E o metal nacional não pára de me surpreender. E na maioria das vezes, positivamente. E esse é o caso da ótima e interessante banda TUPI NAMBHA, oriunda de Brasília, DF. Se a capital federal, não pode servir de orgulho para nós brasileiros no que diz respeito à política, quanto ao metal, a coisa muda de figura. Praticando um heavy metal bem peculiar, intitulado pela própria banda como Tribal Metal, ms que mantém uma grande proximidade com o Thrash, o grupo lançou em 2016 este excelente EP. INVASÃO ALIENÍGENA mostra uma banda que, apesar de formada em 2016 (mesmo ano do lançamento do EP), apresenta personalidade, uma vez que faz uso do Tupi antigo em suas letras. Se iso pode soar estranho em um primeiro momento (e sendo honesto, soa sim), conforme passam as audições, isso se mostra um diferencial que, agregado à sonoridade criativa do grupo, transforma o trabalho em algo muito, mas muito interessante.
A banda é formada por Marcos Loiola (vocalista) e Rogério Delevedove (guitarra). Infelizmente, o único ponto negativo do trabalho é a falta de informações sobre quem participou gravando o restante dos instrumentos. Mas esse detalhe acaba ficando muito pequeno, tamanha a qualidade das composições apresentadas aqui. Produzido por Caio Cortonesi, tendo a gravação, mixagem e masterização realizadas no estúdio Broadband, com a direção artística de João Rafael, responsável pela arte gráfica do EP. Composições fortes, com belos arranjos e obviamente, as letras cantadas em Tupi acabam sendo os destaques deste homogêneo trabalho.
Com o nome inspirado na tribo Tupinambá, a dupla canta em suas letras a história dessa tribo fazendo uma analogia, ao que aconteceu com esse povo e uma "real" invasão alienígena. Uma temática bastante interessante, mas que de nada adiantaria se a música não fosse no mesmo nível. E o que a banda apresenta é uma perfeita junção entre temática e sonoridade. Logo na faixa de abertura Invasão Alienígena isso fica bem nítido. Guitarras muito bem timbradas e uma pegada pesada, com pequenas mudanças de andamento deixam a composição com um "molho" especial. A faixa também apresenta todas as características da banda, que acabam se repetindo durante a execução do EP. Antropofagia mantém o peso em alta, com uma levada mais próxima do metal atual, incorporando momentos tribais, que reforçam ainda mais o timbre pesado da guitarra de Rogério Delevedove. Tribo em Guerra é mais "thrash", pois começa com uma bateria bate-estaca, mas em seguida muda de direcionamento, ficando mais cadenciada e lembra em alguns momentos, o saudoso Sepultura dos tempos de Chaos A.D.. Tupi Nambha traz os elementos tribais à sonoridade da banda, mas ao mesmo tempo, mostra uma cara mais moderna, dosando de forma bem eficiente essas duas vias de composição. Galdino Pataxó é uma faixa que nos remete à brasilidade do grupo, que me trouxe à mente o que fazia Chico Science e Nação Zumbi nos seus primórdios. Feiticeiro traz o peso de volta á carga. Arrastada em seu início, a composição ganha intensidade conforme vai sendo executada, tendo seu destaque na bateria (programada ou não, ficou muito bem executada). O encerramento vem com Ayahuasca, que segue os passos da faixa anterior.
INVASÃO ALIENÍGENA é um EP que mostra uma banda mais do que pronta pra firmar seu nome no cenário do metal nacional. Se o fato de usar uma língua "esquecida" pode afastar alguns, aqueles que realmente sabem apreciar um trabalho honesto e de qualidade irão apreciar este trabalho de uma banda que não parece ser iniciante. TUPI NAMBHA. Guarde esse nome.
Sergiomar Menezes
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