E o ANVIL está de volta! Desde 2013, quando o grupo lançou "Hope is Hell", os fãs esperavam ansiosos por um novo trabalho do, agora, trio canadense. Uma das mais verdadeiras e reais instituições do heavy metal, o grupo, no ano passado, soltou no mercado ANVIL IS ANVIL, seu 16º álbum de estúdio, mostrando que aquela banda surgida no longínquo 1978 está ainda mandando ver, seja pela sua incomparável presença de palco, seja pelas composições recheadas de bons riffs e com aquela interpretação bem pessoal e peculiar de seu líder e mentor Steve "Lips" Kudlow. Se não traz nada de inovador, o trio aposta suas fichas naquele Hard n' Heavy que se tornou a marca registrada de um grupo que teve sua história devidamente registrada no documentário "Anvil: The Story of Anvil" ( e que de certa forma, acabou mostrando a banda pra galera dos dias de hoje). E que chega ao nosso mercado numa grande iniciativa da Shinigami Records, em uma parceria com a SPV/Steamhammer.
Ao adentrar sua 4ª década, o trio hoje composto por Steve "Lips" Kudlow (vocal e guitarras), Christopher "Christ" Robertson (Baixo e backing vocal) e pelo mestre Robb Reinner (bateria), o ANVIL mostra-se ainda, extremamente relevante. Com músicas fortes e as características que fizeram do grupo uma verdadeira referência quando o assunto é heavy metal, o grupo contou com a produção de Martin "Mattes" Pfeiffer, que também ficou encarregado da mixagem. Já a masterização ficou sob a responsabilidade de Jacob Hansen. E esse conjunto, foi responsável de dar ao trabalho a sonoridade característica que acompanha a banda desde seus primórdios. Se o documentário acabou por "revelar" o grupo á uma nova geração, os novos fãs não têm do que reclamar, afinal, a essência que sempre se fez presente, permanece intacta.
Mesmo que o grupo siga a fórmula que vem desde seu início, algumas faixas acabam se destacando num trabalho bem regular como o que temos aqui. ANVIL IS ANVIL traz doze faixas que mostram que a banda mantêm-se fiel à sua proposta. Sem inovações, modernidades ou invencionices, o hard n' heavy segue sendo a linha adotada pelo grupo. Algumas faixas acabam se destacando como por exemplo a faixa de abertura. "Daggers and Run" traz linhas que se aproximam de uma temática pirata, mas com aquel toque já bem pessoal do grupo. E mostra a habilidade e técnica de Robb Reinner, um dos melhores bateristas do heavy metal. se existir alguma dúvida, procure ouvir a discografia do grupo. "Up, Down, Sideways" é puro hard n' heavy, com riffs tradicionais. "Gun Control", apesar da boa melodia, torna-se um pouco repetitiva e cansa o ouvinte após um certo tempo de sua execução. Já "Die For a Lie" é Anvil puro! Tudo que sempre caracterizou a banda encontra-se presente. Bons riffs, cozinha alinhada e ajustada e uma dose generosa de Hard ao lado do metal mais tradicional fazem da faixa um dos destaques do álbum. Assim como "Runaway Train", que traz consigo uma "aura" Judas Priest. "Zombie Apocalypse", segue uma linha mais cadenciada, e em determinados momentos, se torna semelhante a "Gun Control", mais pela repetição.
"It's Your Move" resgata a veia mais old school do grupo, com riffs de guitarra típicos e um bom trabalho da cozinha composta por Christopher e Robb. "Ambushed" vai pelo mesmo caminho, mas fazendo uso de um andamento mais cadenciado, algo que o grupo também se tornou especialista em fazer ao longo de sua extensa carreira. "Fire in the Highway" é uma das faixas mais pesada e trabalhadas do álbum, exigindo de Robb Reinner um maior nível de performance. Lips acaba se destacando também, pois além dos riffs caprichados, manda ver em solos cheios de inspiração, que caíram como uma luva na composição. Um pouco de "mais do mesmo" é o que temos em "Run Like Hell". Não que isso soe depreciativo, pelo contrário. O que temos é o Anvil sendo aquele bom e velho Anvil de sempre. "Forgive Don't Forget" possui backing vocal que dão uma atmosfera mais densa ao refrão, enquanto a guitarra de Lips despeja riffs mais ríspidos do que de costume. "Never Going To Stop" encerra o álbum num clima bem Hard, algo que dá ao trabalho um clima mais pra "cima".
Nessa altura do campeonato, o ANVIL não precisa provar nada pra ninguém. E se precisasse provar, ANVIL IS ANVIL, seria a prova de que dedicação e paixão pelo que se faz é amostra de que acreditar sempre é a formula a ser usada. Que o grupo siga em frente, passando por cima de todas as dificuldades e nos apresente trabalhos tão bons quanto esse. Se o documentário serviu para apresentar a história do grupo para a nova geração, que os fãs sigam acompanhando o grupo da mesma forma. Afinal, se falarmos de hard n' heavy, estamos falando ANVIL!
Sergiomar Menezes