quarta-feira, 17 de março de 2021

HEVILAN - SYMPHONY OF GOOD AND EVIL (2021)

 


Antes de dissertar sobre o disco, um “pequeno”, mas justo e necessário elogio: meus mais sinceros parabéns a Reverbera Music Media pelo excelente press kit, não apenas pelo capricho, mas pela organização e zelo. Todos os arquivos vieram rigorosamente estruturados; devidamente nomeados e separados por pastas. O release, por si só merece uma resenha (elogiosa) por toda sua minúcia e detalhamento. Profissionalismo e parceria (não parasitismo) funcionam desse modo: A banda respeita sua própria arte, a assessoria dá o necessário suporte e os ditos veículos de imprensa, respeitam ambos, assim como exigem ser respeitados — de qualquer outra forma é folclore e “fac-símile”.


Eis que finalmente o paulista HEVILAN apresenta-nos o seu segundo álbum — uma odisseia musical carregada de fascinantes e poderosas passagens épicas; emocionantes e bem dispostas orquestrações e um cardápio composto por riffs musculares, solos e melodias elegantes, capazes de fazer qualquer bom amante de Heavy Metal salivar pelos tímpanos. O Seu título? “SYMPHONY OF GOOD AND EVIL” — um tutorial de bom gosto, vitalidade, primor e versatilidade. Arquitetado em estúdio por Biek Yohaitus (gravação e produção) e Lasse Lammert (mixagem e masterização), o disco vem trajado com uma magnífica ilustração do mestre Gustavo Sazes, cujos traços e cores enfatizam a dicotomia versada no conteúdo do mesmo; a eterna dualidade humana — bem versus mal.


Indo ao teor do disco (o que realmente importa), logo somos agraciados com uma avalanche de ótimos riffs na intrincada e potente “Dark Paradise”; perfeita como boas-vindas e com uma leitura que vai do Prog ao Thrash Metal. Ouso dizer que a mesma resgata ao paladar da memória o saudoso e disforme, Nevermore; destaque ao baterista debutante Rafael Dyszy, por conseguir imprimir peso, dinâmica e técnica sem se abstrair do bom senso e ao guitarrista Johnny Moraes por conseguir transmitir inteligência e feeling nas seis cordas sem tornar, não só a faixa em questão, mas no trabalho em sua totalidade, num tutorial maçante baseado em virtuoses. “Rebellion Of The Saints” e “Great Battle” mantém as características já citadas, muito embora se desenvolvam com maior apreço melódico, permitindo assim uma variação de ambientes que vão da velocidade a cadência com a mesma desenvoltura — Alex Pasquale abrilhanta ambas com seus dotes vocais acentuados e versáteis, tanto nas transições estruturais das mesmas quanto nos refrães. (A banda caprichou nestes).


A balada “Always In My Dreams” (bela e elegante) acrescenta novos e suaves contrates ao disco: serenidade com relevos planejados, solo memorável e vocais emotivos. Perfeita para agradar casais durante os shows. “Devil Within” se reserva a apresentar duas partes: “Evil Approaches” (que cria o clima) e “Hammer Of The Gods” (potente e classuda, o melhor refrão do disco na humilde opinião deste que vos escreve). “Waiting For The Right Time” é mais um momento de calmaria, não acrescenta muito, mas também não destoa e como já dito, cairá bem no setlist das apresentações ao vivo (que não são feitas apenas por punhos erguidos e brados heroicos, fãs do Whitesnake que o digam). A tetralogia “Symphony Of Good And Evil” encerra o disco gloriosamente; permeada por ambições sinfônicas, entonações épicas, corais vigorosos e um instrumental que, mesmo incrustado de nuances, não se furta ao Heavy Metal. Destaque para às duas primeiras partes: “Revelation” e “Dark Ages” (que muito memoram Christofer Johnsson e seu Therion) e também para o terceiro ato aqui, intitulado “Song of Rebellion” (simplesmente magnífico!).


“SYMPHONY OF GOOD AND EVIL” marca a ascensão do HEVILAN — uma obra completa; seja por sua temática, por seus arranjos ou pelo ecletismo que se alonga em seu conteúdo. Suas ambições não ultrapassam os limites entre criatividade e ostentação de firulas (o que é bom). O Hevilan soube usar todos os elementos e extravagâncias que geralmente naufragam álbuns do gênero a seu favor — num misto de sabedoria musical e ousadia calculada com precisão.

Fábio Miloch




quarta-feira, 3 de março de 2021

ENTREVISTA - KORPIKLAANI (Portuguese/English)

 


Na ativa desde 1993, a Korpiklaani já estabeleceu sua marca, como uma referência mundial quando o assunto é Folk Metal. A banda conta com grande número de fãs no Brasil e guarda algumas conexões com a nossa terra. A que mais se destaca é que a banda surgiu em nome Shaman, e mais tarde (de acordo com Jonne Järvelä), mudou para Korpiklaani para evitar confusão com a banda brasileira. As demais? Dá uma boa ouvida nos discos, vai ser audível o quanto o som da banda conversa com o Brasil.  O folclore e a forte conexão com elementos naturalmente vivos (nem sempre) estão muito presentes nas músicas da banda. E como a vida e movimento ronda os temas das canções é inevitável que em algum momento as letras caminhem entre florestas e festas a beira de uma fogueira, com muita bebida e danças. Mas, nem sempre só elementos vivos rondam as músicas, pois a morte é uma peça-chave para a vida, senão o mais enigmática e em alguns momentos precisa sim ser abordado. É o caso do disco mais recente, lançado no último dia 05 de fevereiro de 2021. Jylhä, vai sim abordar muita vida e folclore, mas também vai cantarolar sobre morte, tristezas, alegrias e angústias. E para nos falar sobre todas essas nuances do disco, Sami Perttula (acordeom) conversou com o Rebel Rocks e abriu o jogo. Além do Sami, a banda Finlandesa é formada por Jonne Järvelä (Vocal, violão, bandolim, Hurdy gurdy – ou viela de roda, Violafone e percussão), Cane (Guitarra e Backing Vocal), Jarkko Aaltonen (Baixo), Tuomas Rounakari (Violino) e Samuli Mikkonen (Bateria). Vem com a Rebel Rocks nessa conversa massa. Esperamos que gostem, tanto quanto nós curtimos!

Por Uillian Vargas

Para esquentarmos esse bate papo, conte um pouco sobre história da Korpiklaani. Desde os o início dos anos 2000 até o Jylhä (2021), qual foi a mudança mais significativa na música até então?

Sami - Eu diria que tudo se tornou mais global e que a digitalização na indústria da música se tornou mainstream. Por exemplo, teríamos adorado tocar músicas do Jylhä antes do lançamento do álbum, mas não poderíamos fazer isso porque os novos sons estariam imediatamente no youtube. Por causa da digitalização, nossas principais receitas vêm principalmente de shows - é bastante difícil ganhar a vida apenas com a venda de discos. A diferença é ainda maior quando se compara a indústria musical dos anos 80 com o que ela é hoje.  A indústria da música virou de cabeça para baixo de modo que os artistas servem e beneficiam principalmente gravadoras e corporações supranacionais, ao invés disso poderia ter sido muito diferente. Talvez se trate também de como Napster afetou o negócio da música nos anos 90. O resultado é que as pessoas não estão prontas para usar dinheiro para ouvir música e não entendem que terminar um álbum em estúdio não é grátis.  Também é interessante comparar o comportamento do consumidor na indústria da música com o que é em outras indústrias de entretenimento - por exemplo, a indústria de jogos:  É completamente correto estabelecer um preço de 60 euros para jogos de PS5 novinhos em folha e as pessoas estão dispostas a queimar essa grana para ter um jogo. Ao mesmo tempo, um álbum novinho em folha em formato de CD deve custar no máximo 20 euros. Não sei qual é a razão disso, mas isso me permite pensar que talvez a indústria musical nunca se tenha adaptado aos desafios de como o mundo mudou nos últimos 20 anos. Talvez venha do fato de que a principal ambição dos músicos de criar música e tocar em uma banda não seja geralmente o dinheiro. Não sei e não estou culpando diretamente nenhuma direção em particular, mas é uma coisa que todos que trabalham neste ramo devem estar cientes. De qualquer forma, é interessante ver como será esta indústria daqui 20 anos.

Os antigos processos de gravação influenciavam muito na forma com que a banda iria compor as músicas? Esse processo de composição mudou com o tempo?

Sami - Desde que estou na banda, o processo tem sido bem o mesmo: principalmente é Jonne - nosso Frontman - que grava demos em seu estúdio em casa e depois compartilha novas músicas com os outros. Então gravamos nossas próprias partes nessa demo e arranjamos a música se houver novas ideias para isso. Por alguma razão não somos uma banda que poderia simplesmente se reunir, tocar algumas ideias juntas e após esse tipo de sessão uma nova peça poderia estar pronta. É claro, é mais fácil para todos fazer demos em casa com softwares modernos de gravação.

A alma celta sempre esteve presente nas músicas da banda. Esse amor pelo folclore e pela natureza está relacionado com a terra natal da banda?

Sami - A música popular, o folclore e a natureza, ou o que quer que seja, é algo que estamos em interação naturalmente quando nascemos em um certo tipo de cultura. Acredito que a própria cultura de cada um é de alguma forma sempre querida.  Está em nós, não importa o que seja, por isso é meio difícil responder a essa pergunta. Digamos que é a maneira da banda estar em interação com a realidade de uma forma musical.

Quanto a Finlândia e suas lendas influenciam na criação dos trabalhos?

Sami - As influências líricas são enormes. Recebemos nossa letra de nosso poeta Tuomas Keskimäki, que escreve letras em finlandês antigo. Por outro lado, muitos de nossos temas em nossas letras são bastante universais e atemporais no final. Ainda assim, eu vejo o folclore como imaginário, cheio e rico em inspiração. 

 


Agora falando em trabalhos, temos o Jylhä (2021) sendo revelado ao mundo. Que asperezas o disco nos trará nos contos?

Sami - Eu não o chamaria de álbum conceitual, mas um tema forte do álbum são os mistérios do assassinato e de morte em nosso folclore. Por exemplo, "Niemi" conta uma história sobre os assassinatos do lago Bodom, que aconteceram na Finlândia nos anos 60.

E para os trabalhos lançados até o momento no Youtube, se percebe uma variedade rítmica muito interessante. Junto com esse apanhado de histórias, Jylhä também nos trará um apanhado de ritmos diferentes?

Sami - Estou feliz com a diversidade musical que está no álbum. Cada canção é como sua própria personalidade, mas ainda assim cada uma delas pertence à mesma família. Acho que a banda deu um grande passo musical e as turnês que fizemos para promover kulkija (2018) nos muito, como banda. Também por causa desta pandemia, tivemos tempo suficiente para trabalhar as músicas antes de entrar no estúdio. Nosso novo baterista - Samuli Mikkonen - também fez um grande esforço para Jylhä, trazendo muita energia fresca para nós.

E como a banda se preparou para lançar um disco em meio a um cenário pandêmico?

Sami - Principalmente a pandemia afetou nossas viagens. Temos muito tempo para fazer trabalho de promoção e, até agora, lançamos 5 vídeos musicais do álbum. A coisa mais desanimadora é que mesmo que o álbum seja lançado, não teremos a chance de tocá-lo ao vivo, nesse momento. Estamos ensaiando para que estejamos prontos para tocar todo o novo álbum quando for possível - por isso tentamos permanecer ativos não importa o que aconteça.

O isolamento que passamos em 2020 foi importante durante a criação e produção do Jylhä?

Sami - Sim, foi - finalmente tivemos muito tempo para terminar o álbum! Ainda assim, a inspiração e os temas do álbum não são sobre pandemia.

E caso esse cenário de isolamento dure além da expectativa da vacinação, há uma estratégia pensada para a divulgação do disco?

Sami - Apenas a liberação de nossa LP foi adiada por causa desta situação. Espero que de qualquer forma isso não esteja afetando a divulgação do álbum. As turnês estão atrasadas, mas não depende de nós.

Percebi que a capa do disco é do Jan "Örkki" Yrlund novamente. Ele já fez capas para muitos álbuns da banda, já tem “a mão”. Quanto ele contribuiu com a criação da capa de Jylhä?

Sami - Acho que Jonne geralmente tem uma visão sobre a perspectiva do álbum e ele entra em contato com Jan sobre obras de arte. A paleta de cores é bem projetada para se adequar ao conteúdo musical do álbum: o sangrento pôr-do-sol e as cores vermelhas apaixonadas se encaixam bem em nosso poderoso e rápido álbum. Há também pequenos detalhes na capa: o rosto do velho na capa é ilustrado para se parecer com o rosto de Yrjänä Ermala - o ator principal de nossos videoclipes.

As músicas produzidas até o momento dessa entrevista, tem em comum a morte em algum momento. Jylhä certamente vai nos contar muito sobre mortes, mas há também vida nas canções. Como acontece o processo criativo na hora de compor sobre esses momentos da história e do folclore?

Sami - Não costumamos planejar com antecedência como o novo álbum deve soar, mas acho que todos intuitivamente quiseram fazer um álbum rápido e mais impulsivo depois de acalmar o Kulkija (2018). Nosso letrista naturalmente reagiu a isso e esse tipo de colaboração alimentou facilmente a inspiração de todos. Ainda assim, não vejo isso como um álbum sombrio e triste. É mais provável que seja poderoso e cheio de vida. 

Agora sobre as plataformas de streaming, como a banda se posiciona sobre esse tema (Spotify, Tidal, Deezer, etc.)?

Sami - Há algum tempo atrás tivemos mais de 600 000 ouvintes mensais no Spotify e essa é uma maneira de avaliar o sucesso da banda. Coisas boas nesses tipos de plataformas de streaming é que é uma maneira fácil para os artistas promoverem a música e torná-la fácil para todos.

Vocês percebem a mudança sonora acontecendo com o passar do tempo? Estão atentos a esse detalhe?

Sami - Nós pensamos que estamos sim. Atualmente, muitos álbuns de metal são altamente editados e quantificados, de modo que estes soam com mais probabilidade de que haja máquinas tocando em vez de humanos. Queríamos tentar fazer um álbum de som mais orgânico depois do Noita (2015) e, por isso, gravamos kulkija (2018). Acho que esse estilo nos direcionou para que Jylhä fosse gravado da mesma maneira.  É também sobre quanto dinheiro a banda está pronta para gastar em estúdio. Além disso, hoje em dia a quantidade de diferentes bandas de metal é enorme. É realmente difícil encontrar algo realmente único.

Essa diversidade rítmica do Jylhä pode ser interpretada como um chamado para que fãs de outras vertentes possam prestar atenção no trabalho da banda?

Sami - Como eu disse, nós não achamos que "o próximo álbum deveria soar assim" etc. Tentamos fazer boa música e manter o jogo interessante para nós. Acho que a ideia de fazer música concebida para alguém ou para um determinado grupo não vale a pena, porque de qualquer forma sempre há pessoas que não gostam dela e depois há um grupo que gosta dela: Assim como seria se você apenas fizesse só a música que te inspira, então vamos nos ater a isso.

Bom, encaminhando para o final da conversa, gostaríamos de agradecer a oportunidade e desejar sucesso. Que Jylhä colha muitos frutos. Deixamos espaço para seu recado aos nossos leitores! Muito obrigado!

Sami - Obrigado, e espero vê-los em turnê!



INTERVIEW - KORPIKLAANI

 

Active since 1993, Korpiklaani has already established itself as a worldwide reference when it comes to Folk Metal. The band have a large number of fans in Brazil and keeps some connections with our land. The one that stands out the most is that the band started out under the name Shaman, and later (according to Jonne Järvelä), changed it to Korpiklaani to avoid confusion with the Brazilian band. The rest? Take a good listen to the albums, you will be able to hear how much the band's sound speaks to Brazil.  The folklore and the strong connection with naturally living elements (not always) are very present in the band's songs. And if the life and the movement are presents in the themes of the songs it is inevitable that at some point the lyrics will walk through forests and parties by side the of bonfire, with lots of drinking and dancing. But not always only living elements surround the songs, this because death is a quite a key to life, if not the most enigmatic, and in some moments, it has to show up. This is the case with their latest album, released last February 5th, 2021. Jylhä will indeed talk too much of life and folklore, but it will also hum about death, sorrows, joys, and anguish. And to tell us about all these nuances of the album, Sami Perttula (accordion) talked to Rebel Rocks and just open fire. Besides Sami, the Finnish band is formed by Jonne Järvelä (Vocals, Guitar, Mandolin, Hurdy gurdy, Violaphone and Percussion), Cane (Guitar and Backing Vocal), Jarkko Aaltonen (Bass), Tuomas Rounakari (Violin) and Samuli Mikkonen (Drums). Come along with Rebel Rocks on this chat. We hope you enjoy it as much as we did!

By Uillian Vargas

To warm up, tell us a little about Korpiklaani's history. From the early 2000s until Jylhä (2021), what was the most significant change in music industry until then?

Sami - would say that everything has become more global and digitalization in the music industry has become mainstream. For example, we would have loved to play songs from Jylhä-album before album releasing but we couldn’t do that because new songs would have been immediately on youtube. Because of digitalization our main incomes come mainly from gigs - It’s quite difficult to make living just by selling albums. Difference is even bigger when you compare the 80's music industry to what it is nowadays.  Music industry has turned upside down so that artists mainly serve and benefit record labels and supranational corporations instead of that it may have been the other way around back in days. Maybe it’s also about how Napster affected the music business in the 90's. The result is that people are not ready to use money to listen to music and don’t understand that to finish a studio level album is not free.  It’s also interesting to compare consumer behavior in the music industry to what it is in other entertainment industries - for example gaming industry:  It’s completely ok to set a price to 60€ for brand new ps5 games and people are ready to use that amount of money to get the game. At the same time, a brand-new album in CD-format should cost maximum 20€. I don’t know what’s the reason for that, but it let me think that maybe the music industry never adapted to challenges how the world has changed within the last 20 years. Maybe it comes from the fact that the main ambition for musicians to create music and play in a band is not usually money. I don’t know and I am not directly blaming any particular direction but it’s a thing that everyone who works in this business should be aware. Anyway, it’s interesting to see how this industry will be after 20 years. 

Did the old recording processes greatly influence how the band would compose the songs? Did this composition process change with time?

Sami - As long as I have been in the band the process has been quite the same: Mainly it’s Jonne -our front man- who records demos in his home studio and then shares new songs with the others. Then we record our own parts to that demo and arrange the song if there are new ideas for that. For some reason we are not a band who could just gather together, play some ideas together and after that kind of session a new piece could be ready. Of course, it’s easier for everyone to make demos in home with modern recording software’s.

The Nordic soul has always been present in the band's songs. Is this love for folklore and nature related to the band's homeland?

Sami - Folk music, folklore, and nature or whatever is something to what we are in interaction naturally when we are born in a certain kind of culture. I believe that everyone's own culture is somehow always dear.  It’s in us no matter what so it’s kind of difficult to answer that question. Let’s say it’s this band’s way to be in interaction with reality in a musical way.

How much do Finland and its legends influence the creation of the works? 

Lyrically Finnish influences are huge. We get our lyrics from our poet Tuomas Keskimäki who writes lyrics in old Finnish language. On the other hand, many of our subjects in our lyrics are quite universal and timeless in the end. Still, I see folklore as imaginary, full and rich in inspiration. 

Now speaking of works, we have Jylhä (2021) being revealed to the world. What roughness will the disc bring us in the tales?

Sami - I wouldn’t call it concept album but one strong theme in the album is murder mysteries and death in our folklore. For example, “Niemi” tells a story about lake bodom murders that happened in Finland in the 60's.

And for the three video clips released so far on YouTube, one thing we can notice it’s a very interesting rhythmic variety. Along with this collection of stories, Jylhä will also bring us a collection of different rhythms?

Sami - I am happy with the musical diversity that is in the album. Every song's like its own personality but still every one of them belong to the same family. I think the band has taken a huge step forward musically and tours we did to promote our kulkija (2018) album developed us a lot. Also because of this pandemic we got enough time to work with music before entering the studio. Our new drum player -Samuli Mikkonen- also made a huge effort for Jylhä by bringing a lot of fresh energy to us.

And how did the band prepare to release an album in this pandemic scenario?

Sami - Mainly pandemic has affected our tours. We got plenty of time to do promotion work and so far, we have released 5 music videos from the album. It's the most unsatisfying thing that even though the album is released we don’t have a chance to play it live. We have had rehearsals so that we are ready to play the whole new album through when it’s possible - so we have tried to stay active no matter what.

The isolation we went through in 2020 was important during the creation and production of Jylhä?

Sami - Yes, it was -we finally had plenty of time to finish the album! Still the inspiration and subjects in the album are not about pandemic.

And if this scenario of isolation goes beyond the expectation of vaccination, is there a strategy thought for the spread of the new disc?

Sami - Only the release of our LP got delayed because of this situation. I hope it’s not anyhow affecting the spread of the album. Tours are delayed but it’s not up to us. 

I noticed that the art cover of the record is by Jan "Örkki" Yrlund again. He has made a lot of art covers for many of the band's albums, he already has "the hand". How much did he contribute with the creation of Jylhä's cover?

Sami - I think Jonne usually has a vision about the album's outlook and he contacts Jan about artwork. The color palette is well designed to fit the album's musical content: bloody sunset and passionate red colors fit well to our powerful and fast album. There is also little detail on cover: the face of the old man on cover is illustrated to look like the face of Yrjänä Ermala - the main actor of our music videos.

The three songs produced at the point of this interview have death in common at some point. Jylhä will certainly tell us a lot about deaths, but there is also life in the songs. How does the creative process happen when composing about these moments of history and folklore?

Sami - We don’t usually plan ahead how the new album should sound like, but I think everyone intuitively wanted to make a fast and more impulsive album after calming Kulkija-album. Our lyricist naturally reacted to that and that kind of collaboration easily fed everyone’s inspiration. Still, I don’t see it as a gloomy and sad album. It’s more likely powerful and full of life. 

Now about the streaming platforms, how does the band position itself on this theme (Spotify, Tidal, Deezer, etc.)?

Sami - A while ago we got over 600 000 monthly listeners in Spotify and that’s one way to rate the band's success. Good things in those kinds of streaming platforms are that it's an easy way for artists to promote music and make it easy to get for everyone.

Can you see the sound change, inside the metal, happening as time goes by? Are you aware of this detail?

Sami - We think we are. Nowadays many metal albums are highly edited and quantized so that those are sounding more likely that there are machines playing instead of real humans. We wanted to try to do a more organic sounding album after Noita (2015) and so we recorded kulkija (2018). I think that style fits us so Jylhä is recorded in the same way.  It’s also about how much money the band is ready to spend for the studio. Also, nowadays the amount of different metal bands is huge. It’s really difficult to find something really unique.

Can this rhythmic diversity of Jylhä be interpreted as a call for fans from other angles to pay attention to the band's work?

Sami - Like I told you we don’t really think that “next album should sound like that” etc. We try to do good music and keep the game interesting to us. I think the idea to do music designed for someone or to a certain group is not worth it because there are anyway always people who don’t like it and then there is a group who like it: Just like it would be if you would just do the music that also inspires you so let’s stick to that.

Well, heading to the end of the conversation, we would like to thank the opportunity and wish you success. May Jylhä can take many fruits. We leave room for your message to our readers! Thanks very much!

Sami - Thanks and hope to see you on tour!