quarta-feira, 15 de junho de 2016

VAN CANTO - VOICES OF FIRE



                 Confesso que a proposta do grupo alemão VAN CANTO nunca me agradou muito. Apesar de inovadora, a sonoridade do grupo baseada apenas nas vozes de seus integrantes (onde alguns simulam os sons de guitarra e baixo) e com o suporte de uma bateria "de verdade", na minha opinião, nunca soou forte e verdadeira como o heavy metal deve ser. Substituindo o som da guitarra pelo já famoso " Rakkatakka", e hoje com dez anos de carreira, o grupo que surgiu fazendo covers de grandes nomes do metal mundial, neste seu mais recente trabalho, intitulado VOICES OF FIRE, que chega ao Brasil via Shinigami Records, traz somente músicas autorais, o que por si só, já pode ser considerado uma evolução.

                Formado por Sly (vocal), Inga (vocal), Stef (Lower rakkatakka vocal), Ross (Higher rakkatakka vocal), Jan (baixo vocal) e Bastian (bateria e percussão), o grupo chega ao seu sexto trabalho. Com uma produção muito bem feita, o que evidencia as performances dos integrantes, haja visto o "hero metal á capella" executado pelo sexteto. O álbum também conta com um bonito trabalho gráfico, o que casa bem com a proposta do grupo. Baseado no livro "Vozes do Fogo" do escritor alemão Cristoph Hardebusch, o trabalho é quase que uma trilha sonora para a obra, e tem toda a atmosfera que envolve seu conteúdo.

               Após o Prologue, Clashings On Armour Plates dá início aos trabalhos com vocais grandiosos. E isto é um dos trunfos do grupo. Se por um lado "falta" o que normalmente temos em disco de metal (guitarra e baixo), os vocais de Sly e Inga são muito eficientes. Pendendo para o lado power, por vezes sinfônico, o grupo mostra personalidade. Em Dragonwake, eu fico pensando como a faixa ficaria melhor com o peso de uma guitarra. A linha adotada aqui, "pede" por teclados. os corais acabam por suplantar isso, mas fica a sensação de que falta algo... Time and Time Again se destaca pelo "baixo", muito bem executado por Jan. Em All My Life temos um power metal muito bem composto. Uma das coisas a se destacar é o bom gosto do grupo nos arranjos. Muito bem elaborados, tendo em vista contar apenas com vozes (além da bateria), o que vem a enriquecer as qualidades do é feito. Battleday's Dawn é uma faixa épica, onde podemos imaginar os campos de batalha, cenário mais que propício ao som que escutamos.

              Firevows (Join The Journey), possui "guitarras" mais pesadas e vocais muito bem executados. A melodia que acompanha a faixa é muito bonita. The Oracle, com corais épicos e melódicos também se destaca. A bateria de Bastian tem um trabalho mais elaborado nessa faixa, pois as variações durante a execução, mostram uma composição cheia de versatilidade. The Betrayal traz uma bela interpretação de Inga, que encontra nas "rakkatakkas" de Stef e Ross um complemento bem estruturado. We Are One tem uma linha mais encaixado no metal tradicional. The Bardcall lembra aquelas músicas cheias de climas gravadas pelo Blind Guardian. Uma das melhores músicas do trabalho, vemos aqui um grande entrosamento entre Sly e Inga, pois as vozes acabam se complementando sem que seja necessário mudança de estilo em suas formas de cantar. To Catharsis tem um início que nos lembra os primeiros álbuns do Nightwish e também, o Rhapsody (ou Rhapsody of Fire, como queiram). Epilogue encerra o trabalho do sexteto.

             Neste sexto álbum, o VAN CANTO mostra que não quer ser mais "aquela banda sem guitarras e que faz covers", e sim, que tem talento e capacidade para estabelecer uma carreira sólida. Se por um lado, sentimos falta (eu particularmente continuo achando que uma guitarra faria muito bem ao grupo, mas também, que isso poderia transformá-lo em apenas mais um grupo no cenário) dos instrumentos reais, as vozes acabam por compensar, de certa forma, esse sentimento. VOICES OF FIRE agradará aos fãs do grupo e  poderá também, fazer com que novos fãs sejam conquistados.


             
             Sergiomar Menezes

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