HELLOWEEN
GIANTS & MONSTERS
Reigning Phoenix Music - Importado
GIANTS & MONSTERS
Reigning Phoenix Music - Importado
Nos portões do reino do metal, quando muitos reis envelhecem e se contentam em viver de glórias passadas, uma fortaleza ainda ergue suas torres mais alto que nunca. Tentam, às vezes acertam e às vezes erram. Normal, como tudo na vida, mas desde o seu surgimento o Helloween sempre se mostrou inquieto. Nunca repetiram os aclamados “Keepers”. Então, obviamente, tire da sua cabeça qualquer comparação. Em “Giants & Monsters”, temos sete guerreiros que recusam-se a deixar a lâmina enferrujar. O novo álbum não é apenas um trabalho. Não é apenas mais um disco que vamos comprar e deixar parado — é a marcha triunfal de um exército que voltou para conquistar o mundo novamente.
É um grito de rebelião: “We’re back and we’re the Masters of Power Metal”.
O melhor trabalho desde “The Dark Ride” (disparado). Um disco que soa como se tivesse sido forjado no mesmo caldeirão onde nasceram “The Time of the Oath” e “Better Than Raw”, mas com novas receitas — novos doces, novas travessuras. Um grupo coeso, oito anos juntos, dois álbuns ao vivo, um trabalho de estúdio, que teve alguns bons momentos, mas… nada comparado ao que temos aqui. Não temos ninguém na sombra, todos têm seu momento de batalha, todos atacam e todos brilham — o ataque começa com “Giants on the Run”, um clarim que ecoa entre montanhas metálicas. As vozes de Deris e Hansen se entrelaçam, enquanto riffs cortam o ar como lâminas afiadas. Seu modo dinâmico e grandioso ganha, na metade, um universo à la Gamma Ray — Kai Hansen no comando deixa sua assinatura sonora. Sua voz à frente e um coro poderoso ecoando ao fundo. É o momento em que você percebe que não será o mais do mesmo. “Savior of the World” traz o espírito do Power Metal — rápida, bumbo duplo e Kiske cantando absurdamente e com aqueles agudos!
E sim, temos aqui aquele power metal que pulsa como se parte da banda dependesse disso para continuar viva — três ou quatro faixas que entregam exatamente o que queremos ouvir do Helloween. Mas não é apenas o heavy metal melódico dos tempos dourados. É o Helloween maduro, consciente do próprio legado, mas com a ousadia, com guitarras mais pesadas. Um álbum que se escuta de ponta a ponta com prazer, porque além da velocidade e da grandiosidade, ele abre espaço para surpresas: faixas com uma pegada hard rock, lembrando que Andi Deris talvez tenha resgatado um pouco da inspiração de seus dias de Pink Cream 69 (provavelmente contando histórias daquele tempo com Dennis Ward), trazendo um tempero extra à receita.
“A Little Is a Little Too Much” é o duelo entre Deris e Kiske — narrando, ora com intimidade, ora com humor, uma história de Andi quando tinha por volta de 15 anos. Uma das coisas que senti falta do álbum anterior foram os grandes refrãos, aqueles que grudam de imediato e, por sorte, em Giants & Monsters eles estão presentes por todos os lugares.
“We Can Be Gods” chega com os dois pés no peito do fã. Rápida, com certo peso que lembra um pouco o Judas Priest da era Jugulator. Algo que também deve ser bastante elogiado são os solos — verdadeiros complementos das músicas, colocados de maneira pensada para engrandecer o instrumental. Falando em instrumental, Dani Löble, o batedor de guerra, gravou cada faixa em três baterias distintas, escolhendo a que melhor carregava a fúria e tesão. Sim, o nível com que os integrantes estavam se entregando no momento da gravação era grande.
Desde os shows de reunião em 2017, todos nós esperávamos por uma balada. Bem, agora podemos deixar descansando “A Tale That Wasn't Right. Pois, “Into the Sun” está entre nós — um juramento entre dois irmãos de almas, Deris e Kiske, sobre a eternidade e o ciclo sem fim da vida. A música tem seus momentos calmos e suas explosões no refrão — uma gangorra que transmite emoção e faz com que todos derramem lágrimas.
Após a calmaria, temos o já conhecido single “This Is Tokyo”. É a bandeira hasteada em honra a um território sagrado para Deris, a terra que o acolheu nos primeiros dias de glória, e retribui com maestria o carinho de todos os japoneses. Mas é nos campos abertos do épico que o Helloween avança com maior fúria — “Universe (Gravity for Hearts)”.
A produção de Charlie Bauerfeind e Dennis Ward é como a forja de um mestre anão: cada golpe é preciso, cada peça encaixa no lugar perfeito. A mixagem no lendário Wisseloord Studios apenas selou o destino: este é um registro eterno.
Momentos mais cadenciados mostram a maturidade de uma banda que sabe criar tensão. “Hands of God” poderia estar ali no “The Dark Ride” — seu ar sombrio dá um bom contraste com o restante do álbum. Com mudanças de terreno, o Helloween entrega uma faixa mais contida, com refrão mais reservado, cantado por Deris. “Under the Moonlight” reafirma Weikath como mestre arquiteto desse império sonoro. Michael Kiske se encarrega de transmitir todo seu carisma e voz perfeita numa faixa quase “dançante” — sim, o trabalho é diversificado, é o reino das abóboras.
O final é apoteótico e, de certo modo, previsível — o começo se repete no fim. “Majestic” é grandiosa, épica, com os três vocalistas se revezando. É o ponto em que peso, melodia e ousadia se encontram em perfeita harmonia. Uma despedida que mantém o ouvinte vidrado até o último segundo.
Giants & Monsters não é apenas um disco — é um banquete para os fãs, uma prova de que o Helloween ainda sabe equilibrar nostalgia e renovação de modo ímpar. E quando o silêncio cai após a última faixa, é impossível não imaginar o clássico grito:
“Happy happy Helloween! Happy happy Helloween!”
William Ribas
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