terça-feira, 1 de maio de 2018

KADAVAR - ROUGH TIMES (2017)



               A banda alemã KADAVAR chega ao seu quarto álbum de estúdio praticando uma música bastante intensa. Calcado naquele hard dos anos setenta e com muita personalidade (e é preciso que fique claro: ter influência e identidade, não é pra qualquer um), ROUGH TIMES, lançado por aqui pela Shinigami Records, mostra um grupo que sabe, como poucos, somar suas influências, criando uma sonoridade bastante significativa. Formada em 2010 e dona de uma performance ao vivo cheia de energia, a banda vem numa constante evolução e apresente neste álbum, seu trabalho mais maduro e consistente.

                Lupus Lindemann (vocal e guitarra), Simon "Dragon" Bouteloup (baixo) e Tiger Bartelt (bateria) gravaram o álbum sob o comando do baterista Tiger e de Richard Behrens no Blue Wall Studio, em Berlin, capital do país natal do trio. A mixagem também ficou por conta do baterista que além de tudo isso, ainda dividiu o trabalho de masterização com Nene Baratto. Ou seja, se tem alguém que sabe como o grupo deve soar é Tiger Bartelt. E podem acreditar que ele sabe! Com uma sonoridade suja e bem pesada, o álbum tem aquela aura setentista, onde a mistura entre o hard e o heavy se completam de forma bem homogênea. Já a capa... Bom... Nem tudo é perfeito, não é mesmo? Apesar de se encaixar na proposta, bem que a arte poderia ser um pouquinho mais trabalhada... Mas isso não atrapalha em nada o resultado final do trabalho.

                   Iniciando com a faixa título, o grupo já dá mostras de sua constante evolução. Pesada, com toques psicodélicos e vocais cheios daquele feeling setentista. Alternando momentos mais acelerados ou outros mais "quebrados", a composição tem uma forte pegada. "Into The Wormhole" começa com aquele baixo "gordo", cheio de distorção e ganha um diferencial pelos vocais de Lupus, que mostram que o vocalista poderia tranquilamente integrar alguma banda da década de ouro da música. Pesada e viajante, "Skeleton Blues" é uma das melhores faixas. Dona de linhas bem interessantes, a música condensa de forma simples e direta toda a sonoridade do trio alemão. Se a faixa anterior possuía mais peso, "Die Baby Die" possui uma levada bem mais próxima do hard, dando destaque para o ótimo trabalho de guitarras de Lupus, que mostra que o rock psicodélico corre livremente em suas veias. "Vampires" também segue essa linha, mas com uma pegada mais "stoner".

                "Tribulation Nation" mantém  apegada anos 70, e aqui, merece destaque a cozinha composta por Simon e Tiger. Simples, mas bem eficiente, a dupla não deixa dúvidas que a cozinha do bom e velho Sabbath é mais do que uma influência  e sim uma referência. E tome riffs na escola Tony Iommi em "Words of Evil". Impossível não fazer essa ligação. "The Lost Child" dá uma quebrada no clima mais pesado, mas nem por isso dispensa a atmosfera setentista que envolve o trabalho. Outro grande momento do álbum é "You Found the Best in Me", com belas passagens melódicas e acústicas, mostrando a versatilidade do grupo na hora de compôr."A L'ombre du Temps" é o ponto mais fraco do trabalho, pois não traz nada que possa ser um diferencial, como todas as outras faixas presentes no CD. A versão nacional se encerra com "Helter Skelter" dos Beatles, o primeiro heavy metal da história. Com personalidade, o grupo soube imprimir sua identidade na releitura, com calsse e bom gosto.

                       O KADAVAR mostrou ROUGH TIMES que mesmo buscando resgatar uma sonoridade setentista, o grupo imprime sua identidade de forma consistente. Sem deixar nenhum tipo de dúvidas quanto á sua qualidade, a banda se destaca com todo o merecimento dentro do cenário da música pesada. Fãs de stoner, psicodelia e porque não dizer, de doom, tem mais uma excelente opção para abrir seus horizontes.




               Sergiomar Menezes


                

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