quinta-feira, 2 de agosto de 2018

PANDEMMY - RISE OF A NEW STRIKE (2017)



                Muitas bandas que batalham diariamente pelo seu lugar ao sol acabam falhando, em alguns casos, em não criar sua própria identidade. Obviamente que não há nada de errado em ser influenciado por grandes nomes. Mas que se faz necessário que o grupo tenha uma personalidade própria, independente e livre de estereótipos, todos nós concordamos, não é mesmo? E isso, o grupo pernambucano PANDEMMY tem de sobra! Fazer um Thrash/Death Metal com uma pegada trabalhada e brutal, mas com características próprias é a proposta da banda formada em 2009. E seu objetivo é atingido  de forma mais do que satisfatória em RISE OF A NEW STRIKE, gravado em 2016 e lançado virtualmente no mesmo ano, mas que chegou ao formato físico em 2017, através da parceria Sangue Frio Produções e Burn Distro.

               O grupo é formado hoje por Rayanna Torres (vocal), Pedro Valença (guitarra - fundador da banda), Guilherme Silva (guitarra), Marcelo Santa Fé (baixo) e Arthur Santos (bateria). Mas o álbum contou com os vocais de Vinicius Amorim. O trabalho mostra um sensível evolução do grupo em relação aos seus trabalhos anteriores, à saber "Idiocracy" e "Dialetic" (2011 e 2012, respectivamente), dois EPs que apresentaram o grupo ao underground nacional, e o primeiro full lenght "Reflections & Rebellions" (2013). Com uma produção crua mas ao mesmo tempo dotada de clareza (percebem-se nitidamente todos os instrumentos), o trabalho mostra personalidade por parte do quinteto. Méritos do produtor Júnior Supertramp que contou com a co-produção da dupla de guitarristas Guilherme Silva e Pedro Valença. A versão física do trabalho traz ainda dois covers, o que deixa tudo ainda melhor.

                "One Step... Forward" é uma introdução breve que nos prepara para a primeira pancada "Circus of Tyrannies". Com guitarras bem agressivas e um grande trabalho da cozinha composta por Marcelo e Arthur (baixo e bateria, respectivamente), a faixa deixa explícito o que o grupo realmente quer: mostrar seu Thrash/Death pesado e brutal, sem fazer concessões. Com momentos mais pesados e arrastados, a composição é um dos destaques do trabalho. Pendendo mais para o death metal mais tradicional, "State of War" mostra essa face mais ríspida e direta da banda, o que, diga-se de passagem, está presente durante toda a execução do CD. "7000 Days of Terror (And The New Attempt) é mais cadenciada e bem pesada, trazendo pequenos inserts de melodia em alguns momentos, o que mostra a versatilidade e a "falta" de preocupação do grupo com o que podem pensar ao seu respeito. "Almost Dead" tem, novamente, seu destaque na dupla Marcelo e Arthur, que cria um  base extremamente densa e compacta, enquanto a dupla Pedro e Guilherme, despeja riffs agressivos e por vezes melódicos em seu andamento.

                     "Rise of a New Strike", a faixa título é outro belo exemplo de como uma banda pode soar brutal, insana e ao mesmo tempo "cristalina". E aqui vai mais uma citação à produção do álbum, que soube deixar tudo dentro dos parâmetros estabelecidos pelo grupo fugindo daquele velho estereótipo "pra ser pesado, tem que ser sujo e mal gravado". E tome porrada em "Inferno Is Over", death metal direto, violento e mortal. Ótimas linhas de guitarra e vocais guturais, sem exageros, se destacam durante a execução da faixa. Não se engane com a melodia inicial de "Stars of Decadence", pois o peso impera aqui, fazendo nos lembrar, guardadas as devidas proporções o grande Arch Enemy em alguns momentos. "Against the Perfect Humankind" é rápida e pesada. Já "No Reasons For Losses" tem na coesão da banda seu destaque. Pra encerrar o álbum temos dois ótimos covers. "Ecce Homo" do grupo conterrâneo Decomposed God, ganhou uma roupagem tão brutal quanto sua versão original. Já "Nepenthe", da banda finlandesa Sentenced, presente originalmente em Amok, lançado em 1995. A faixa contou com a participação de Amanda Lins e André Lira, e se mostrou digna de estar presente neste grande álbum dos pernambucanos.

                       RISE OF A NEW STRIKE é um álbum pesado, agressivo, brutal. Um trabalho que mostra o amadurecimento de uma banda que está em constante evolução. Composições que agregam o peso das guitarras à momentos mais melódicos (dentro da proposta do grupo), além de apresentar aos fãs uma excelente cozinha, que não se furta em sentar a mão em bases bem intensas, fazem deste álbum o melhor trabalho lançado pelo PANDEMMY até este momento. E a julgar pela evolução do grupo de um álbum para o outro, só podemos esperar algo ainda mais pesado, agressivo e brutal, como citado no início do parágrafo. Que venha o próximo petardo!




               Sergiomar Menezes