O metal nacional nunca pára de me surpreender. É imensamente gratificante quando, por mais que a gente conheça a capacidade técnica e criativa das bandas brasileiras, recebemos trabalhos tão cheios de qualidade quanto este excelente PROSELYTE, primeiro full lenght do quarteto paulista DYSNOMIA. Praticando uma fusão brutal e agressiva entre o mais ríspido thrash metal e o mais mortal death metal, o grupo apresenta um trabalho primoroso nas oito faixas presentes aqui. Não apenas musicalmente, mas no conjunto da obra, pois a arte gráfica e o acabamento ficarm muito acima da média.
João Jorge (vocal e guitarra), Julio Cambi (guitarra), Denilson Sarvo (baixo) e Érik Robert (bateria) já haviam lançado em 2013 o EP As Chaos Descends e pode-se dizer sem medo de errar que a evolução do grupo foi bastante acentuada. Não que antes o grupo não mostrasse sua qualidade, mas aqui, podemos perceber toda a capacidade e versatilidade da banda. Arranjos muito bem executados, solos variados e técnicos, mas sem perder a aura agressiva presente no som do quarteto, uma cozinha muito, mas muito pesada (grandes responsáveis pelo peso absurdo que ouvimos no trabalho) e um vocal que dosa de maneira correta o feeling do thrash e a brutalidade do death. Produzido, mixado e masterizado por Gabriel do Vale no Nova Estúdio, o trabalho traz uma sonoridade limpa e ao mesmo tempo "suja", se é que me faço entender. Pode-se ouvir claramente todos os instrumentos sem que os mesmos soem "cristalinos", algo que poderia comprometer a brutalidade do som do grupo. A arte de capa ficou sob a responsabilidade do renomado Gustavo Sazes (Arch Enemy, Morbid Angel, entre outros).
Ascension dá início ao massacre sonoro. João Jorge transpassa em seu vocal toda a fúria que o estilo do grupo pede, enquanto as guitarras se encarregam de traduzir sua agressividade em riffs mortais. O duo baixo/bateria se encarrega de sentar a mão sem piedade, caprichando no peso. Palingenesis deixa isso ainda mais claro, pois os riffs tipicamente death encontram nas levadas thrash da cozinha um "contraste" que dá uma personalidade forte á banda. A faixa título, Proselyte motsra toda a influência do thrash metal no som do grupo. Se por um lado o peso da cozinha tem as características masi brutais do death, os vocais e guitarras aqui, mostram que a banda bebeu na mesma fonte que Kreator, Sepultura e outras também beberam. Spiralling Into Oblivion segue mostrando toda a versatilidade do grupo, pois alterna momentos mais "suaves" (detalhe para a perfeita execução dos solos) e passagens cheia s de agressividade.
E por falar em versatilidade, o que dizer de Sisyphus? Uma faixa que começa "limpa" e vai ganhando peso em seu desenvolvimento, até descambar para a porradaria total, sem dó nem piedade do nosso pobre pescoço. Muito peso e densidade nesta faixa! Já em Begotten a linha mais tradicional do death metal se faz presente, principalmente pelas guitarras ( a dupla João Jorge e Júlio Cambi demonstram grande entrosamento). The Storm Arrives mantém essa liha, mesmo que os solos, por vezes mais melódicos, fujam um pouco da proposta mais brutal da faixa. O encerramento vem com Obsolete Humachinery. Uma faixa que condensa todas as características da banda, pois temos desde aquelas "paradinhas" mortais e típicas do estilo consagrado pela Bay Area como a velocidade que marca de forma direta a escola alemã. E sem esquecer do estilo mortal do início dos anos 90 na Florida.
O grupo mostra que além da evolução apresentada em PROSELYTE, tem tudo para gravar seu nome no cenário do metal nacional. Se pensarmos que algumas bandas acabam por conquistar seu lugar ao sol apenas no esquema "tapinha nas costas", veremos que o DYSNOMIA não precisa disso. Capacidade técnica, criativa e muita energia sobram no trabalho do grupo. Forte candidato a estar entre os melhores trabalhos deste ano.
Sergiomar Menezes
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