quinta-feira, 12 de outubro de 2017

INDISCIPLINE - SANGUÍNEA (2017)



                       Tem muitos momentos em que a gente, na condição de quem escreve sobre rock/metal, acaba sendo surpreendido. Na maioria das vezes, no meu caso, recebo materiais de bandas das quais nunca havia ouvido falar. E muitas vezes isso se mostra uma falha gritante. Claro que também, algumas vezes, trata-se  de trabalhos de estréia, o que ameniza um pouco essa falta de conhecimento. E esse é o caso do grupo carioca INDISCIPLINE que nos brinda com seu primeiro trabalho, SANGUÍNEA, lançado pela Shinigami Records. E quando eu escrevo "nos brinda", escrevo no melhor sentido da palavra! Um Heavy Rock vigoroso, com pitadas de Hard, Punk e do Rock em seu estado mais puro (mas também sujo e agressivo). 

                        O trio é formado por Alice D'Moura (baixo e vocal), Maria Cals (guitarra) e Ale De La Vega (bateria) e mostra em seu debut, uma garra e energia em favor da música que poucas bandas, algumas até mesmo já veteranas, têm. Mesclando os estilos citados no início do texto, o trio cria uma identidade própria, com faixas repletas de riffs sujos, baixo e bateria diretos, sem concessões, o que mostra personalidade. A guitarrista Maria sabe dosar peso e agressividade (no que diz respeito ao estilo adotado pela banda, que fique bem claro) de forma consistente. Aliado à isso, o vocal de Alice possui um timbre bem peculiar, navegando com facilidade pelo heavy, hard e punk sem receios. A produção do álbum ficou por conta de Felipe Eregion (Unearthly) e deixou tudo no lugar. Ou seja, sujo, pesado e equilibrado.

                         A faixa de abertura, Fear In Your Eyes, é um rockão daqueles! Pesado, com guitarras à frente, numa pegada bem próxima do hard/heavy. Ótima escolha para abrir um trabalho que prima por aliar esses estilos de forma eficiente. Assim como Take It Or Leave It, onde os riffs nos deixam hipnotizados, tamanha a pegada do trio. Mesmo caprichando no peso, o Hard é a linha que guia a faixa. Nasty Roar é mais intensa, com um andamento mais cadenciado, o que serve para deixar a pegada da baterista Ale mais evidente. Burning Bridges começa com o baixo de Alice um tanto quanto introspectivo, o que se mostra ao longo da execução da faixa. Cadenciada e dona de ótimos riffs, a composição é um dos destaques do trabalho. Degrees of Shade foge um pouco do que vinha sendo apresentado até o momento, apresentando uma sonoridade mais "alternativa".

                         Losing My Mind também apresenta essas características, com o diferencial de possuir mais peso na guitarra, ganhando uma aura um pouco mais próxima do metal. Born Dead segue dentro dessa perspectiva, enquanto que Higher me trouxe a mente o Nashville Pussy, ainda mais pelas guitarras de Maria, pois o andamento tem ótimas linhas. Miss Daniel tem como destaque Ale, que criou passagens bem estruturadas, enquanto o solo de Maria se destaca por aliar melodia e agressividade. Essa faixa lembrou o que o L7 fazia em seus bons tempos. e o encerramento vem em grande estilo com a faixa Poison. Rock da melhor qualidade pra fechar um trabalho de ótimo nível.

                         O grupo  INDISCIPLINE estréia em grande estilo com SANGUÍNEA. Um trabalho com ótimos riffs, que traz uma banda pronta pra se destacar no cenário. Falta apenas o público conhecer e apreciar o que o trio feminino faz aqui. 




                  Sergiomar Menezes

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