domingo, 6 de agosto de 2017

ANVIL - ANVIL IS ANVIL (2016)




               E o ANVIL está de volta! Desde 2013, quando o grupo lançou "Hope is Hell", os fãs esperavam ansiosos por um novo trabalho do, agora, trio canadense. Uma das mais verdadeiras e reais instituições do heavy metal, o grupo, no ano passado, soltou no mercado ANVIL IS ANVIL, seu 16º álbum de estúdio, mostrando que aquela banda surgida no longínquo 1978 está ainda mandando ver, seja pela sua incomparável presença de palco, seja pelas composições recheadas de bons riffs e com aquela interpretação bem pessoal e peculiar de seu líder e mentor Steve "Lips" Kudlow. Se não traz nada de inovador, o trio aposta suas fichas naquele Hard n' Heavy que se tornou a marca registrada de um grupo que teve sua história devidamente registrada no documentário "Anvil: The Story of Anvil"  ( e que de certa forma, acabou mostrando a banda pra galera dos dias de hoje). E que chega ao nosso mercado numa grande iniciativa da Shinigami Records, em uma parceria com a SPV/Steamhammer.

                    Ao adentrar sua 4ª década, o trio hoje composto por Steve "Lips" Kudlow (vocal e guitarras), Christopher "Christ" Robertson (Baixo e backing vocal) e pelo mestre Robb Reinner (bateria), o ANVIL mostra-se ainda, extremamente relevante. Com músicas fortes e as características que fizeram do grupo uma verdadeira referência quando o assunto é heavy metal, o grupo contou com a produção de Martin "Mattes" Pfeiffer, que também ficou encarregado da mixagem. Já a masterização ficou sob a responsabilidade de Jacob Hansen. E esse conjunto, foi responsável de dar ao trabalho a sonoridade característica que acompanha a banda desde seus primórdios. Se o documentário acabou por "revelar" o grupo á uma nova geração, os novos fãs não têm do que reclamar, afinal, a essência que sempre se fez presente, permanece intacta.

                          Mesmo que o grupo siga a fórmula que vem desde seu início, algumas faixas acabam se destacando num trabalho bem regular como o que temos aqui. ANVIL IS ANVIL traz doze faixas que mostram que a banda mantêm-se fiel à sua proposta. Sem inovações, modernidades ou invencionices, o hard n' heavy segue sendo a linha adotada pelo grupo. Algumas faixas acabam se destacando como por exemplo a faixa de abertura. "Daggers and Run" traz linhas que se aproximam de uma temática pirata, mas com aquel toque já bem pessoal do grupo. E mostra a habilidade e técnica de Robb Reinner, um dos melhores bateristas do heavy metal. se existir alguma dúvida, procure ouvir  a discografia do grupo. "Up, Down, Sideways" é puro hard n' heavy, com riffs tradicionais. "Gun Control", apesar da boa melodia, torna-se um pouco repetitiva e cansa o ouvinte após um certo tempo de sua execução. Já "Die For a Lie" é Anvil puro! Tudo que sempre caracterizou a banda encontra-se presente. Bons riffs, cozinha alinhada e ajustada e uma dose generosa de Hard ao lado do metal mais tradicional fazem da faixa um dos destaques do álbum. Assim como "Runaway Train", que traz consigo uma "aura" Judas Priest. "Zombie Apocalypse", segue uma linha mais cadenciada, e em determinados momentos, se torna semelhante a "Gun Control", mais pela repetição.

                          "It's Your Move" resgata a veia mais old school do grupo, com riffs de guitarra típicos e um bom trabalho da cozinha composta por Christopher e Robb. "Ambushed" vai pelo mesmo caminho, mas fazendo uso de um andamento mais cadenciado, algo que o grupo também se tornou especialista em fazer ao longo de sua extensa carreira. "Fire in the Highway" é uma das faixas mais pesada e trabalhadas do álbum, exigindo de Robb Reinner um maior nível de performance. Lips acaba se destacando também, pois além dos riffs caprichados, manda ver em solos cheios de inspiração, que caíram como uma luva na composição. Um pouco de "mais do mesmo" é o que temos em "Run Like Hell". Não que isso soe depreciativo, pelo contrário. O que temos é o Anvil sendo aquele bom e velho Anvil de sempre. "Forgive Don't Forget" possui backing vocal que dão uma atmosfera mais densa ao refrão, enquanto a guitarra de Lips despeja riffs mais ríspidos do que de costume. "Never Going To Stop" encerra o álbum num clima bem Hard, algo que dá ao trabalho um clima mais pra "cima".

                              Nessa altura do campeonato, o ANVIL não precisa provar nada pra ninguém. E se precisasse provar, ANVIL IS ANVIL, seria a prova de que dedicação e paixão pelo que se faz é  amostra de que acreditar sempre é a formula a ser usada. Que o grupo siga em frente, passando por cima de todas as dificuldades e nos apresente trabalhos tão bons quanto esse. Se o documentário serviu para apresentar a história do grupo para a nova geração, que os fãs sigam acompanhando o grupo da mesma forma. Afinal, se falarmos de hard n' heavy, estamos falando ANVIL!


   

                         Sergiomar Menezes

terça-feira, 1 de agosto de 2017

AXES CONNECTION - A GLIMPSE OF ILLUMINATION (2017)



                        "O AXES CONNECTION toca Heavy Metal! Pesado e cortante como um machado!" Assim inicia o release trazendo as informações da banda. E de uma maneira direta, ele acerta em cheio! Com um som calcado no heavy metal, mas incorporando influências que vão desde o hard, thrash e também aquele som mais voltado aos anos 70, a banda gaúcha lança seu trabalho de estréia, A GLIMPSE OF ILLUMINATION apresentando dez faixas onde transbordam a inspiração e a honestidade dos músicos envolvidos. E não é pra menos, afinal estamos falando de experiência quando o assunto é música pesada. 

                  Márcio Machado (vocal), Marcos Machado (guitarra, ex- Distraught), Magoo Wise (baixo, ex- The Wise, ex- Distraught e ex- Apocalypse) e Cristiano Hulk (bateria, ex-Vômitos e Náuseas, ex- Grosseria) - o álbum foi gravado pelo baterista Lourenço Gil se encarregou das baquetas na gravação do trabalho -, formam a banda, cuja a história remonta à década de 90, quando os irmãos Vítor e Marcos Machado compuseram algumas músicas juntos para um novo projeto. Mas uma pausa se fez necessária quando Marcos veio a ser convidado para tocar com a Distraught. Tendo permanecido no grupo por 15 anos, durante este período, o projeto continuou ativo, embora de forma informal. Algumas vezes, Márcio Machado, irmão do guitarrista e do baterista, participava fazendo os vocais. Após deixar a Distraught, Marcos foi encorajado por Vitor, em janeiro de 2013, a retomar o projeto. Infelizmente, no mês seguinte, Vitor veio a falecer. Como forma de homenagem e para honrar a memória do irmão, Marcos resolveu dar continuidade ao projeto. E dessa forma surgiu A GLIMPSE OF ILLUMINATION. Gravado e mixado por Felipe Haider e masterizado por Benhur Lima (ex-Hibria), o álbum é muito mais do que uma homenagem e sim, um disco onde o heavy metal surge de forma imponente.

                           The Meaning of Evil abre o álbum de forma direta. Com guitarras inspiradas e uma pegada que por vezes nos remete aos anos 70 ( não apenas pelas guitarras, mas também pelo timbre do vocalista Márcio), a faixa mostra que o grupo não se prende á limites ou a algum tipo de rótulo. Com um refrão de gruda na cabeça, a faixa já deixa clara a potencialidade criativa da banda.  Rearrage Yourself vem na sequência e é uma porrada nos ouvidos. Rápida e com um belo trabalho de  baixo e bateria, temos aqui um pouco da veia thrash do grupo. Wisdom is The Key tem uma pegada na linha do metal tradicional, lembrando a fase áurea dos anos 80. Momentos que resgatam também um pouco de hard aparecem. E cabe aqui uma constatação: as linhas de guitarra ficaram muito boas! Não apenas nessa faixa, mas em todo o álbum. E isso acaba sendo reflexo da experiência dos músicos. O peso vem com força em Use The Reason, onde mais uma vez a cozinha composta por Magoo e Lourenço se encarrega de sentar a mão. Prepare Your Soul faz um resgate dos anos 70, mostrando toda a versatilidade e desenvoltura do grupo. Márcio canta de forma mais direta aqui, criando uma linha que se encaixou bem na levada da composição.

                            The Gates carrega um pouco de influências mais agressivas, mas tem toques mais "modernos" em algumas passagens. Vocais mais rasgados e guitarras "na cara" guiam o andamento da faixa. Já na faixa título, o baixo comanda a pancadaria, que tem um mix entre o lado mais pesado do grupo e o lado mais voltado aos 70's. Journey To Forever dá uma amenizada, com um andamento mais "suave". Mas a guitarra lembra que estamos falando de heavy metal, então... A melodia ganha intensidade, criando um belo contraste com as partes mais pesadas. Skyline mantém esse clima, comprovando que nem só de peso se faz um bom disco de metal. O encerramento vem com The True Connection, onde a guitarra de Marcos se destaca. Com variações e vocais cheios de feeling, temos "escondida" após seu término, um cover para "She Sells Sanctuary" do The Cult que ficou bem bacana, ainda mais pela performance de Márcio, que deu uma interpretação própria ara o clássico do grupo inglês.

                          Com um nome inspirado na conexão entre os irmãos Machado (Axe, em inglês), segundo Marcos, o grupo tem por objetivo honrar a memória do irmão Vitor e também levar música de qualidade para um mundo cada vez menos preocupado com isso. E podem ter certeza. O objetivo foi atingido com louvor! Grande estréia!




                      Sergiomar Menezes