sexta-feira, 8 de novembro de 2024

HOUSE OF LORDS - FULL TILT OVERDRIVE (2024)

 


HOUSE OF LORDS
FULL TILT OVERDRIVE
Shinigami Records/ Frontiers Music srl

O House Of Lords surgiu em 1987, fundado por Greg Giuffria (ex-Angel), após encerrar as atividades da banda que levava o seu sobrenome, Giuffria. Na realidade, o House of Lords à época seria uma sequencia lógica do Giuffria. A banda contou sempre com integrantes muito conhecidos da cena Hard Rock/Heavy Metal americana. Além de Greg, nomes como Doug Aldrich, Chuck Wright, Tommy Aldridge e Ken Mary, entre outros, emprestaram seus talentos à banda.

Mas o grande destaque e que esteve sempre presente, é o ótimo vocalista James Christian. Único integrante da formação original, Christian tem mantido om House Of Lords ativo, lançando álbuns de alta qualidade, e no caso deste novo “Full Tilt Overdrive” o resultado não é diferente. Acompanham James Christian (que também gravou o baixo), Jimi Bell nas guitarras, Mark Mangold nos teclados e Johan Koleberg na bateria. A banda continua a mostrar seu talento duradouro e capacidade de criar músicas atemporais.

Creio que o que faz “Full Tilt Overdrive” ser linearmente acima da média é a sua constância nas composições, sem altos e baixos. Alguns lançamentos anteriores do House Of Lords, apesar de serem igualmente bons trabalhos, não mantém esta consistência, até possivelmente a banda querer se arriscar em outros territórios mais pop ou estilos mais leves. Aqui não, temos uma parede sonora de Hard Rock/Heavy Metal e Melodic Rock.

O álbum está repleto de faixas memoráveis, cada uma com seu caráter distinto. “Not The Enemy”, por exemplo, é uma faixa de destaque que funde perfeitamente elementos de Hard & Heavy, com algumas intromissões de teclado com sonoridade mais moderna. A seção rítmica é muito forte, enquanto os vocais cheios de feeling de James Christian elevam esta música a um dos pontos altos do trabalho. A faixa titulo com um refrão empolgante também fica no top 3 do álbum. “I Don’t Wanna Say Goodbye” é a “power ballad” enquanto “State of Emergency” é energética e pulsante. Esta variação ao mesmo tempo mostra a capacidade de Christian e colegas de criarem composições cheias de força, sentimento e energia.

Produção excelente e mixagem colocando todos os instrumentos e respectivos timbres no lugar certo, sem um interferir ou ofuscar o outro. O guitarrista Jimi Bell, que está na banda desde 2007 demonstra toda sua categoria com solos impressionantes e riffs de destaque. “Full Tilt Overdrive” é um trabalho excelente desta banda veterano, que comprova mais uma vez sua classe e capacidade de produzir música de qualidade. Um dos melhores lançamentos do ano de 2024.

José Henrique Godoy



INFECTED RAIN - 05/11/2024 - GRAVADOR PUB - PORTO ALEGRE/RS


INFECTED RAIN
ABERTURA: TREZE BLACK
05/11/2024
GRAVADOR PUB
PORTO ALEGRE/RS
PRODUÇÃO: M.A.D. Produtora

Texto e fotos: José Henrique Godoy

E após um longo período sem shows internacionais de Metal em Porto Alegre, cá estamos novamente, no Gravador Pub, para assistirmos o Infected Rain, banda da Moldávia que faz sua tour de estreia no Brasil. O clima é de reencontro, pois desde a tragédia das enchentes em maio deste ano, ficamos sem espetáculos internacionais, muito por conta da falta do Aeroporto Salgado Filho, que foi duramente afetado pelas águas.

O próprio Gravador Pub também foi muito atingido, tanto é que mudou de endereço e a noite também está sendo uma estreia, pois é a primeira vez que estamos no “novo” Gravador Pub. O lugar agora está bem mais amplo, uma estrutura ainda melhor que a anterior, inclusive com um belo palco, talvez com o dobro do tamanho da antigas casa. O Pub ainda não está com toda a reforma e instalações completas, mas com certeza está voltando com força total. Parabéns ao Gabriel, proprietário do Gravador Pub e a todos os colaboradores que tiveram força e resiliência neste período complicado, para voltarem mais fortes do que antes.

Passavam alguns minutos das 20h, quando sobe ao palco a banda Treze Black, da cidade de Caçapava do Sul/RS. O quarteto formado por Diandro Dymme (vocal), Gabriel Leão (guitarra), Bruno Chaves (baixo) e Felipe Krauser (bateria) executa um Metalcore agressivo, com influencias de Nu Metal, Hardcore, e por vezes, algumas nuances de Metal tradicional. Fizeram a sua apresentação executando seu material próprio com músicas como “Sentido”, “Alma Orfã” e “Passos Cegos”. O destaque principal da banda é o vocalista Diandro Dymme, seja pela sua ótima performance vocal, seja pelo seu carisma e desenvoltura para se comunicar com o público. O Treze Black finalizou sua apresentação com “Psychosocial”, cover do Slipknot, e uma pena não terem sido assistidos por mais gente, pois mereciam um público um pouco maior.


Pontualmente ás 21h30, Vadim "Vidick" Ojog (guitarras), Eugen Voluta (bateria), Alice Lane (baixo) e Elena "Lena Scissorhands" Cataraga(vocais) entram no palco ao som da “intro” “A Second Or A Thousand Years” para depois dispararem na sequência “The Realm Of Chaos”. Desde o primeiro instante, pudemos perceber que não estávamos presenciando um show qualquer: A banda da Moldávia se entrega de corpo e alma para apresentar uma performance eletrizante, cheia de energia, e beirando o insano.

O guitarrista Vidick não para um minuto, seja pulando, andando de um lado para o outro, balançando seus longos dreads. Chega a ser impensável como consegue tocar seu instrumento enquanto agita tanto no palco. Lena é fantástica: além de alternar vocais guturais e gritados com vocais limpos e de grande alcance, ainda consegue liderar a plateia, seja pedindo para erguer os punhos, seja pedindo para “pular” (“pulem” em bom português) seja organizando um mini “Wall Of Death” dentro do Pub. Ela é gigantesca, seja num lugar pequeno como o Gravador Pub, seja em estádios ou grandes festivais. Se você perdeu a oportunidade de assisti-la ao vivo aqui no Brasil, busque os vídeos de shows da banda no Youtube. A baixista Alice também se movimenta bastante no palco, trocando de lado com Vidick (pois esse não para em um lugar só) e interagindo bastante com os presentes. O batera Eugen, ao fundo, senta o braço com muita técnica e segura todo o peso do Infected Rain.


Por ser a primeira vez da banda em solo brasileiro e também por não desfrutar ainda de uma grande popularidade por aqui, o público não foi muito grande, mas todos os presentes conheciam a banda e cantavam a plenos pulmões músicas como “Vivarium”, “The Answer Is You” e “Never To Return”. Após um set relativamente curto set de 11 músicas e 55 minutos, o Infected Rain finaliza o seu set list com “Sweet, Sweet Lies” sobre aplausos e uma galera satisfeita com o que viu. Se por um lado o show foi curto, compensou muito em energia e entrega da banda. Antes de sair do palco, Lena avisou que estaria junto ao local de vendas de merchandising atendendo a todos os fãs que quisessem uma foto e autógrafos, e junto a baixista Alice, assim fizeram. Enquanto não atenderam todos, não foram embora.


Esperamos que o Infected Rain volte mais vezes, e na próxima visita, que sejam recebidos com mais público, pois a banda merece muito e ser mais reconhecida também. O show foi animal demais! Agradecemos a M.A.D. Produtora pelo credenciamento e ao Gravador Pub mais uma vez pela ótima recepção, como é de costume!

ADRIAN VANDENBERG & MATS LÉVEN - 03/11/2024 - HARD ROCK CAFE - CURITIBA/PR

 


ADRIAN VANDENBERG & MATS LÉVEN
ABERTURA: PHANTOM STAR
HARD ROCK CAFE
03/11/2024
CURITIBA/PR

Texto e fotos: Nathalia Santos

Adrian Vandenberg, lendário guitarrista do Whitesnake faz show sublime em Curitiba


Domingo, chuva e frio não foram motivos suficientes que fizesse com que os fãs do hard rock ficassem em suas casas, afinal estamos falando da lenda Adrian Vandenberg, guitarrista que juntamente com Steve Vai integraram uma das bandas mais relevantes dentro do hard rock: o Whitesnake. nessa turnê conta também com a presença do vocalista Mats Levén um ponto fora da curva no quesito vocal, Mats cantou em alguns álbuns do guitarrista sueco Yngwie Malmsteen como por exemplo aclamado Facing the Animal (1997) e também na banda Treat no álbum autointitulado Treat (1992). 

Com pontualidade inglesa, a abertura fica por conta da banda de heavy metal curitibana Phantom Star, com um heavy metal classudo e muita pegada oitentista, a performance de estreia da banda não passou nem um pouco despercebida aquecendo a plateia com muita entrega de palco, performance, habilidade com uma pitada meio mística em suas performance e vestimentas e muita técnica, a banda mostra que o heavy metal ainda respira com muita classe!

 

Chega a hora de Vandenberg assumir o palco e o show abre com a pesada e audaciosa “Bad Boys” e em seguida com “Fool For Your Loving” e logo após foi a vez de “Your Love Is In Vain” música da carreira solo de Adrian Um show repleto de músicas da fase Whitesnake e também da carreira solo de Adrian como “Your Love Is In Vain” e a balada e talvez a mais conhecida de sua carreira solo: “Burning Heart” e a “Wait”.

Chegando na metade do show onde o set segue em uma linha mais “calma” e destaco nesse momento a lindíssima “Sailing Ships”, aquele momento blues do show onde Mats acompanha com seu vocal a la Coverdale e Adrian senta em um cantinho e arranha as notas na guitarra remetendo a um momento barzinho de violão e voz. Mas esse momento sereno do show se encerra quando entra a matadora “Judgment Day” e aqui posso dizer que foi o clímax do show, aqui o o momento sereno do show é arrebatado pelo peso e aqui destaco também o quanto Mats Levén elevou a níveis absurdos a sua voz com uma performance impecável tanto no quesito técnico e entrega de palco. O show vai encerrando com mais algumas canções clássicas e encerra com “Here I Go Again”.


Com um set list impecável e uma sequência coerente, Adrian Vandenberg e Mats Levén entregaram um show carregado de emoção e técnica transformando um simples domingo em um domingo inesquecível.




sexta-feira, 1 de novembro de 2024

THE OFFSPRING - SUPERCHARGED (2024)

 


THE OFFSPRING
SUPERCHARGED
Concord - Importado

Prestes a completar 40 anos de carreira, THE OFFSPRING chega ao seu 11º álbum de estúdio fazendo aquilo que sempre fez: um misto de punk, hardcore, pop, rock, ska, mantendo uma regularidade ao longo desse período que poucas bandas conseguem. Se o som do grupo não visa mudar o mundo (apesar de muitas letras versarem sobre temas sociais), garante ao apreciadores da música de qualidade excelentes momentos de diversão. E afinal, o Rock n' Roll surgiu pra quê mesmo? SUPERCHARGED traz o grupo em 10 faixas que variam de sons mais comerciais àqueles que possuem uma pegada mais visceral e voltada ao HC. Em poucos palavras, o bom e velho Offsping de sempre!

Dexter Holland (vocal e guitarra), Noodles (guitarra e backing vocal), Todd Morse (baixo e backing vocal) e Brandon Pertzborn (bateria) formam um dos quartetos mais legais de se ouvir dentro do cenário atual. Sem grandes inovações, mas sempre cheios de inspiração e energia, o grupo explora seus limites, abordando temos que, se sérios na maioria das vezes, ganham um ar de bom humor nas músicas da banda. Dexter e Noodles, integrantes mais antigos do grupo (Dexter está desde o início sendo que Noodles entrou pouco tempo depois, de forma que podemos considerar os dois como membros originais), sabem como conduzir a sonoridade do Offspring, o que fica nítido desde os primeiros acordes do trabalho. E temos uma homenagem ao Brasil, algo que torna o álbum um pouco mais especial do que de costume.

"Looking Out for #1" inicia de forma melódica, com toques que remetem aos trabalhos iniciais do grupo, trazendo pop, punk e HC inseridos de forma despojada, sem fazer nenhum esforço. Ótima faixa pra abertura, pois logo em seguida temos um dos destaques de SUPERCHARGED: "Light it Up", aquela faixa rápida e intensa que sempre se faz presente em todos os álbuns da banda, inclusive com aquele refrão que faz todo mundo cantar junto. Nada mais Offsping do que isso, não é mesmo? "The Fall Guy" com toda certeza seria parte constante de um Disk MTV, naquela época que a gente reclamava, mas era feliz e não sabia. Outro momento muito interessante é "Make it All Right", com seu inicio remetendo á "Pretty Fly (For a White Guy) (pela melodia e arranjo) é dona de um excelente refrão. Pop sem ser chata, a faixa tem um vídeo muito legal, como você pode conferir no final dessa resenha. "Ok, But This is the Last Time", também seria "Top Hits", com sua melodia e refrão marcantes. Esse é um dos pontos fortes na carreira da banda, pois é difícil alguém não lembrar de pelo menos um refrão composto pela dupla Dexter/Noodles.

A veia HC do grupo dá mostras em "Truth in Fiction", um petardo que incendeia a execução do álbum, ainda mais depois de uma faixa com um forte acento pop como a anterior. Mas o momento mais "diferente" do trabalho vem agora: "Come to Brazil", pesada, rápida e melódica, a faixa é uma homenagem aos fãs brasileiros que insistem quase que diariamente nas redes sociais da banda para que ela venha ao nosso país. Referências como caipirinha e nosso famoso "olê, olê, olê, olê" estão presentes. Ainda que não seja uma das melhores, chama a atenção (principalmente a nossa) por essas características. "Get Some", apesar da boa linha melódica, acaba destoando um pouco do restante, Enquanto "Hanging by a Thread", apresenta traços comerciais sem perder as características do quarteto.  O encerramento com "You Can't Get There Here" condensa todos os elementos que fazem do Offspring um dos ícones do estilo. Os vocais bem característicos de Dexter, as linhas melódicas de Noodles e a inserção de características do pop, do rock e do punk dosados de forma inteligente.

SUPERCHARGED não vai mudar o mundo. E nessa altura do campeonato, eu e você sabemos que isso não é necessário. O OFFSPRING tem essa dimensão e noção que sua música veio pra divertir. Se conscientizar, beleza. O importante é mostrar que com quase 40 anos, o grupo não virou um chato de galochas querendo impor suas opiniões goela abaixo como alguns "tiozões" do rock andam fazendo, principalmente aqui no Brasil. Se o Rock se tornar chato ele deixa de ser Rock. Que bom que  abanda sabe disso!

Sergiomar Menezes