terça-feira, 13 de setembro de 2022

MARENNA - VOYAGER (2022)

 


MARENNA - VOYAGER (2022)
Lions Pride Music - Imp.

Hard Rock, Prog Metal, AOR, Blues, Heavy Metal, Rock n' Roll. Uma banda técnica, competente e de extremo talento. O melhor vocalista em atividade no Brasil. Pronto. Estamos diante de um dos melhores álbuns lançados por um grupo brasileiro em 2022. VOYAGER, novo trabalho do MARENNA, que será lançado pela Lions Pride Music no dia 30 de setembro, é uma aula de classe, bom gosto, mas acima de tudo, de paixão pela música. Impossível não se emocionar com a garra, energia e entrega presentes nas 12 faixas que compõem o álbum. E segundo o próprio Rod Marenna, esse é seu trabalho mais completo, abrangente, audacioso e carrega consigo todas as suas influências. Ouvindo o álbum, temos a certeza absoluta de que ele está certo!

Além de Rod Marenna, que parece ter evoluído ainda mais como vocalista e intérprete, completam a formação da banda o guitarrista Edu Lersch, o baixista BIFE, o tecladista Luks Diesel e o baterista Arthur Schavinski. Ou seja, um time de peso, com músicos experientes, técnicos, mas acima de tudo, que colocam a música em primeiro lugar, sem a necessidade de malabarismos que na realidade só servem pra satisfazer o ego de quem os pratica. Produzido por Mauro Caldart, o álbum foi mixado e masterizado por Jonas Godoy e o resultado deixou o "classic melodic rock" do grupo num nível de excelente audição, pois percebe-se todos os instrumentos com nitidez sem com que o peso (para o estilo praticado pelo Marenna) seja deixado em segundo plano. 

"Breaking the Chains", faixa que foi disponibilizada como single, abre o álbum e nos dá uma bela amostra do que teremos pela frente. Melodias marcantes, uma linha de voz carregada de felling e um refrão que não sai mais da cabeça após a primeira audição. As influências de Hard Rock e AOR são a tônica, mas os solos de guitarra mostram toda a classic do melodic rock. Na sequência, "Out of Line" traz uma pegada mais moderna e atual, com Rod variando sua forma de impostar a voz, indo do mais simples ao mais rasgado sem dificuldade. BIFE e Arthur 9baixo e bateria, respectivamente) se encarregam de entregar à composição o peso necessário, mostrando toda sua versatilidade. "Gotta Be Strong" traz uma aura oitentista, ainda que não soe datada em nenhum momento. Rod, mais uma vez, consegue navegar com facilidade por momentos mais intensos e outros mais suaves, criando linhas vocais de extremo bom gosto. E pra criar ainda mais um clima 80's, na parte final o refrão ganha aquela paradinha característica com a bateria. Um dos grandes destaques do trabalho! O lado mais AOR do grupo surge em "Wait", fato esse que ganha mais intensidade pelos teclados de Luks Diesel, ainda que a guitarra de Edu traga um solo inspirado pelo mestre Neal Schon. a bela balada "I Ain't Stranger to Love" mostra o lado mais suave do grupo com uma bela melodia.

. "Hold Me" mostra um entrosamento e coesão entre Luks e Edu digno das bandas clássicas de Hard/AOR, enquanto Rod se candidata, mais uma vez, ao posto de melhor vocalista brasileiro nas votações de sites e revistas especializadas. Já "Perfect Crime" traz o lado mais Hard Rock de volta, com uma pegada mais voltada ao lado europeu do estilo. O refrão ganha bastante intensidade, seja pelos vocais de Rod, seja pelas linhas de guitarra de Edu "Voyager", faixa título, apresenta o lado mais "Heavy" do grupo, ainda que as principais características, voltadas ao HArd/AOR, continuem presentes de forma bastante consistente. Destaque para as linhas de bateria que trazem aquela "marcação" com uma carga de peso. O que segue com a faixa seguinte, a pesada e variada "Too Young To Die", dona de riffs muito interessantes e que ganham o acompanhamento de solos muito bem encaixados e inspirados. Os vocais mostram força, técnica e talento entregando à faixa muito mais do que uma simples interpretação. "We Are United" dá um clima de suavidade ao andamento do trabalho, com melodias simples, mas muito eficientes enquanto "Wherever You Go" traz novamente o lado Hard/Heavy á tona, com uma ênfase maior ao lado melódico da composição, mesmo que o peso esteja presente. Pra encerra, "So Close" cover da dupla Hall & Oates, um clássico do final dos anos 80 e que ganhou uma bela interpretação, fechando de forma brilhante o trabalho.

Ainda que o Brasil seja um país que não valoriza seus talentos (com raríssimas exceções), já passou da hora do público rocker do país conhecer e reconhecer o talento do MARENNA. Músicos talentosos e técnicos, composições de extremo bom gosto e um vocalista muito, mas muito acima da média do que vemos sendo aclamados por aí, fazem de VOYAGER um dos melhores álbuns lançados neste ano. Se você gosta de música boa, de qualidade e feita com sentimento pode ir sem medo. 

Sergiomar Menezes





segunda-feira, 12 de setembro de 2022

DEVASTATION 2022 - LATIN AMERICAN (INCANTATION, SUFFOCATION, ATROPINA)

 



DEVASTATION 2022 - LATIN AMERICAN
INCANTATION & SUFFOCATION
BANDA CONVIDADA: ATROPINA
LOCAL: OCULTO - PORTO ALEGRE/RS

Texto e fotos: José Henrique Godoy

Dia de tempestade tem noite de tempestade, já diz um velho ditado. Uma sexta-feira com muita chuva em Porto Alegre, mas uma noite propícia para um show de Death Metal, com duas bandas clássicas da cena do Metal da Morte mundial, Suffocation e Incantation, veteranas dos anos 90, e com a abertura da banda gaúcha Atropina. O local escolhido para acolher a carnificina foi o OCulto, lugar ótimo para esse tipo de evento, tendo em vista o seu aspecto e clima underground, porém bem localizado e com boa estrutura para receber o público.


Ainda com o público chegando ao local, a banda gaúcha da cidade de Teutônia, Atropina, deu início ao massacre, pontualmente as 20h30. Com seu Death metal ríspido, porém muito bem executado, encontramos passagens mais old school, como também momentos que notamos a influência de Thrash e Doom Metal. Um grande diferencial, é que as letras (muito bem escritas) da banda são em português. Já com uma grande bagagem, e experiência, (a banda que foi formada em 1996), tomou conta do palco e ganhou a plateia logo no início com "Degeneradas Civilizações", Lágrimas Mortas" e a que dá título ao mais recente trabalho " Prego em Carne Podre". O Quinteto prima pela técnica apurada de todos os integrantes, mas o destaque vai para o vocalista Murilo Rocha, dono de uma performance única e peculiar, capaz de manter todas as atenções nele. Atropina fecha a sua apresentação após 40 minutos, com "Blasfêmia Eterna", uma sarrafada que fica na memória após a sua execução. Para quem não conhece, procure conhecer Atropina, uma excelente banda.


Às 21h30, sobe ao palco o Incantation, uma das bandas mais clássicas da primeira leva do Death Metal do início dos anos 90. Capitaneados pelo mentor John McEntee, despejando de início "Propiciation" do mais recente trabalho, "Sect Of Vile Divinities". O som estava ótimo, e a performance da banda excelente, com muita interação com a platéia. McEntee lembra bastante Max Cavalera, tanto na performance, como fisicamente, e parecia estar bem feliz em voltar a Porto Alegre (Se não estou enganado, esta deve ser a terceira passagem do Incantation pela cidade). Priorizando apresentar músicas do já citado último álbum, o Incantation não deixou de executar também boa parte do seu catálogo. Destaques para "Forsaken Mouring Of Angelical Anguish", "Rotting Spirit Embodiment", "Pest Savagery" e " Impending Diabolical Conquest". Com pouco mais de uma hora de show, o Incantation finaliza uma excelente apresentação com "SIege Hieve", também do último álbum. Após o final John McEntee distribuiu palhetas e tirou fotos com os presentes, distribuindo simplicidade e simpatia.








Após os dois ataques brutais da noite, o OCulto permanecia em pé, e o bom público (cerca de 250 pessoas) parecia não estar cansado, e aguardava ainda com ansiedade o início do Show do Suffocation. E a banda sobe ao palco as 23h, para acabar de destruir o que ainda existia de pé no recinto. Com a liderança do guitarrista e único membro original Terrance Hobbs, "Liege Of Inveracity", primeira música do clássico primeiro álbum "Effigy Of Forgotten" abre os trabalhos, seguida pela faixa título da mesma obra definitiva do Suffocation. Com um estilo mais técnico que o Incantation, o Suffocattion também ganhou o público já nas primeiras notas, que agitava junto com a banda como se a noite tivesse recém iniciado. O vocalista Ricky Myers não deve nada ao vocalista original Frank Mullen, que se retirou da cena musical em 2019. Destaques do set list do Suffocation ficam para "Clarity Through Deprivation" do último álbum de estúdio "Of the Darlk LIght" (2017), "Jesus Wept" (mais uma do primeiro álbum), "Breeding The Spawn" e " Funeral Inception". O Suffocation fecha a noite então com " Infecting The Crypts" do EP de mesmo nome lançado também em 1991.







Chegava ao fim uma memorável noite para os fãs de Death Metal, que com certeza foram para casa ansiosos por outra noite como a desta de 09 de setembro. Parabéns e agradecimentos para as produtoras IDL e KLF pela excelente produção e realização do evento.