Jeff Scott Soto é um músico incansável. Tendo participado de inúmeras bandas e projetos, além de seu projeto solo, o norte americano nascido em 04 de novembro de 1965, chega agora ao segundo álbum da banda S.O.T.O., intitulado DIVAK. Se no primeiro trabalho, Inside The Vertigo (2015), o vocalista resolveu investir em uma sonoridade mais densa e pesada, aqui, neste segundo álbum, a tendência é a mesma, sem abrir mão das melodias, dos excelentes músicos que o acompanham e de seu inegável talento. Lançado por aqui em mais uma iniciativa da Shinigami Records, o cd traz 13 composições que primam pela versatilidade, técnica e bom gosto. Algo que, se tratando do vocalista, é redundante.
Composta pelo próprio Jeff Scott Soto (vocal), BJ (guitarra e teclados), Jorge Salan (guitarra), David Z. (baixo) e Edu Cominato (bateria), a banda tem em sua formação dois brasileiro (BJ e Edu), que há algum tempo vem trabalhando com o vocalista. Tanto é que a produção do álbum ficou por conta do próprio Soto e de Edu Cominato. E ficou excelente, pois além de manter a melodia que sempre permeou os trabalhos do americano (seja em seus trabalhos solo, seja em seus projetos ou até mesmo nas inúmeras bandas as quais passou - Malmsteen, Talisman, WET, o projeto Rock Star, entre tantos outros), também acrescentou uma sonoridade mais densa, pesada e porque não dizer, suja. Já a mixagem e masterização ficaram sob a responsabilidade de John Ellis. A capa e toda a arte gráfica ficaram por conta do renomado Gustavo Sazes. Ou seja, Soto mostra que confia no que os brasileiros tem a oferecer. E ele está totalmente certo!
Iniciando com a introdução muito bem arranjada, Divak, o álbum ganha seqüência com a pesada Weight of the World, onde já percebemos qiue o trabalho desenvolvido no cd anterior manteve a mesma pegada por aqui. Excelentes riffs e um grande trabalho de baixo/bateria, deixam Soto á vontade ara desfilar seu incontestável talento. Linhas fortes e arrojadas dão á faixa uma dose extra de peso. Aqui, temos a participação especial de Leo Mancini na guitarra. A também pesada Freakshow vem em seguida e mantém o clima da faixa anterior. Com um Soto bastante agressivo em alguns momentos, Aqui temos a participação de Tony Dickinson no baixo, guitarra e teclados. Com uma pegada mais "moderna" a composição mostra o talento dos músicos, pois é muito bem trabalhada e arranjada. Paranoia tem riffs bem construídos, enquanto a base proporcionada pela dupla baixo/bateria faz em excelente trabalho. O vocalista explora linhas mais diretas, sem perder sua vocação melódica, principalmente no momento do refrão. Em Unblame, temos uma harmonia que navega forte pela melodia. Com alguns toques mais atuais, a banda consegue transpassar os limites entre o "novo" e o peso de antigamente com extrema categoria. Cyber Masquerade é uma faixa bem pesada e intensa. As guitarras de BJ e Jorge vem carregadas de riffs fortes e o vocalista segue sua jornada pela variação entre melodia e agressividade. Já In My Darkest Hour é uma "power ballad", daquelas que o vocalista acostumou-se a interpretar de forma sublime. Linhas muito bem arranjadas, fazem que sua voz acabe soando mais natural aqui, sem que com isso acabe perdendo sua intensidade.
O peso volta aos alto falantes com Forgotten. Aqui, novamente vemos que as guitarras acabam guiando a faixa (como em quase todo o trabalho), de forma que as linhas de baixo e bateria formam uma base consistente. O começo de Suckerpunch tem algo de industrial, mas logo em seguida volta a ter seu ritmo ditado pelas excelentes guitarras da dupla BJ e Jorge. E Edu Cominato se mostra extremamente eficiente, pois as linhas de bateria ganham destaque aqui. E os solos também se destacam pela complexidade com que se apresentam. Time tem o peso guiado por uma melodia bem interessante. A versatilidade de Soto se mostra novamente. Que técnica incrível que o vocalista tem e sabe o momento certo de usá-la. A variação presente em Misfired é digna de nota, pois a faixa consegue ser "suave" e agressiva de uma forma bem consistente. E temos aqui algumas participações especiais, com destaque para Al Pitrelli (Alice Cooper, Savatage, Megadeth,entre outros). Da mesma forma, Fall From Grace segue o ritmo. Podemos dizer que as faixas tem em comum a sonoridade moderna, mas sem se tornarem chatas. Vejam bem, quando digo modernas quero dizer atuais, intensas e não "modernosas" e cheias de barulhinhos... O álbum se encerra com mais peso. Awakened traz linha bem interessantes de teclados, mas o peso das guitarras acaba por "sufocar" isso, mas de forma sutil, sem que comprometa a qualidade dos arranjos e da composição. Belo encerramento de um grande trabalho!
Com DIVAK, Jeff Scott Soto dá seqüência ao que vinha fazendo anteriormente com o S.O.T.O..Ou seja, um trabalho pesado, intenso e de muita qualidade. Os fãs do vocalista continuarão admirando seu trabalho, sendo que aqueles que não conhecem ou que , de certa forma, não gostavam do que o vocalista vinha fazendo, podem ter aqui uma nova visão do talento e categoria do músico americano. Basta deixar o preconceito de lado e curtir este grande álbum!
Sergiomar Menezes