quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

MELHORES DO ANO 2018 - NACIONAL

                           E 2018 chega ao fim... E de certa forma, apesar dos ótimos álbuns lançados pelas bandas brasileiras (algo que vem acontecendo com uma regularidade bem interessante, o que é salutar), vimos uma polarização nunca vista anteriormente. E não estou falando de Black Metal x White Metal... Infelizmente, podemos ver, através das redes sociais muitos músicos da cena brasileira tomando partido de forma veemente. Obviamente que todos têm todo o direito de se manifestar. Mas o que aconteceu foi algo um tanto quanto constrangedor, pois vimos músico brigando com fã, fãs discutindo entre si, numa eterna batalha pra sair sempre como o dono da razão. Algo que, definitivamente, a cena não precisa. Não estou pregando aqui que sejamos alheios ao que acontece em nosso país, muito pelo contrário. A apatia foi o que nos guiou até aqui. Mas esse debate político não pode transformar amigos, músicos, fãs, produtores, etc, em inimigos. Que todas essas desavenças acabem e que voltemos a nossa atenção ao que de melhor aconteceu na música pesada nacional neste atípico ano de 2018. E, musicalmente, não temos do que reclamar... Neste primeiro momento, publico a lista dos melhores álbuns nacionais de 2018 de uma forma diferente. Mesmo que não tenha publicado a resenha de todos os álbuns, todos aqui terão um pequeno comentário acerca de sua escolha. Chega de conversa e vamos ao que interessa. Com vocês, os melhores álbuns de 2018 na opinião do REBEL ROCK

Sergiomar Menezes

1º - KRISIUN - SCOURGE OF THE ENTHRONED



Não é novidade pra ninguém que o KRISIUN é hoje, o maior expoente, não apenas do death metal, mas do Heavy Metal brasileiro no exterior. E com todo o merecimento. Prova disso é que o trio gaúcho vem consolidando sua carreira  a cada novo trabalho. SCOURGE OF THE ENTHRONED é um álbum simplesmente sensacional! Na opinião deste que vos escreve, pode ser colocado ao lado dos também espetaculares Apocalyptic Revelation (1998), Conquerors of Armageddon (2000), Works of Carnage (2003) e Southern Storm (2008). Produzido por Andy Classen, o álbum mostra que em matéria de brutal death metal, ninguém se compara a capacidade criativa e agressiva de Alex Camargo (vocal e baixo), Moyses Kolesne (guitarra) e Max Kolesne (bateria).
Faixas de destaque: Sourge of the Enthroned, Demonic III, Slay the Prophet, A Thousand Graves, Electricide e Abysmal Misery (Foretold Destiny)


2° - HEAVIEST - THE WALL OF CHAOS-T 



Mudanças de formação muitas vezes geram instabilidade dentro de uma banda. Mas, para nossa sorte, o que aconteceu com o HEAVIEST foi exatamente o contrário! A entrada de Alax William (vocal), no lugar de Mário Pastore, deu um maior dinamismo à musicalidade do grupo. Agregando uma influência maior de nomes como Disturbed e Pantera, a banda mostrou que o potencial apresentado em Nowhere (2015) é hoje uma realidade. Com uma pegada bem atual, uma produção pesada e moderna, que ficou sob a responsabilidade do guitarrista Guto Montesso e que contou com a co-produção de Roy Z, e uma arte gráfica bem trabalhada e elaborada por Alax, THE WALL OF CHAOS-T transformou a banda em uma realidade no metal brasileiro!
Faixas de destaque: Like Those Ones, Thieves of Life, Blood, Fire it Up, Hunted e Kill the King


3º - ANGRA _ OMNI


Confesso que colocar este álbum entre os melhores do ano me trouxe uma sensação de alívio e satisfação. Primeiro porque, nos últimos anos, nenhum trabalho do ANGRA me chamou a atenção. E segundo, e talvez, o mais importante, é que se teve uma banda nacional que me fez ver que o Metal Melódico aqui não era apenas bem feito, mas que servia de influência pra muita gente, essa foi o Angra. OMNI trouxe de volta, ao menos para mim, toda aquela classe e técnica da banda, aliadas a melodias cativantes, como só o grupo sabe fazer. As participações especiais, inclusive de Sandy (que gerou polêmica), foi bem explorada pela banda (até com certo exagero), de certo modo, não fariam falta, tamanha a qualidade das faixas apresentadas aqui. Como dito anteriormente, fico muito feliz em colocar este trabalho entre os escolhidos de 2018! Destaque para Fabio Lione (como sempre) e Marcelo Barbosa, que é muito mais do que um substituto para Kiko Loureiro!
Faixas de destaque: Light of Transcendence, Travelers of Time, Black Widow's Web, Insania, War Horns e Magic Mirror


4º MAESTRICK - ESPRESSO DELLA VITA - SOLARE


É raro encontrar bandas que tratam sua música como ela deve ser tratada. Música, antes de mais nada, é arte. E o MAESTRICK soube fazer isso de forma sublime em ESPRESSO DELLA VITA - SOLARE. Podemos dizer, sem nenhuma sombra de dúvidas, que estamos diante da obra prima, definitiva, do grupo de São José do Rio Preto. Desde a concepção da rate gráfica até o que é mais importante, que é a música, o grupo teve um cuidado e a, digamos, ousadia, em construir uma obra conceitual cercada de muita qualidade. Podemos ouvir de tudo na fantástica música apresentada pelo grupo: Beatles, Yes, Pink Floyd, Queen, Rainbow, Jethro Tull... Não há limites para a criatividade artística do quarteto. Produzido pelo mestre Adair Daufembach, o álbum mostra a versatilidade do grupo e nos deixa numa expectativa muito grande para a segunda parte desse grandioso projeto!
Faixas de destaque: Origami, I A.M. Living, Rooster Race, Keep Trying, The Seed, Across the River, Penitência e Hijos de La Tierra


5º - MX - A CIRCUS CALLED BRAZIL



Não estamos diante apenas de uma das capas mais legais e verdadeiras do Heavy Metal brasileiro. Estamos diante de um dos discos de Thrash Metal mais foda lançados por aqui nos últimos tempos! Mas também... Estamos falando do MX, um dos grupos mais tradicionais do estilo nesse "circo chamado Brasil"... Riffs carregados de agressividades, baixo/bateria marcados na velocidade da luz e um vocal que destila toda a ira que o estilo pede fazem de A CIRCUS CALLED BRAZIL um álbum para ser ouvido no repeat inúmeras vezes. Poucas bandas incorporam o espírito "thrash" com tanta pegada e conhecimento de causa como o quarteto. Se o Thrash Metal é sua praia, mergulhe fundo num dos melhores discos do estilo já lançados por aqui!
Faixas de destaque: Fleeing Terror, Murders, Lucky, Toy Soldier, Keep Yourself Alive, Marching Over Lies e A Circus Called Brazil  


6º - SACRIFICED - ENRAGED



O segundo trabalho de uma banda sempre vem cercado de expectativas. Ainda mais quando a estréia é acima da média. E o quinteto mineiro SACRIFICED não decepcionou! ENRAGED é um álbum pra firmar o nome da banda no cenário nacional. Com uma sonoridade difícil de "rotular", o grupo mostra categoria e versatilidade ao agregar à sua sonoridade influências mais atuais, pois segundo o próprio grupo, sua música tem uma pegada bem Modern Metal. O vocal Kell Reis guaarda uma semelhança com o de Cristina Scabbia (Lacuna Coil), mas com uma linha mais Heavy Metal. Ao buscar sua afirmação no cenário, o grupo "cometeu" um dos grandes trabalhos de 2018. E que a banda siga nos proporcionando uma música intensa e cheia de energia como a apresentada aqui!
Faixas de destaque: Meet Your Fate, Shame, Oblivion, Spiral Down, Dear Killer, Thick Skin e Into The Hive


7º - ATTOMICA - THE TRICK



Thrash Metal. Não há nenhuma outra definição que melhor se encaixe no ATTOMICA. E não há o que ser questionado aqui. O grupo é um dos pilares do Thrash Metal nacional, tendo lançado ótimos trabalhos, sendo um deles, de fundamental importância para o estilo Disturbing the Noise (1991). Agora, o grupo resolveu soltar um petardo que, muito provavelmente, se igualará a este último no quesito clássico. THE TRICK possui todas as características do grupo, agregando uma sonoridade mais atual, sem esquecer de suas raízes. Um álbum perfeito, digno de reconhecimento não apenas pelos fãs do grupo, mas por todo apreciador de Heavy Metal. Quem ainda não conhece o grupo, corra atrás por que vale, e muito, a pena. Quem já conhece... Bom, sabe muito bem do que estou falando, não é?
Faixas de destaque: Give Me the Gun, Feeling Bad, Kill the Hero, The Last Samurai, The Trick, Endless Cycle e Mistery


8º - PLEASURE MAKER - DANCIN' WITH DANGER


O retorno da PLEASURE MAKER em 2017 rendeu, em 2018, não apenas um álbum de Hard Rock de respeito, mas sim, um dos melhores CDs do estilo lançados no Brasil nos últimos tempos. Fazendo aquela sonoridade tipicamente hard oitentista, mas sem soar datada em nenhum momento, a banda mostra em DANCIN' WITH DANGER que o estilo, mesmo que ainda restrito aos fãs ( o que gradativamente vem mudando), é muito bem representado no Brasil. Os riffs e solos de Alex Meister (guitarrista e mentor do grupo), são inspirados, resgatando aquilo que de melhor já fizeram grupos como Dokken, Def Leppard, Ratt, etc. Produzido por Alex, o álbum ficou com uma sonoridade atual, unindo a classe e malícia dos anos 80 à modernidade. Saty Hard!
Faixas de destaque: Dancin' With Danger, Chains of Love, Rock The Night Away, Lonely is the Night, A Matter of Feelings e Runnin' Out  of Time

9º - SABBATH BRAZIL SABBATH - THE BRAZILIAN TRIBUTE TO BLACK SABBATH


A iniciativa da Secret Service Records em lançar no mercado um tributo aos pais do Heavy Metal apenas com bandas brasileiras, pode ter sido arriscada. Afinal, nem sempre álbuns tributo tem boa aceitação, ainda mais se analisarmos que aqui temos apenas bandas underground (sem a presença de nomes como Sepultura, Angra, Krisiun...). Mas o resultado apresentado em SABBATH BRAZIL SABBATH - THE BRAZILIAN TRIBUTE TO BLACK SABBATH é simplesmente sensacional! Versões matadoras recriadas por bandas históricas e também mais novas no cenário só vêm a comprovar a qualidade e força do metal brasileiro. Fica difícil apontar destaques em um trabalho tão homogêneo. Sem dúvida, o melhor e mais completo tributo ao Black Sabbath!
Faixas de destaque: Children of the Grave (Leviaethan), Tomorrow's Dream ( Genocídio), Voodoo (Uganga), Sabbra Cadabra (Ancesttral), Supernaut (King Bird), Neon Knights (Korzus), Mob Rules (MX), Sabbath Bloody Sabbath (Drowned), TV Crimes (Voodoopriest) e N.I.B. (Attrachtha)


10° FACES OF DEATH - FROM HELL



Depois de 20 anos fora da cena, o grupo de Thrash/Death Metal FACES OF DEATH, retomou as atividades em 2017 com o lançamento do EP Consummatun Est, e agora em 2018 nos apresenta esse ótimo trabalho, o petardo intitulado FROM HELL. Com uma produção crua e suja, mas ao mesmo tempo bem equilibrada, encaixada perfeitamente dentro da sonoridade apresentada pela banda, o álbum traz em menos de meia hora, 09 faixas carregadas de agressividade e peso, lembrando em alguns momentos o saudoso Sepultura. Voltado mais para o lado thrash, o som do grupo mostra que a perseverança e dedicação, aliados ao respeito e honestidade, podem ser recompensados. Esse álbum faz parte dessa lista com o mais devido merecimento!
Faixas de destaque: Priest From Hell, I Am the Face of Death, New World Order,Fucking Human Gods, Human Race, Face The Enemy e King of Darkness

11º MALKUTH - VOODOO



São 25 anos de carreira. Uma das mais blasfemas e insanas bandas de black metal do planeta chega ao seu sétimo álbum, evidenciando ainda mais o seu lado sombrio. A brutalidade e agressividade, inerentes ao trabalho da banda, seguem firmes em sua batalha dentro do underground. Fazendo uso de forma bem equilibrada dos teclados e por vezes aproximando-se do metal tradicional, o veterano grupo pernambucano prova que não é necessário fazer nenhum tipo de concessão em sua sonoridade para se manter no mercado. Basta ser honesto e verdadeiro consigo mesmo. VOODOO é um dos melhores trabalhos já lançados pelo MALKUTH e um dos melhores do estilo neste ano de 2018!
Faixas de destaque: Shoot to Kill (je$u$), The Old Blade, Anticristum (Belicus), Dead (Cold as Graveyard) Dense Forests, Nocturnal Paths e Shadows


12º - NERVOSA - DOWNFALL OF MANKIND


O terceiro trabalho da NERVOSA traz uma proximidade bem maior com o lado extremo do metal, mais precisamente, com o Death Metal. Não que as garotas tenham abandonada o Thrash, veia mais latente em seus dois trabalhos anteriores, mas a entrada da baterista Luana Dametto, abriu o leque de possibilidades, explorando de forma mais brutal os limites da música do trio. Fernanda Lira está "cantando" de forma mais agressiva e ríspida, beirando o gutural em muitos momentos. Prika Amaral segue despejando ótimos riffs em sua guitarra, mantendo a boa sequência de lançamentos da banda. DOWNFALL OF MANKIND é um álbum que mostra que toda a batalha que o trio vem enfrentando ao longo dos anos está sendo recompensada. Um álbum mais extremo, mas ainda com a marca registrada da banda!
Faixas de destaque: Horrordome, Never Forget, Never Repeat, Enslave, Kill the Silence, No Mercy, Raise Your Fist, Fear, Violence and Massacre e Selfish Battle


13° - BARANGA - MOTOR VERMELHO


Rock n' Roll visceral! Guitarra, baixo e bateria! Como deve ser, não é mesmo? A banda mais AC/DC e Motörhead do Brasil chega ao seu sexto álbum, praticando o mesmo rock sujo, com algo de Heavy Metal. O BARANGA consegue fazer uma música até certo ponto simples(!?) e ao mesmo tempo cativante. MOTOR VERMELHO mantém a mesma pegada dos trabalhos anteriores da banda, mas a produção parece ter agregado uma pegada mais suja às guitarras, sendo estas o grande destaque do disco. Impossível ouvir esse trabalho e ficar indiferente à energia contagiante que emana de cada faixa presente aqui. Riffs grudentos, baixo/bateria pesados e a voz rasgada de Xande, transformam esse disco em dos dos grandes trabalhos de 2018!
Faixas de destaque: Boteco ao Lado, Motor Vermelho, Rock de Rua, Encrenca, Déjà Vú, O Carona, Biruta e Amor ou Loucura

14º - DROWNED - 7th


O sétimo álbum do grupo mineiro DROWNED traz consigo uma pequena mudança na sonoridade do grupo. Mas fique bem tranqüilo. Não há nada de anormal aqui. Se assim fosse, com certeza, 7th não estaria nessa lista. Essa mudança na realidade é que, a veia Thrash Metal do grupo aparece de forma mais latente, mas, que fique bem claro, aquele Death Metal que consagrou o grupo como um dos grandes nomes do metal mineiro e nacional, continua lá, firme e forte. Num primeiro momento, esse direcionamento pode soar um pouco "estranho", mas a cada nova audição, o álbum se torna mais e mais interessante. Mais um grande trabalho na carreira dos mineiros!
Faixas de destaque: The Bitter Art of Detestation, Rage Before Some Hope, Damage Wood Coffin, Epidemic and God Selfishness e Elitist Heaven Ruled by the Devil


15º - EXTERMINATE - PRAY FOR A LIE



A brutalidade encontrada em PRAY FOR A LIE, segundo full lenght do quarteto gaúcho EXTERMINATE é algo absurdo! A banda parece ter incorporado de vez todas as suas influências extremas e colocado isso de forma consistente em suas músicas adicionando sua personalidade. Resumindo, que baita disco de Death Metal! Falar o quê da maquina de triturar tímpanos chamada Sandro Moreira que destrói sem nenhuma piedade seu kit? Mas a banda é muito coesa, basta ver a performance dos guitarristas Adriano Martini, responsável também pelos vocais, e Rafael Lavandoski, que imprimem doses cavalares de peso em riffs e solos extremos. O baixista Marcelo Feijó não fica para trás, vez que cria bases sólidas e densas nas quatro cordas. O RS segue seu histórico de trazer ao mundo verdadeiras instituições do metal extremo!
Faixas de destaque: Image of a Dead God, Blind Faith, Pray For a Lie, Religious Zombie, War, Chaos e The First

terça-feira, 20 de novembro de 2018

APPICE - SINISTER (2017)



                    Falar sobre a importância e história dos irmão Carmine e Vinnie Appice não se faz necessário, não é mesmo? Afinal, estamos falando de dois monstros sagrados das baquetas, cujas trajetórias chegam a se confundir com a história do Hard n' Heavy mundial. E embora ambos tenham deixado sua marca em bandas fundamentais, nunca haviam gravado um álbum juntos, sob o mesmo nome. Eis que então, surge SINISTER, primeiro álbum do APPICE, lançado em 2017 e que chega ao Brasil através da parceria entre Shinigami Records e a SPV/Steamhammer. Recheado de participações especiais, o trabalho faz jus a carreiras do Appice, mostrando principalmente que apesar do álbum sr centrado nas figuras dos irmãos, a música como um todo acaba falando mais alto. E só podíamos esperar isso mesmo, pois estamos falando de músicos experientes e que sabem seu verdadeiro lugar na história, sem precisar de exibicionismos ou malabarismos técnicos gratuitos.

                  Dentre os convidados especiais do trabalho podemos destacar Paul Shortino (vocal, Rough Cutt, King Cobra, Quiet Riot), Robin McAuley (vocal, McAuley Schenker Group), Craig Goldy (guitarra, ex - Dio, Giuffria, Rough Cutt, Vengeance), Joel Hoekstra (guitarra, Whitesnake, Night Ranger), Tony Franklin (baixo, ex- Blue Murder, Whitesnake, The Firm, entre outros), entre outros nomes que gerariam um verdadeiro quem é quem do Hard n' Heavy. E ao dizer isso já fica explícito o que vamos encontrar nas 13 faixas que compõem SINISTER: um Hard n' Heavy clássico, que horas pende pra um lado mais pesado (Vinnie), horas pra um lado mais hard (Carmine). Um trabalho muito bem elaborado que teve na produção as quatro mãos dos "brothers", enquanto a mixagem e masterização ficaram sob a responsabilidade de Steve DeAcutis. Já capa, traz uma bela sacada com a face dividida entre os irmão, sendo obra de Dave Guerrie.

                   O álbum abre com a faixa título. Pesada e com os bons vocais de Jim Crean, a composição mostra toda a classe e técnica da dupla. Já "Monsters and Heroes" é uma bela homenagem ao maior vocalista de todos os tempos, Ronnie James Dio, e conta com os vocais de Paul Shortino, um dos grandes vocalistas de Hard Rock, e por vezes, injustiçado. A guitarra (e o baixo) de Craig Goldy surgem em "Killing Floor". Bem pesada e com os vocais de Chas West (Ressurection Kings) e tem todas as características das faixas que consagraram o mestre Dio... "Danger" tem uma pegada mais Hard e tem apenas carmine na bateria. "Drum Wars" como o próprio nome entrega é uma "batalha" de bateria, com a participação de Vinnie e Carmine nos vocais. 

                         "Riot" traz os vocais de McAuley e é um cover do Blue Murder, composta por John Sykes. Cabe destacar a performance perfeita de McAuley, que esbanja categoria com extrema facilidade. "Suddenly" traz novamente os vocais de Paul Shortino e carrega uma pegada hard e traz o baixista Tony Franklin. Na sequência, "In the Night", com uma linha mais melódica, quase pop, acaba sendo um dos pontos menos relevantes do trabalho, mas nem por isso deixa a desejar em qualidade. Apenas acaba destoando do restante do material. A atmosfera "Dio" se mostra presente novamente em "Future Past". Pesada, arrastada, a faixa ganha muita intensidade no decorrer de sua execução. Apenas o vocal de Scotty Brue acaba ficando um pouco pra trás. Talvez se tivesse sido gravada por Chas West o resultado seria diferente... O mestre Carmine Appice assume os vocais em "You Got Me Running" e acaba sendo um dos destaques da composição! Sua voz tem timbre muito bom, que se encaixa perfeitamente no estilo da faixa. O groove toma conta de "Bros in Drums". "War Cry" traz a guitarra de Joel Hoekstra e os vocais de Shortino. O encerramento vem com "Sabbath Smash", um medley em tributo aos deuses Iommi, Osboune, Butler e Ward.

                            De forma bem direta, podemos dizer que SINISTER é um álbum indicado não apenas aos fãs dos irmãos Appice enquanto bateristas. O trabalho é muito mais do que um disco para músicos. SINISTER traz aquilo que todo músico verdadeiro deve carregar consigo: sentimento e emoção. A acima de tudo, o álbum deixa a música falar mais alto. Carmine Appice e Vinnie Appice mereciam lago assim há muito tempo. E nós, fãs da boa música, também!





                      Sergiomar Menezes

                            


sábado, 13 de outubro de 2018

PICTURE - LIVE - 40 YEARS HEAVY METAL EARS - 1978-2018 (2018)



                   Uma das primeiras e mais originais bandas de Heavy Metal da Holanda, após uma década de "novas atividades", resolveu lançar um álbum ao vivo para comemorar seus 40 anos de história. E não é qualquer álbum, pois estamos falando da formação clássica do PICTURE! LIVE - 40 YEARS HEAVY METAL YEARS 1978-2018 está sendo lançado pela PURE STEEL RECORDS agora em outubro, numa merecida homenagem à uma das bandas mais clássicas do Hard/Heavy mundial. Gravado nos palcos da Europa, o trabalho apresenta 17 músicas, contando com vários clássicos do hoje quinteto holandês.

           Ronald van Prooijen (vocal), Jan Bechtum (guitarra/Backing vocal), Appie de Gelder (guitarra/backing vocal - que se juntou ao grupo em 2017 para "reforçar" as guitarras), Rinus Vreugdenhil (baixo) e Laurens Bakker (bateria) vem de uma sequência de shows pelo continente europeu no último ano, que culminou com uma grande apresentação do grupo no Sweden Rock Festival. E sejamos sinceros quantas bandas formadas na década de 70 ainda podem executar seus grandes sucessos com sua formação clássica? Priorizando músicas de seus  primeiros e mais fundamentais álbuns, o grupo mostra que em cima do palco, ainda tem muita lenha pra queimar. Aliás, a banda já se encontra em estúdio preparando um novo trabalho que, ao pelo que se pode ouvir pelas redes sociais, promete agradar em cheio os fãs.

                 Dentre as 17 faixas presentes aqui, podemos citar clássicos atemporais como "Heavy Metal Ears", "Spend The Night With You", "Unemployed", "Nighttiger" e "No No No" (faixas de Heavy Metal Ears - 1981), "You're All Alone", "Message From Hell", "Night Hunter", "The Hangman", "Diamond Dreamer" e "Lady Lightning" (presentes no clássico Diamond Dreamer - 1982), "Eternal Dark" (clássico dos clássicos, resgatado de forma sensacional pelo Hammerfall - e que fez uma boa parcela de fãs virem a conhecer a banda holandesa), além de "Old Dogs, New Tricks" e "live By the Sword" (faixas de Old Dogs, New Tricks - 2009), e "Bombers" e "You Can Go" do primeiro álbum, Picture de 1980. Tosas as que compõem o álbum foram tocadas com uma garra e energia que nem parece estramos diante de senhores na faixa etária de 60 anos! O que comprova aquela velha máxima o heavy metal não tem idade!

                LIVE - 40 YEARS HEAVY METAL EARS - 1978-2018 é um registro que deve constar em toda coleção de fã de Heavy Metal. Uma banda clássica, com seu line up clássico executando grandes clássicos. Soa repetitivo. Mas não há outra forma de classificar esse trabalho. Clássico e imperdível!




               Sergiomar Menezes

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

ANTHRAX - THE GREATER OF TWO EVILS - RELANÇAMENTO (2004/2018)



                 Eis que em 2004, cerca de um ano após o lançamento de "We've Come For You All", o ANTHRAX colocava no mercado THE GREATER OF TWO EVILS, um álbum trazendo 14 faixas clássicas do grupo na voz de John Bush. Englobando músicas de "Fistful of Metal" (1984), "Spreading the Disease" (1985), "Among the Living" (1987), "State of Euphoria" (1988) e "Persistence of Time" (1990). Obviamente que as faixas retiradas destes álbuns não são apenas grandes clássicos do grupo, mas do Thrash Metal. E, com todo respeito que Neil Turbin e Joey Belladona mereçam (e eles merecem!), exceção à uma única faixa, TODAS ganharam uma nova cara e ficaram ainda mais sensacionais! Posso até comprar briga com o que vou dizer, mas John bush foi o melhor vocalista a passar lo grupo! E esse fato fica mais do que comprovado ao ouvirmos esse petardo que tem seu relançamento no Brasil através da Shinigami Records.

                   O já citado John Bush (vocal), o mestre dos riffs Scott Ian (guitarra/backing vocal), Rob Caggiano (guitarra), Frank Bello (baixo/backing vocal) e o monstro Charlie Benante (bateria) entraram no estúdio Avatar em Nova Iorque com o tracklist escolhido através de uma votação no site oficial da banda. E se a intenção era apresentar seus antigos clássicos com uma nova roupagem aos velhos e, porque não dizer, novos fãs da banda, pode-se dizer que o tiro acertou a todos em cheio!  Após dois trabalhos contando com a arte de conceituado Alex Ross (o já citado WCFYA e o CD/DVD "Music of Mass Destruction", a banda recrutou para este álbum, Shepard Farey, artista de rua contemporâneo e designer gráfico, responsável por toda a arte presente aqui. Numa tradução livre, THE GREATER OF TWO EVILS pode ser encarado como "DOS MALES, O MAIOR". E com toda a sinceridade, nesse resgate, ficou provada, mais uma vez a importância e relevância do quinteto norte americano para o Heavy Metal mundial.  

                   O álbum abre com "Deathrider", presente em "Fistful of Metal", e que, talvez, seja a faixa que ganhou uma sonoridade um pouco mais diferente da original. Mais pesada e com os vocais bem mais técnicos de Bush, a composição ganhou mais intensidade e energia, com uma cara mais atual. Na sequência, outra maravilha criada pelo grupo:"Metal Thrashing Mad", também presente em Fistful of Metal". mais uma vez, a intensidade apresentada pela banda supera e muito o que foi feito em 1984. Claro que estamos falando de uma produção muito melhor e que também, os músicos estão muito mais técnicos e precisos. Se não tem aquela aura old school, a faixa apresenta uma das melhores performances da banda neste trabalho. "Caught in a Mosh", um dos tantos clássicos presentes no inigualável "Among The Living" vem em seguida pra deixar tudo ainda mais insano. Scott Ian continuava sendo (e ainda continua) uma das melhores mãos direitas do Thrash mundial. Ao seu lado, Rob Caggiano mostrava que a dupla poderia ter rendido muito mais... Buscada em "Spreading the Disease". "A.I.R." ficou bem interessante, da mesma forma que suas antecessoras, igualmente pesada. Mas esta faixa destoou um pouco das demais pois a voz de Belladona tem uma melhor sintonia na sua execução. O mesmo não se pode dizer da fantástica "Among the Living", faixa título do clássico lançado pelo grupo em 1987. A dupla Frank Bello e Charlie Benante mostra que é uma das melhores cozinhas do estilo, aliando peso, técnica e muita garra.

                    É chegado então, o momento que, na opinião deste que vos escreve, faz valer a aquisição do play. "Keep it in the Family", faixa de "Persistence of Time". Se a versão original da música trazia um grupo inspirado e pesado, com uma excelente interpretação por parte de Joey Belladona, aqui a banda tratou de abusar ainda mais das guitarras, fazendo com que John Bush fizesse jus a fama de melhor vocalista que já esteve à frente do grupo. Sem dúvida, o grande destaque do trabalho! "Indians", outro clássico presente em "Among the Living" surge em seguida e, mesmo com a excelente execução e interpretação do grupo, deixa noa r aquela sensação de que falta alguma coisa... Essa é daquelas faixas que tem "dono". E nesse caso, o dono é Belladona. Não adianta. Essa faixa tem que ser cantada por ele! E tome mais peso na sequência com "Madhouse", faixa de "Spreading the Disease". O primeiro álbum do grupo volta à tona com "Panic", onde as guitarras de Scott e Rob mostram um belo entrosamento. E o que dizer de "I am the Law"? Clássico indiscutível que aqui, tem seu destaque na performance de Benante, que senta  amão sem dó nem piedade em seu kit, mas sem esquecer da técnica, que diga-se de passagem, lhe sobra. 

                   "Belly of the Beast" é mais um grande momento em que pode-se afirmar que a versão apresentada aqui supera a original. Muito disso se dá pela performance de Bush que imprime sua personalidade de forma consistente, fazendo com que muitas vezes, possa se pensar que a música sempre contou com seus vocais, tamanha é sua forma de interpretar. "N.F.L.(Efilnikufesin)" vem para destruir tudo à sua volta... A faixa que já era uma das melhoras da carreira do grupo, aqui ganhou uma roupagem mais pesada e atual. Benante conseguiu até, na última parte da música imprimir um pouco do seu gosto por música extrema, arriscando até mesmo alguns blast beats... "Be All End All", faixa de "State of Euphoria" tem também nas guitarras seu destaque. Única faixa do álbum de 1988, a composição tem seu lugar de destaque. O encerramento vem com a arrasa quarteirão "Gung Ho", que fecha de forma brilhante este grande trabalho.

                     Após WCFYA, o Anthrax lançou este ótimo Álbum, com a intenção de apresentar ao mundo seus grandes clássicos revisitados na voz de John Bush. Mas, logo na sequência, Scott Ian resolveu chamar Belladona e o baixonho (apenas na estatura) Dan Spitz, jogando para escanteio Bush e Caggiano e reunião a formação clássica do grupo. De lá pra cá muita coisa aconteceu. Bush provou que poderia cantar qualquer coisa já feita pela Anthrax. Com  a volta de Belladona, a banda limitou-se a explorar apenas músicas de sua época (tanto a  antiga quanto a atual). Se isso isso é bom ou não, é algo que só compete aos fãs e ao grupo analisarem. De minha parte, apenas lamento não ter tido a chance de assistir o grupo com a formação que gravou este álbum. Mas também dizer que THE GREATER OF TWO EVILS tem que estar em toda e qualquer coleção de fã de Heavy Metal! Obrigatório!




            Sergiomar Menezes

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

PANDEMMY - RISE OF A NEW STRIKE (2017)



                Muitas bandas que batalham diariamente pelo seu lugar ao sol acabam falhando, em alguns casos, em não criar sua própria identidade. Obviamente que não há nada de errado em ser influenciado por grandes nomes. Mas que se faz necessário que o grupo tenha uma personalidade própria, independente e livre de estereótipos, todos nós concordamos, não é mesmo? E isso, o grupo pernambucano PANDEMMY tem de sobra! Fazer um Thrash/Death Metal com uma pegada trabalhada e brutal, mas com características próprias é a proposta da banda formada em 2009. E seu objetivo é atingido  de forma mais do que satisfatória em RISE OF A NEW STRIKE, gravado em 2016 e lançado virtualmente no mesmo ano, mas que chegou ao formato físico em 2017, através da parceria Sangue Frio Produções e Burn Distro.

               O grupo é formado hoje por Rayanna Torres (vocal), Pedro Valença (guitarra - fundador da banda), Guilherme Silva (guitarra), Marcelo Santa Fé (baixo) e Arthur Santos (bateria). Mas o álbum contou com os vocais de Vinicius Amorim. O trabalho mostra um sensível evolução do grupo em relação aos seus trabalhos anteriores, à saber "Idiocracy" e "Dialetic" (2011 e 2012, respectivamente), dois EPs que apresentaram o grupo ao underground nacional, e o primeiro full lenght "Reflections & Rebellions" (2013). Com uma produção crua mas ao mesmo tempo dotada de clareza (percebem-se nitidamente todos os instrumentos), o trabalho mostra personalidade por parte do quinteto. Méritos do produtor Júnior Supertramp que contou com a co-produção da dupla de guitarristas Guilherme Silva e Pedro Valença. A versão física do trabalho traz ainda dois covers, o que deixa tudo ainda melhor.

                "One Step... Forward" é uma introdução breve que nos prepara para a primeira pancada "Circus of Tyrannies". Com guitarras bem agressivas e um grande trabalho da cozinha composta por Marcelo e Arthur (baixo e bateria, respectivamente), a faixa deixa explícito o que o grupo realmente quer: mostrar seu Thrash/Death pesado e brutal, sem fazer concessões. Com momentos mais pesados e arrastados, a composição é um dos destaques do trabalho. Pendendo mais para o death metal mais tradicional, "State of War" mostra essa face mais ríspida e direta da banda, o que, diga-se de passagem, está presente durante toda a execução do CD. "7000 Days of Terror (And The New Attempt) é mais cadenciada e bem pesada, trazendo pequenos inserts de melodia em alguns momentos, o que mostra a versatilidade e a "falta" de preocupação do grupo com o que podem pensar ao seu respeito. "Almost Dead" tem, novamente, seu destaque na dupla Marcelo e Arthur, que cria um  base extremamente densa e compacta, enquanto a dupla Pedro e Guilherme, despeja riffs agressivos e por vezes melódicos em seu andamento.

                     "Rise of a New Strike", a faixa título é outro belo exemplo de como uma banda pode soar brutal, insana e ao mesmo tempo "cristalina". E aqui vai mais uma citação à produção do álbum, que soube deixar tudo dentro dos parâmetros estabelecidos pelo grupo fugindo daquele velho estereótipo "pra ser pesado, tem que ser sujo e mal gravado". E tome porrada em "Inferno Is Over", death metal direto, violento e mortal. Ótimas linhas de guitarra e vocais guturais, sem exageros, se destacam durante a execução da faixa. Não se engane com a melodia inicial de "Stars of Decadence", pois o peso impera aqui, fazendo nos lembrar, guardadas as devidas proporções o grande Arch Enemy em alguns momentos. "Against the Perfect Humankind" é rápida e pesada. Já "No Reasons For Losses" tem na coesão da banda seu destaque. Pra encerrar o álbum temos dois ótimos covers. "Ecce Homo" do grupo conterrâneo Decomposed God, ganhou uma roupagem tão brutal quanto sua versão original. Já "Nepenthe", da banda finlandesa Sentenced, presente originalmente em Amok, lançado em 1995. A faixa contou com a participação de Amanda Lins e André Lira, e se mostrou digna de estar presente neste grande álbum dos pernambucanos.

                       RISE OF A NEW STRIKE é um álbum pesado, agressivo, brutal. Um trabalho que mostra o amadurecimento de uma banda que está em constante evolução. Composições que agregam o peso das guitarras à momentos mais melódicos (dentro da proposta do grupo), além de apresentar aos fãs uma excelente cozinha, que não se furta em sentar a mão em bases bem intensas, fazem deste álbum o melhor trabalho lançado pelo PANDEMMY até este momento. E a julgar pela evolução do grupo de um álbum para o outro, só podemos esperar algo ainda mais pesado, agressivo e brutal, como citado no início do parágrafo. Que venha o próximo petardo!




               Sergiomar Menezes



terça-feira, 17 de julho de 2018

SABBATH BRAZIL SABBATH - THE BRAZILIAN TRIBUTE TO BLACK SABBATH (2018)



                    Houve uma época em que os álbuns tributo fervilham no mercado. A cada três meses, saíam os mais variados tributos por diversas gravadoras. Alguns eram excelentes, outros nem tanto. Alguns eram verdadeiros caça-niqueis (alguém por aí lembrou de Nativity in Black II?), porque, ao menos na minha visão, tributo é quando uma banda ou artista resolve homenagear alguém que o influenciou. E isso nem sempre acontecia neste trabalhos lançados lá atrás. Mas, recentemente, a Secret Service Records tomou a iniciativa de reunir bandas brasileiras para homenagear grandes ícones do metal mundial. Tudo começou como tributo ao Motorhead. E agora, a gravadora solta este espetacular SABBATH BRAZIL SABBATH - THE BRAZILIAN TRIBUTE TO BLACK SABBATH, onde grandes bandas nacionais mostram que apesar dos estilos bem diferentes, todas trazem consigo toda a inspiração que Ozzy, Iommi, Butler, Ward, Dio, Martin, Gillan, Hughes (entre outros músicos que passaram pelo grupo), uma vez que todas as fases do BLACK SABBATH foram lembradas aqui. TODAS. Inclusive, o mais recente e último (?) trabalho, o excelente 13 (2013).

                   Como citado logo acima, temos aqui, um verdadeiro quem é quem no metal nacional. Desde nomes lendários e consagrados, até nomes já bem estabelecidos, mas que não possuem ainda uma grande visibilidade por parte dos bangers brasileiros. Soou contraditório o que eu disse? O que posso dizer de bandas que já possuem uma discografia bem consistente mas que acabam não obtendo reconhecimento por parte do público? Bom, mas isso não é assunto para esse momento. SABBATH BRAZIL SABBATH é um trabalho muito bem desenvolvido. Desde a arte gráfica, formato (CD Duplo), passando pela qualidade sonora (que conseguiu algo bastante raro neste tipo de álbum, uma vez que temos 30 gravações realizadas em estúdios diferentes, com produções diferentes), que ficou sob a responsabilidade de Sebástian Carsin , temos aqui, o melhor tributo aos mestres do heavy metal já lançado. E não tenho nenhum receio em dizer isso!

                    O CD 01 abre com a banda cearense Obskure, que consegue imprimir sua personalidade na clássica "The Wizard" (Black Sabbath - 1970). O death metal do grupo surge de forma imponente durante a execução da faixa, mostrando que não precisa fugir de suas características para se fazer uma homenagem digna de nota. Na sequência, uma das lendas do thrash metal nacional, a banda gaúcha Leviaethan, um dos grandes destaques do álbum com outro grande clássico do quarteto inglês. "Children of the Grave" (Master of Reality - 1971) ganhou uma dose extra de peso através da banda. "Heaven in Black" (TYR - 1990), ganhou uma versão correta e cheia de garra do grupo paulista Tailgunners. Já o Genocídio, outra lenda do metal brasileiro mostrou que o Sabbath corre nas veias dos músicos. "Tomorrow's Dream" (Vol.4 -1972) ganhou uma aura soturna, muito próxima da sonoridade que consagrou o grupo brasileiro.  Já os mineiros da Uganga trazem a primeira da fase Dio. "Voodoo" (Mob Rules - 1981) foge das características habituais do grupo, que pratica um thrash/crossover visceral em sua carreira e que aqui, soube transformar toda sua agressividade em passagens carregadas de feeling numa excelente interpretação do vocalista Manu Henriques. "Sabbra Cadabra" (Sabbath Bloody Sabbath - 1973) ganhou uma bela versão das mãos do Ancesttral, uma das melhores bandas brasileiras da atualidade. Se o grupo pratica um thrash meoderno e direto em seu trabalho, aqui o quarteto incorporou a atmosfera do Black Sabbath de forma bem consistente. Os catarinenses do Orquídea Negra honram de forma ímpar "Heaven and Hell" (Heaven and Hell - 1980), que na opinião deste que vos escreve, é o maior clássico do Black Sabbath. Ótima versão!

                    O death metal do grupo paulista Chemical Disaster é substituído pelo doom metal em uma versão pesada e insana de "Iron Man" (Paranoid - 1970). Os paulistas do Hellish War incorporam uma dose generosa de Hard Rock ao seu Heavy metal tradicional e mandam ver em uma versão muito interessante de "Get a Grip" (Forbidden - 1995). A fase Ian Gillan surge com "Digital Bitch" (Born Again - 1983) através do grupo de Minas gerais For Bella Spanka, que eu ainda não conhecia. O Gothic Rock/Metal do grupo foi adicionado à faixa de forma sutil, deixando a versão com um cara bem própria. "Supernaut" (Vol.4 - 1972) foi revisitado de forma sublime pelo grupo paulista King Bird, que "cometeu" uma das melhores versões do tributo. O classic/hard rock do grupo caiu como uma luva em uma das melhores músicas do Sabbath.  A banda carioca Syren, do vocalista Luiz Syren, traz uma versão de "Black Moon" (The Eternal Idol - 1987), cujo destaque é a grande interpretação de Luiz. Então, uma das maiores instituições do metal brasileiro dá as caras com uma versão excepcional de "Neon Knights" (Heaven And Hell - 1980). Dizer o quê sobre o Korzus? Simplesmente destruidor em uma versão cheia de personalidade, peso e paixão pelo metal! A gaúcha Panic traz uma versão completamente diferente de "I" (Dehumanizer - 1992), deixando claro sua identidade thrash metal na execução da clássica composição. O primeiro CD fecha com a banda baiana Malefactor que traz "War Pigs" (Paranois - 1970), que não deixa nada a dever para tantas versões que surgiram por aí...

                        O CD 02 abre com o grupo Silver Mammoth que com seu rock clássico, faz uma bela e pesada versão de "Symptom of the Universe" (Sabotage - 1975). O Taurus, outra lenda do metal nacional, traz uma versão de "Cornucopia" (Vol.4 - 1972), onde a veia thrash do grupo paulista fica bem latente, uma vez que as guitarras acrescentam uma dose generosa de peso na execução da faixa. "Mob Rules" (Mob Rules - 1981), outra pérola da era Dio, ganhou uma versão muito foda nas mãos do veterano grupo paulista de thrash MX. E o bacana em muitas versões aqui é aquilo que escrevi anteriormente. Mesmo que muitas versões tenham ficado semelhantes às originais, as que mais se destacam são aquelas em que as bandas deixaram suas características nortearem o andamento da composição. E esse é um desses casos. "In For The Kill" (Seventh Star - 1986) traz a fase "Black Sabbath Featuring Tony Iommi", na presença do gruo de death metal Vulture, que também traz uma interpretação bem pessoal em sua execução. O grupo baiano Headhunter D.C. apresenta uma versão de "Electric Funeral" (Paranoid - 1970) bastante modificada, completamente inserida dentro de sua sonoridade. Já o Drowned mostra que tem personalidade e coragem ao trazer uma versão da clássica "Sabbath Bloody Sabbath" pesada, com seus vocais tipicamente death metal, até mesmo na parte acústica da faixa. O metal tradicional do grupo catarinense Steel Warrior vem para apresentar "The Shinning" (The Eternal Idol - 1987), uma das melhores faixas da fase Tony Martin. O thrash dos paranaenses do Jailor se faz presente com "After Forever" (Master of  Reality - 1971). Apesar da comparação inevitável com a versão destruidora do Biohazard presente em Nativity in Black (1994), podemos dizer que a versão do gruo brasileiro tem personalidade e aquela pegada que só as bandas de thrash conseguem imprimir em suas composições.

                      O Anthares, outro nome lendário do cenário nacional, comparece com uma bela versão para "Hole in the Sky" (Sabotage - 1975). "TV Crimes" surge através do Voodoopriest. E mais uma vez, temos uma interpretação bem pessoal por parte do grupo, recriando algumas passagens, de forma que se encaixasse em sua sonoridade. Já o grupo Attrachtha agregou o peso de seu heavy metal à sua sonoridade mais Hard n' Heavy e fez de N.I.B. (Black Sabbath - 1970) um outro grande momento deste homogêneo trabalho. E o representante do Symphonic Metal no tributo, o grupo carioca Revengin traz "Headless Cross" (Headless Cross - 1984). E a bela voz da soprano Bruna Rocha deu uma nova cara á composição. E os veteranos mineiros do Sextrash trazem uma das grandes e belas surpresas do álbum. Trata-se  de "Loner"(13 - 2013), faixa do mais recente e último (?) álbum dos mestres supremos do Heavy Metal. Próxima da versão original, aqui a faixa ganhou uma dose extra de "sujeira" deixando a composição com  cara dos mineiros. "Psychophobia" (Cross Purposes - 1994) ganhou uma interpretação raivosa e agressiva por parte do grupo mineiro Aneurose. O encerramento vem com o "clássico dos clássicos". "Paranoid" (Paranoid - 1970) interpretada pelo Demons of Nox ( na verdade, trata-se do grupo Colblood, que por questões judiciais não pôde usar o nome), ganhou vocais guturais que deixaram o clima de encerramento ainda mais agressivo e pesado.

                   SABBATH BRAZIL SABBATH - THE BRAZILIAN TRIBUTE TO BLACK SABBATH cumpre sua proposta de forma grandiosa. Não apenas traz bandas brasileiras homenageando a maior banda de Heavy metal da história, como, na opinião deste que vos escreve, vem a ser o mais completo e elaborado tributo ao Black Sabbath já realizado. parabéns a Secret Service Records que soube valorizar o metal brasileiro de forma respeitosa e exemplar. Que venham mais tributos com essa qualidade!





                      
                   Sergiomar Menezes



domingo, 8 de julho de 2018

ANGRA - OMNI (2018)



             Antes de mais nada uma coisa precisa ficar clara: o último álbum do ANGRA que eu realmente curti foi "Temple of Shadows" (2004). Depois disso, ao menos para mim, a banda se tornou repetitiva e sem aquela pegada característica que sempre norteou sua carreia. Não que seu trabalhos que vieram na sequência fossem álbuns ruins. Em se tratando da banda, isso é algo muito difícil. Mas "Aurora Consurgens"(2006), "Aqua"(2010 - e na opinião deste que vos escreve, o trabalho mais fraco na discografia do grupo) e "Secret Garden" (2014), apesar de alguns bons momentos, não refletiam ou traduziam aquilo que  a banda poderia e pode oferecer. Mas eis que, após a saída de Kiko Loureiro (que foi ara o Megadeth), a banda parece ter "renascido" e traz agora, em 2018, seu mais consistente  e pesado trabalho desde o já citado "Temple of Shadows". OMNI, lançado por aqui pela Shinigami Records é sem dúvidas, um disco para ser ouvido com atenção e, uma vez feito isso, teremos a certeza de que a banda está de volta a um período criativo de enorme qualidade e relevância.

                  Fabio Lione (vocal), Rafael Bittencourt (guitarra e vocal), Marcelo Barbosa (guitarra), Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria) gravaram este ótimo trabalho no Fascination Street Studios na Suécia, sob a produção de Jens Brogen, responsável também pela produção do álbum anterior. Jens também teve sob seu comando a mixagem do trabalho enquanto a masterização foi feita por Tony Lindgren. E, mais uma vez, como em quase todos os álbuns do grupo, tudo ficou milimetricamente no lugar. Se em um primeiro momento isso pode soar artificial, essa afirmação não se confirma, tendo em vista a complexidade das músicas e  arranjos criados pleo grupo. Cristalina e  ao mesmo tempo pesada, a produção soube deixar tudo no lugar certo, dando ao trabalho uma qualidade ainda maior. Já a capa traz a assinatura de Daniel Martin Diaz, sendo que o layout ficou a cargo de Gustavo Sazes. Com relação ao conceito do álbum, em muitas entrevistas Rafael deixou claro que se trata de uma reflexão sobre um sistema de cognição humana chamado OMNI, que mudaria a maneira de pensar e enxergar a realidade, algo na qual o guitarrista vinha trabalhando a cerca de 6 anos. 

                   Logo na primeira faixa, "Light of Transcendence" temos, pelo menos na opinião deste que vos escreve, a volta daquele Angra "clássico", melódico e ao mesmo tempo pesado e intenso. Dona de um refrão "tipicamente Angra", a música traz as características da banda e uma ótima performance de Fabio Lione. O que, diga-se de passagem, não é nenhuma novidade. Mas preciso confessar que ainda é um pouco difícil ouvir sua voz nas músicas antigas do grupo. Mas o experiente e talentoso vocalista mostra que está mais do que adaptado ao estilo da banda e cria linhas vocais muito boas. Já "Travelers of Time" tem aquela inserção de ritmos brasileiros tão inerentes á sonoridade da banda. Surgida de um riff criado pelo guitarrista Marcelo Barbosa. e aqui vai uma constatação: o guitarrista acrescentou muito à banda, pois além de ótimo músico, Marcelo participou da composição de boa parte das faixas, imprimindo sua personalidade d e forma bem consistente. Pesada, a música é um dos inúmeros destaques do álbum. Então, na sequência temos a faixa que, antes de seu lançamento gerou certa polêmica e algumas discussões. "Black Window's Web" traz a participação de Alissa White-Glutz (Arch Enemy) e Sandy. E, longe de todas as discussões (desnecessárias, que fique bem claro), a faixa é uma das melhores, se não a melhor do álbum! A participação de Sandy, pequena e que poderia até mesmo ter sido melhor explorada, não faz muita diferença no resultado final. O destaque fica entre o contraste da voz de Lione  e Alissa, que canta de forma extremamente brutal aqui. Em seguida, "Insania", uma faixa mais próxima dos últimos trabalhos do grupo, mas dona de uma bela melodia e de um refrão grudento como só o grupo sabe fazer dentro do metal melódico. A dupla Felipe e Bruno apresenta aqui um grande trabalho. Pesada e bastante técnica, a dupla é o destaque da composição. "The Bottom of My Soul" tem os vocais de Rafael Bittencourt e é uma das faixas que fogem um pouco do que o grupo apresenta no restante do álbum. Praticamente uma balada, a faixa traz um solo muito inspirado e um linha de teclado muito bem executada por Alessio Lucatti.

                 O peso reina absoluto em "War Horns". Como é bom ouvir o metal melódico do Angra dessa forma, inserindo o peso dentro do contexto, sem soar forçado. A faixa conta ainda com a participação de Kiko Loureiro. Uma das faixas mais rápidas, a música é daquelas que não podem faltar nos shows desta turnê. A modernidade e brasilidade do grupo se aliam na ótima "Caveman". Com algumas partes cantadas em português pelo coral (não tem como não lembrar de "Carolina IV", presente em "Holy Land" - 1996). Já "Magic Mirror" é uma faixa grandiosa. Guitarras fantásticas, pesadas, mas que trazem consigo uma influência de world music, que acaba sendo incorporada na faixa de uma forma tão consistente que chega até mesmo a emocionar quem era (e ainda é) fã da banda. isso mostra mais uma vez que o grupo pode ser versátil sem ser burocrático. faixa para ser ouvida inúmeras vezes, pois seu arranjo é algo que expõe toda a criatividade do grupo ( a faixa leva a assinatura dos cinco integrantes). Lione mostra em "Always More" porque é um dos maiores e melhores vocalistas do metal na atualidade. O italiano consegue cantar de forma suave e limpa de uma maneira cativante, da mesma forma que se impõe na hora de soltar o gogó em favor do heavy metal. E aqui cabe um comentário bem particular: sua entrada na banda abriu uma gama maior de possibilidades ao grupo, uma vez que o vocalista canta músicas de todas as fases da banda sem qualquer tipo de problema. "Omni - Silence Inside" é uma faixa de extremo bom gosto. Poderia ser classificada como uma mistura entre o Angra fez em "Holy Land" e "Temple of Shadows". Dona de complexidade e beleza ímpares, temos peso, variação e um trabalho de guitarras fantástico, mostrando o ótimo entrosamento da dupla Rafael e Marcelo. O encerramento vem com a instrumental "Omni- Infinite Nothing", que contou com a orquestração e arranjos de Ronaldo "cordas" Oliveira.

                   Não tenho nenhuma dúvida nem receio em afirmar aqui que OMNI é um dos principais trabalhos da vitoriosa carreira do ANGRA. Pesado, melódico, bem trabalhado e recheado de ótimas composições, o nono álbum de estúdio do grupo, retoma, de certa forma, a ousadia e criatividade que sempre estiveram presentes nos trabalhos do grupo. Se temos dois álbuns fundamentais da fase André Matos ("Angels Cry" - 1993 e "Holy Land" - 1996), bem como na fase Edu Falaschi ("Rebirth" - 2001 e "Temple of Shadows" - 2004), já podemos dizer que a fase Fabio Lione tem seu álbum pertencente a este círculo. Que o grupo mantenha essa pegada e siga nos presenteando com  mais álbuns fortes e intensos como OMNI. Sem dúvida, um dos discos do ano de 2018.





                     Sergiomar Menezes

sexta-feira, 6 de julho de 2018

THREESOME - KEEP ON NAKED (EP) (2017)



                     Uma interessante mistura entre o Rock n' Roll praticado nas décadas de 60 e 70 e aquele rock mais alternativo, que reinou nas rádios na primeira metade dos anos 90. É mais ou menos dessa forma que podemos classificar a música feita pelo quinteto THREESOME. Após o lançamento de seu trabalho de estréia, GET NAKED (2014), o grupo resolveu colocar sob uma nova perspectiva o álbum, motivados pelo desligamento do antigo vocalista, já pensando assim no futuro da música do grupo. E o resultado é o EP KEEP ON NAKED, lançado em 2017, que traz três faixas, sendo que duas delas estão presentes no trabalho de estréia e uma faixa inédita.

                  Juh Leidl (vocal),  Fred Leidl (guitarra/piano/vocal), Bruno Manfrinato (guitarra), Bob Rocha (baixo) e Henrique Matos (bateria) decidiram gravar o EP de uma forma completamente inversa ao trabalho de estréia. Para isso chamaram Maurício Cajueiro, renomado produtor brasileiro que já trabalhou com nomes como Linkin Park, Gene Simmons, Glenn Hughes, Steve Vai, entre outros, que foi o responsável pela captação, mixagem e masterização das faixas. Gravado no estúdio Cajueiro em Campinas/SP, diretamente na fita de rolo, ao vivo. E isso deixou a sonoridade bem viva, orgânica, que casa muito bem com a música e atitude do grupo. A capa é obra da da vocalista Juh Leidl, que já tinha assinado também a do álbum de estréia. E com relação as letras, o grupo navega pela estética sexual, seja pela seara artística, seja pela perspectiva social.

                    A primeira faixa, "Sweet Anger", é uma regravação de "Why You Are So Angry" e ganhou uma nova roupagem, apesar de manter a mesma letra. E a faixa ficou muito boa pois traz uma pegada pesada e cheia de "malícia", muito pleos vocais de Juh Leidl. Dona de um timbre bem peculiar, a vocalista entrega uma performance ousada e sexy. Interessante também o timbre de guitarra utilizado pela dupla Fred e Bruno. Na sequência, "My Eyes", faixa inédita e que traz nos vocais o guitarrista Fred Leidl. Bem próxima da sonoridade das bandas alternativas dos anos 90 (percebi algo de Hole, Screaming Trees e até mesmo Pixies - que não é dessa turma - no que a banda apresenta aqui. Pra encerrar, "ERW", que também está no primeiro álbum do grupo, endo que lá, a faixa se chamava "Every Real Woman". Com destaque para as guitarras, a composição mostra a versatilidade da banda no momento de compôr, e mostra o bom entrosamento da cozinha composta por Bob e Henrique (baixo e bateria, respectivamente).

                           KEEP ON NAKED mostra uma banda disposta a seguir por um caminho cheio de personalidade. Sem se prender muito á rotulos, o THREESOME tem luz própria e vai ter seu trabalho reconhecido. Basta apenas a galera se ligar que tem muita banda boa pelo Brasil.





                 Sergiomar Menezes

quinta-feira, 5 de julho de 2018

MOFO - EMPIRE OF SELF-REGARD (EP) (2017)



                Sabe aquele Thrash Metal, pegado, bem na linha da Bay Area, mas que agrega uma forte influência de Hardcore? É o que o grupo brasiliense MOFO nos traz em seu EP de estréia, o soco na boca do estômago chamado EMPIRE OF SELF-REGARD, lançado no ano passado. Se entre suas bandas preferidas estão Metallica (antigo), Exodus, Death Angel, Forbiden, Vio-Lence, Testament, entre outras, essa banda é mais do que indicada! Formado em 2010, o quinteto, mesmo que tem sua base nas bandas supracitadas, tem uma pegada bem atual, criando com isso uma identidade rara de se encontrar hoje em dia. E me arrisco a dizer que este EP coloca no bolso muito lançamento de banda "grande" atualmente que se preocupa muito mais me viver do passado do que em fazer música.

                   Emiliano Gomes (vocal), Arthur Colonna (guitarra), Rodrigo Shakal (guitarra - fundador do grupo), Pedro Dinis (baixo) e João Paulo "Mancha" (bateria) - no EP, as baquetas foram gravadas por Gustavo Melhorança - formam hoje o grupo, que sem nenhuma sombra de dúvida, tem um futuro mais do que promissor pela frente. Gravado no Broadband Studio por caio Duarte (Dynahead), que também foi responsável pela mixagem e masterização, o EP ficou com uma sonoridade excepcional, uma vez que o peso e a intensidade das faixas saltam "aos ouvidos". Com todos os instrumentos perfeitos (destaque para a timbragem das guitarras), podemos perceber que a banda além de ótima técnica, tem muito sangue no olho, pois executa as faixas como se dependesse disso pra viver. E talvez por isso, sua música soe tão contagiante e cheia de garra. Aliás, se todas as bandas tocassem dessa maneira...

                     "Mountain of Origin" abre o EP e já deixa nítido que a escola Holt/Hunolt (Exodus) de guitarra foi muito bem estudada pela dupla Arthur  e Rodrigo! Que riffs meus amigos! E a cozinha não fica atrás, pois tanto Pedro (baixista) quanto Gustavo (bateria) criaram linhas excelentes, onde o peso e  a velocidade andam lado a lado. Um solo muito bem construído e encaixado na faixa mostram que a conversa aqui é de nível profissional! "Tartarus" vem na sequência e mantém aquela pegada bem característica, bateria marcada, bate-estaca, enquanto as guitarras deixam aflorara um pouco de outra linha do Thrash, mais precisamente o que Kerry King e Jeff Hannemann (Slayer) faziam na época de Reign in Blood (1986) e South of Heaven (1988). "Eternal Stealing of Souls" é outra faixa que faz um mix entre o passado e o presente do Thrash, pois mesmo que os riffs tragam uma pegada na linha oitentista, com até uma pegada dose de metal tradicional, as excelentes mixagem e masterização, deixaram a sonoridade bem atual e com personalidade. Já "Black Squad" é uma música daquelas que não saem da cabeça. Que riff é esse??? E aqui, ainda de forma mais consistente, podemos perceber que o quinteto não brinca em serviço. Fico imaginando a destruição que essa faixa deve proporcionar ao vivo. Pra encerrar, "We Are Metal". Apesar do nome um tanto quanto clichê e "true", a faixa é outro petardo, onde mais uma vez os riffs comandam o massacre sonoro. Brutal, agressiva e contagiante, a composição é "apenas" mais um dos destaques desse destruidor EP.

                      A única ressalva, se é que pode se dizer assim, é quanto à duração do trabalho, uma vez que temos aqui pouco menos de 20 minutos. Mas a destruição criada por ele é inversamente proporcional ao tempo de execução. Uma pena que eu não tenha ouvido esse EP no ano passado, pois ão tenho dúvidas de que ele entraria na minha lista de melhores de 2017. Que venha logo um trabalho completo para que o grupo venha definitivamente  a se firmar entre os grandes do Thrash nacional. Ou melhor, que apenas confirme isso. Afinal, quem grava um trabalho desse nível, merece estar entre os grandes! THRASH 'TILL DEATH!!!!





              Sergiomar Menezes