Alguns grupos, depois de algum tempo, acabam deixando se ser considerados como tal e passam a ser uma verdadeira instituição. E se falarmos em death metal, uma dessas mais clássicas e importantes instituições atende pelo nome de IMMOLATION. Dono de uma carreira bastante regular, com álbuns sempre acima da média, o grupo norte americano chega agora ao seu décimo álbum de estúdio. E a regularidade segue intacta, pois ATONEMENT, lançado por aqui pela Shinigami Records/Nuclear Blast, é um álbum forte, intenso e que alia peso e brutalidade à doses generosas de técnica e muita qualidade.
Ross Dolan (vocal/baixo), Robert Vigna (guitarra), Alex Bouks (guitarra) e Steve Shalaty (bateria) apresentam neste trabalho, faixas bem características, o que transforma o death metal praticado pelo grupo em algo único. Juntos desde o início da banda, Ross dolan e Robert Vigna sabem exatamente o direcionamento que a banda deve tomar e contam com a presença de Alex Bouks (substituto de Bill Taylor) , que entrou na banda no ano passado, para despejar ainda mais fúria e ódio nas outras seis cordas do grupo. A produção mais uma vez ficou à cargo de Paul Orofino enquanto a mixagem e masterização ficaram sob a responsabilidade de Zack Ohren. E mais uma vez, o nível ficou excelente, primando pela agressividade e peso, sem abrir mão de uma sonoridade bastante "limpa". Já a bela capa é obra de Pär Olofsson.
Já na abertura com The Distorting Light, percebemos que a banda segue sua saga em favor do death metal brutal e agressivo. Riffs ríspidos e uma certa aura mais obscura em certos momentos, mostram que nem sempre velocidade significa brutalidade. Obviamente que temos isso na música, mas o grupo sabe explorar seus limites de forma correta. When The Jackals Come é mais uma aula do estilo! Bem trabalhada e alternando momentos rápidos e insanos com passagens mais trabalhadas, a faixa é um dos grandes destaques do álbum. Fostering The Divide traz um ótimo trabalho do baterista Steve Shalaty (na banda desde 2003), garantindo o peso necessário para que o baixista/vocalista Ross destile seu ódio em um vocal denso e sombrio. Rise The Heretics é death metal em sua essência mais brutal. Preste atenção nos riffs da dupla Robert e Alex, e ouça uma das melhores duplas do estilo em ação! Outra aula é Thrown To The Fire, onde a velocidade dá lugar á um peso descomunal, em um andamento mais cadenciado, mas onde os riffs emprestam agressividade e técnica à faixa. Em determinado momento, a velocidade volta a imperar, transformando a faixa em um pequeno exemplo do que é o inferno.
Destructive Currents segue mostrando muita brutalidade em cada segundo de sua execução, resgatando um pouco do Immolation de outros tempos (quando o grupo fazia um uso bem maior da velocidade). Lower tem um inicio bem introspectivo que logo descamba para um momento de pura insanidade e peso. O vocal de Ross merece destaque pois durante toda a execução do álbum se mantém bastante regular (sim, em estúdio isso é fácil, mas quem conhece abanda sabe do que estou falando). Atonement tem uma pegada mais atual, mesclando o passado e o presente da banda, assim como Above All (que traz algo de thrash em seus riffs). The Power of Gods traz peso e brutalidade em um andamento mais cadenciado. O encerramento vem com Epiphany, onde os riffs merecem destaque assim como a bateria, criando um entrosamento perfeito entre todos os músicos. Uma das melhores faixas, com toda a certeza!
No seu décimo álbum de estúdio, o IMMOLATION prova que segue sendo uma das maiores e melhores bandas de death metal da atualidade. Sem invencionices ou qualquer tipo de modernidades em seu som, o grupo mostra em ATONEMENT que pra fazer death metal, não basta apenas querer. Ele tem que estar no sangue. E isso é fato mais que comprovado quando se fala na banda!
Sergiomar Menezes