domingo, 26 de março de 2017

VULCANO - XIV (2017)



              Uma das mais importantes bandas do cenário metal brasileiro está de disco novo! Sim, o VULCANO, uma das instituições do metal nacional (e mundial), volta à carga com XIV, um álbum que continua mantendo viva e cada vez mais, acesa a chama do grupo. Reconhecida mundialmente, a banda completa agora em 2017, 36 anos de carreira tendo lançado ao longo desses anos 13 álbuns, oito splits com outras bandas brasileiras, além de um single de 7". Além disso o grupo lançou um DVD, um documentário oficial, contando sua história completa, por aqueles que a vivenciaram. Sabendo de sua importância e influência para o cenário extremo mundial, o grupo apresenta 10 faixas em pouco mais de 30 minutos, provando que não precisa de "enrolação" pra passar seu recado. E que recado!

                 Formado atualmente por Luiz Carlos Louzada (vocal), pelo incansável Zhema Rodero (guitarra), Gerson Fajardo (guitarra), Carlos Diaz (baixo) e Arthur "Von Barbarian" (bateria), o grupo traz em XIV, um álbum que mantém intacta toda a garra e fúria que sempre caracterizaram sua sonoridade. Fugindo dessa vez das afinações baixas que se fizeram presentes nos dois últimos trabalhos do grupo, a banda retoma as timbragens que fazem com que as guitarras soem como "guitarras" e a bateria soe como "bateria". Com uma embalagem em formato digipack, simples mas eficiente, o álbum aborda um tema bem peculiar, onde a aliança unilateral entre um Deus para com seu povo escolhido tem sua fidelidade e fé raivosamente cobrada com maldições, sacrifícios e destruição, mostrando um deus vingativo e cruel que mantém seu reinado através do medo.

                     Propaganda and Terror abre o álbum e de cara já percebemos que acomodação é uma palavra que não se encontra no dicionário do grupo. Agressiva e brutal, a faixa tem guitarras bem orgânicas, suja e extremas, enquanto a cozinha carrega no peso. Luiz Carlos despeja ódio e fúria em um vocal rasgado e cheio de raiva, Ou seja, tudo aquilo que o bom e "velho" Vulcano sempre nos apresentou. The Tides of Melted Metal tem uma veia que nos remete de forma "singela" ao metal tradicional, onde baixo e bateria se encarregam de ditar o ritmo da faixa. Além disso as guitarras, princialmente no solo, assumem o protagonismo. Já Thunder Metal, como o próprio título entrega (desculpem se isso soa clichê), mas é um trovão, daqueles arrasa quarteirão, com uma brutalidade que só quem tem conhecimento de causa passa de forma tão direta. Necrophagy segue essa linha, mas tem um andamento que apresenta uma certa variação em sua execução, mas obviamente, mantendo o nível de peso e agressividade que permeiam o álbum. Behind The Curtains mostra um Luis Carlos que parece não sofrer com a passagem do tempo pois coloca no bolso muto vocalista "novato" de metal extremo que temos por aí...

                     Thou Shalt Not Kill é uma das melhores faixas! Os riffs aqui ganham proporções insanas, o que deixa tudo muito mais pesado e brutal, mesmo a faixa não tendo na velocidade seu andamento. Arthur "Von Barbaria" e Carlos Diaz (bateria e baxo, respectivamente) mostram grande entrosamento, em linhas destruidoras. E tome mais riffs ríspidos em Paradise in Holocaust. Direta, a faixa mostra a faceta mais reta do grupo. Já The Face of The Abyss tem em sua estrutura, linha velozes de bateria, garantindo aos amantes do metal extremo, boas doses de brutalidade. E o solo... Como seria bom se toda banda que se diz extrema caprichasse neste quesito como o grupo de Santos (SP). To Kill or Die é totalmente death/black, onde o grupo além de pioneiro, é mestre no assunto. O encerramento vem com I'm Back Again, onde as guitarras soam tão destruidoras quanto em todo o trabalho. 

                         Em XIV, o VULCANO mostra que não se contente em servir como referência pelo seu passado. O grupo prova que continua sendo relevante e influente mesmo depois de três décadas e meia de serviços prestados ao metal extremo. História não se constrói da noite para o dia. E a do VULCANO ainda está longe de acabar... Para a alegria  e satisfação de todo headbanger!



                   Sergiomar Menezes
                       
                    

sábado, 25 de março de 2017

AVERSIONS CROWN - XENOCIDE (2017)



                    O Death Core é um estilo que, geralmente, desperta duas sensações bastante distintas. Ou você ama ou você odeia. E isso de certa forma acaba causando algumas injustiças no mundo do metal. Por causa desse tipo de pensamento, boas bandas acabam passando despercebidas para alguns. Mas aqueles que não se prendem á rótulos têm sempre a oportunidade de conhecer bandas que investem em sonoridades distintas. E isso ocorre com o AVERSIONS CROWN, que chega agora ao seu terceiro trabalho, o mais pesado até aqui. XENOCIDE foi lançado por aqui em mais uma parceria Shinigami Records/Nuclear Blast.

                 O grupo australiano é composto por Mark Poida (vocal), Chris Cougan (guitarra), Mick Jeffrey (guitarra), Steve (baixo) e Jayden Mason (bateria). Em XENOCIDE a produção ficou por conta de Mark Lewis (Whitechappel, Carnifex) que deixou tudo muito pesado, e a mesmo tempo limpo. Principalmente nas guitarras, onde a dupla Chris e Mick esbanjam categoria e agressividade. Com uma sonoridade que vai do thrash ao death e ao hardcore, o grupo consegue prender a atenção do ouvinte de forma cativante. E olha que quem está falando isso é um cara que não morre de amores pelo estilo!

                   Nas doze faixas que compõem o álbum, a banda mostra grande capacidade técnica aliada a uma ótima qualidade na criação dos arranjos, criando algo bem pessoal. O vocalista Mark consegue ir do gutural ao mais rasgado sem soar forçado, enquanto o baterista Jayden destrói seu kit sem piedade. Tudo isso pode ser conferido em faixas como Prismatics Abyss, The Soulles Acolyte (grande trabalho da dupla Chris e Mick, que misturam peso e melodia de forma excepcional!), Hybrizidation (uma das melhores do álbum), Ophiophagy (Jayden prova que é um baterista muito acima da média) e The Oracles of Existence (mais uma vez, a dupla de guitarrista se destaca).

                    O AVERSIONS CROWN tem apenas sete anos de estrada, mas já tem três álbuns de estúdio e mais dois EPs. Produzindo muito, o grupo mostra que não gosta de se acomodar. E esse resultado só poderia ser positivo. XENOCIDE merece ser ouvido com atenção para que se possa apreciar toda a sua qualidade!



                      
                     Sergiomar Menezes

ANEUROSE - JUGGERNAUT (2016)



                 Três anos após o lançamento de se álbum de estréia, "From Hell" (que teve uma ótima repercussão junto à mídia especializada e aos fãs), o grupo ANEUROSE retorna com outro grande trabalho. JUGGERNAUT serve também para comemorar em grande estilo, os 15 anos de estrada do grupo mineiro. Dessa forma, o álbum traz 14 faixas cheias de peso, agressividade e que de nenhuma forma se prendem á rótulos ou limites pré-determinados. Prestes a embarcar em uma turnê para divulgar este novo trabalho na Europa, os mineiros provam mais uma vez que Minas Gerais continua sendo um dos expoentes do metal nacional.

                     O grupo formado por Wallace Almeida (vocal), Sávio Chaves (guitarra), Raphael Wagner (guitarra), Stephano Dias (baixo) e Kiko Ciociola (bateria) dá continuidade ao que foi feito em "From Hell", mas com mais pegada e brutalidade. Produzido por Marcelo Oliveira e pela própria banda, o álbum traz uma sonoridade bastante pesada e intensa com destaque para a performance de todos os músicos. Tudo soa "cristalino" (mesmo tendo todo o peso que o estilo pede), o que ajuda e muito  a identificar as qualidades de cada um. O CD foi gravado em maio de 2016 no Kólera Studio, no Rio de Janeiro. Já a arte gráfica ficou por conta de Marcus Lorenzet.

                           A intro Glory To The Goddess of the War, Here Are The Gurkas, a faixa Closer To God chega pra detonar tudo com guitarras pesadas e agressivas, dignas de um grande disco de Thrash Metal. Aliás, classificar o grupo simplesmente como thrash é uma forma muito simplista. Como dito anteriormente, o grupo não vê limites em suas composições. Podemos perceber desde o Thrash da Bay Area como o Thrash alemão, mas algo de death metal (sem exageros, que fique claro) pode ser ouvido aqui. Isso fica mais evidente na faixa seguinte, Butcher. Aqui, o baixo e a bateria criam linhas brutais e ganham seu complemento na voz rasgada e agressiva de Wallace. O baixo também comanda Rapriest, uma faixa explosiva, com guitarras mortais. Um pouco de  Slayer pode ser percebido, mas nada que influencie ou "atrapalhe" a identidade própria do grupo. E a bateria... Outra aula de destruição (como em todo o cd, diga-se de passagem). Deus é homenageado em To Lemmy. Mesmo com o peso que o grupo impõe, temos aquela atmosfera tipicamente Motorhead presente. Com certeza, ele aprovou, com aquele Jack Daniels esperto como acompanhamento...

                           Speeding Up tem um andamento bem variado, o que mostra a versatilidade do grupo. Mais cadenciada, a faixa ganha muito peso no decorrer de sua execução. Já a faixa título tem características mais próximas do metal atual. principalmente pelos riffs bem estruturados das guitarras. Assim como a levada de bateria, que apresenta um certo "groove" em suas linhas. Drunk As Skunk é o retorno do Thrash Metal, sendo essa uma faixa direta e certeira, que nso shows deve ter um resultado animal! Enslaves é outra faixa intensa, mas que carrega consigo, de forma sutil, a ferocidade do death metal. Death, Cold, Chill mantém o nível alto do trabalho, com passagens bem diretas em alguns momentos, nos remetendo ao rock n' roll em seu estado mais "natural". A faixa seguinte, Warrior, segue essa linha, mas no refrão, tem passagens mais arrastadas. O baixo, mais uma vez, é o destaque em Arcade, uma faixa que possui momentos repletos de groove, mas que intercala com momentos mais velozes e agressivos. Prelude To Apocalypse é uma composição mais marcada, com um ritmo definido e que pouco se altera durante sua execução. O CD se encerra com Magnata da Fé, que surge como bonus track. Contando com a participação de Zé do berimbau, a faixa é uma pedrada cantada em português e que critica essa roubalheira protagonizada por alguns "pastores" que usam e abusam da religião para enriquecer, tirando o pouco que muitos têm.

                               JUGGERNAUT é um excelente trabalho que mostra uma banda madura e que sabe muito bem o que quer. O ANEUROSE chega ao seu segundo trabalho, nestes 15 anos, e esperamos ue o grupo siga firme e forte levantando a bandeira do "metal sem fronteiras". Isso, além de demonstrar personalidade, nos traz a certeza de que os limites pré-determinados não se aplicam ao grupo. E isso só pode ser enaltecido. grande álbum de uma grande banda!





              Sergiomar Menezes



ELEPHANT CASINO - BELIVE (EP) (2016)


 
                 É muito gratificante quando a gente ouve bandas novas que buscam resgatar certas sonoridades mas que, de maneira bem pessoal, colocam suas influências e acima de tudo, sua personalidade nas músicas que fazem. E isso é o que encontramos no trabalho de estréia do grupo ELEPHANT CASINO, de Minas Gerais. BELIEVE é um EP que peca apenas por um detalhe: ter somente 4 faixas! Com uma pegada Hard Rock com uma atmosfera bem anos 70, o quarteto mostra muita qualidade e categoria em composições cheias de feeling, trazendo dentro de sua vasta gama de influências, nomes como Rush, Whitesnake, Mr. Big, Van Halen e uma da sbandas mais legas da atualidade, o Winery Dogs. Com pitadas (bem sutis, diga-se) de prog metal, o grupo faz bonito em sua estréia.

                        Formada em 2015 e composta por Fabrício Araújo (vocal), Rafael Fajardo (guitarra e backing vocal), Vinicius Silveira (baixo) e Diego Sans (bateria), a banda mostra como dito anteriormente, muita qualidade, tanto em suas composições quanto nos arranjos, que mesmo buscando aquele clima setentista, soam atuais, criando uma forte personalidade. Os timbres de guitarra forma muito bem escolhidos, pois tem no peso seu grande destaque. Mas não podemos ficar apenas neste quesito, pois as melodias soam bastante eficientes. Isso prova o talento do grupo. Com menos de dois anos de formação, este EP serve para mostrar que o quarteto tem tudo para se tornar um bom nome do nosso cenário.

                       Believe abre o play de forma pesada e carregada de groove. As linhas de baixo e bateria garantem o peso enquanto que os vocais de Fabrício garantem muita técnica e classe. O vocalista, aliás, é um dos grandes destaques do trabalho, pois além de possuir um timbre bem peculiar, usa sua voz à favor da música, sem cometer exageros. Stardust é uma bela balada, onde mais uma vez, as melodias se sobressaem, Preste atenção no belo arranjo e na categoria de Fabrício na interpretação. A guitarra de Rafael aqui, assume um protagonismo, mesmo tendo linhas mais suaves. Return tem um início acústico, onde mais uma vez Rafael assume a frente, sendo acompanhado pela bela performance de Fabrício. E não podemos deixar de citar o grande trabalho da dupla Vinicius e Diego (baixo e bateria, respectivamente) que mostram grande entrosamento e coesão. O encerramento vem com The Haze, uma faixa que deixa bem evidente a veia Whitesnake/Mr Big do grupo.

                            Neste EP de estréia o ELEPHANT CASINO prova que nem sempre é preciso muito tempo de estrada para lançar um trabalho de qualidade. BELIEVE, em sua 4 faixas, traz uma banda pronta para encarar o disputado cenário nacional. Qualidade o grupo mostrou ter. Ficamos no aguardo de um full lenght para comprovarmos isso!







             Sergiomar Menezes