segunda-feira, 31 de agosto de 2020
MARENNA - MEISTER - OUT OF REACH (2020)
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
THRUST - HARVEST OF SOULS (2018)
Nesse período de atividades ocorreram algumas mudanças de formação, sendo que hoje o grupo é formado por Eric Claro (vocal, ex- Scarred), Angel Rodriguez (guitarra), Ron Cooke (guitarra), Ray Gervais (baixo) e Joe Rezendes (bateria).
Músicas como “Deceiver”, que traz todas as características mais tradicionais do estilo, além da boa impostação vocal de Eric Claro (apesar do timbre adequado, algumas vezes o bom vocalista comete pequenos deslizes, mas que não atrapalham o conjunto da obra), “Immortal”, mais cadenciada em alguns momentos, mas que ganha velocidade em outros, mostra que a dupla Angel e Ron está bem afiada. Ainda temos “Kill or be Killed”, que tem uma aura oitentista, “Sorceress”, o grande destaque do álbum pois trata-se em uma belo metal tradicional, daqueles cavalgado e pesados. Podemos citar ainda as faixas “Blood King” com sua forte influência de Black Sabbath, “Feel the Pain” e o seu metal tradicional um pouco mais moderno e “One Step From The Grave”.
Mesmo que nestes quase 40 anos, o grupo tenha lançado apenas quatro álbuns, podemos dizer que a experiência faz a diferença em HARVEST OF SOULS. Metal tradicional, com uma cara bem anos 80 mas que não soa datado. Talvez essa seja a melhor definição para este álbum. Ou para ser mais preciso, o THRUST lançou um baita disco e Heavy Metal!
quinta-feira, 20 de agosto de 2020
BLOODY VIOLENCE - HOST (2020)
Na
ativa desde 2013 a BLOODY VIOLENCE
já impressionou desde seus primeiros registros. Primeiro passo foi dado com o
EP Obliterate (2014), são quase quinze minutos indigestamente
apaixonantes aos simpáticos do estilo. Desconcertante, pesado e carregado, e era
justamente esse o recado a ser entregue. Depois com o Full-length Divine
Vermifuge (2015), então com não apenas passos, aqui o disco já inicia a
maratona de 42 km e em alta velocidade. Um aparado de situações,
acontecimentos, mitos e denuncias muito bem orquestrados pelo (então) quarteto
sangrento. Nas palavras do Igor Dornelles (guitarra) em entrevista para a Rock
Meeting (Ago/2020):
-
“Não queríamos ser apenas mais uma banda, então fomos pensando em temas que
nos agradavam, e acabamos criando um Discovery channel com esse disco (risos)”.
Esse
impacto culmina com o HOST (2019) e nesse momento a banda está voando
num rasante matador feito uma ave de rapina. Enfrentaram mudança na formação,
readaptação para acertar as vozes com a saída do Cantídio (vocal), tour
internacional, saída do Eduardo Polidori (batera) e então em 2019, pouco antes
do disco novo ganhar vida, o retorno do Eduardo na bateria. Toda essa
movimentação de energias e setup mostrou uma Bloody Violence ainda mais
evoluído nesse novo disco. Mas agora com o “hospedeiro”, a banda está pronta
para escrever um novo capítulo na sua história musical. HOST é como se fosse
uma caixa cheia de fragmentos de espelhos, um caleidoscópio sentimental. E como
diz o ditado popular: “de médico e de louco, todos têm um pouco”, porém o disco
vem para nos contar a verdade universal que alguns, possuem pouco de “medicina”
na sua essência. Em contrapartida, a
fatia de loucura, preenche o resto de espaço que mantém o (des)equilíbrio
necessário. Pronto para se encontrar nessa perdição?
De
arrancada a obra encanta pela capa numa arte estonteante do Marcos Miller, mas
guarda esse pensamento, vamos retomar a capa mais adiante.
Feito
o desenrolar do play (disco somente digital na época dessa resenha), ele abre
com “Decompression Sickness”, que normalmente é o nome do diagnóstico de
quem de quem mergulha e emerge rápido demais. Imagina estar no longínquo e
profundo oceano e ter que emergir rapidamente. O hidrogênio dissolvido no
sangue e nos tecidos vai ferver em bolhas e vai transformar o corpo inteiro num
formigueiro, você provavelmente sentirá fortes dores no peito, tontura e dores
musculares. Agora tente imaginar sentir tudo isso, sem nunca ter chegado perto
do oceano. Talvez seja sua consciência emergindo do mar de dormências e
cegueiras em que esteve mergulhada a vida toda. Apesar de fora do mar, é o
corpo que vai sentir esse diagnóstico. Pois bem, esse é o “boas vindas” que o
Host lhe dá, no som de entrada do disco. Estendido o tapete vermelho, Eduardo
Polidori monstra a que veio (ou a que retornou) com a “Visceral Memories”.
Numa pegada cadenciada e ao mesmo tempo dinâmica, a batera guarnece muito bem
toda eclosão de notas do baixo (israel Savaris) e da guita (Igor Dornelles).
Arrisco que será difícil não soltar aquela batidinha de pé nesse som. Swingada,
pegada e arrasadora ao melhor estilo daquelas memórias guardadas no hipocampo,
que faz o corpo todo sentir o efeito quando a lembrança é revivida no soar,
muitas vezes, de uma só palavra.
Então
chegamos na “The White Box”, que para mim é o primeiro ponto alto do
disco. Um riff repetitivo, indigesto, dissonante, que invade o ouvido e fica
andando numa espiral pela sua cabeça, o início de uma jornada progressiva com
rumo certo a amargura, a proporção logarítmica perversa, um fractal divino que
se revela na carta da loucura do Tarot, mas que ao mesmo tempo revela que nossa
evolução natural também ocorre em uma espiral. E que desesperos colecionamos
nessa jornada ao nos depararmos com uma evolução que se movimenta sistólica e
diastolicamente, para retornar ao ponto de partida: - O nada! “The White box” é
aquela “voz” que fica sussurrando ideias no seu subconsciente, mas é o
consciente que as transforma em ações involuntárias. Aquele pensamento que não
te deixa dormir e aquele barulho sem identificação, no escuro silencio da casa.
Agora depois de ler esse parágrafo, volte na faixa e escute-a novamente. Se se
identificou com algum trecho do parágrafo, eu te aconselharia a “vigiar melhor
os pensamentos”. E a sutileza desse
breve desespero se completa com a “Whispers of Anguish” que imprime um ritmo
mais compassado que, quase, contamina com uma tranquilidade cadenciada do riff
ao final (será o último suspiro antes de dar mais um passo na beira do
abismo?). Hora de mais um ponto de destaque do disco, “Unfit Thought Processes”
que chega vestida de luto, uma visita indesejada que tem aquele tom de voz
agudo e irritante (justo como a nota sendo repetida pela guitarra do Igor),
falando sob assuntos desajeitados e que te faz ter pensamentos nada saudáveis.
Ufa, Te pareceu desequilibrado? Perfeito, então entendeu o som na totalidade.
Host
é um daqueles plays que foi concebido para ser atemporal, pois existem muitos
enigmas escondidos por trás do véu dos pensamentos e a qualquer momento um dos
sons do Host, pode ser o manual da sua loucura. Pois se for, sirva-se, foi
feito pensando em você! Cheio de execuções precisas, com muita técnica, mas
também muita musicalidade. O encontro perfeito entre a perfeição e o feeling
musical. Não há razões para focar em apenas um
e esquecer o outro.
Lembra
da capa do disco? Pois bem, eis o “gran
finale" que ganhou vida nas mãos do Marcos Miller. Assim como todo
comportamento desviante, a mega arte criado pelo marcos comporta olhares e
interpretações diferentes. Se permita admirar a capa do disco várias vezes e de
jeitos diferentes, vai encontrar surpresas a cada observação. A concepção da
arte está muito alinhada com a mensagem que o disco carrega.
O
disco nasceu em 2019 enquanto o mundo girava silenciosamente em torno do seu
eixo, mas é em 2020 que Host encontra abrigo para fundamentar a sua retórica,
nos braços dessa loucura viral chamada COVID-19. Não há maior insanidade do que
ter que conviver com as próprias inquietações, em um momento em que não é possível
dissipar essas doses homeopáticas de loucura na multidão. E você já parou para
se perguntar:
- Se não fossem esses momentos de breve total
descontrole do pensamento, seria possível viver uma mente sana?
Talvez
sim, talvez não. Minha dica? Se chama HOST, tens 32minutos e 24 segundos para
encontrar algo próximo de uma resposta na bolachinha. Mas se não encontrar
essas resposta, não se desespere, só a audição já será o suficiente para
proporcionar alguns momentos de satisfação, para quem curte o estilo. Com o
novo disco a Bloody Violence continua sedimentando a sua carreira como um ícone
do Technical Death Metal nacional, com motivos de sobra para causar orgulho. É
nosso!
E
a melhor parte é que, como o disco só saiu na versão digital (por enquanto), está
ao alcance de um clique:
Bloody
Violence é:
Igor Dornelles – Guitarra e Vocal
Israel Savaris – Baixo e Vocal
Eduardo Polidori – Bateria
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
REBEL ROCK ENTREVISTA - GASTÃO MOREIRA
ENTREVISTA - GASTÃO MOREIRA
Sejamos sinceros: poucos jornalistas no meio do rock/metal brasileiro possuem a credibilidade e capacidade de Gastão Moreira. Desde os primórdios da MTV Brasil (quando ainda podíamos chamá-la dessa forma), passando pela TV Cultura e o MusiKaos, pelos seus programas de rádio e agora com o Kazagastão (Heavy lero, KZG News, Hellfabetto), Gastão segue fazendo aquilo que lhe dá mais satisfação:: falar sobre música! Tive o prazer de trocar uma rápida idéia com ele por email e o resultado está aqui. Fala mestre Gastão!
Rebel Rock - Primeiramente Gastão, eu gostaria de agradecer imensamente a oportunidade de realizar essa entrevista com você e também dizer a honra e satisfação que é poder falar com um dos caras que mais me inspiraram a ouvir e falar sobre música, em especial o heavy metal. Eu sempre digo pra todos que se hoje eu curto música dessa maneira e gosto de escrever e falar sobre ela, são três os responsáveis: Fernando Souza Filho (Rock Brigade), Ricardo Batalha (Roadie Crew) e Gastão Moreira (MTV).
Gastão Moreira - Muito obrigado Sergiomar, é uma honra saber disso! Fico muito feliz!
RR - Como foi que a música e em especial o Rock apareceu na tua vida? E qual a importância que esse primeiro contato teve em toda sua “formação” e carreira musical?
GM - O rock surgiu na figura de Gene Vincent quando escutei Be Bop A-Lula pela primeira vez numa fita cassete. Não posso precisar minha idade, mas é o primeiro registro que tenho lembrança e à partir daí foi um caminho sem volta.
RR - Curiosamente eu também sou formado em Direito, assim como você e o Ricardo Batalha, e muitas vezes acabo “embolando” as coisas (rs). Como você decidiu que não iria exercer a advocacia e encarar o mundo do jornalismo musical?
GM - Jamais seria um advogado feliz. Decidi ir para Europa depois de me formar quando estava no segundo ano de Direito na Puc. Fui orador da turma e me mandei para Londres. Isso foi no começo de 1989 e foi a melhor coisa que fiz na vida.
RR - E a MTV? Como foi que você ficou sabendo que a emissora estava a procura de VJs e o que te levou a tentar uma vaga lá?
GM - Escutei sobre os testes da MTV no carro quando cheguei no Brasil para o casamento da minha irmã. Ia ficar apenas 15 dias aqui e voltaria para Londres. Mas meus planos mudaram quando fui fazer o primeiro teste no Aeroanta em 1990. Queria tanto trabalhar com música que fui bem nos testes e acabei escolhido entre os seis Vjs que estrearam a MTV no Brasil.
RR - Acredito que trabalhar lá era algo muito bacana, uma vez que tudo girava em torno da música e isso tornava o ambiente bastante descontraído. Como era seu relacionamento com os demais VJ’s da sua época?
GM - O mais legal era trabalhar com minha paixão, a música. Fui para a MTV por causa do M! Sempre me dei bem com os outros Vjs, cada um tinha seu espaço, sua personalidade. Nunca tive problema com nenhum colega.
RR - E a idéia para o Fúria Metal? Como surgiu?? Foi através desse programa que muitos tiveram acesso a vídeos e também a bandas que eram conhecidas apenas pelo nome aqui no Brasil...
GM - A ideia do Fúria Metal já existia quando fui contratado. Eles queriam um espaço para sons mais pesados, mas o programa estreou às duas da manhã, era completamente marginal. Eu tinha que implorar por vídeos e entrevistas. Logo depois tornou-se uma das maiores audiências da MTVe passou para horário nobre com duas reprises.
RR - A sua saída da emissora se deu em um período que a própria MTV começou a decair, deixando de ser aquela referência e se tornando algo que ia muito mais na onda do momento. Como você que esteve no inicio e também no período mais importante dela viu essa caída de qualidade e audiência?
GM - A MTV perdeu relevância muito rápido pela absoluta falta de visão da diretoria ao não conseguir se adaptar aos novos tempos. Assisti a toda decadência da MTV com muita tristeza, pois foi onde realizei grandes sonhos da minha vida. Hoje essa nova MTV me dá vergonha, não há nada com que me identifique lá.
RR - Falando agora do MusiKaos... O programa era um dos mais interessantes pois trazia sempre bandas de todos os gêneros musicais mas não caía naquela mesmice de ir no embalo dos esquemas radiofônicos. Como surgiu a idéia ara esse programa?
GM - O Musikaos é minha cria e foi inspirado no Fábrica do Som, antigo programa da Tv Cultura. A ideia era trazer ao palco diferentes manifestações artísticas ao mesmo tempo, bandas, artes plásticas, fotografia, poesia, etc. Levamos mais de 500 bandas ao vivo e conseguimos alguns programas históricos, sem seguir fórmulas ou modismos.
RR -Depois você foi morar em Florianópolis. Nesse período você apresentou um programa pela Rádio Atlântida (Gasômetro) e formou a banda Kratera. Como foi essa época na sua vida
GM - Estava cansado de São Paulo, encarava 4 horas de trânsito todos os dias. Passei 8 anos em Floripa, trabalhei na rádio (Gasômetro), tive banda (Kratera), tive casa de show (Célula), construí minha casa e contemplei muito o mar. Foram anos maravilhosos.
RR - Botinada: A Origem do Punk no Brasil é um dos documentários mais ricos e abrangentes sobre o movimento punk aqui no nosso país. Acredito que o trabalho de pesquisa e desenvolvimento demorou bastante tempo, mas teve um rultado muito acima da média. De onde veio essa idéia e você já pensou em fazer um documentário sobre o Heavy Metal aqui no Brasil?
GM - A ideia surgiu nos bastidores do Musikaos nos papos com o Clemente. O movimento punk nunca foi bem documentado no Brasil e era uma história incrível. Levei 4 anos para concluir o Botinada. Foi uma luta achar os entrevistados e conseguir material da época em boas condições, mas acho que consegui contar a história.
RR -Hoje você se dedica ao Kazagastão e suas “vertentes” (News, Hellfabeto, Entrevista, entre outros). Mas antes houve o Heavy Lero com o Bento Araújo e depois com o Clemente. Ou seja, você é um verdadeiro workaholic da música (rs). Mas acredito que cada episódio que vai ao ar deve te trazer uma enorme satisfação, pois é inegável a paixão com a qual você conduz cada programa (principalmente o Hellfabeto). Para você, como é ser esse cara que passa tanto conhecimento musical de forma simples e com total domínio sobre o que fala?
GM - O que movimenta o Kazagastão é minha paixão obsessiva por música. É um trabalho hercúleo, ingrato, mal remunerado, mas é o que eu gosto de fazer e tenho muito orgulho do canal. Jamais conseguiria falar desses assuntos na Tv. Por isso considero a curadoria do canal essencial. O Kazagastão segue na contramão sem farol e sem freio.
RR - Gastão, mais uma vez, agradeço pela tua disponibilidade em ceder essa entrevista e deixo aqui esse espaço para tuas mensagens aos leitores e seguidores do seu canal.
GM - Eu que te agradeço! Desejo que todos descubram algo pelo qual sintam uma paixão incontida, seja na música, na profissão, na vida. E nunca desistam de lutar pelos sonhos, quanto mais difícil for, menos concorrência você vai ter! rsrs Grande abraço!