quarta-feira, 27 de março de 2024

GLAM FEST 2024 - CRAZY LIXX, PRETTY BOY FLOYD, TUFF & GOATEN - 17/03/24 - CARIOCA CLUB - SÃO PAULO/SP

 


GLAM FEST 2024
CRAZY LIXX, PRETTY BOY FLOYD, TUFF & GOATEN
17/03/2024
CARIOCA CLUB - SÃO PAULO/SP

Produção: Dark Dimensions
Assessoria de Imprensa: JZ Press

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Carolina Godoy

Em tempos passados, seria impossível acreditar ser realizado em terras brasileiras, um festival de um dos estilos mais marcantes do metal, o Glam (Hair/ Hard Rock) Metal. Apesar de ter milhões de fãs mundo afora, aqui na Terra Brasilis, o estilo sempre foi perseguido (injustamente), inclusive pelas publicações especializadas da época. Mas para o bem de todos, o público, os veículos de imprensa e principalmente, a mentalidade mudou para melhor, e hoje não é mais “vergonha” ser um “Glam Banger”... aliás, eu como fã do estilo desde que o conheci, posso dizer que sempre foi motivo de orgulho ser apreciador de Motley Crue, Ratt, Dokken, e outros ícones do estilo.

As bandas escolhidas para o Fest foram os suecos do Crazy Lixx, os velhos favoritos da Sunset Strip: Tuff e Pretty Boy Floyd e o trio gaúcho Goaten. O local escolhido para o evento foi o ótimo Carioca Club, e a tarde do dia 17/03 estava terrivelmente quente. Pontualmente as 17h, sobe ao palco para iniciar os festejos, a Goaten. Se a pontualidade mostrou competência da produção, por outro lado, prejudicou o trio gaúcho, pois a casa ainda tinha um público mínimo, pois muitos preferiram ficar bebendo uma ou duas nos bares no entorno do Carioca Club.

Azar, o deles, pois o Goaten fez da abertura, um show cirúrgico, rápido e sem muito papo, despejando a sua criativa fusão de Heavy Metal/ Hard n' Heavy e até em alguns momentos apresentando algumas passagens Thrash Metal. O Goaten promove o recém lançado “Midnight Conjuring” e agitaram os presentes com petardos como “Mistress Of Illusion", “Metal Blade", “Phantom Chaser” e a já bastante conhecida “Bells”. Ao final do seu set, já havia um contingente maior de público, e foi muito legal ver vários presentes irem até a “lojinha Goaten” para adquirir cds e camisetas da banda.



Por volta das 18h20, o Tuff – entenda por Steve Rachelle – sobe ao palco do Carioca Club, para despejar as preferidas dos fãs da banda. Esta é a sétima passagem de Steve Rachelle pelo Brasil, e apesar de, segundo ele, manter uma boa relação com os antigos membros do Tuff, seria demasiado dispendioso fazer uma tour com eles, e então ele se cerca dos músicos brasileiros Leo Gonn - guitarra, Bento Mello - baixo e Gabs Haddad - bateria. A banda de apoio dos brasileiros é ótima e executou todos os sons do Tuff com uma precisão que salta aos olhos. O setlist foi baseado nos dois álbuns preferidos da discografia “What Comes Around Goes Around” de 1990 e “Fist First” de 1994. “God Bless This Mess”, “Ruck-a-Pit-Bridge”, “Good Guys Swear Black” , as baladonas “I Hate Kissing You Goodbye” e “So Many Seasons”... todas elas estiveram presentes. Um excelente cover de “You got Another Thing Coming" do poderoso Judas Priest antecedeu a duas preferidas do fãs do Tuff: “The All New Generation” uma ode a todas as gerações de rockeiros de verdade, dos anos 50 até o final dos anos 80, onde eles são citados nominalmente na letra, e que Rachelle foi acompanhado por todos os presentes no Carioca Club – A esta altura tínhamos um terço de ocupação do local, e creio que este foi o público total ao evento. Para fechar, uma faixa que considero a continuação de “All New Generation”, "American Hair Band”, que é uma releitura de “Sad But True” do Metallica, com uma letra de “vingança” ao grunge... "Kurt Cobain is Gone...”( que frase linda!!) . Enfim o “Steve Rachelle's Tuff” fez uma ótima e enérgica apresentação, e ao final, Steve anunciou que estaria fazendo um “meet and greet" gratuito junto ao seu merchandising e assim o fez.



Por volta das 19h20, Steve Summers e comparsas dão início ao show do Pretty Boy Floyd, o melhor show do fest disparado. Como sou apreciador de carteirinha da banda, pensei que seria euforia minha, mas após conversar com diversos amigos presentes, tive a certeza que eu não estava errado: Steve Summers e comandados pulverizaram o palco do Carioca Club de uma maneira eletrizante e até surpreendente. Summers é um frontman de mão cheia e um bom vocalista, com sua voz anasalada e aguda, montado como um Mad Max da Sunset Strip, o verdadeiro Rock Star!! O guitarrista Dizzy Aster, o baixista DieTricht Thrall são clones dos membros antigos do PBF enquanto o baterista Nick Mason opta por um visual mais clean, mais na linha “skatista”. Musicalmente o quarteto forma uma parede sonora que dignifica todas as canções da banda. Summers esbanja carisma e interação com a plateia e não esconde sorrisos quando é acompanhado pelos presentes em clássicos do Sleaze/Glam presentes no mais que clássico álbum “ Leather Boys With Eletric Toys”. Álbum esse tão icônico, que nove das doze músicas que constaram no set list são deste cultuado trabalho. Em pouco mais de uma hora, o Pretty Boy Floyd nos transportou para os melhores tempos da Sunset Strip, com hinos como “48 Hours”, “ Leather Boys With Eletric Toys”, “Rock N Rol OUtlaws”, “I Wanna Be With You” e “Rock N Roll (Is Gonna Set the World on Fire)”. Após o show, Summers e demais também atenderam todos os fãs e prometeu retornar ao Brasil em 2025. Promessa é divida, Sr. Summers.



Após um intervalo um pouco maior, por volta das 20h40, o Crazy Lixx inicia a sua apresentação com “Whiskey, Tango, Foxtrot” do álbum de 2012, “Riot Avenue”. Se por um lado, no show do Pretty Boy Floyd, tudo aflora natural e despretensiosamente, no do Crazy Lixx tudo parece (muito bem) ensaiado e premeditado, sejam os movimentos, sejam as falas (poucas) de Danny Rexon. Isso tornou o show menos atrativo? Posso dizer que não, de forma alguma. O grupo, na minha opinião, é a melhor banda da onda sueca do ressurgimento do Hard Rock oitentista. Todos os músicos são excelentes, e músicas como “Silent Thunder”, “Girls From The 80's", “Wild Child” são fantásticas e agitaram demais o público e os fãs presentes. “XIII”, música inspirado em Jason Voorhees da mais que clássica franquia do cinema de terror, “Sexta-Feira 13”, apresenta Danny “montado” a caráter, com a icônica máscara de hóquei e o microfone em forma de facão. “Blame It On Love” e “21 'Till I Die” encerram o show, mas ao contrário das demais atrações, o Crazy Lixx retorna para mais duas músicas: “Anthem For America” e “Never Die (Forever Wild)”.




Ao final um excelente festival, para um público menor, formado apenas por “die-hard” fãs do estilo. Uma pena, mas quem foi, viveu uma grande tarde/noite de Glam/Sleaze/Hair/Heavy Metal. Eu finalizo o texto com uma consideração pessoal: às vezes as pessoas acham que cobrimos shows apenas para irmos gratuitamente aos eventos. Neste Glam Fest, o Rebel Rock solicitou o credenciamento, e por circunstâncias alheias a nossa vontade, nos foi negado. Por se tratar de um evento diferenciado, de um estilo adorado por muitos dos nossos seguidores e amigos, por respeito às bandas que tivemos contato e também por todos que sempre lêem nossas publicações, resolvemos cobrir de qualquer maneira, mesmo sem o credenciamento e comparecendo como fãs. Que em 2025 tenhamos uma nova edição do Glam Fest e que no próximo, tomara, com mais público.







GO AHEAD AND DIE - UNHEALTY MECHANISMS (2023)


GO AHEAD AND DIE
UNHEALTY MECHANISMS
Shinigami Records/ Nuclear Blast - Nacional

Quando falamos de Max Cavalera, ainda que muitos neguem, estamos falando de um dos maiores nomes do metal mundial. Para quem lê o Rebel Rock, ou nos segue no Instagram (aliás, fica a dica: nos sigam no https://www.instagram.com/rebelrockrs/ lá e nos dê aquela força), sabe que, para este que vos fala, não existe Sepultura sem Max. Respeito que o grupo tenha tentado se manter na ativa durante quase trinta anos, mas NENHUM álbum teve o impacto ou força necessários para ser chamado de clássico. Podem me xingar, discordar, mas a verdade é essa. Mas não foi apenas no já agonizante grupo brasileiro que Massimiliano Antônio Cavalera fez história. Nailbomb, Soulfly, Cavalera Conspiracy, Killer be Killed...  Todas bandas que tiveram (e ainda têm) relevância no cenário. E a mais recente empreitada de Max, criada em 2020, ao lado de seu filho Igor Amadeus  vem para corroborar isso. o GO AHEAD AND DIE é um tributo ao metal sujo, pesado e agressivo, com uma veia oitentista forte, mas que sabe ser atual como poucas bandas conseguem ser hoje em dia. E o melhor de tudo é que o segundo álbum do grupo, o excelente UNHEALTY MECHANISMS foi lançado no Brasil pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast.

Ao lado de Max (vocal/guitarra) e Igor Amadeus (vocal/guitarra/baixo) está o baterista Johnny Vales (Goreshack, Healing Magic). E este trio nos entrega um álbum repleto de guitarras agressivas, baterias insanas e muita raiva despejada pelos vocais, ora de Max, ora de Igor, que também produziu o álbum. E não é que filho de peixe, peixinho é? Mesmo sendo um álbum brutal, a produção está excelente, com os instrumentos perfeitos, sendo que em alguns momentos, podemos perceber um certo "abafamento" em algumas linhas, algo bem típico do death metal dos final dos anos 80/ início dos 90. Se a capa já nos remete a algo nessa linha, a sonoridade, como já citado, nos deixa mergulhado num mundo de riffs, andamentos e vocais que trazem à tona o metal sombrio e violento de outrora.

E por falar em brutalidade, "Desert Carnage" abre o álbum de forma intensa, onde de cara já percebemos que o baterista Johnny Valles caiu como um luva no grupo, mostrando que não veio pra brincadeiras, uma vez que despeja blast beats como se fossem panfletos na rua. Já as guitarras, são aquele primor de agressividade e peso, cortesia de Max, que sabe como poucos compôr músicas extremas sem se tornar repetitivo. Os vocais são diretos, mas rasgados e guturais, trazendo um clima sombrio em alguns momentos. Diria até que angustiantes, de certa forma. Da mesma forma, "Split Scalp" mantém essa atmosfera, mas com uma variação maior, introduzindo até mesmo uma pegada mais voltada pro lado industrial, mas sem exageros ou barulhinhos desconexos. Um verdadeiro chute na boca do estômago! Já "Tumors" nos traz aquele bom e velho thrash metal, algo tipicamente Max", onde as linhas mais cadenciadas e pesadas ditam o ritmo de forma densa e carregadas. Aquela palhetada old school, dotada de fúria e intensidade, revive os velhos tempos do bom e velho Max "Possessed". Uma mistura interessante de Sepultura e Nailbomb surge em "Drug-O-Cop", enquanto que a porradaria extrema volta a correr solta em "No Easy Way Out". 

"M.D.A. (Most Dangerous Animal)" continua a saga de ódio e brutalidade do play, com uma performance insana de Johnny Valles, que como citado anteriormente, se revela uma escolhida certeira para quebrar tudo em seu kit. E impressiona como Max tem a manha de sempre se cercar de músicos de gabarito, independe da banda em que esteja. O que dizer de "Chasm"? Não há pausa para o sossego durante a audição desse trabalho e fico imaginando o caos que deve se instalar durante as apresentações do trio. Lembro que quando tive a oportunidade de entrevistar Max junto aos amigos do Heavy Culture, perguntei a ele como funcionava o processo de composição com Igor, seu irmão, e sua resposta foi direta: a gente senta e começa a tocar, nada é programado. Se funcionar assim com o G.A.A.D., tem alguma coisa na água que os Cavalera bebem! No entanto, "Cyber Slavery", traz uma aura punk/HC, algo bem recorrente na bagagem musical de Max, desde os áureos tempos do Sepultura. "Blast Zone" e a faixa título fecham o álbum, sem tirara o pé do acelerador, em dois momentos intensos e brutais, com o último mostrando como death metal deve soar: cru e direto!

Sem muito mais o que falar, apenas dizer que apesar da resenha tardia, UNHEALTY MECHANISMS entrou na minha lista de melhores álbuns de 2023. Não é preciso nenhum esforço para ouvir o trabalho e constatar que a presença na lista é mais que merecida. Max continua sendo uma das cabeças mais geniais do metal mundial e agora, ao lado de seu filho Igor Amadeus, faz do GO AHEAD AND DIE, um novo capítulo em sua carreira vitoriosa! Obrigatório!

Sergiomar Menezes




terça-feira, 19 de março de 2024

FIREWIND - STAND UNITED (2014)

 


FIREWIND
STAND UNITED 
AFM Records - Importado

Após 4 anos desde seu último lançamento – ainda que houve o lançamento do ótimo ao vivo “Still Raging – 20th Anniversary” em 2023, acredito que isso tenha animado Gus G e cia em gravar um novo registro para ser lançado 2024. Gus G merece um parágrafo (pouco ainda) dedicado, pois o que esse cara toca e está tocando em “Stand United”, é absurdo. O cara é um GÊNIO!! Sim, é isso que você leu. Gus consegue casar o os riffs heavy metal com o power metal e até hard rock de uma maneira que poucos sabem fazer, e principalmente, sem soar enjoativo no já surrado e manjado Power Metal. LONG LIVE TO GUS G.

OBS: Para muitos, Gus (infelizmente) é conhecido como o ex-Guitarrista de Ozzy Osbourne, porém este cara é muito mais do que apenas isso, vide a carreira de longa data com o Firewind, além da banda ter uma discografia bem regular.

Bem, sem mais delongas, vamos ao que importa: STAND UNITED.
Temos na formação uma parte importante a se considerar, onde pelo segundo play consecutivo temos o mesmo Lineup e isso diz muito em Stand United, vide o entrosamento que podemos ouvir e sentir durante a audição do play. Herbie Langhans (Avantasia, ex-Seventh Avenue, Voodoo Circle e Sinbreed) com sua voz característica e marcante, sendo grave e melódico de acordo com a necessidade de cada música. A cozinha, que já completou mais de uma década na banda, com o baixista Petros Christodoulidis e o baterista Johan Nunez (Lords of Black, ex-Kamelot e Marty Friedman) dão o excelente apoio para o dono da “porra” toda, o já citado gênio Gus G, que dispensa apresentações, certo?!

Já na abertura, em “Salvation Day” Gus e cai vão direto ao ponto com excelentes riffs e uma performance vocal de Herbie bem forte e cozinha acompanhando e dando o ritmo e a ideia do que tem por vir ainda. Um dos destaques do play, com certeza. Em seguida já temos uma mudança de andamento e estilo, com a ótima faixa-título “Stand United”, que é um típico power metal tradicional, inclusive influenciado por Helloween. “Destiny Calling” foi o primeiro single e segue com o clima nas alturas, com um excelente groove e um solo matador. Já em “The Power Lies Within” temos outra que se destaca muito, principalmente pelo seu peso e groove com uma levada bem mais hard rock e que mostra toda habilidade e versatilidade da banda como um todo, som impecável!

As faixas “Come Undone” e “Fallen Angel” são singles que foram liberados antes do lançamento de “Stand United” e que possuem um som mais progressivo e melódico, com pegada de bateria matadoras, além dos solos de guitarra que são fenomenais nessas faixas e são destaques, assim como em todo o álbum. “Chains” é uma música super cativante e a introdução lembra Judas Priest. Os vocais de Herbie são bem fortes e se destacam junto com Gus G e criam um som fresco e estridente, deixando ouvinte atônito com o que esses caras estão fazendo neste play.

“Land of Chaos” é aquele típico som “chuta traseiros”. A introdução e o solo de guitarra são matadores, a bateria e o baixo misturados com uma performance vocal pesada nos trazem um som mais tradicional, o que torna essa a faixa mais pesada do álbum. O vocal um pouco mais rasgado de Herbie é uma adição bem bacana, dando a esta faixa um som mais sombrio. “Talking In Your Sleep” é um cover da banda oitentista The Romantics e é a mais divertida e dançante do álbum. E a banda levou a música a outro nível, imprimindo seu estilo e peso na medida certa. A última faixa do álbum “Days Of Grace” completa o álbum com uma música que cria uma experiência auditiva envolvente. A introdução do violão misturada com um alcance vocal impressionante de Herbie dá a noção de uma balada, mas o solo emocionante de Gus G muda a direção da música trazendo um groove mais pesado.

Devo destacar que qualquer música deste play pode e creio que certamente estará no setlist da banda na turnê vindoura do álbum. Diria que no mínimo 5 ou 6 faixas por show, mesclando todas até tocar o álbum na integra (Fica a dia Gus G hehe). E para encerrar, “Stand United” é sem dúvida um dos melhores da história do Firewind. Outro destaque que não poderia deixar de evidenciar nesta resenha é abordagem das letras, que trazem questões do dia a dia em que precisamos “Ficar Unidos” ao invés de haver discordâncias (entre outras coisas) uns com os outros. Bela mensagem de Gus e seus comandados!
Ouçam e curtam muito este, que pode ser um dos destaques do ano como um todo!
Long Live Rock N’ Roll!

Fernando Aguiar




RAGE BEHIND - EMINENCE OR DISGRACE (2024)

 


RAGE BEHIND
EMINENCE OR DISGRACE
Shinigami Records/Atomic Fire - Nacional

O primeiro passo de uma nova banda, seja ela de coadjuvantes, ou, de músicos estrelados, sempre gera uma expectativa do ouvinte. Estaremos diante de “criadores da nova roda”? Apenas teremos amigos querendo mostrar para os parentes que conseguiram fazer barulho num “disquinho”? Pois bem, o grupo francês Rage Behind, não seguiu o que foi descrito acima.

Os doze meses que separam o nascimento da banda, e o lançamento de “Eminence or Disgrace”, foram de muito trabalho e maturação do som que gostariam de apresentar ao público. Infelizmente não tenho informações de como Stan Morgan (Baixo), Edward Vale (Bateria), Jerry Ho (Guitarra), Max Liva Guitars (Guitarra) e Vitali Lukas (Vocal) se conheceram, mas pelo tempo onde tudo aconteceu até o álbum de estreia estar na praça, a química foi instantânea.

Como tudo aconteceu rápido, a música segue o mesmo curso. É rápida, agressiva e jovial. Uma mistura dos anos 90, com o metal mais atual, o peso alinhado ao groove, sem se importar com regras. Confesso que o principal nome que me vem à cabeça para ilustrar o quinteto é o Machine Head, mas não de forma que o grupo copie os americanos, apenas é um norte em meio a massa sonora despejada sem dó e piedade. Aliás, os ferros que cercam a estrutura do musical da banda é de um leque gigante, você vai de grupos como Prong, Slipknot, Suicidal Tendencies, Biohazard passando por grupos mais atuais da cena metalcore como Light The Torch e Heaven Shall Burn, por exemplo.

Sim, temos faixas que te fazem “sair do chão”, a energia é contagiante e às vezes se impossibilita se manter imóvel a adrenalina que cada música impulsiona no fã. Algo que chama muita atenção são os refrãos, sempre cheio de coros, às vezes diversas vozes vindo de várias direções — Como se fossem gangues entoando urros de provocações aos adversários, achei essa sacada genial. As 10 faixas do tracklist passam num piscar de olhos nos poucos mais de 40 minutos de duração. As guitarras desempenham sua função de guiar as vias públicas, mas o som poderoso emitido pela bateria, que é como se fosse uma bola de ferro destruindo paredes sem parar, se juntando a inúmeros berros frenéticos em faixas como “Eye For An Eye”, “Seasons Of Blood” e “The Blind”. Essas são as principais faixas para se perder a cabeça.

O início radiofônico de “Through Wrath” é possivelmente o único ar de “tranquilidade do álbum”, são 15 segundos de “paz” antes de novamente termos caos. A banda aposta todas suas fichas num redemoinho agressivo — Hardcore até o peso do Groove Metal, eu tenho certeza que pode ser o futuro de um estilo, visual e sonoramente, eles destroem mostrando que os arredores da torre Eiffel existem novos donos, prontos para dominar as ruas (palcos) do mundo.

William Ribas




quinta-feira, 14 de março de 2024

TARJA TURUNEN & MARKO HIETALA - LIVING THE DREAM THE HITS TOUR 2024 - 09/03/2024 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS

 

TARJA TURUNEN & MARKO HIETALA
LIVING THE DREAM THE HITS TOUR 2024
Abertura: Andreas Solrak
Local: Bar Opinião - Porto Alegre/RS
Produção: Opinião Produtora

Texto e fotos: Henrique Lippert

Uma fila gigante de fãs se formou muito antes da abertura dos portões, a fim de prestigiar Tarja Turunen e Marko Hietala na turnê Living The Dream – The Hits Tour 2024 - em Porto Alegre. As quase duas décadas que separavam a presença dos artistas juntos em solo gaúcho criaram um clima de expectativa e empolgação em muitos fãs. Com os ingressos esgotados há semanas, era esperado um Opinião lotado na noite quente do sábado. Porém, o que deveria ser um espetáculo de diversão e muita música acabou se tornando uma experiência ruim para todos os presentes.

A começar pela entrada, ninguém pôde ingressar no Opinião com água, e todos foram obrigados a deixar suas garrafas antes da tradicional revista. Lá dentro, o ambiente quente deixou claro que a climatização não estava sendo suficiente, somando-se ao fato de que a água era vendida quase no mesmo valor daquelas comercializadas em aeroporto. Pouco depois também, a equipe de segurança informou que não haveria o acesso a frente do palco para fotos, o que não chegou a ser terrível, mas um pouco decepcionante.

Eram 21h e a banda Andreas Solrak pisou no palco, trazendo um rock/folk para abrir os trabalhos da noite. As primeiras músicas da banda foram acompanhadas por um problema técnico em um dos cabos dos instrumentos, gerando um chiado contínuo que só cessou no fim da terceira música. Com letras poéticas e guitarras alterando entre peso e leveza, o som aos poucos foi ganhando o público, que foi resistente logo no início da noite. A qualidade da banda como músicos e entrega é inegável, mas foi uma escolha pobre pela falta de sintonia com a plateia da noite, o que acabou gerando certo descontentamento por parte dos fãs.


Após uma breve pausa para organização do palco e ao som de “Olê, olê, olê, olê! Marko, Marko”, o artista aparece para abrir essa segunda etapa com seu colega Tuomas Wainola, e logo se pôde perceber que a voz de Marko não estava boa. Encerrando a música “Stones” com dificuldade, Marko pede um tempo e sai de cena, seguido pelo colega músico logo na sequência. Sem entender o que estava acontecendo, os fãs aguardaram por quase 15 minutos, quando o próprio Marko voltou e, em inglês, disse que não estava em condições de continuar cantando. Ele citou as poucas horas de sono, além da constante troca de ambientes com ar-condicionado e pediu desculpas, pois não conseguiria tocar e cantar sua parte no show. Conseguiu ainda dizer que tentaria se juntar ao público para tirar algumas fotos (o que acabou não acontecendo) e saiu do palco após contar uma pequena história engraçada para o público.

Sabemos que o inglês não é uma língua que a maioria de nós, brasileiros, tenha domínio, e nesse ponto faltou o cuidado de alguém da produtora vir esclarecer o que estava acontecendo. A falta de informações foi uma das principais reclamações da noite, mas ela ainda estava longe de acabar.


Após aguardar mais 30min sem entender direito o que estava acontecendo, o empresário da Tarja - Paulo Baron - entra para informar que a artista está com o mesmo problema de Marko, seguido de vaias pelo público. Ele pede compreensão e, complementando a fala, diz que ela irá cantar mesmo com a voz prejudicada, mas que conta com a ajuda dos fãs.

Ela entra no palco sendo ovacionada por todos, tendo como principal apoio os colegas músicos que conseguiram manter a energia lá em cima. O carisma e simpatia da cantora encantou o público, e o que faltou de voz, sobrou no esforço e na presença de palco.

Sem abrir com a prevista "Eye of the Storm", "Demons in You", "Die Alive", "Diva" e "Shadow Play" conseguiram animar os presentes e preparar o terreno para os grandes hits que marcaram a passagem dos artistas no Nightwish. Marko chegou a voltar ao palco, pedindo novamente desculpas, e dizendo que uma van o levaria direto ao hotel, onde conseguiria descansar, recebendo mais uma vez o carinho da plateia antes de dizer que não conseguiria fazer os duetos com a Tarja. Era perceptível o cansaço e a tristeza do artista ao sair do palco novamente ao som de “Olê, olê, olê, olê! Marko, Marko”.
"Dark Star" e" Dead Promises" serviram de ponte para o ponto alto da noite: "Planet Hell" fez a plateia toda cantar junto, sendo embalada na sequência pela igualmente épica "Wish I had an Angel". O coro de vozes em uníssono entoava a plenos pulmões as linhas do refrão, e por alguns instantes os problemas da noite foram esquecidos.


Algo parecido se deu com "I walk Alone" e "Victim of Ritual", que manteve os fãs interagindo bastante e cantando, até o encerramento com "Until my Last Breath". Encaminhando o show para o fim, Tarja declara seu amor ao público que retribuiu durante toda a noite e repetiu um sonoro "Tarja eu te amo" várias vezes até os músicos saírem do palco.

Mesmo com todo empenho e dedicação da banda, o encerramento da noite deixou um gosto amargo na boca. Com o setlist reduzido, perdemos clássicos como “Phantom of The Opera” e “Over The Hills And Far Away”. Também teve a falta da inédita “Left On Mars”, música nova da Tarja com o Marko. Sabemos que problemas acontecem com todos, e me solidarizo com as questões de saúde dos artistas. Contudo, talvez a remarcação da data do show não fosse uma saída tão ruim, visto que nem fãs, nem banda, ficaram satisfeitos nesta noite.