quarta-feira, 22 de abril de 2020

THE NIGHT FLIGHT ORCHESTRA - AEROMANTIC (2020)


E uma das bandas mais legais da atualidade apresenta seu mais recente lançamento e, com isso, tenho a mais absoluta certeza que estará em todas as listas de melhores do ano das revistas e sites especializados. Se você ainda não sabe de quem eu estou falando ou esteve fora do planeta desde 2013, me refiro ao THE NIGHT FLIGHT ORCHESTRA, grupo que reúne em seu line up nomes famosos que construíram suas carreiras dentro da música extrema. Mas fazendo uma música completamente diferente, a banda lança agora seu quinto trabalho, o excelente AEROMANTIC, que chega por aqui através da parceria Shinigami Records/Nuclear Blast. E pode até parecer brincadeira, mas a banda consegue manter a mesma classe e qualidade que vem mostrando desde sua estréia em Internal Affairs em 2013.
Conheci a banda no álbum Amber Galactic, seu terceiro trabalho, e em seguida pude conferir seus primeiros discos que culminaram com o espetacular Sometimes the World Ain't Enough e assim, pude acompanhar a evolução do grupo durante esses oito anos de existência (a banda foi formada em 2012). Se bem que a palavra evolução talvez não seja a mais indicada, vez que a regularidade muito acima da média de todos os álbuns lançados pelo grupo se mantiveram. E agora, dois anos depois do último trabalho, Björn Strid (vocal, Soilwork), David Andersson (guitarra, Soilwork), Sebastian Forsund (guitarra/percussão), Sharlee D’Angelo (baixo, Arch Enemy), Jonas Kälsbäck (bateria, Mean Streack) e Richard Larsson (teclado) mostram que o talento à favor da música SEMPRE gera excelentes resultados.
Não é preciso informar, mas como todos já sabem, a banda é um projeto paralelo de músicos que tem seu background dentro da música pesada. Algo que fica praticamente de lado aqui, como em todos os demais álbuns do grupo. A abertura com Servants of the Air traz todas as características que fizeram e fazem da banda algo mais do que relevante: classe, bom gosto e uma capacidade gigantesca de criar composições que não se prendem a limites. Mais rápida do que de costume e com um excelente trabalho de Jonas, e também pelos backing vocals que ficaram perfeitos no refrão. Na seqüência, Divinyls, com seus teclado mergulhados nos anos 70 é disparada, a melhor faixa do CD. Uma música recheada de feeling setentista, mas que flerta com uma sonoridade atual, principalmente por conta da produção primorosa do álbum! Mantendo aquela atmosfera quase “Motown” que sempre estiveram presentes na música do grupo, a faixa tem um daqueles refrãos que não saem tão cedo da cabeça após a primeira audição. Se você duvida, escute e depois me diga. If Tonight is Our Only Chance tem um clima típico dos filmes protagonizados por Olívia Newton John e John Travolta. Quem tem mais de 40 vai entender o que quero dizer.
A veia mais rock n’ roll do grupo volta à tona em This Boy’s Last Summer, outra pérola com um belo refrão grudento. Curves tem um clima sacana, com uma pegada dançante, próxima do que grupos como Kool & The Gang e Chic faziam com maestria. Ainda, dentro da regularidade do trabalho, podemos citar a faixa título, que se fosse apresentada a você sem que lhe dissessem que ela havia sido gravada por músicos de heavy metal, de um estilo mais pesada, seria difícil de fazê-lo acreditar. Assim como Golden Swansdown, uma verdadeira aula de interpretação de Björn Strid, que se mostra, mais uma vez, como um vocalista muito acima do que seus colegas de profissão podem fazer. Taurus com sua pegada mais rocker, a “pesada” Carmencita Seven, principalmente pela linha adotada por Sharlee D’Angelo, e o encerramento com a tipicamente The Night Flight Orchestra Dead of Winter mostram, mais uma vez, que a banda conseguiu que estejamos diante de um dos discos do ano!
AEROMANTIC é mais um belo exemplo de como uma banda pode, sim, fazer sua música sem se prender a rótulos ou a limites. Investindo numa sonoridade bem peculiar, mas que comprova a idéia de que a música não precisa ser reta para ser interessante (muito pelo contrário), o THE NIGHT FLIGHT ORCHESTRA mostra que é uma banda com cinco álbuns impecáveis!
Sergiomar Menezes



sexta-feira, 17 de abril de 2020

AGNOSTIC FRONT - GET LOUD (2019)


Se existisse um dicionário que definisse os estilos musicais, não há dúvidas que ao procurarmos o verbete HARDCORE encontraríamos como seu significado o AGNOSTIC FRONT. Não há o que se discutir a respeito, pois não existe uma banda no mundo que represente o estilo com a mais absoluta propriedade do que ela. Como definir essa instituição do HC formada em 1980? Lenda? Ícone? Afinal, estamos falando de uma banda que não apenas definiu os parâmetros do estilo como também exerceu e ainda exerce forte influência dentro do Heavy Metal, uma vez que o Crossover traz muito das características do quinteto novaiorquino. E como já dizia aquele batido e velho ditado, "quem foi rei nunca perde a majestade", GET LOUD, mais recente trabalho do grupo chega por aqui através da Shinigami Records/Nuclear Blast para provar esta teoria.

Liderada pela dupla Roger Miret (vocal) e Vinnie Stigma (guitarra), acompanhados do baixista Mike Gallo, do guitarrista Craig Silverman e do baterista Pokey Mo, a banda chega ao seu décimo segundo trabalho de estúdio esbanjando vitalidade, e o mais importante, trazendo consigo aquela sua pegada típica, qual seja violenta e agressiva, mas ao mesmo tempo técnica. É inegável que esse quinteto possui vasto conhecimento de causa quando o assunto é Hardcore. 

E, como se ainda fosse preciso, o grupo inicia com os dois pés na porta, com a pedrada de abertura Spray Painted Walls. O timbre de Roger Miret continua o mesmo, e apesar da idade, mantém sua originalidade. Stigma, por sua vez, mantém seus riffs com aquela pegada violenta, trazendo sua habitual agressividade em cada nota tocada, numa perfeita junção entre velocidade e peso. Anti-Social é mais uma aula, com pouco mais de um minuto de pura fúria HC. Já a faixa título, mais cadenciada, deixa exposta a versatilidade dos músicos. é bom lembrar que faixas com essa característica sempre se fizeram presentes nos trabalhos do quinteto.

O lado mais crossover aparece em Conquer and Divide, e consegue, num trabalho bastante homogêneo, ser um dos destaques. I Remember traz as guitarras usando um pouco mais de melodia, algo que o Bad Religion sempre soube fazer muito bem. As guitarras também são o destaque de Af Stomp, outro grande momento do álbum com seus riffs pesados e rasgados.Cabe destacar ainda faixas como Urban Decay, com uma pegada mais punk, a porrada Hardcore direta e visceral Isolated, o peso contido em In My Blood, além de Attention, Pull the Trigger e Devasted. Ou seja, um álbum para ser ouvido do início ao fim, tendo o cuidado de que não existe nenhum móvel por perto, pois o risco de acontecer algum acidente é grande...

Por mais que modas venham e vão, o AGNOSTIC FRONT sempre foi fiel ao seu estilo,permanecendo com sua qualidade e dignidade intactas. GET LOUD prova mais uma vez que, enquanto algumas porcarias inomináveis sejam chamadas de Hardcore pela grande mídia, quem realmente entende do assunto desbanca qualquer onda passageira!

Sergiomar Menezes





quinta-feira, 16 de abril de 2020

DESPISED ICON - PURGATORY (2019)



Poucas bandas podem ostentar a classificação de pioneiras em seus estilos. E convenhamos que atingir tal status não é tarefa das mais fáceis, ainda mais se levarmos em consideração a quantidade imensurável de grupos que surgem dentro de cada cenário tentando angariar para si tal título. Mas as guitarras nervosas e agressivas, a bateria que massacra sem piedade os ouvidos e um vocal muito mais próximo do gutural, aproximando muito mais o grupo do death metal, fazem dos canadenses do DESPISED ICON um dos pioneiros do DeathCore. E seu mais recente lançamento, PURGATORY, que chega por aqui por meio da parceria Shinigami Records/Nuclear Blast, só vem a corroborar tal assertiva.

Formada em 2002, a banda é composta por Alex Erian (vocal), Steve Marois (vocal), Eric Jarrin (guitarra), Bem Landreville (guitarra), Sebastian Piche (baixo), Alex Pelletier (bateria) e Yannick St-Armand (samplers) e apresenta neste novo trabalho 12 faixas movidas a guitarras agressivas e pesadas. Mas, apesar de muito interessante, em um primeiro momento, o álbum é indicado aos fãs do estilo, já acostumados à sonoridade e  visual bem peculiares do próprio. No entanto, a banda não se prende a nenhum tipo de limite "imposto", pois percebemos passagens muito bem trabalhadas pela dupla de guitarristas, bem como pelo ótimo desenvolvimento da cozinha, que não economiza em bases bastante agressivas e brutais.

A faixa instrumental Denier Soufle abre o trabalho e destoa totalmente do que iremos ouvir em seguida, pois nada tem a ver com o peso e brutalidade que vem na sequência com a faixa título. Impressiona o trabalho do baterista Alex, uma vez que o velocidade e técnica que o músico imprime em seu kit beiram a insanidade, chegando até mesmo a ser perturbador! Da mesma forma, as guitarras deixam sua marca com muita rispidez e sujeira. Outro bom momento é Light Speed, um verdadeiro coice na boca do estômago! Um dos grandes destaques do disco é a variação entre os vocalistas, mas sem aquela velha linha de gutural e limpo, com os dois vocalistas caindo muito mais para a linha agressiva, mas de uma forma que se torna totalmente perceptível diferenciá-los durante a  execução das faixas.

Merecem destaque ainda as faixas Snakes in the Grass, Moving On, que graças aos samplers de Yannick St-Armand, traz uma bela orquestração em seu início, a quase Thrash Metal Apex Predator, que carrega consigo a prova do ótimo entrosamento e coesão obtidos pelos músicos, garantindo assim, um grande desenvolvimento do trabalho como um todo.

PURGATORY mostra uma banda de muita qualidade. Como dito anteriormente, o trabalho pode não ser assimilado em um primeiro momento, mas a cada nova audição, ganhará  admiração e respeito por parte dos bangers fãs de outros estilos. desde que esses estejam acostumados com agressividade e violência, quais sejam, as principais características do DESPISED ICON!

Sergiomar Menezes



quarta-feira, 15 de abril de 2020

MARENNA - PIECES OF TOMORROW (EP - 2020)


Acompanho o MARENNA desde 2015, afinal, neste ano, tive a oportunidade de resenhar seu primeiro trabalho, o ótimo EP My Unconditional Faith. Dois anos depois, resenhei o álbum No Regrets e pude, também, entrevistar o músico. Em 2018, com o lançamento de Live No Regrets, o grupo se consolidou e mais uma vez, escrevi algumas linhas sobre o trabalho. Agora, em 2020, me sinto muito à vontade para falar sobre PIECES OF TOMORROW, mais recente EP do grupo. E posso afirmar, sem nenhuma dúvida, que estamos diante de um grupo muito acima da média e que, se nosso país valorizasse artistas com esse nível de excelência, a música tocada por essa tão maltratada terra seria muito melhor...

Rodrigo Marenna (vocal), Alex Reck (guitarra), Bife (baixo), Luks Diesel (teclado) e Arthur Schavinski (bateria), ou seja, uma banda quase totalmente renovada, mantêm em 03 faixas, o nível de qualidade de seus trabalhos anteriores. Com uma ótima produção, a banda segue seu caminho em prol do Hard/AOR/Melodic Rock onde a classe, técnica e bom gosto ditam o ritmo das composições. 

Getting Higher abre o EP com uma pegada bem AOR, onde o teclado de Luks Diesel trava um interesse duelo com a guitarra de Alex Reck, criando uma ótima linha melódica para que Rodrigo possa desfilar sua classe e categoria, numa faixa que deixaria Steve Perry orgulhoso. As linhas de baixo e bateria deixaram o andamento da faixa no rito perfeito, destacando o entrosamento entre Bife e Arthur Schavinski. A faixa título, por sua vez, possui uma atmosfera mais intensa, pesada (dentro da proposta do grupo). Mais cadenciada, a faixa tem na guitarra de Alex seu norte, deixando nítida a técnica do guitarrista. No entanto, a banda demonstra um ótimo entrosamento, vez que todos os instrumentos estão "expostos" de forma limpa e cristalina. E como estamos falando de Hard Rock, Break My Heart Again é uma balada carregada de sentimento, com destaque para a performance de Rodrigo que já pode pleitear seu posto entre os melhores vocalistas do país.

PIECES OF TOMORROW pode ser ouvido em todas as plataformas digitais. Ficamos no aguardo de um disco completo com essa formação pois estamos diante de um grupo que tem muito a oferecer ao público que curte o estilo. E, como disse lá no começo, o MARENNA merece muito mais destaque do que aquele que vem sendo dispensado. Mas, estamos no Brasil...

Sergiomar Menezes





terça-feira, 14 de abril de 2020

MICHAEL SCHENKER FEST - REVELATION (2019)


Existem coisas que, por mais que muitos não considerem, são certeza na vida. Uma delas é que, quando falamos em Classic Rock, Hard Rock, Heavy Metal, Hard n' Heavy, iremos listar os principais guitarristas do estilo. E é mais do que obrigação citarmos o excepcional guitarrista alemão MICHAEL SCHENKER. Não existe nenhuma lista que possa ser considerada legítima sem sua presença. Afinal, estamos falando de um músico que fez (e ainda faz) história dentro da música, seja com o SCORPIONS, seja com o UFO, ou ainda com o grupo que levava seu nome. Impossível negar que classe, técnica e muito bom gosto sempre estiveram presentes em seus trabalhos, o que fica comprovado mais uma vez com o lançamento de REVELATION, sua mais recente empreitada com o MICHAEL SCHENKER FEST, que saiu no Brasil através da parceria Shinigami Records/Nuclear Blast.

Valendo-se da fórmula que deu bons resultados no disco anterior, Ressurection, o guitarrista retorna com um álbum com uma maior carga de intensidade e vibração. Contando novamente com a presença de vários vocalistas (o que retifica e reforça ainda mais o nome do grupo/projeto), Schenker garante aos ouvintes e fãs uma verdadeira aula de talento em faixas que vão do Hard Rock (ao seu estilo), passando pelo Classic Rock com uma boa e generosa dose de Heavy Metal. Gary Barden, Robin McAuley, Doogie White, Grahham Bonnet e Ronnie Romero. Esses nomes te dizem alguma coisa? É meu amigo... São esses os vocalistas que acompanham o alemão neste trabalho, emprestando a cada uma das faixas um brilho ainda maior. 

Já na faixa de abertura, Rock Steady, que conta com todos os vocalistas (à exceção de Romero), temos uma verdadeira aula de como aliar o Hard, o Heavy e o Classic Rock de forma simples e, ao mesmo tempo, bem trabalhada. Cabe ressaltar que todos os quatro são parceiros de longa data do mestre das seis cordas. Doggie White se destaca também em Under a Blood Red Sky, uma faixa rápida e pesada. Já Silent Again traz a veia mais tradicional, com os vocais bem característicos de Robin McAuley. Por sua vez, Sleeping With the Light On é um dos grandes momentos do disco! A faixa também conta com a participação dos quatro vocalistas, mostrando a versatilidade de cada um deles de uma forma bastante diversa. 

Um ponto que merece citação é a performance de Graham Bonnet, principalmente na faixa The Beast in the Shadows. Apesar da idade bastante avançado, o vocalista continua esbanjando categoria sem demonstrar nenhum tipo de perda na voz, sabendo adaptá-la de forma condizente à sua condição. Outros ótimos momentos são Craze Daze, que traz uma pegada totalmente Hard e Lead Astray, que mantém o clima festivo em alta. O Classic Rock da faixa We Are the Voice, tem um clima Rainbow/UFO e conta com os vocais de Ronnie Romero. Não por acaso, atual vocalista da banda do mestre Ritchie Blackmore. Ainda, Old Man, que conta mais uma vez com a performance de Barden, Bonnet, McAuley e White, Still in the Fight, com outro show de Bonnet, e a instrumental Ascension, onde Schenker coloca todo seu virtuosismo à serviço da música, merecem destaque.

Se em Ressurection, seu trabalho anterior, Schenker mostrou que ainda era relevante, REVELATION só veio a confirmar ainda mais isso. Fundamental para se entender o significado da palavra "guitarra" dentro do Hard/Heavy, o guitarrista alemão mostra com o MICHAEL SCHENKER FEST que suas seis cordas continuam ditando as regras do estilo.

Sergiomar Menezes