O que falar sobre OZZY OSBOURNE que ainda não tenha sido falado? A não ser que você tenha passado os últimos 50 anos longe da Terra, você sabe muito bem que estamos falando de um dos maiores nomes do Heavy Metal mundial! No auge dos seus 71 anos, Mr. Osbourne anunciou ao mundo algo que todos nós, fãs do Madman ou apenas ligados ao mundo da música já sabiam há muito tempo: que desde o início dos anos 2000 ele vem sofrendo do Mal de Parkinson e que essa praga de doença se agravou nos últimos meses, causando apreensão em todos, visto que Ozzy cancelou a turnê de divulgação deste novo trabalho, além de cancelar a entrevista que daria no dia do lançamento mundial de ORDINARY MAN, seu décimo segundo trabalho de estúdio. Um álbum que, se for o derradeiro na carreira vitoriosa do Madman, encerrará de forma não menos que sublime a trajetória desse senho que, como poucos, fez a alegria de milhões de headbangers durante toda sua carreira, seja com o Black Sabbath, seja de forma solo...
Sempre cercado por músicos do mais alto gabarito, dessa vez OZZY contou com o guitarrista Andrew Watt, que tocou com Glenn Hughes no California Breed, e que também produziu o trabalho. E, se ainda existiam viúvas dos harmônicos irritantes de Zakk Wylde, Andrew Watt soube imprimir sua personalidade, não deixando a mínima saudade do ex-guitarrista. No baixo, Ozzy recrutou Duff McKagan, do Guns n' Roses e na bateria, Chad Smith do Red Hot Chili Peppers. Ou seja, uma banda totalmente nova, que soube executar ao lado do Madman, o seu melhor álbum desde o longínquo "No More Tears" (1991). recheado de ótimas participações como Elton John, Slash e Tom Morello, ORDINARY MAN é, sem sombras de dúvida, o disco mais BLACK SABBATH da carreira solo do vocalista. Um álbum para ser ouvido inúmeras vezes, não apenas como forma de reverência, mas também por toda a qualidade musical á ele emprestada.
"Straight to Hell" abre o disco e a lembrança do Black Sabbath vem á memória logo no primeiro "ALLRIGHT NOW" que Ozzy solta no início da faixa. Pesada como poucas faixas lançadas nos seus trabalhos anteriores, a composição adota uma linha totalmente BS, seja no riff (cortesia de Slash), seja no baixo "gordo" de Duff (que nunca soou tão Geezer Butler anteriormente), ou ainda na pegada técnica, precisa e pesada de Chad Smith. Se a idéia era entrar com os dois pés na porta, o objetivo foi atingido. Ah... e não há como ficar indiferente quando Ozzy canta: "I'll make you scream, I'll make you defecate"... Já "All My Life" resgata momentos mais próximos do que vocalista vinha fazendo anteriormente, mas com um toque mais próximo da sonoridade dos anos 70, sem fugir daquilo que sempre esteve presente ao longo desses anos, qual seja, músicas com andamentos mais calmos e com momentos mais intensos e pesados no refrão. Sem dúvida, um dos grandes destaques do CD. "Goodbye" tem início que nos remete à "Iron Man" do... Vocês sabem quem... e se o início nos traz o Sabbath à memória, o que dizer do andamento com riffs totalmente inspirados no mestre Tony Iommi. E o que dizer da faia título? Autobiográfica, a faixa traz a participação mais do que especial de Elton John dividindo os vocais com Ozzy. "Ordinary Man" é uma música espetacular, sendo impossível não se emocionar durante sua execução. Com uma letra simplesmente perfeita, a faixa é sem dúvida, uma das mais belas já gravadas pelo Madman ao longo de sua carreira. Parafraseando meu grande amigo Tarcísio Chagas, "se você não se emocionou com o dueto dessas duas lendas guiadas pelo inconfundível piano de Elton, você sequer existe.". Não consigo achar melhor definição!
Outra faixa autobiográfica (como quase todas do álbum, que fique claro), "Under the Graveyard" ganhou um vídeo retratando a fase difícil que Ozzy vivia quando foi "resgatado" por Sharon Osbourne e veio a ser tornar um dos maiores nomes do Heavy Metal. Trazendo uma junção de sua carreira solo e com o Black Sabbath, a faixa é outro momento brilhante registrada no álbum. "Eat Me" inicia com uma gaita de boca, tocada pelo próprio Ozzy (outra referência ao BS, não é mesmo?) e ganha a guitarra cheia de riffs, mas Duff e Chad se mostram mais do que entrosados, relembrando os bons tempos de Butler e Ward. Essa faixa pode ser definida como se o BS resolvesse dar uma "modernizada" no seu som e o trouxesse para os dias atuais. Nada que o velho Ozzy já não tenha feito. Logo em seguida, "Today is the End" (mais um título sintomático), que na minha opinião, é um dos poucos momentos mais inspirados do álbum. Longe de ser ruim, a composição fica um pouco aquém das demais, remetendo aos últimos trabalhos de Ozzy. "Scary Little Green Men"... Que puta música! Difícil dizer se esta é a melhor faixa do trabalho, mas é, sem dúvidas, uma daquelas faixas que virarão presença obrigatória nas turnês(?!) que venham a acontecer. Aqui, a guitarra ficou por conta de Tom Morello, do RATM, e digamos, ficou bem diferente daquilo que ele faz em sua banda...
"Holy for Tonight" é uma balada, como sempre existe nos trabalhos de Ozzy. Simples e singela, a canção mostra aquela faceta mais Pop do vocalista, algo que se tornou bastante recorrente a partir dos anos 90. E tome rock n' roll em "It's a Raid" que traz a participação do rapper Post Malone. E isso não faz a menor diferença, vez que a faixa é daqueles petardos dignos de figurar nos shows e abrir as famosas rodas. Apesar do Post Malone. Pra fechar, "Take What You Want", que na realidade é uma faixa do rapper que contou com a participação de Ozzy. A mesma faixa está no último álbum de Malone e sabe-se lá porquê, entrou aqui...
Longe, mas muito longe de ser um cara qualquer, OZZY OSBOURNE pode estar se despedindo do mundo do Heavy Metal com ORDINARY MAN. Um álbum grandioso, recheado de ótimas participações e que se realmente for o canto do cisne, terá sido um trabalho para ficar na história, não apenas por ser o último, mas por tudo aquilo que traz consigo. Rumores dão conta que o Madman entrará me estúdio para gravar um novo álbum com essa mesma banda. Tenho pra min que se isso for realmente verdade, esse disco já está gravado. A saúde do vocalista, infelizmente, não permite que ele se empenhe tanto para isso. Mas independente do que venha a acontecer, nada nem ninguém irá tirar ORDINARY MAN das listas de melhores álbuns de 2020! Como o próprio Ozzy dizia; ALL ABOARD!!!!
SERGIOMAR MENEZES