domingo, 1 de março de 2020

DOGMA BLUE - QUIETUS (EP - 2019)


É muito gratificante quando a gente, que faz esse trabalho porque realmente gosta e não recebe um mísero centavo por isso, recebe um trabalho de uma banda que toca um estilo difícil de classificar, mas que sabe de seu potencial e investe em seu objetivo. E um desses exemplos é QUIETUS, trabalho de estréia do grupo DOGMA BLUE de Curitiba (PR). Navegando entre o peso e a melodia, é possível encontrar no som da banda, desde passagens totalmente Heavy Metal á momentos próximos do Hard e, ainda, passagens bem pesadas com certo acento Thrash. Se essa "mistureba" pode soar confusa num primeiro momento, ao ouvirmos com atenção as cinco faixas presentes aqui,podemos perceber que, mesmo que este seja seu primeiro trabalho e existam arestas a serem aparadas, o grupo tem qualidade. Além disso, cabe lembrar que a banda foi formada em 2018, e logo, possui pouco tempo de carreira.

Marcelo Paes (vocal), Tales Ribeiro (guitarra), Rodrigo Kolb (guitarra), Roberto Greboggy (baixo) e André Prevedello (bateria) produziram por conta própria o EP, que foi gravado pela dupla de guitarristas. Já a mixagem e masterização foram feitas por Paulo Bueno. E esses quesitos garantiram a QUIETUS uma aura pesada e densa, lembrando em alguns momentos o que o Sentenced fez nos álbuns "Crimson" (200) e "The Cold White Light" (2002). Mas que fique claro, falo isso principalmente em relação a sonoridade das guitarras, vez que a sonoridade do grupo difere de forma bastante significativa daquela praticada pelo saudoso grupo finlandês. Ainda, dentro dessas particularidades, o vocalista Marcelo, que tem um timbre bastante peculiar, precisa definir com mais precisão que linha seguir, pois apesar de se mostrar bastante versátil, parece que em determinados momentos, sua voz acaba por se perder dentro da composição. Algo que a estrada se encarregará de ensinar...

"Disorder" abre o trabalho com um riff pesado, enquanto a cozinha segue pela mesma trilha. Carregada de energia, a faixa traz uma interessante mistura de thrash, heavy e hard, com destaque para a dupla de guitarristas Tales e Rodrigo. Da mesma forma, baixo e bateria mostram coesão e entrosamento. Já o vocalista Marcelo, em determinados momentos me trouxe a mente a voz de Deus, a saber Ian Fraser Kilmister, conhecidos por nós, simples mortais como Lemmy. Só que durante a execução da faixa, sua voz ganha ares mais agressivos, o que acaba sendo positivo, vez que a composição não te absolutamente nada de Motorhead em sua sonoridade. A faixa título também inicia carregada de peso, onde as guitarras se destacam. Aqui, Marcelo demonstra maior personalidade, mantendo linearidade em sua voz de forma mais concisa. "No Garden" mantém similaridade com a faixa título, e traz um bom trabalho da dupla Roberto e  André (baixo e bateria, respectivamente). Aliás, percebe-se que o baixo ficou bem à frente nas faixas, pois pode ser ouvido com bastante "nitidez" em muitos momentos. Se foi proposital, não posso afirmar, mas se Roberto não tivesse competência, poderia ser bem arriscada essa situação. Por sorte, o músico se mostra bem acima da média.

Na sequência, "Dissolution" mostra uma outra faceta de Marcelo, que usa sua voz de forma diversa, trazendo um lado mais Hard para a composição. Por se tratar de uma "balada", a faixa ganha peso e aqui sim, a lado Sentenced do grupo aparece de forma mais direta. Isso na primeira parte da música, pois depois o Heavy Metal vem requerer seu lugar, da forma mais tradicional, onde os riffs nos remetem de forma simples, mas direta, ao Iron Maiden. Pra encerrar, "Mucamba", a melhor faixa do EP, sem sombras de dúvidas! Um Hard/Heavy pegado, com ótimo trabalho das guitarras, mostrando que esse deve ser o caminho a ser trilhado pelo grupo. Uma música com personalidade, vocal encaixado e melodia que contrata com o peso. Baita faixa!

Como dito no início da resenha, é muito bom receber um trabalho como QUIETUS. Mesmo que existam pontos a serem melhorados (pequenos ajustes na voz de Marcelo, um cuidado maior na mixagem pra deixar os instrumentos mais nivelados), o quinteto mostra muita garra e vontade de conquistar seu espaço. Tendo o devido cuidado com esses pequenos ajustes, o DOGMA BLUE será mais um nome de respeito dentro do cenário do metal nacional.

SERGIOMAR MENEZES










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