segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

DARK AVENGER - THE BELOVED BONES: HELL (2017)



               Simplesmente IMPRESSIONANTE! Não existem muitas palavras que possam definir o que ouvimos neste mais recente trabalho do DARK AVENGER. Espetacular, imperdível, sensacional... Estas são algumas que podem tentar defini-lo. Tudo aqui beira (se é que não atinge) a perfeição. Arte gráfica, conceito, elaboração, mas principalmente a MÚSICA! Cada detalhe que envolve THE BELOVED BONES:HELL merece mais que uma simples audição. Embora ao ouvirmos pela primeira vez já possamos dizer tratar-se de um trabalho excepcional, a cada novo contato, percebemos novas passagens cheias de variações. Classe, categoria, bom gosto e uma riqueza de detalhes dignos de figurar em todas as listas de melhores do ano da mídia especializada. E não falo apenas das listas nacionais, mas das internacionais também! 

               Quatro anos após "Tales of Avalon: The Lament", Mário Linhares (vocal), Glauber Oliveira (guitarra), Hugo Santiago (guitarra), Gustavo Magalhães (baixo) e Anderson Soares (bateria - que gravou o álbum - hoje as baquetas da banda são comandadas por Brendon Hoffmann) nos apresentam um dos trabalhos mais primorosos já apresentados por uma banda de heavy metal brasileira. Fica até mesmo um pouco complicado em uma resenha de poucas linhas abordar de forma completa o que o grupo fez aqui. Um conceito criativo e muito bem elaborado (além de muito bem executado), envolvendo as nuances que acabam ciando uma prisão, ou melhor dizendo, um INFERNO ao redor de nós mesmos. Isso tudo levado de forma sublime em arranjos técnicos, composições complexas e muito inteligentes, e interpretados de uma forma inspirada pela banda, fazem com que o ouvinte fique "preso" ao trabalho do início ao fim. Com um produção de altíssimo nível  (à cargo do guitarrista Glauber Oliveira, responsável também pela mixagem), que soube deixar tudo pesado e ao mesmo tempo cristalino, THE BELOVED BONES:HELL teve sua masterização sob a responsabilidade Tony Lindgren (Sepultura, Soilwork, Enslaved), o que garantiu uma dose "extra" de peso ao trabalho, o que deixou o que já era sensacional, ainda melhor! Como disse antes, são muitos detalhes, que envolvem desde o conceito, passando pela arte gráfica (que acompanhou o conceito de maneira eficiente), e pelo cuidado da banda que além das letras em inglês, trouxe também em português, mostrando preocupação com seu público, querendo que todo o conceito seja compreendido juntamente com  a música.

               O álbum abre com The Beloved Bones, uma faixa que começa ao som de violinos e que ganha peso  e intensidade durante sua execução. De cara, já podemos perceber a complexidade e criatividade do grupo com relação ao arranjos. As guitarras também merecem destaque, pois carregam consigo peso e agressividade. E fica impossível não citar o excepcional trabalho de Mário Linhares, um dos melhores vocalistas do Brasil. Conduzindo sua voz com variações de acordo com o andamento da canção, o vocalista mostra o porquê de ser considerado um dos grandes mestres do metal nacional. Smile Back to Me traz um ótimo trabalho da dupla Gustavo Magalhães e Anderson Soares (baixo e bateria, respectivamente). Com um trabalho variado e pesado, a dupla deixa tudo no ponto certo para que as belas orquestrações criadas pela dupla Glauber e Mário. Os corais (que tiveram seus arranjos e performances protagonizados também pela dupla) se encaixaram de forma perfeita na composição.  King For a Moment traz um peso que se mostra bem harmonizado com  a proposta da faixa, que traz também um Linhares mais agressivos em alguns momentos, mostrando toda sua capacidade técnica ( o que a esta altura do campeonato, já é do conhecimento de todo aquele que curte heavy metal). Apesar do peso, as guitarras navegam com facilidade pelas melodias, principalmente no excelente solo apresentado aqui. Já um certo clima oriental mostra-se bem interessante no começo de This Loathsome Carcass. A faixa é de um grandiosidade nos arranjos, pois as linhas de guitarras trazem riffs intensos, enquanto que em outros momentos, a melodia ganha destaque. Na sequência, Parasite, uma das melhores e mais intensas faixas do trabalho. Dona de variações, que vão de momentos mais técnicos e trabalhados à outros mais rápidos e agressivos, a composição mostra de forma muito clara toda a versatilidade da banda em compôr várias linhas dentro da mesma melodia. A sutileza e beleza dão início á Breaking Up Again, na qual, Linhares, mais uma vez dá um verdadeiro show de interpretação. Durante sua execução, o peso novamente dá as caras, trazendo um ótimo trabalho de bateria, muito bem executado por Anderson. Além disso, os riffs vêm carregados de energia e brutalidade (dentro da proposta da banda, obviamente).  O grupo já podia parar por aqui que já estaria de bom tamanho. Mas, felizmente, ainda tem mais.

                  O que temos em Empowerment é mais uma aula de classe, bom gosto e peso em doses bem colocadas, que mostram teclados encaixados com mestria dentro da composição, trabalho do guitarrista Glauber Oliveira, que criou linhas muito bem elaboradas. Linhares mostra variação nos vocais, algo que se mantém durante todo o álbum. Nihil Mind é guiada pelas guitarras, mostrando o ótimo entrosamento e nível técnico de Glauber e Hugo Santiago, que formam uma das melhores duplas de seis cordas do país. Ótimas melodias guiam mais um dos grandes momentos do álbum, onde o teclado aparece de forma sutil e ao mesmo de forma grandiosa. A faixa ainda conta com um solo inspirado. Purple Letter é guiada pela agressividade das guitarras, enquanto os corais contrastam de forma bem interessante. E aqui fica uma constatação: nenhuma banda no Brasil consegue criar este tipo de composição com a mesma maestria que o DARK AVENGER! Impressiona como grupo consegue fazer parecer fácil criar linhas tão complexas. Solar Mors Liberat encerra o tracklist regular do álbum e é uma faixa bem introspectiva, que deixa aflorar todo o sentimento envolvido na execução do álbum. Com uma bela melodia e interpretação, a faixa precede When Shadow Falls, uma bônus track bela e acústica.

                      THE BELOVED BONES:HELL é um trabalho grandioso. Complexo e de muito bom gosto, o álbum mostra uma banda que sabe valorizar o seu trabalho, e ao mesmo tempo, mostra respeito pelos fãs. Aqui, neste blog, diferentemente da forma na qual escrevo para outros veículos (METAL NA LATA e ROADIE CREW), não tenho por costume avaliar os álbuns enviados á mim atribuindo nota. Até porque de certa forma, música é arte, e cada um a interpreta e avalia de sua forma. Deixo isso a critério de quem lê e ouve o álbum resenhado. Mas dessa vez, o DARK AVENGER me força a quebrar o protocolo e, ao dizer que seu trabalho é fantástico, indispensável e primoroso, não me deixa outra alternativa a não ser escrever: NOTA DEZ!!!!!!!





               Sergiomar Menezes

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