BLACK SABBATH - THE THRILL OF IT ALL
David Tangye
Graham Wright
Tradução: Denfire
Editora Denfire
David Tangye
Graham Wright
Tradução: Denfire
Editora Denfire
Nos últimos tempos, felizmente, a quantidade de livros dedicados à biografias de bandas de rock/metal cresceu de forma assustadora. E para a nossa sorte, alguns desses livros acabam ganhando vida com as histórias contadas não apenas pelos membros das bandas, mas também por pessoas que integraram as equipes de apoio desses grupos, os nossos queridos e amados ROADIES, figuras sem as quais, muito daquilo que podemos assistir em cima do palco não aconteceria. E THE THRILL OF IT ALL, lançado no Brasil pela EDITORA DENFIRE, traz a história de uma das maiores, se não a maior, bandas de Heavy metal de todos os tempos, contada por dois integrantes da equipe que acompanharam a banda desde seus primórdios. Sim, estou falando do BLACK SABBATH. David Tangye e Graham Wright trabalharam com o grupo durante a fase áurea com Ozzy e o resultado de tantas histórias são contadas de forma simples e direta neste belo livro.
David Tangye foi assistente pessoal e amigo de Ozzy Osbourne quando a banda estava no auge. Também foi responsável por entrara em contato com músicos e organizar audições para os projetos solo de Ozzy. David estava presente quando Blizzard of Ozz e Diary of a Madman foram gravados. Depois de completar as primeiras turnês com o Príncipe das Trevas, decidiu se aposentar.
Graham Wright foi assistente do baterista Bill Ward nos anos 70, tendo ainda trabalhado com o Black Sabbath nos anos 200. Graham também foi roadie de bandas lendárias como UFO, Scorpions e Rolling Stones.
The Thrill of it All traz relatos bem interessantes da história do Black Sabbath, com o diferencial de serem contados por pessoas "externas" à banda. Recheado de fotos raras e muito legais, o livro mostra um abanda segura daquilo que queria, mas ao mesmo tempo, sem saber o rumo certo que tomar com relação aos negócios. Desde o início complicado, onde cada integrante tinha um emprego que não os deixava felizes, até os primórdios do grupo enfrentando os típicos problemas de início de carreira, passando pelas tretas com empresários até aquelas tensões internas que todos nós sabemos que existiam entre alguns membros, o trabalho tem uma forte carga emocional em determinados momentos, principalmente nas passagens relacionados a Ozzy e Bill, com quem os autores tinham um maior contato. Desde um baterista que depois de beber tudo que podia e não podia, acabou apelando para sidra como sua bebida "oficial", até um vocalista que no palco era um louco mas fora dele se mostrava um cara simples, romântico e família. Algo que acabou mudando com o passar do tempo...
Bill, além de ser um cara calmo e tranquilo, era o alvo de muitas das brincadeiras (algumas de gosto bastante duvidoso) propagadas por Ozzy, assim como Iommi, que ainda bastante introspectivo no palco, também possuía um lado bem ( ou mal) humorado no que diz respeito a esse mesmo tipo de situação. O livro também revela uma faceta de Geezer Butler que muitos não conheciam: a de fã apaixonado por futebol, principalmente pelo Aston Villa, seu time de coração. Tanto que rolaram alguns atrasos e até mesmo troca de datas de shows por causa disso.
Histórias da vida na estrada, seja dirigindo pequenas vans com lotação esgotada, seja dirigindo um Rolls Royce dos mais luxuosos, uma vez que um dos integrantes não sabia, e também não fazia a mínima questão, de dirigir, situações complicadas com fãs, polícia, gangues, misturadas com bebedeiras e também com a mudança de vida, financeira e social, dos membros do grupo. Um ponto bastante interessante é que ainda que o grupo fizesse muitos shows nos anos 70, quase não tinham contato fora da estrada, exceção feita à Ozzy e Bill que erma bastante próximos.
Outro ponto referente às turnês e que é muito legal de ser abordado é com relação as bandas de abertura. Pra citar apenas algumas, Aerosmith, Kiss e Van Halen foram tantas das bandas que tiveram a oportunidade de abrir pro Sabbath e cada uma delas com histórias bem interessantes. Sem dar spoiler, mas muito curiosa é a passagem que narra um dos shows que o Kiss foi banda de abertura e que Gene Simmons, ao ver o espaço que havia sido destinado ao grupo no palco do Sabbath, disse que não tocaria. Mas a equipe dos ingleses pensou rápido e "deu um jeito"... E oq ue dizer do Van Halen que por vezes fez Iommi e cia terem que redobrar esforços no encerramento da noite?
Por fim, o livro traz os excessos, seja pelo abuso de álcool ou drogas (cocaína a mais presente), seja pela já citada tensão entre os integrantes, que acarretou duas saídas de Ozzy da banda (uma não tão oficial assim, ainda que Dave Walker tenha ajudado em algumas composições e até tenha aparecido na TV como vocalista do grupo), que já demonstrava vontade de lançar um trabalho solo, até mesmo a tentativa de retornar ao estilo "clássico" do grupo em Never Say Die (78), que não agradou a ambos. Tudo isso visto por quem estava do lado de fora, apenas acompanhando todas as nuances de cada situação.
THE THRILL OF IT ALL é um livro interessante, escrito por quem estava lá e mostra a face verdadeira de uma banda que viveu seu auge (com a formação clássica) nos anos 70. Com fotos raras, detalhes e histórias que mostram, como se ainda fosse preciso, toda a relevância que o BLACK SABBATH teve e tem na música pesada. Parabéns a DENFIRE pelo belo trabalho feito em prol dos fãs de Heavy metal!
Sergiomar Menezes