GENOCÍDIO
FORT CONVICTION
Urubuz Records/Wikimetal - Nacional
FORT CONVICTION
Urubuz Records/Wikimetal - Nacional
Uma das mais importantes e relevantes bandas do cenário brasileiro chega, agora em 2024, ao seu 10° álbum de estúdio, mantendo-se íntegra e fiel à sua identidade. Prestes a completar 40 anos de carreira, o GENOCÍDIO mostra a sua força em FORT CONVICTION, um álbum forte, denso, obscuro, mas dotado de uma força que sempre permeou os trabalhos da banda. Com uma produção que soube deixar tudo em seu devido lugar, o grupo trouxe uma obra bastante completa, explorando seu lado mais extremo, flertando sempre o lado mais sombrio e intenso, caracterizando sua sonoridade com faz há tempos, mas com uma pegada bem atual. Uma banda única dentro do metal brasileiro!
Murillo Leite (vocal e guitarra), Wanderley Perna (baixo), Wellington Simões (guitarra) e Levi Tavares (bateria), iniciaram os trabalhos de composição de Fort Conviction em março de 2020, com as gravações iniciadas em março de 2023. É meus amigos, não é fácil ser uma banda de metal underground... Sob a produção de Marco Nunes, o grupo gravou 11 faixas, sendo 9 autorais e 2 covers (sendo que um deles encontra-se apenas na versão digital do trabalho), com um ótima sonoridade, como já citado anteriormente. Pesado e denso, o álbum conta com um projeto artístico bastante sombrio, criado pelo baixista W. Perna, através de IA. Já as fotos foram feitas por Luciano Piantonni.
O álbum abre com a faixa título, detentora de uma intro intimista e sombria, que antecede uma verdadeira aula de como fazer death metal brutal. As guitarras da dupla Murillo e Wellington trazem consigo uma pegada death/thrash, pesadas e infernais. Já a cozinha tem um trabalho coeso, unindo técnica e velocidade, além de criar a base perfeita para os vocais certeiros de Murillo. Os solos se encaixam dentro do padrão criado pelo grupo, assim como em "Aside", que eleva ainda mais o nível de agressividade que a faixa anterior apresentou. Levi Tavares espanca seu kit enquanto as guitarras navegam pelas influências oitentistas do grupo. A "singela" intro de Devil's Mother Cry (vale citar que algumas das intros/vinhetas foram compostas por André Zanferrari) nos prepara para um punk/HC repleto de energia, com um pé no thrash, mostrando a versatilidade do quarteto, com um solo muito inspirado na dupla King/Hannemann. Na sequência, "The Sole Kingdom of my Own", traz uma aura totalmente obscura e gótica, com uma veia Sisters of Mercy/Type O' Negative, mas com a classe e personalidade do Genocídio. "Lord Dementia" traz de volta o bom e velho death metal old school, aquele que não precisa de nenhum tipo de inovação ou qualquer outro tipo de influência para agradar quem curte o estilo. Nada mais direto como só a primeira banda de metal extremo de São Paulo poderia, e pode, fazer!
E a aula segue com "Voided", uma faixa que escancara a veia mais thrash do grupo. A produção de Marco Nunes soube explorar muito bem o trabalho das guitarras nesse sentido, pois o peso que emana das duas nessa ótima instrumental, ficou muito foda. As quebradeiras durante a execução da faixa também criam um clima bastante "dark", elevando ainda mais o nível da composição. "Maverick", segue o dinamismo do álbum com riffs ríspidos, aliados à velocidade "britadeira" da cozinha, num jogo de peso e técnica. E tome porrada em "Scorn Cult"! Velocidade, agressividade e um toque a lá Genocídio, criaram uma das minhas faixas preferidas no trabalho! Que faixa destruidora para uma apresentação ao vivo! Em seguida, "Never Tear Us Apart", cover do INXS, ficou simplesmente sensacional. Mantendo a aura triste e melancólica que a versão original da faixa possui, o grupo incorporou peso e um vocal extremamente soturno, de forma que poderíamos dizer, se não conhecêssemos a que veio antes, que a composição pertence ao grupo paulista. Merece ser executada ao vivo, hein? Pra encerrar a versão física do trabalho, "Mourning Saviour", outro momento brutal, antecedido por uma intro melancólica e climática. Na versão digital, temos ainda o cover de "Pictures of You" do The Cure, que também ficou muito legal! Um clima bem "pesado" com teclados insinuando a veia que a banda também possui na formação do grupo. Posso até estar errado, mas só quem conhece do assunto consegue recriar uma faixa com essa categoria!
O GENOCÍDIO se reinventa sem precisar se reinventar. Ficou confuso com essa declaração? Escute FORT CONVICTION e confira a classe do grupo em faixas repletas de peso, densidade, personalidade e muito Heavy Metal. Sim, porque muito antes ser uma banda de metal extremo, o grupo é antes de tudo heavy metal, e porquê não dizer, com pitadas ainda que bastante pequenas, de pop. Que bom que a banda sabe de onde veio e pra onde vai! Longa vida aos pais do "death doom gothic metal" nacional!
Sergiomar Menezes