quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

MALKUTH - VOODOO (2018)


             
                          Com 25 anos de carreira (o grupo foi formado em 1993), uma das mais importantes e blasfemas hordas nacionais chega ao seu mais novo trabalho. VOODOO, lançado no ano passado pelo grupo pernambucano MALKUTH, é um álbum de uma qualidade absurda, seja pelo nível das composições apresentadas, seja pela produção, que se por um lado, não está tão "tosca" e suja como nos trabalhos anteriores, por outro, deixa nítida a capacidade e competência do quarteto, ao mostrar toda a brutalidade e agressividade do grupo de uma forma mais "limpa".

                      Voodoo foi gravado por Sir Ashtaroth (vocal e guitarra), Agares (guitarra e teclado), Dmysteriis (baixo) e Destroyer (bateria), mas a banda hoje conta com a presença de Rangda Daeva (guitarra e teclado) e Ghoul (baixo). E as nove faixas que compõem o trabalho ostra o porquê da relevância do grupo dentro do cenário. O peso e fúria das guitarras continuam intactos, repassando nos riffs toda a agressividade que a atmosfera lírica do grupo pede. E isso é fruto de muito trabalho e dedicação, pois não é preciso ser um expert em black metal para saber das dificuldades existentes pra quem pratica o estilo no Brasil. Produzido pela banda e por Joel Lima, o trabalho é uma obra repleta de blasfêmias e muita brutalidade. Profano, denso e sombrio. E o que se mostra muito interessante é que o MALKUTH não faz uso apenas da velocidade, dosando muitos momentos mais cadenciados e até mesmo melódicos (?!) dentro de sua proposta. Uma sonoridade única e extremamente cativante.

                          Rite of the Fullmoom Over the Sepultures abre o trabalho como uma introdução, nos preparando para a porrada Shoot to Kill (je$u$), presente no EP homônimo lançado pelo grupo em 2017. Velocidade e peso, aliados à momentos bem próximos do metal tradicional, fazem desta faixa uma das mais mortais já compostas pelo grupo! O início de The Old Blade traz um riff quase thrash, que logo em seguida mostra que em matéria de black metal (como ele deve ser), poucas bandas podem se igualar ao quarteto. Os riffs aqui, assumem uma dimensão mais sombria e até mesmo fria, enquanto a bateria de Destroyer "castiga" os ouvidos menos  preparados em momentos insanos. E tome mais blasfêmia em Anticristum (Bellicus), cantada em português, e que mostra como que teclados bem encaixados podem sim fazer a diferença dentro do black metal sem exageros. Dead (Cold... As the Graveyard) também possui essa característica, se mostrando uma faixa bem soturna, com as características que se tornaram a marca registrada do grupo.

                        Voodoo (Demoni Invocation) é dona de uma bateria brutal, além de mostrar um grande trabalho de guitarra. Sir Ashtaroth possui um timbre bem peculiar, pois procura impôr de forma consistente seus vocais que muitas vezes, parecem ter vindo diretamente do inferno! Assim como Dense Forest, Nocturnal Paths, que mostra toda a influência do metal tradicional no trabalho do grupo. E isso é algo mais do que louvável, uma vez que muitas bandas tentam mascarar suas influências, o que no caso do Malkuth, não acontece. Place of Pain, Desolation, Sadness and War é outro belo exemplo de como criar uma faixa pesada, agressiva, rápida e extremamente soturna. Soa estranho? Ouça a faixa coma tenção que você entenderá. O encerramento vem com Shadows, que fecha o álbum de forma tão blasfema e intensa como começou. 

                         25 anos de carreira. VOODOO, sétimo álbum de estúdio do MALKUTH, não pode ser considerado apenas como um dos melhores álbuns de 2018, mas também, como um dos principais trabalhos já lançados pelo grupo nestas duas décadas e meia. A brutalidade  e agressividade, inerentes ao trabalho da banda, seguem firmes em sua batalha dentro do underground. Fazendo uso de forma equilibrada dos teclados e aproximando-se do metal tradicional, a banda prova que não é necessário fazer nenhum tipo de concessão em sua sonoridade para se manter no mercado. Basta ser honesto e verdadeiro consigo mesmo. 
              





                     Sergiomar Menezes

Nenhum comentário:

Postar um comentário