sexta-feira, 13 de agosto de 2021

SWITCHBACK - BATENDO DE FRENTE (EP) (2021)

 


SWITCHBACK - BATENDO DE FRENTE (EP) (2021)

Independente

Sabe aquele Hardcore, mas Hardcore mesmo? Meio difícil de encontrar hoje em dia né? Se você também corrobora da mesma opinião que este que vos escreve, dê uma sacada em BATENDO DE FRENTE, novo EP da banda carioca SWITCHBACK! Direto, seco e agressivo como um soco na boca do estomago. Pode parecer um tanto quanto primitiva uma descrição desse tipo, mas a sonoridade apresentada pelo quarteto é digna de nota! Muito bem produzido, o grupo flerta em vários momentos com o Thrash, o que dá uma encorpada ainda maior ao HC da banda. Sem muito papo, como reza a cartilha do estilo, vamos ao que interessa.

Vinny Blanc (vocal), Fabio Lannes (guitarra), Luciano Munhoz (baixo) e Mauro Lopes (bateria), despejam toda fúria e agressividade de sua música em 4 faixas gravadas no Tellus Studio no Rio de Janeiro. Produzido pela própria banda, mixado por Felipe Borges e Caio Mendonça e masterizado por este último, BATENDO DE FRENTE peca em um único quesito a duração! Como relatado anteriormente, o Hardcore da banda encontra momentos de rispidez thrash, de sujeira punk, mas acima de tudo, traz consigo personalidade e identidade, o que fica ainda mais evidente nas letras do quarteto.

A primeira faixa, "Corrosão", que teve seu vídeo divulgado no início de 2021, é um singelo convite à compra de novos móveis pra casa, se você correr o risco de ouví-la sem ter cuidado de estar em um local deserto. Os riffs de Fábio guardam uma proximidade com o Thrash, enquanto a cozinha composta por Luciano e Mauro se encarregam de adicionar a veia Hardcore explícita do grupo. Já o vocal de Vinny tem todas a s características necessárias, pois é direto, intenso e sem "melodia". Ou seja, um soco na cara sem nenhum tipo de defesa! Da mesma forma, "Passa Seu Ego Pra Cá", segue mantendo a aproximação com o Thrash, com passagens mais "limpas". Enquanto isso, Mauro imprime à faixa eu momento britadeira, castigando seu kit sem piedade. Outro ponto que merece destaque é o peso que o grupo repassa, algo raro, pois muitas vezes, o Hardcore acaba priorizando a velocidade em detrimento ao peso, o que acaba tirando um pouco da intensidade das faixas.

E por falar em velocidade, "Pelo Povo, Para o Povo", mostra de forma concisa a face mais HC do grupo. Com um clipe muito bem gravado, a letra da composição é uma espécie de protesto contra os ataques à constituição (que ultimamente vem sendo perpetrados por aqueles que deveriam defendê-la) e que acabam por distorcer o conceito de direito e deveres dos cidadãos. Sem dúvidas, o grande destaque do trabalho! Pra encerrar,  "Bota a Cara, Cuzão", com sua levada Thrash (Exodus, Sepultura) mostrando a versatilidade do grupo, tanto na composição quanto na execução.

BATENDO DE FRENTE é um trabalho que coloca em evidência o nome da SWITCHBACK. Uma pena que acabe de forma tão repentina. Fica aqui uma pergunta: não é o momento de um álbum completo????




quinta-feira, 12 de agosto de 2021

AS THE PALACES BURN - FOR THE WEAK (SINGLE) (2021)

 


AS THE PALACES BURN -  FOR THE WEAK (SINGLE) (2021)

Independente 


Uma da bandas mais promissoras do cenário brasileiro decidiu por "repaginar" sua identidade visual antes do lançamento de seu mais novo álbum, previsto para este segundo semestre de 2021, contando com a produção do renomado Adair Daufembach. A AS THE PALACES BURN sempre foi uma banda que soube, e sabe, onde quer chegar, pois nas conversas que tive com Alyson Garcia, vocalista do grupo, isso sempre ficou bem claro. E, mais uma vez, a banda prova que tem seu caminho muito bem delineado com o single "For the Weak", uma vez que apresenta uma sonoridade mais agressiva, mantendo sua identidade.

O grupo, que sempre se mostrou dono de uma versatilidade e técnica acima a média, traz em "For the Weak", uma pegada mais visceral, pesada, agregando tudo isso à sua sonoridade característica, qual seja, a mistura de Heavy, Thrash e Prog Metal, com vocais que soam ora mais intensos e ríspidos, ora mais melódicos e limpos. O single serve como um "aperitivo" para o que vem por aí, e a julgar pela qualidade aqui apresentada, teremos um álbum, mais uma vez, acima da média. Algo já comum à curta, porém consistente, discografia do grupo.

Sergiomar Menezes



quarta-feira, 11 de agosto de 2021

ORPHANED LAND - UNSUNG PROPHETS & DEAD MESSIAHS (2018)

 

ORPHANED LAND - UNSUNG PROPHETS & DEAD MESSIAHS (2018)

Shinigami Records/Nuclear Blast Records

Banda na atividade desde 1991, passou por várias alterações na sua formação desde que iniciou sob o nome de Resurrection (até 1992), mas sempre manteve o foco máximo da inspiração nas criações para os álbuns. Originada em Tel Aviv (Israel), a banda discorre suas melodias inspirada pela cultura religiosa do Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Claro que essa inspiração, algumas vezes, também se dá ao direito de criticar atitudes originadas dessas religiões. Mas o que é inegável é a percepção de todo desse clima mediterrâneo na sonoridade da banda. Muito peso, velocidade, pegada, mas com um semblante de oriente médio nas melodias. Certamente esses elementos não estão juntos pela primeira vez em uma banda, mas cabe dizer que Orphaned Land encontrou o caminho de tornar a mescla desses elementos, originais na sonoridade das suas músicas. 

Assim veio a este mundo o Unsung Prophets & Dead Messiahs (2018). Não é somente mais um  Full-length da banda, o disco é um manancial cultural de onde vertem os mais impressionantes versos fraseados sobre vida e morte, amor e ódio, o possível e o impossível, a relação de amor e ódio entre o permitido e o proibido. Unsung Prophets procede o All is One (2014), que em seu lançamento trouxe igual euforia para o cenário metal. All is One trouxe uma música que falava sobre a mundialmente conhecida, trégua entre os inimigos na noite de Natal, durante a primeira guerra mundial em 1914. Tudo isso para introduzir a grandeza da bolachinha que antecedeu ao Unsung Prophets. E qual não foi a certeza em perceber que o disco de 2018 trouxe uma igual (ou superior) qualidade, emoção e entrosamento da banda. Além disso, Unsung Prophets & Dead Messiahs também conta com um line up de convidados impressionante. Um total de 45 convidados entre vocal convidados, Backing vocalistas e coro (para edição dupla). E muito alinhado com o estilo musical da banda, Orphaned Land não deixa passar batida oportunidade de tecer algumas críticas, em suas músicas, sobre alguns costumes ou a ortodoxia das tradições locais, onde a banda surge. Feita essa apresentação, agora é hora de comentar sobre o disco e suas características. 

Unsung Prophets & Dead Messiahs (2018) vem ao nosso encontro cheio de informação, cheio de cultura e algumas denúncias, como falado anteriormente. Mas não vem só com esses elementos. Também apresenta uma banda completamente coesa, vibrante e sons construídos com melodias inacreditáveis. Ainda que categorizada como uma banda de Doom/Death por alguns veículos, o disco de 2018 também apresenta algumas canções com uma riqueza Folk impressionante. Falaremos adiante. 
O disco abre com “The Cave”, um compendio complexo cursivo sobre a os questionamentos que rondam o credo religioso. E não só do credo religioso de Abraão, se a mente estiver aberta para interpretação, são questionamentos e anseios que podem ser aplicados em qualquer crença religiosa. Palavras da sabedoria, humanismo e humanidade, orquestrados sob uma linda melodia que te transporta ao oriente médio. Sonoridade que te faz sentir o grão de areia na pele, o cheiro da carne de carneiro ao molho de canela, é quase um bólido que te transporta ao deserto. O disco todo segue esse clima de uma grande experiencia de imersão cultural. E se eu tivesse o poder de indicar algumas obras sonoras, ao prêmio de Nobel da paz, certamente Unsung Prophets & Dead Messiahs estaria no topo dessa lista.

“The Cave” recebe o ouvinte com um pouco mais de 8 minutos que passam rápidos demais. A segunda faixa, bem mais curta e com tempo dentro do normal, mergulha o ouvinte no cerne do que a banda sabe fazer. Rápida e cadenciada, “We Do Not Resist” o vocal de Korbi Farhi deixa clara a razão de a banda estar listada entre os gêneros Doom e Death Metal.  A terceira faixa traz o primeiro ponto alto do disco. Chamada de “In Propaganda”, narra muito o estilo de vida dos que se deixam levar pela palavra. Nem sempre isso é um sinal ruim, mas muitas vezes “a palavra” (seja religiosa, da mídia, da sociedade, dos influentes, etc.) conduz o ouvindo por um caminho de cegueira intuitiva. A letra da música traz esse alerta embalada, mais uma vez, por uma melodia construída com muito requinte cultural. 
Yedidi cantada na língua original dos integrantes da banda, toca mais uma vez no lado espiritual da existência. O que, sem dúvida, é uma das características mais marcantes de Israel: 

“Then, upon an orphaned land have I not chased after you?
("Então, em uma terra órfã, eu não te persegui?)

Seir, and Mount Paran, and Sinai, and Sin - my witnesses “
(Seir, e Mount Paran, e Sinai, e pecado - minhas testemunhas")

“Chains Fall to Gravity” desacelera um pouco o ritmo e quase busca referencias em Opeth para se conduzir na execução. Pontuada com alguns elementos do metal progressivo inclusive, é uma música que enriquece a audição do disco. Aqui aparece o primeiro convidado especial, que talvez explique um pouco da presença do progressivo no som. Ninguém mais, ninguém menos que Steve Hackett (ex-Genesis). Falando em convidados, o próximo som do disco retrata outro grande ponto alto do disco. “Like Orpheus” estonteante conta com a participação de Hansi Kursh (Blind Guardian, Demons & Wizards) como vocal convidado. É impressionante como a atmosfera da música se transforma nos contrapontos do vocal metal do Hansi e em momentos que toda magia da ancestralidade dos mouros se faz presente, através do vocal do Kobi Farhi. Se buscares pelo clipe, aviso que talvez possa te encontrar nessas melodias. Conta um pouco sobre a vida dupla de um headbanger. Pessoal “normal” durante o dia, banger a noite. O pano de fundo do som, é essa duplicidade vivida, porém para metaleiros nascidos sob uma cultura enraizada em tradições muito mais antigas. Outra personalidade que aparece, também, é o Tomas Lindberg (AT THE GATES). Ele faz uma participação no som “Only the Dead Have Seen The End of War”, que é pontual e cirúrgica. 

O fato, senhoras e senhores, é que Unsung Prophets & Dead Messiahs é um grande apanhado cultural regional, de um local que emana toda uma aura de mistério religioso (ou pela busca da legitimidade santa ou pelos conflitos violentos dessa busca) e vale cada segundo da audição. Espero que esse texto de faça pensar em ouvir o disco. Falo sem medo de errar: 
- Esse é daqueles discos que agrada, inclusive, quem não curte metal! 

Uillian Vargas




XFEARS - THE FIRST (2021)

 


Xfears - "The First" (2021)

GSC Music

Não apenas técnica apurada, esmero matemático/musical — megalomania criativa ou mostruário de virtuoses;  “The First”, o primeiro registro completo da banda paulista Xfears, é, antes de mais nada, um álbum edificado com emoções fortes, conduzido por sensibilidades e organicamente elegante. Repleto de diferentes texturas, de nuances — relevos e ápices. Riquezas harmônicas e um vasta paleta de melodias habilmente escritas que, tanto conseguem seduzir quanto encantar. Em suma, uma cordilheira de sentimentos numa paisagem que emula com perfeição todas as virtudes e sutilezas do Metal Progressivo.

A Xfears foi fundada em 2002 por Gabriel Carvalho (vocais/teclados), Marcelo Monteiro (guitarras) e Gilmar Cazagrande (guitarras). Em 2004 a banda entrou num hiato que durou 13 longos anos, mas que felizmente findou-se em 2017, quando voltaram e lançaram o fabuloso single “Changes”. Em 2020 o alinhamento da banda foi reconfigurado com a entrada dos músicos; Douglas Polents (bateria) e Ricardo Roque (baixo). Outros singles foram concebidos e eis que finalmente neste mês, eles debutam com uma força natureza, o instigante “The First” (GSC Music).

Com sua concepção sonora creditada a Gabriel Carvalho, o álbum teve seus cursores de estúdio — gravação, mixagem e masterização deixados sob a responsabilidade de Alexandre Dipper (Xstudio); a arte da capa e demais recursos visuais receberam a rubrica do designer Danilo Zacarias.

Antes de adentrar no universo de musical do Xfears, quatro acertos (dentre muitos) que devem ser ressaltados. Primeiro: A produção é o oposto daquilo que o contemporâneo tem oferecido, ela é “viva”, cristalina e volumosa, cada instrumento e timbre, cada relevo e curva do instrumental, e cada camada sonora tem seu espaço e tempo bem definidos. Cada músico tem seu próprio holofote e quando em conjunto tudo é ainda mais intenso e grandioso. Segundo: Apesar de ser um composto fronteado pelo Metal Progressivo, o repertório desenvolve-se além do que o rótulo, por vezes, define. Ou seja, o Prog segue como norte do trabalho (o cardeal mestre), mas linhas de Heavy e de Power Metal tradicional o abrilhantam (como pontos colaterais). Terceiro: A habilidade do quinteto em transmutar estruturas convencionalmente complexas em algo acessível, ainda pesadas e intrincadas, mas de fácil “digestão”. Quarto: A não necessidade de preenchimento absoluto. O disco comporta 09 faixas de tempo razoável. Uma curta introdução intitulada “Xfears”; que serve para ambientar a narrativa e um interlúdio; “Prelude To Pain” (que prepara terreno para a maior malha do trabalho “The Worst Pain”). As demais 07 extrações transitam entre 04 e 06 minutos — sucintas, mas coesas e devidamente detalhadas; sem ausências ou excessos.

“Take Control” esbanja feeling e técnica, com grande enfase  no desenvolver das guitarras (riffs, edificações melódicas e solos); nas linhas de bateria que foram maravilhosamente caligrafadas — e são mutáveis conforme a progressão da música, e nos teclados, que tanto fazem fundo quanto adorno. “Hell Is Here” é uma verdadeira ode ao Prog Metal, com incríveis mudanças de ritmo, elegantes transições e um refrão evocativo (candidata a hino da banda). “No Regrets” amalgama elementos das anteriores, porém, mais enérgica e com as guitarras protagonizando o espetáculo. Num disco onde a emoção é a aorta, uma balada se faz mais que obrigatória e “I See” atende essa necessidade. Teclas delicadas, guitarras que seduzem tanto em suas elevações quanto no solo (se o Progressivo não tem alma, que alguém me explique essa música, por favor). Gabriel Carvalho não apenas canta e dá vida aos sentimentos da canção, ele se torna a canção (proeza que poucos conseguem, acredite). “Endeavour” vai do esmero do supracitado Prog até o Metal em suas formas mais tradicionais — sensacional!

Uma homenagem ao imortal Nevermore e ao também imortal Warrel Dane acontece na sétima faixa, trata-se de um cover digníssimo para a belíssima “Believe In Nothing” (décima faixa da obra-prima “Dead Heart In A Dead World” — 2000). E verdade seja dita, tocar Nevermore, ainda que seja uma de suas baladas nunca será uma tarefa simples, cantar as letras imortalizadas pelo Warrel menos ainda. Sua voz, sua interpretação e sua força eram únicas e irreplicáveis. “The Worst Pain” encerra nossa digressão pela pintura em movimento que é “The First”. Todos os predicados encontrados e enumerados durante toda a audição são novamente expostos e intensificados nela. Um fim épico à altura de tudo que revelado durante todo o disco.

O Xfears é um achado e um acréscimo valoroso para o Metal brasileiro; “The First” é forte, inteligente e coeso. Um álbum marcante e inundado de criatividade, que não pode de modo algum ficar restrito apenas a um nicho de fãs (música de qualidade transgride estilos, gêneros e rótulos). O Xfears merece ser conhecido não apenas por sua habilidade, mas também pela emoção com a qual confecciona sua arte, emoção essa que se torna cada vez mais rara atualmente (ouve-se rápido e esquece-se mais rápido ainda.

Fábio Miloch




terça-feira, 10 de agosto de 2021

HEAVY SMASHER - HEAVY SMASHER (2021)

 



HEAVY SMASHER - HEAVY SMASHER

Roadie Metal - 2021


Antes mesmo de ouvir o álbum de estréia do quinteto cearense HEAVY SMASHER, que traz consigo uma década de bagagem, é impossível não simpatizar e nutrir uma expectativa acima da média pelo trabalho. Afinal, entre as influências do grupo estão Judas Priest, Iron Maiden, Dio, Black Sabbath e Accept. Ou seja, Heavy metal em seu estado mais puro. E é exatamente essa fórmula que encontramos já nos primeiros segundos de audição. Nada de invencionices, barulhinhos, ou outras modernidades que são utilizadas ultimamente para encobrir a falta de talento. Riffs tipicamente trazidos dos gloriosos anos 80, mas com uma roupagem atual, peso, e o mais importante, paixão pelo que se faz. Sim, de nada adianta a técnica se o que é feito não vem do coração, da alma. E o HEAVY SMASHER tem essa dedicação muito explícita. Se você tem alguma dúvida, escute e depois me diga!

Formado por Nildo Gomes (vocal), Nando Smasher (guitarra), Diego Quântico (guitarra), Luís Paulo (baixo) e Bruno Rocha (bateria) o grupo iniciou as gravações do trabalho em setembro de 2018 e conclui em abril de 2021. Para muitos pode parecer um longo período de tempo, mas só quem conhece as dificuldades de se fazer Heavy Metal no país do samba e sertanejo, sabe bem como é. Gravado em Fortaleza, no VTM Studio, com produção, masterização e mixagem de Taumaturgo Moura, o álbum traz nove faixas, sendo cinco delas inéditas e quatro regravações de "Smasher and Loud", EP lançado em 2018. Um ponto que é importante ser destacado é que este é o primeiro trabalho desta formação. Outro ponto que também merece distinção é a produção. Encorpada, pesada e até certo ponto cristalina, garantiu que a musicalidade de cada integrante, e por consequência, do grupo, ganhasse ainda mais visibilidade. 

"We Are Angels" abre o trabalho com aquela cara Judas/Accept que todo verdadeiro fã de metal esperava ouvir em um álbum do estilo. As guitarras muito bem timbradas ganham o peso da cozinha, pois Luís Paulo e Bruno (baixo e bateria respectivamente) sentam a mão de forma concisa. O vocal de Nildo também possui um timbre interessante, pois traz um consigo uma similaridade com o do grande Matt Barlow (Iced Earth), mas com personalidade. Escolha muito bem acertada para a abertura, uma vez que a faixa seguinte, "Heavy Smasher Sound" é mais cadenciada, mas nem por isso menos empolgante. Com uma levada Hard/Heav, a composição é dona de um refrão que não sai da cabeça após a primeira audição. Nando e Diego mostram um bom entrosamento, o que reforça a veia mais oitentista da faixa, que faz parte do EP de estréia do quinteto. Na sequência, "Sunrise Rebels", outra composição do EP "Smasher and Loud" mantém a pegada Hard/Heavy da faixa anterior.

"Clash of the Gods" traz consigo aqueles riffs cavalgados, mas possui uma pegada mais atual, destoando um pouco da linha que vinha sendo abordada nas faixas anteriores. Também presente no EP, a música tem um solo inspirado, mas fica pouco aquém daquilo que a precedeu. A coisa muda de figura com "FireFight", uma pedrada cheia de guitarras bem NWOBHM, onde a banda mostra que fazer Heavy Metalé pra quem conhecimento de causa. Sem dúvidas, um dos destaques do álbum, apesar de alguns pequenos deslizes/exageros vocais em alguns momentos. E tome riffs e solos cheios de referências aos ícones Downing/Tipton, Murray/Smith, Hoffman/Frank em "Face Up Reality". Ainda que em alguns momentos surjam nuances mais atuais durante a execução da faixa, restam evidentes as influência dos mestres das guitarras.

E tome peso e andamento cadenciado em "Into the Abyss", que tem seu destaque nos solos inspirados, além de mostrar a veia mais atual da cozinha, que demostra também excelente entrosamento e coesão. "Screaming All", última faixa presente no EP de estréia, deve ter sido composta com a intenção de fazer o público cantar junto dos shows. Não há outra explicação! Jeitão de "hino", com pegada pesada e típica, também merece ser citada como um dos destaques de um álbum bastante regular. O encerramento vem com "To Be Strong", que me trouxe a mente a fase Jugulator/Demolition do Judas. Com peso e uma levada mais moderna, em alguns momentos até a voz de Nildo me remeteu a de Ripper Owens, o que, de forma alguma, causa demérito á faixa. Muito pelo contrário, afinal, estamos falando de uma das maiores bandas de todos os tempos, e, conforme o róprio release do grupo, uma das grandes influências do quinteto.

HEAVY SMASHER é um belo álbum de HEAVY METAL. Dono de todos os ingredientes que se buscam quando se fala no estilo, o trabalho vai agradar em cheio todo fã que conhece  e sabe apreciar o que de melhor o Metal nos proporciona. 

Sergiomar Menezes