia há algum tempo atrás. A guitarra aposta numa veia mais pesada e rápida, enquanto a cozinha capricha na quebradeira. M.M.A. (Meu Mundo Artificial), terceira faixa, aposta em uma levada mais melódica em alguns momentos, mas não esquece de acelerar logo em seguida, imprimindo uma boa dose de peso em seus riffs. Já Massa de Manobra, traz além de riffs insanos, um coro de vozes no refrão que criou um clima daqueles de "cantar" junto, e também aposta em um contraste entre o gutural e vozes limpas, mostrando versatilidade na hora de compor. A porradaria volta com tudo em O Chamado, faixa que carrega consigo uma dose generosa de peso. Por outro lado, Forca, traz novamente uma alternância no vocal, só que dessa vez, além do gutural, temos uma linha mais próxima do hip hop, deixando claro que não há regras a serem seguidas pelo grupo.

                         Sedativo é uma curta faixa instrumental e acústica, que prepara terreno para a invasão metalcore de Demonocracia. Uma das faixas mais trabalhadas e ao mesmo tempo mais pesadas do trabalho, a composição tem linhas variadas em sua execução, mas de uma forma bem definida, sem apelar para o "caos gratuito", como alguns grupo fazem para parecer mais pesados. Igualdade possui bons riffs, com momentos mais próximos da cena atual. A velocidade e adrenalina voltam a subir com a rápida Algemas do Medo, uma faixa que apresenta uma aproximação com o hardcore nova iorquino. A faixa Viva Forte, uma das mais pesadas do cd, sintetiza bem as influências do grupo, pois encontramos desde thrash, hardcore, punk e até mesmo, linhas que buscam inspiração no groove. O encerramento vem com  Sawabona Shikoba. Pesada, melódica e bem intensa, a faixa fecha o trabalho da mesma forma que começou. Usando e abusando da agressividade.

                        O NO TRAUMA surge como mais um bom nome na cena nacional. Buscando seu lugar ao sol e mostrando personalidade, o grupo faz de VIVA FORTE ATÉ SEU LEITO DE MORTE, um cartão de visitas que já o coloca entre os grandes representantes do estilo metalcore no Brasil. Que mantenham essa pegada nos próximos trabalhos!







             Sergiomar Menezes

                      

                         

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