terça-feira, 23 de abril de 2024

THE VINTAGE CARAVAN - THE MONUMENTS TOUR (2023)

 



THE VINTAGE CARAVAN
THE MONUMENTS TOUR
Shinigami Records/ Napalm Records - Nacional

O Vintage Caravan é um power-trio que vem da Islândia e pratica/revive os melhores dias do Hard Rock setentista. A sua discografia conta com quatro álbuns de estúdio e esse novo lançamento é um trabalho ao vivo gravado durante a turnê do seu último lançamento, “Monuments” de 2021.

Caso você não esteja habituado ou desconhece o som do Vintage Caravan, podemos descrevê-los como uma fusão das bandas mais agressivas e pesadas do Hard Rock setentista, com uma pegada “bluesy/funky” em alguns momentos (se alguém lembrou do Deep Purple MK3, sim, lembrou correto), algumas passagens mais psicodélicas e até progressivas.

Se você é familiarizado, é apreciador ou fã dessa linha de som, não tem a mínima possibilidade de você não curtir músicas como “Whisppers”, “Cristalyzed” e “Forgotten”. Momentos mais lentos e lisérgicos como em “Innerverse”, se por um lado tiram o pé do acelerador, diminuindo o frenético ritmo inicial, por outro lado, mostram  o quão talentosos e melódicos podem soar os islandeses.

Outro ponto alto é a produção, onde deixa todos os instrumentos com som cristalino, dando a impressão ao ouvinte de que você está no show do The Vintage Caravan. Tudo é extremamente perfeito e você pode ouvir cada nota perfeitamente, de qualquer um dos instrumentos.

Enfim, um ótimo trabalho que nos brinda o The Vintage Caravan, seu primeiro álbum ao vivo. Quem teve oportunidade de assisti-los na tour brasileira do ano passado sabe o quão valioso é este trio. O lançamento nacional é por parte da Shinigami Records.

José Henrique Godoy









TYGERS OF PAN TANG - LIVE BLOOD (2024)

 


TYGERS OF PAN TANG
LIVE BLOOD
Mighty Music - Importado


O baluarte da New Wave Of British Heavy Metal, Tygers of Pan Tang, está de volta, agora com o lançamento de “Live Blood”, o seu novo álbum ao vivo, gravado durante a turnê de 2023, que deu suporte ao ótimo “Bloodlines” lançado no mesmo ano. Este novo “Live” do Tygers busca dar uma geral em praticamente toda a discografia da banda.

Gravado no The Patriot, tradicional casa de shows na cidade de Newport, País de Gales, durante o verão europeu de 2023, a gravação e produção deste álbum soa cristalina, de tal forma que, se você não for um conhecedor da discografia do Tygers, fica muito difícil distinguir quais são as músicas antigas e as mais recentes. Isso se dá também pela vibração e entrosamento dos músicos do Tygers, liderados pelo guitarrista Rob Weir, único membro original da banda. Além de Rob, a formação atual conta com Jackopo Meile como vocalista, Francesco Marras na guitarra, Huw Howlding no baixo, Craig Ellis na bateria.

Esta formação atual faz justiça a todos os clássicos: “Euthanasia”, “Slaves To Freedom”, “Suzie Smiled”, “Gangland”, “Hellbound”, “Do It Good” e “Paris by Air”. Todos eles lado a lado com composições mais recentes como “Destiny”, “Blood Red Skies” e “Only The Brave”, que fizeram os álbuns mais recentes do Tygers a ser, inclusive, comparados com clássicos como “Spellbound” e “Wild Cat”.

A química da formação junto ao esmerado trabalho de produção, sem falar da bela capa, fazem este lançamento ao vivo ser um item obrigatório para os fãs do Tygers, ou para quem ainda não conhece o trabalho dos britânicos, sendo um excelente ponto de partida para ter um contato inicial com o prolífico trabalho da banda.

José Henrique Godoy










JEFF SCOTT SOTO / JELUSICK / SINISTRA - 19/04/2024 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS


JEFF SCOTT SOTO / JELUSICK / SINISTRA
19/04/2024
BAR OPINIÃO
PORTO ALEGRE/RS
Produção: Ablaze Produtora

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Carolina Capelleti Peres


O evento com JEFF SCOTT SOTO , JELUSICK e SINISTRA no Bar Opinião na sexta-feira passada pode ser definido como uma excelente noite de Hard/Heavy Metal para uma reduzida platéia. Os motivos para tal fato realmente podem ser muitos: o horário de inicio às 18 horas em um dia que muitas pessoas ainda estão saindo de seus trabalhos, o período do mês onde as pessoas não tem aquela grana sobrando (apesar do preço justo dos ingressos), ou outros menos votados. O que realmente podemos definir é que é lamentável um show desses para um público de 200 pessoas.

Às 18h15, as luzes se apagam e podemos ouvir a introdução e a seguir o Sinistra adentra o palco. Para quem ainda não sabe, o Sinistra é um super grupo formado pelo vocalista Nando Fernandes (Cavalo à Vapor/Hangar e outros), o guitar hero brasileiro Edu Ardanuy (Dr. Sin, Anjos da Noite), o baixista Luis Mariutti (Angra, Shaman, Henceforth) e o baterista Rafael Rosa(ex-Andre Matos). A primeira música, a pesada “Mente Vazia” já ganhou os poucos mas entusiasmados presentes. Quem estava lá conhecia e realmente era fã do Sinistra e a retribuição foi em alto nível por conta da banda.

O som estava alto, pesado e incrivelmente limpo, podendo ser completamente audível todos os instrumentos. Edu Ardanuy não precisa de apresentações, riffs e solos perfeitos, Luis Mariutti mais contido e sem se afastar do fundo do palco durante toda a apresentação garante a gestão dos graves, e junto ao baterista Rafael Rosa nos apresentam um peso descomunal. Nando Fernandes, na minha opinião de fã, o melhor vocalista de Heavy Metal do Brasil e vou além: Nâo deve nada aos vocalistas internacionais, sua postura no palco e timbres vocais nos lembram muito o mestre imortal Ronnie James Dio. Músicas como “Viver”, “Santa Inquisição” (esta é puro Black Sabbath fase Dio) ficam ainda melhores ao vivo. Nando Fernandes manda um recado antes da fantástica “Umbral”: “meninos e meninas, sejam bonzinhos, senão vocês irão para o Umbral!!!!”... Puro Heavy Metal!!

Mais próximo ao final, em uma pausa entre músicas, um “desavisado” grita “toca a saideira!!!”... para a reprovação de todos os presentes. Ao ouvir isso, Nando Fernandes pergunta ao “super bonitão querendo aparecer”: “Você cara? É sério?/Você é músico?”. Perante a negativa do “c*gão, Nando com muita classe pergunta se o restante gostaria que o Sinistra continuasse, e a resposta foi obviamente positiva. Fico pensando o que faz um sujeito sair de casa para ter uma atitude dessas. Falta de educação, respeito e noção. Em tempo: diante da “ enquadrada” do Nando, ele negou ser músico, mas é baixista de uma banda no underground Porto Alegrense. Omitirei nomes para não dar publicidade para o individuo. O Sinistra finaliza com “ O Amanhã”, e aos gritos de “mais uma” Nando agradece e explica que os horários tem que ser respeitados. O Sinistra sai do palco após uma apresentação de 45 minutos, sobre aplausos e os músicos ovacionados, para desespero do “loser frustrado” que pediu pela saideira.



Após um intervalo de 20 minutos, sobe ao palco a banda a banda liderada pela mais grata revelação vocal do Rock/Metal dos últimos anos, Dino Jelusick, a banda que carrega seu sobre nome, Jelusick. Acompanhado por Ivan Keller (guitarra), Luka Brodaric (baixo) e Mario Lepoglavec (bateria) o quarteto croata toma de assalto o palco do Opinião e despeja a excelente “Reign Of Vultures”, faixa de abertura do ótimo álbum de estréia ”Follow The Blind” lançado em 2023. Com um público ligeiramente melhor do que no Sinistra, porém definitivo, os croatas desfilaram perfeitamente a classe das suas composições. Interessante verificar que, se no álbum, a sonoridade hard/heavy da banda é envolta numa timbragem mais moderna e porque não dizer até meio prog, ao vivo elas soam muito mais Hard Rock.

Muito dessa pegada mais Rock, se deve a performance dos músicos: O baixista Luka é simplesmente insano, não pára um minuto e agita o tempo todo. A sua performance é um misto de Rob Trujillo e Steve Harris, sem errar nenhuma nota. O guitarrista Keller é o perfeito guitar hero, tocando tudo o que pode e mais um pouco, o batera Mario é um monstro no seu instrumento. O vocalista Dino é realmente tudo que se tem falado dele. Um ótimo frontman, com um vocal excelente, e vez que outra ainda ataca nos teclados, com a mesma maestria.

Ao longo de 50 minutos, um uma performance contagiante, o Jelusick tocou as músicas contidas no seu excelente álbum de estréia, como “Acid Rain”, “Healer” e “All I Want”, finalizando com “Fly High Again”. Esperamos por uma nova visita do Jelusick num futuro próximo, pois nos deixaram uma excelente impressão e com vontade de assisti-los novamente.



Passava um pouco das 21 horas, quando entra no palco a atração principal da noite, o “quase brasileiro” Jeff Scott Soto. Brincadeiras a parte, Jeff já é figurinha carimbada do público brasileiro, devido as suas inúmeras passagens e turnês desde a sua primeira aparição por aqui, lá no distante ano de 2002 (já são mais de 50 shows em solo brasileiro, seja como artista solo, seja como integrante de banda). A banda de Jeff é formada por renomados e conhecidos músicos brasileiros, que o acompanham há mais de 15 anos, à saber: Leo Mancini (guitarra), BJ (vocais de apoio, teclado e guitarras), Henrique Canale (baixo) e Edu Cominatto (bateria).

A abertura é com a incendiária “Now Your Ships Are Burned”, música do primeiro disco do sueco Yngwie J. Malmsteen e que apresentou Jeff ao mundo. Na sequência “Livin The Life”, da banda fictícia Steel Dragon, trilha sonoro do filme Rock Star, gravada com Jeff no vocal, e logo a seguir “ Warrior” de Axel Rudi Pell. Na primeira fala de Jeff com a platéia, ele saúda Porto Alegre, diz que o Brasil é a sua segunda casa e emenda “Eyes Of Love” do álbum solo “Prism” de 2002.

Jeff estava ligeiramente menos performático do que o de costume e a causa foi uma lesão no seu joelho ocorrida aqui no Brasil alguns dias antes, porém nada afetou a simpatia, carisma e uma visível sensação de se divertir o tempo todo enquanto está no palco. Fã incondicional da nossa tradicional “Caipiroska”, ele comenta que o médico dele “prescreveu” que tomasse apenas duas no palco, por conta dos remédios que estava tomando para a sua lesão. Após “Stone Cold Crazy”, cover do Queen, ele seguiu as orientações médicas e entornou um copo ao coro dos presentes “ vira, vira, vira”...e virou mesmo.

Para os fãs de Malmsteen, mais duas pérolas do álbum “Marching Out “ foram tocadas em sequência:“I´m a Viking“ e “I`ll See The Light Tonight”. Em seguida, o anti-climax do show, ao meu ver: um pequeno Medley de músicas “piano/vocal” dos primeiros álbuns do Queen, como “The March Of Black Queen” e “ Nevermore”, onde Jeff Scott Soto, ficou sozinho no palco e cantou por cima das bases pré-gravadas originais do Queen. Não me entendam mal, sou apreciador da música do Queen, mas creio que este “intervalo” quebrou o clima do show que vinha num crescendo. A seguir mais Queen, porém com um dos seus maiores clássicos, “Love Of My Life”, onde Jeff convida Dino Jelusick para um dueto, e o mesmo o fez lá do segundo andar do Opinião.



Na sequência, um outro medley, só que dessa vez muito mais vibrante: Várias músicas da banda Talisman, onde Soto tem uma vasta discografia. “Coming Home”, “Misterious”, “Colour My Xtc”, entre tantas outras elevaram o clima às alturas, tendo em vista que alguns dos trabalhos mais celebrados de Soto estão na discografia do Talisman. Cover de “Frozen” (Madonna) e “Crazy” (Seal) gravados pelo Talisman também estiveram presentes neste Medley. “Stand Up And Shout”, clássico da fictícia “Steel Dragon”, também do filme Rock Star faz a platéia vibrar e a mais que clássica “I'll Be Waiting” vai ser a próxima, porém desta vez com convidados: “Dino Jelusick e Nando Fernandes voltam ao palco e junto a BJ e Soto dividem os vocais, com direito a Nando Fernandes, a pedido de Jeff cantar o refrão em português. Dino não quis cantar em ucraniano, em meio a risadas de todos.

Para finalizar, com todos ainda no palco, Jeff traz um cover/Medley de Disco Music, estilo que também Jeff é apreciador. “Play That Funky Music/Jungle Music/Shake Your Booty/Kung Fu Fighting/Another One Bites The Dust (e tome mais Queen)/Staying ALive”, dividiram o público, pois a galera menos radical (eu incluso) curtiu muito, enquanto os mais “trues”, de braços cruzados e torcendo o nariz, provavelmente preferiam que o medley de músicas de Yngwie Malmsteen. Show encerrado, a tradicional foto com o público e todos se retiram do palco.





O saldo final deste mini-festival é que o pequeno público presente foi privilegiado com três excelentes shows com três ótimas bandas, e os artistas mereciam muito mais público sem sombra de dúvidas. Enfim, felizes os que foram. Agradecimentos especiais para Ablaze Produtora pelo credenciamento e que Sinistra, Jelusick e JSS possam retornar mais vezes a Porto Alegre, para públicos maiores.

VLTIMAS - EPIC (2024)

 


VLTIMAS
EPIC 
Urubuz Records - Nacional

Jogando a palavra "Épico" no Google, achamos o seguinte significado: “Uma palavra que classifica uma ação heroica, que pode ser baseada em fatos apurados ou inventados — do latim "epicus". Épico é usado também para adjetivar um feito memorável, extraordinário, uma proeza, algo muito forte e intenso”. Agora indo atrás dos sinônimos da palavra temos: “Esplêndido, admirável, notável, fabuloso, heroico, imponente, magnífico, nobre, pujante, soberbo e sublime”.

Tudo o que foi descrito acima pode-se colocar na classificação de “Epic”, o segundo ato da banda VLTIMAS. O trabalho eleva o nível da banda, foge da mesmice que às vezes assola o lado extremo do metal. O grupo foi formado em 2015 por três gigantes, David Vincent (ex-Morbid Angel), Flo Mounier (Cryptosy) e Rune "Blasphemer" Eriksen (ex-Mayhen) e conseguiu um certo “burburinho” com “Something Wicked Marches In” (2019), mas, uma pandemia adiou os planos do power-trio. O novo álbum chega com algumas mudanças (musical e de formação), o grupo adicionou Ype TVS (Baixo), passando agora ser agora um quarteto. Na parte estrutural das músicas, a surpresa fica para uma banda mais densa, mais pesada e “menos agressiva”.

É como se tivéssemos a explosão do Black Metal, o peso do Death Metal e fossem adicionadas doses excessivas de Doom Metal, criando pilares indestrutíveis para um álbum rico em detalhes, que vão sendo descobertos a cada nova audição. A abertura “Volens Discordant”, uma breve intro que causa tensão e se encarrega de abrir as portas para entrada da faixa-título. “Epic” (a música) tem consigo um instrumental arrastado, partes mais fortes e jogadas e uma interpretação ímpar de David Vincent, que “deixa” claro que os urros dos tempos passados não terão vez aqui — Os vocais serão mais “limpos” e “decifráveis”, trazendo grandiosidade nas interpretações.

“Misere”, tem Flo Mounier, simplesmente destruindo seu kit de bateria — Bumbo duplo, viradas insanas e uma levada agressiva! A música em si, transita entre thrash/death metal. “Exercitus Irae” segue sua antecessora, elevando o nível e alegrando os fãs do primeiro álbum. Os riffs cortantes de Rune são um deleite, ao carregarem dentro de si “maldade”, uma certa volta à cena norueguesa do início dos anos 90. Uma curiosidade no disco sobre as 6 cordas da banda é que, em “Epic”, temos a participação de João Duarte, colocando um feeling à mais nos solos e fazendo uma dupla implacável com Ericksen. Essa adição poderosa ganha mais clareza em “Mephisto Manifesto”, faixa criada para ganhar novos adeptos por sua “simplicidade” — É impossível não querer gritar com David Vincent o refrão grudento e não querer ser um “guitar-hero” no solo curto, mas cheio de precisão e sentimento da música.

“Scorcher” volta a colocar velocidade ao trabalho, aliás, a variedade de estilo e andamentos do tracklist é o que chama mais atenção. É quase um trabalho “12 por 36”, entre a agressividade e a cadência, ambos não andam juntos, por poucas vezes se “esbarram” nos corredores de “Epic”, mas, é nítido que precisam um do outro para fazer funcionar de maneira que prendam atenção do ouvinte. Os três últimos atos de um trabalho que deve entrar para posteridade — “Invixtus”, “Nature's Fangs” e “Spoils Of War”, são como “chover no molhado”. Não há defeitos, seguem uma subida rasante, cheia de nuances e quebradeiras num Metal Extremo cheio de particularidades do VLTIMAS.

Os cinco anos de “Somethind Wicked Marches In” para “Epic”, mostra que o caos da humanidade trouxe a criação de um trabalho que carrega dentro de si a chama matriz chamada EVOLUÇÃO — Onde os 37 minutos de duração, é pouco para “o estrago” eterno.

O ano de 2024, dificilmente terá outro nome de destaque que não seja, “Epic”!!!

Obrigatórias a audição e aquisição.

William Ribas





sexta-feira, 19 de abril de 2024

ANGRA - CYCLES OF PAIN TOUR - 12/04/2024 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS

 


ANGRA
CYCLES OF PAIN TOUR
Abertura: Toffoli, Jeff Scott Soto
12/04/2024
Local: Bar Opinião - Porto Alegre/RS
Produção: Opinião Produtora

Texto e Fotos: Henrique Lippert


Nem mesmo a garoa fina que caiu durante o dia desanimou os fãs que aguardavam a abertura dos portões em frente ao Bar Opinião. O Angra voltou à capital gaúcha no último dia 12 de abril para mais uma noite memorável, desta vez com o convidado especial Jeff Scott Soto.

Elevando a régua lá no alto, a Toffoli abriu a noite com muita qualidade. A banda que conta Luiz Toffoli (guitarra), Cássio Marcos (vocal), Douglas Máximo (baixo) e Pedro Tinello (bateria) trouxe um prog de respeito, evidenciando a técnica dos músicos. Tendo feito a abertura do Angra no ano passado, boa parte do público recordou as músicas do "Enigma Garden", e a surpresa veio com as novas composições do álbum que (segundo a banda) em breve será lançado. Entre uma música e outra, os músicos se apresentaram, reforçaram a importância do apoio aos artistas locais e se despediram, mas não antes da clássica foto da banda com o público.


Na sequência, o palco foi organizado com alguns bancos altos, entregando que Jeff Scott Soto e Leo Mancini entrariam em breve. Arriscando algumas palavras em português, o vocalista se mostrou muito à vontade ao entrar no palco com sua dupla e chamar o público pra si. "Livin' the Life" iniciou os trabalhos e, antes de emendar "Mysterious" do Talisman, o frontman expressou sua felicidade ao completar quatro décadas de rock'n roll. Jeff rasgou elogios ao Angra e continuou interagindo bastante com a plateia, embalando com "Alive" do Sons of Apollo.

Enaltecendo o colega Leo Mancini e os mais de 20 anos de parceria, "Eyes of Love" e "Comes Down Like Rain" serviram de ponte para um clássico que fez todos cantarem. "Leo me disse que vocês vão ficar loucos com essa, mas se não ficarem eu vou dar um soco nele!", brincou Jeff antes brindar a noite com "Carry on my Wayward Son", que fez os fãs cantarem alto até o final da música. Ainda com a energia lá em cima a dupla fez um cover de Crazy, do Seal, de dar inveja. "I'll be Waiting" encerrou em grande estilo esse bloco, mantendo o público interagindo e cantando. Ao deixar o palco para a banda principal, Soto falou que tocará na próxima semana (chegando a errar o dia ao confundir sexta com sábado), sendo ovacionado pelos gaúchos enquanto se retirava.


Após uma breve espera, o Angra finalmente subiu ao palco, com Fábio Lione (vocal), Marcelo Barbosa e Rafael Bittencourt (guitarras), Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria). De arrancada, "Nothing to Say" animou o público, que recebeu os artistas com gritos e animação. A clássica "Angels Cry" veio logo depois, mantendo a plateia cantando forte, dando sequência a "Newborn Me" "Lisbon".

Trazendo uma composição do álbum mais recente, o grupo traz "Vida Seca", cantada em partes pelo Rafael também. Do mesmo disco, "Dead Man on Display" veio logo após, dando sequência a música homônima ao álbum "Rebirth", onde o público interagiu e cantou com emoção. Não diferente, "Morningstar" do "Temple of Shadows" (2004)mostrou que também tem lugar especial no coração dos fãs. "Time" que começa lentamente e ganha velocidade também foi bem recebida.



Lione, sempre carismático e comunicativo, pergunta se o público está cansado, enquanto brinca ao dar tchau para alguém aleatório do público. Foi a vez de "Cycles of Pain" vir à tona, música do álbum mais recente e que a plateia cantou junto até o final. Esperamos um momento até que os bancos voltaram ao palco, enquanto Rafael se desculpava com os fãs por ter esquecido de trazer o violão. Acontece, não é mesmo? "Tudo resolvido, O Leo Macnini me emprestou o seu", disse Bittencourt logo após. Sendo um instrumento de 12 cordas, "Silent Call" foi improvisada na hora abrindo caminho pra dobradinha acústica. Homenageando brevemente André Matos, Rafael chama de volta ao palco Lione para cantar "Make Believe".

Em um crescendo constante, a banda inteira voltou para o último bloco da noite, trazendo a incrível "Ride into the Storm", sendo procedida pela "Silence and Distance", outra do Holy Land (1996). Logo depois de confessar ao público que gosta muito de baladas, o "Mago" Lione emplacou outra, e "Bleeding Heart" emocionou o Opinião. Com "Tides of Change - Part I e II", Soto voltou ao palco para somar sua voz à do Fábio, embalando com a "The Show Must Go On" em tributo ao "Queen".

Na reta final, o "bis" ficou por conta de "Carry On" e "Nova Era", que nunca decepcionam e fazem o público gastar toda energia restante. Impossível não falar da qualidade de todos que passaram pelo palco na noite, desde a banda de abertura até o encerramento. Angra está em um ótimo momento, com os músicos entrosados e presenteando todos com um setlist que passeia pela sua trajetória de sucessos. E que venham mais presentes como esse para os gaúchos, sempre ansiosos para recepcionar de braços abertos músicos incríveis e convidados especiais.