quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

BURN INCORPORATED - SUPERNOVA (EP) - 2018



                 É extremamente gratificante quando recebemos um trabalho de uma banda formado por garotos, que apostam no Heavy Metal e o fazem com paixão. É o caso da banda BURN INCORPORATED, formada em 2014 em Monte Alto (SP) pelo baterista Vincenzo Nucitelli, que na ´poca tinha apenas 10 anos! Com o objetivo de tocar cover de bandas clássicas, a banda rsolveu, com o passar do tempo, se dedicar às suas próprias composições, e quatro anos após sua formação, lançou em 2018 o EP SUPERNOVA.

                    Na gravação do EP, a banda era formada por Hariel Davela (vocal, que deixou a banda recentemente), Gabriel Alonso (guitarra), Raphael Alonso (baixo) e o fundador do grupo, Vincenzo Nucitelli (bateria). Muito bem produzido, mixado e masterizado por Fábio Fonzare, SUPERNOVA traz quatro composições que mostram o potencial do grupo. Obviamente que por s etratar de seu primeiro trabalho, algumas arestas precisarão ser aparadas, mas nada que possa causar algum tipo de demérito ao grupo. Aliás, acredito que a saída de Hariel possa ser benéfica ao grupo, uma vez que seu vocal pareceu um tanto quanto deslocado, pois a sonoridade do grupo traz uma interessante mistura entre o Heavy metal, o Prog (na praia Dream Theater) e o Thrash. 

                      O EP começa com a faixa "Hate", com um instrumental bem trabalhado, com destaque para o entrosamento dos jovens músicos. Com uma pegada bem atual, mas sem abrir mão do peso, a música mostra que apesar da idade, a molecada apresenta grande versatilidade. Os riffs do guitarrista Gabriel se destacam, da mesma forma que em "Lonely", mas aqui, a cozinha composta por Raphael e Vincenzo mostra que sabe muito bem o que faz e onde quer chegar. Com um refrão de fácil assimilaçao, a faixa guarda uma certa semelhança com a fase "Load/Reload" do Metallica. "Until my End" vem na sequência e tem quase  dez minutos de duração. E podemos dizer que a banda é corajosa, pois em seu primeiro EP, de cara apresentar uma faixa bastante longa, mostra que o grupo está disposto a arriscar. Confesso que não sou adepto a composições longas, pois músicas assim precisam ser muito bem estruturadas, para prender o ouvinte, algo que nem sempre acontece. E aqui, mesmo que bem trabalhada e executada, a faixa não prendeu minha atenção. Mas o grande destaque do trabalho é a faixa título, que encerra o EP, a instrumental "Supernova". Uma faixa que traz consigo todas as influências dos músicos, mostrando peso, técnica e o mais importante, a entrega de todos na execução da faixa. Com um misto de Heavy/Hard/Prog, a composição consegue transpôr a perigosa barreira da faixa instrumental com extrema desenvoltura.

                      SUPERNOVA surge para apresentar o BURN INCORPORATED e mostra uma banda que apesar de jovem, sabe onde quer chegar. É provável que a entrada de um novo vocalista aumente ainda mais o potencial do grupo e o transforme rapidamente de promessa a uma realidade. Ta aí um nome pra guardar e acompanhar seu crescimento!




                Sergiomar Menezes

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

NASHVILLE PUSSY - PLEASED TO EAT YOU (2018)



              "A última grande banda de Rock n' Roll da América!". Foi assim que deus, também conhecido por Lemmy, definiu o grupo californiano NASHVILLE PUSSY! E quem somos nós pra discordar, não é mesmo? E o sétimo álbum de estúdio do quarteto, mostra que sua música continua com aquela pegada AC/DC/Motörhead de ser. Com o sintomático título PLEASED TO EAT YOU, o álbum chega ao Brasil através da Shinigami Records em um belo digipack, com um encarte sensacional, daqueles que deixam a gente com vontade de adquirir o CD só por isso. Mas a música, ah, meu amigo... É muito mais interessante que o encarte!

                    Blaine Cartwrigt (vocal e guitarra), Ruyter Suys (guitarra e backing vocal), Bonnie "Bon" Buitrago (baixo e backing vocal) e Ben Thomas (bateria), nos trazem treze faixas repletas de adrenalina, com aquela pegada "suja", como o Rock n' Roll deve ser, politicamente incorreto, repleto de referências sexuais. Sabe a tríade Sexo, Drogas e Rock n' Roll? Pois é... O NASHVILLE PUSSY é uma das poucas bandas que sustenta essa ideologia de forma contagiante! O álbum foi gravado e mixado por David Barrick (Black Stone Cherry, Marshall Tucker Band) e foi produzido por Daniel Rey (quem é fã do Ramones conhece esse sujeito muito bem), que já produziu entre outros nomes, o próprio Ramones, White Zombie, Raging Slab, etc. Ou seja, uma dupla que sabe como as bandas de rock verdadeiras devem soar, deixando tudo no lugar. E a arte gráfica do trabalho também merece ser destacada. Como citado no começo, o encarte do álbum é muito bacana, cheio de detalhes, além de no verso tarzer um pôster do grupo com o roteiro da turnê atual. 

                    Abrindo com "She Keeps Me Coming and I Keep Going Back", o grupo mostra que o Motörhead e AC/DC ainda corre nas veias de Blaine e Ruyter Suys, principais compositores da banda. Aliás, muitos chamam a guitarrista de "Angus Young de saias", não apenas pela sua maneira de tocar, mas também pela energia dispensada por ela nos shows do quarteto. "We Want War" tem uma levada mais cadenciada, cheia de swing, enquanto "Just Another White Boy" é daquelas faixas que a gente ouve e põe no repeat de tão legal que é! Mais uma vez, a veia rocker da dupla aparece, mas cabe destacar também a cozinha composta pela baixista Bonnie e pelo baterista Ben, que mostram entrosamento em bases sólidas. "Go Home and Die" traz uma atmosfera mais densa mas nem por isso menos contagiante. O clima volta a esquentar em "Low Down Dirty Pig", com sua levada rápida e direta. As letras do grupo primam pelo politicamente incorreto. Fico pensando como seria aqui no Brasil com essa cambada de chata pra caramba... "Testify", apesar do refrão bem construído, fica um pouco aquém das faixas apresentadas até aqui. Os riffs ficaram bons, mas alguma coisa não composição não encaixou da maneira certa.

                      O Rock n' Roll retorna com "One Bad Mother", com guitarras em perfeita sintonia, no melhor estilo irmãos Young. Inclusive, o grupo dedica o trabalho ao mestre Malcolm Young, além de Lemmy. O espírito bluesy de "Woke Up This Morning", cortesia de Ruyter, mostra a musicalidade do grupo, bebeu, e muito, na fonte do blues. "Drinking My Life Away", mostra aforça do grupo em compôr faixas repletas de energia, onde o vocal de Blaine assume um timbre bem característico. A pesada "Endless Ride", também foge um pouco das demais faixas, uma vez que sua levada sai um pouco da linha adotada pelo grupo, e mesmo com boas idéias e sendo sobre Lemmy não mantém o ritmo pegado do álbum, que volta ao "normal" com "Hang Tight", uma faixa viciante, na linha ZZ Toppra ouvir tomando uma gelada dirigindo um carro por uma estrada deserta. Ok, não dá pra beber o dirigir não é mesmo? Mas estamos falando do Nashville Pussy... "CCKMP" é um cover de Steve Earle e ganhou uma interpretação bem pessoal do grupo. O encerramento vem com "Tired to Pretend That Give a Shit", um som insano e com guitarras bem na cara.

                      PLEASED TO EAT YOU não vai mudar o mundo da música. E provavelmente, não tem essa intenção. Segunda a própria Ruyter Suys, a música do NASHVILLE PUSSY serve para que você esqueça dos problemas e mergulhe em meia hora de pura diversão. Poucos artistas conseguem expressar de forma tão simples e clara sua arte. E o "Angus Young de sais" consegue de forma muito consistente. Longa vida ao verdadeiro Rock n' Roll!





                  Sergiomar Menezes