terça-feira, 28 de setembro de 2021

HEAVY DUTY - MINHA VIDA NO JUDAS PRIEST (2021) - K.K. DOWNING

 


HEAVY DUTY - MINHA VIDA NO JUDAS PRIEST
K.K. Downing com Mark Eglinton
Tradução:
Marcelo Vieira
Editora: Estética Torta

Quando se fala em Heavy Metal é praticamente impossível não pensar no Judas Priest. É inegável a importância e relevância do quinteto inglês para o estilo musical que tanto amamos. Não apenas musicalmente falando, mas também no que diz respeito ao visual. E, talvez aquele ponto que mais vem à mente quando o assunto é a banda, são as guitarras. K.K Downing e Glenn Tipton, são com a mais absoluta certeza, uma das duplas mais lembradas de todos os tempos. Mas, como na maioria das vezes, nem sempre tudo é como imaginamos. Quem diria que dentro desse pequeno universo habitado pelos dois existia (e existe) uma animosidade tão intensa como a que somos levados a descobrir em HEAVY DUTY - MINHA VIDA NO JUDAS PRIEST? A auto biografia de K.K Downing, escrita em parceria com Mark Eglinton e traduzida por Marcelo Vieira, foi lançada no Brasil pela Estética Torta e, revela muitos detalhes acerca da formação da banda, vida na estrada, atritos pessoais, ascensão e queda nas vendas e demais turbulências as quais o grupo foi submetido ao longo desse tempo. Obviamente que aqui temos a visão de K.K., que relata de forma simples e direta seus 40 anos ao lado de uma das maiores bandas de todos os tempos.

O livro tem uma edição caprichada. Capa dura, com um belo acabamento gráfico, além de um book plate autografado pelo próprio K.K. Outro ponto que também merece destaque é a revisão e tradução realizada por Marcelo, uma vez que a leitura não é nenhum pouco burocrática, tornando-se agradável e fácil de ler. 

Com relação ao conteúdo, o livro traz um apanhado do que foram os 40 anos vividos por K.K. com o Judas Priest (como o próprio título da biografia entrega). Mas também, carrega revelações sobre a vida pessoal do guitarrista, desde sua infância, bastante complicada, seja pelo lado financeiro/econômico, seja pela lado emocional/afetivo. E com o desenrolar da leitura, muitas coisas ficam claras, tendo em vista esse passado. 

Mas falando do Judas, é muito interessante e algumas vezes até mesmo surpreendente como determinadas situações acabaram por moldar aquilo que veio a se tornar uma das marcas registradas do quinteto. É importante salientar que K.K. não esconde nada, relatando seus dissabores com alguns integrantes do grupo de forma simples e direta. Desde o início da banda quando ela era um quarteto e o vocalista era Al Atkins, até sua saída da banda, o guitarrista mostra-se bastante sincero sempre que aborda os mais variados temas aqui presentes.

Alguns pontos acabam ganhando destaque durante a leitura, como a entrada de Rob Halford e Glenn Tipton na banda, os primeiros anos de grupo, quando não havia ainda uma identidade estabelecida, os relacionamentos com empresários, namoradas e a vida na estrada, o constante clima de competitividade entre os guitarristas, o que nem sempre foi algo rum, mas muitas vezes se mostrou algo que deixava K.K. com uma mágoa que não se desfez ao longo dos anos, o sucesso de vendas e estabelecimento da "marca" Judas Priest durante os primeiros dez anos, assim como as tretas com o Iron Maiden, pois não d´pra chamar de amizade o que existe entre as duas bandas, entre tantas outras histórias, como a saída Halford, o disse-me-disse na imprensa após esse fato, a entrada de Ripper Owens (descrito por K.K. como uma das melhores pessoas do mundo), o retorno de Halford ao grupo (que se deu muito mais por motivos financeiros do que por qualquer outra coisa), além, é claro, dos motivos que o levaram a deixar o grupo após uma vida inteira dedicada ao Heavy Metal.

HEAVY DUTY - MINHA VIDA NO JUDAS PRIEST é um relato sincero e honesto sobre a vida de uma das figuras mais emblemáticas e, por que não dizer, esquecidas do estilo, algo que também traz uma certa mágoa por parte de K.K. Um livro que nos mostra um lado da história que, na maioria das vezes, não parece. Parabéns a Estética Torta por colocar no mercado algo de extrema valia para os fãs, não apenas do Judas Priest, mas para os fãs do estilo.

Sergiomar Menezes