sexta-feira, 30 de maio de 2025

GRAVE DIGGER - RETURN OF THE REAPER (2014/2025) - RELANÇAMENTO

 


GRAVE DIGGER
RETURN OF THE REAPER
Shinigami Records/ Napalm Records - Nacional

Lançado em julho de 2014, RETURN OF THE REAPER é o 17º álbum de estúdio do GRAVE DIGGER. O título não deixa dúvidas sobre a proposta do disco: um retorno à essência crua, rápida e sombria que marcou os primeiros anos da banda. Neste trabalho, o grupo entrega aquilo que a consagrou: um heavy metal direto e sem firulas, resgatando elementos do passado e reafirmando sua identidade. Desde a capa - que exibe o icônico "Reaper" em um visual agressivo e sombrio - o álbum estabelece uma estética clássica do heavy metal. A arte visual complementa perfeitamente o conteúdo musical, remetendo às raízes oitentistas da banda. A intenção do álbum parecia ser clara: agradar os fãs de longa data com uma sonoridade tradicional e resgatar a brutalidade lírica e instrumental de álbuns como "The Reaper" (1993) e "Witch Hunter" (1985). Chegaram muito próximo disso e o resultado é relançado por aqui pela parceria Shinigami Records/Napalm Records.

Chris Boltendahl (vocal), Axel Ritt (guitarra), Jens Becker (baixo), Stefan Arnold (bateria) e o "mítico" H.P. Katzenburg (teclados) nos entregam 12 faixas onde a tônica é o heavy metal tradicional, com pitadas de speed metal e traços do power metal alemão (porque será?). Os riffs são rápidos e afiados, com uma produção que privilegia guitarras densas, bateria pulsante e os vocais rasgados de Chris Boltendahl, que continuam sendo uma das assinaturas da banda. Por falar em guitarras, Axel Ritt entrega um trabalho notável na guitarra, com riffs inspirados e solos precisos. A seção rítmica é sólida e bem estruturada, contribuindo para a coesão do álbum. A produção é limpa, mas sem comprometer a agressividade ou a crueza típica da banda.

Por se tratar de um relançamento, vamos focar nas faixas de maior destaque: “Hell Funeral”: primeira música do álbum (após a introdução instrumental “Return of the Reaper”) já mostra a que veio. Rápida, intensa e com refrão pegajoso, representa bem o espírito do disco; “Wargod”, que mantêm o ritmo com tom épico e letra que remetem à fantasia e à guerra, tema recorrentes no repertório da banda; “Tattooed Rider”, com uma pegada mais Hard/Heavy e um refrão vigoroso, que faz o público cantar junto (fato que presenciei em 2014 na turnê que passou pelo RS); “Resurrection Day”, uma faixa rápida, com vocais crus e instrumental direto - puro Grave Digger em sua forma mais tradicional e “Satan’s Host”, com um riff arrastado e denso, oferece uma variação no andamento do trabalho e mostra a versatilidade do grupo dentro de sua proposta clássica.

RETURN OF THE REAPER não busca reinventar a roda - e nem precisa. Trata-se de um álbum voltado aos fãs fiéis, que desejam ouvir o GRAVE DIGGER clássico, fazendo aquilo que sabe de melhor: heavy metal tradicional, veloz, obscuro e com atitude. É um disco que honra o legado da banda sem soar datado, e que entrega exatamente o que o fã queria e precisava: a banda em seu estado mais puro!

Sergiomar Menezes




BUZZCOCKS - BAR OPINIÃO - 27/05/2025 - PORTO ALEGRE/RS



BUZZCOCKS
Abertura: TREVA
BAR OPINIÃO
27/05/2025
PORTO ALEGRE/RS
Produção: OPINIÃO PRODUTORA

Texto e fotos: José Henrique Godoy


Não precisamos ser repetitivos aqui e contar a história e a relevância do Punk Rock inglês para a o mundo do Rock n' Roll. Menos ainda, falar sobre as bandas que ajudaram a edificar o estilo: Sex Pistols, The Clash, The Damned e Buzzcocks. E é este último que veio pela segunda vez visitar a capital dos gaúchos (a primeira visita do grupo foi no já distante ano de 2007). O local foi no tradicionalíssimo Bar Opinião.

A abertura da noite ficou por conta dos paulistas da banda Treva. A banda foi fundada em 2021 pelos ex-membros da banda hardcore Confronto, Felipe Ribeiro (guitarra/vocal) e Eduardo Moratori (baixo). O Treva iniciou seu show as 20h30, e durante 30 minutos aproximadamente o quarteto apresentou seu som com influências de Rock Brasileiro, Punk Rock e referências que flertam com o blues. Um palco iluminado por abajures dava um tom intimista, combinando com o público ainda em pequeno número que chegava aos poucos. Destaques para as músicas “Memórias e Reclusão” (dedicada ao povo gaúcho que resistiu a tragédia das enchentes de maio de 2024) e “Renasce em Dor” o novo single, ambas fazem parte do álbum “Em própria Razão” lançado em 2023. O Treva se despede do público prometendo retornar em breve, esperemos aqui por um show completo e com mais tempo.


Passavam alguns minutos das 21h30, quando as luzes do Bar Opinião se apagam e se incia “Also prach Zarathustra", mais conhecida como a música tema do filme “2001 – Uma Odisséia No Espaço”, abrindo espaço para que o Buzzcocks iniciasse a diversão! Steve Diggle, único membro original adentra um palco com um pandeiro (sim , um pandeiro) entoando o clássico cântico dos estádios de futebol, “olê, olê, olê!”, sendo prontamente respondido pelo público que a esta altura era apenas razoável no Opinião. Uma pena, mas pena para quem não foi.

Basicamente o público presente era fã “Die Hard” do Buzzcocks, cantando e agitando em todas as músicas, o que compensou com qualidade a falta de quantidade. Alheio a isso, Steve Diggle, um senhor beirando os 70 anos parecia um adolescente no palco, e disparou um clássico atrás do outro, desde o início com “Promises”, “Harmony In My Head” e “I Don´t Mind”. Sorridente e carismático, Diggle, que assumiu os vocais no ano de 2018, após o falecimento de Peter Shelley, agita muito o tempo tempo, sempre que possível cumprimentando os fãs das primeiras filas.

Num set de 1h40 minutos e trinta músicas tocadas com muita energia, impossível colocar em destaque algum momento específico. Se é bem familiarizado com a discografia do Buzzcocks, pense em um clássico... Sim, eles tocaram! “Everybody's Happy Nowadays”, “Fast Cars”, “Autonomy”, “Destination Zero”, “What Do I Get”... todas executadas com maestria por Diggle e seus colegas, Chris Remington (baixo), Danny Farrant (bateria) e Mani Perazzoli (guitarra). Mas para não dizer que não destaquei nenhuma faixa, “Why Can´t I Toucht It” e sua incrível e marcante linha de baixo. Foi o que ainda “faltava” para selar a já forte união entre banda e plateia, com todos cantando o refrão junto a Steve Diggle.

A banda deixa o palco e após um curto intervalo o show é retomado, com Steve com um violão em mãos para executar “Love is Lies”, do clássico álbum "Love Bites" (1978). Após mais uns 20 minutos de pura adrenalina, com “Chasing Rainbows”, “Oh Shit!”, “ Running Free”e “Sitting Around At Home ” o final de festa se dá com o maior clássico da banda, “Ever Fallen in Love (With Someone You Shouldn’t Have)”. O refrão tão contagiante foi estendido dando direito ao presentes cantarem o refrão “à capella”. E fim de espetáculo.


O Buzzcocks fez a noite de terça ser muito divertida e gratificante para os fãs presentes ao Opinião. Além disso , Steve Diggle demonstrou que, parafraseando o The Exploited, o Punk “Não está Morto” e além disso, o mais importante: O Punk Rock não envelhece! Agradecimentos especiais para a Opinião Produtora pelo credenciamento e a todo o staff do Bar Opinião pela costumeira cordialidade.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

THE HAUNTED - SONGS OF LAST RESORT (2025)

 


THE HAUNTED
SONGS OF LAST RESORT
Century Media Records - Importado

E depois de oito anos, a volta da banda sueca THE HAUNTED se torna realidade com a chegada de seu décimo disco, intitulado SONGS OF LAST RESORT, programado para ser lançado em 30 de maio de 2025 pela Century Media Records. Depois de um intervalo que vinha desde "Strength in Numbers" (2017), a banda apresenta uma obra que reafirma sua importância na cena do thrash e death metal melódico. No entanto, podemos afirmar que este mais recente álbum traz muito mais recursos técnicos e brutais que seu antecessor. Buscando equilibrar a agressividade tão cara ao estilo, o quinteto insere de forma competente alguns elementos melódicos, mas nada que venha a se sobrepõr às suas características mais ríspidas e diretas.

O The Haunted hoje é formado por Marco Aro (vocal), Patrik Jensen (guitarra) Ola Englund (guitarra), Jonas Björler (baixo) e Adrian Erlandsson (bateria), uma banda coesa e entrosada e que contou com a produção de Oscar Nilsson, sendo mixado e masterizado por Jens Bogren (Kreator, Sepultura, Arch Enemy, entre outros), o que é garantia de uma qualidade muito acima da média. Cabe ressaltar que os vocais foram gravados (captados) por Bjorn Strid (Soilwork, The Night Flight Orchestra), enquanto a capa, simples como a  maioria dos trabalhos do grupo, ficou sob a responsabilidade de Andreas "Diaz" Petersson, que vem acompanhando a banda há um bom tempo.

"Warhead", faixa que abre o álbum e que também foi lançada como single, já mostra o que vamos encontrar: uma avalanche de riffs nervosos, cozinha alinhada e brutal e um vocal que nos leva às raias do desespero, numa mistura de raiva, angústia e agressividade. Marco Aro imprime sua personalidade, ainda ecos daquilo que os grandes vocalistas de Thrash Metal fizeram tempos atrás. Um coice na boca do estômago! Com riffs intensos e uma atmosfera sombria, "In Fire Reborn" vem na sequencia, mantendo o peso e brutalidade no mesmo nível. Patrick Jensen e Ola Englund mostram um ótimo entrosamento, seja nos riffs, seja nos solos (que de certa forma buscam o equilíbrio entre a rispidez e a melodia), garantindo guitarras em destaque. Um certo ar de hardcore vem junto com a execução de "Death to the Crow", ainda que o peso descomunal do grupo acabe se sobressaindo de forma bem compacta. Por sua vez, "To Bleed Out" traz consigo momentos mais cadenciados, e por isso mesmo, mais densos e intensos, carregando doses extras de peso, fazendo com que esse momento de "alívio" na velocidade, se torne tão violento quanto ela. O que contrasta de forma contundente com "Unbound", uma faixa veloz, insana e com vocais beirando o death metal! "Hell is Waste on the Dead" segue  a mesma linha, com aquela bateria bate-estaca tão característica e ao memso tempo, tão diversa ao estilo mais pesado. Que pedrada!

"Through the Fire", é a faixa mais Thrash Metal do álbum, o que a transforma numa música obrigatória. Audição que vem com aquele torcicolo que tanto amamos! E aqui cabe uma constatação: como é bom ouvir bandas como o The Haunted. Não quer reinventar a roda (como se isso fosse necessário), mas consegue se manter atual num cenário que busca sempre algo "inovador". E se falarmos de peso descomunal, precisamos falar de "Collateral Carnage". Momento sombrio e pesado, a faixa explicita a importância da criatividade em bandas como a sueca. Passagens melódicas inseridas de forma correta, sem atrapalhar o caminhão de riffs que a acompanham. Na mesma linha "Blood Clots" segue a descarga de riffs insanos, instrumental e curta, dá destaque para o batera Adrian Erlandsson, dono de uma precisão absurda. A velocidade e agressividade volta à tona em "Salvation Recalled", outro petardo insano e absurdo. "Labyrinth of Lies" é a faixa mais "arrastada" do álbum e antecede o encerramento, que vem com "Letters of Last Resort" uma quebradeira que beira o prog metal, mas de uma forma brutal.

Com SONGS OF LAST RESORT, o THE HAUNTED reafirma sua posição como uma das forças mais consistentes do metal extremo europeu, proporcionando aos fãs, não apenas da banda, mas de Heavy Metal em geral, um álbum que combina agressividade, crítica social e excelência técnica. Que não demore mais 8 anos para um novo álbum...

Sergiomar Menezes




terça-feira, 27 de maio de 2025

IN FLAMES - COLONY (1999/2025) - RELANÇAMENTO

 


IN FLAMES
COLONY - RELANÇAMENTO
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Tá aí um álbum que poderíamos chamar de definidor de um estilo. Se em "Whoracle" o IN FLAMES já dava mostras do que viria a se tornar (deixando o lado mais brutal um pouco de lado - eu disse 'um pouco" - e trazendo mais elementos melódicos em suas composições), em COLONY, quarto trabalho dos suecos lançado em 1999, a banda decidiu que queria entrar pra história. O álbum é frequentemente citado como um dos álbuns definidores do melodic death metal, tanto pela crítica quanto pelos fãs. Ele pavimentou o caminho para os lançamentos seguintes, como Clayman (2000), e influenciou uma geração de bandas mundo a fora. É também o ponto em que a banda começou a atrair um público mais amplo, graças ao seu apelo melódico sem perder a pegada do metal extremo. Relançado por aqui pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast, os brasileiros tem nova oportunidade de adquirir um trabalho fundamental pra entender o significado de "novo metal".

Anders Fridén (vocal), Jesper Strömblad (guitarra), Björn Gelotte (guitarra), Peter Iwers (baixo) e Daniel Svensson (bateria) consolidaram com esse trabalho, a formação "clássica" do grupo, refinando ainda mais o estilo que colocaria a banda em destaque internacional. Mesclando agressividade e melodia com maestria, a produção, limpa e poderosa, realça as guitarras características do estilo, criando atmosferas densas e emotivas ao mesmo tempo em que mantém o peso essencial do death metal. O produtor Fredrik Nordström (Dream Evil e uma figura lendária da cena sueca) captura bem a sonoridade melódica e técnica da banda, proporcionando clareza mesmo nos momentos mais intensos.

Faixas como a abertura emblemática com “Embody the Invisible”, uma das melhores músicas do grupo, com melodias fantásticas e solos memoráveis, “Ordinary Story” e “Colony”, composição onde Anders Fridén explora temas existenciais, como identidade, alienação e transcendência, refletindo sobre a natureza da humanidade em uma sociedade fria e calculista, são uma bela amostra desse equilíbrio, entre melodia e brutalidade, combinando vocais guturais com guitarras mais trabalhadas e refrãos memoráveis. Já músicas como “Zombie Inc.” e “Scorn” mergulham mais fundo na complexidade técnica, sem abrir mão da acessibilidade. 

COLONY é uma obra sólida, madura e inovadora dentro de seu gênero. É o tipo de álbum que consegue ser técnico sem soar excessivamente pretensioso, agressivo sem perder a sensibilidade melódica e intenso sem abrir mão da coesão. Para quem busca uma porta de entrada para o melodic death metal, Gothenburg Sound - chame como preferir - ou um exemplo de como o metal pode ser tanto brutal quanto melódico sem ser chato, o quarto trabalho do IN FLAMES é  essencial.

Sergiomar Menezes




AS THE WORLD DIES - NEBULA (2025)

 


AS THE WORLD DIES
NEBULA
Shinigami Records/Reaper Entertainment - Nacional

Os ingleses do As The World Dies retornam com seu segundo álbum, que atende pelo título de “Nebula”, e tal qual ocorreu com seu álbum de estreia “Agonist” (2022), promete dar o que falar entre os fãs do Metal da Morte. Liderado pelo veterano guitarrista Scott Fairfax (Memorian, e com passagens por Massacre e Benediction), o grupos entrega em “Nebula” um álbum pesado, denso, técnico e perturbador.

A faixa inicial “Apophis” toma emprestada para o título, o nome do deus grego da destruição, escuridão e do caos total. E também o nome de um asteróide que foi descoberto em 2004, e por ter cerca de 370 metros, causou certa preocupação aos observatórios espaciais, devida a sua trajetória próxima a Terra. Até onde se sabe, o risco de colisão existe até o ano de 2029, mas com menor urgência de preocupação.

O que tem máxima urgência aqui, é a audição de “Nebula”. Embora algumas fontes citem o As A World Dies como “Progressive Death Metal”, na minha visão o que se escuta é um Death Metal trampado, por vezes cadenciado, que lembra e muito o também inglês e baluarte do metal extremo, o Bolt Thrower. Após a já citada “Apophis”, temos “Consumed” onde o grande destaque, além dos riffs soturnos, é o baterista Chris McGrath que dá um show de viradas e quebradas insanas, um verdadeiro monstro.

“Dark Oblivion” segue a mesma linha, porém com alguns toques góticos e trevosos durante sua execução. Esse clima gótico se intensifica ao final da faixa e serve de ponte para a próxima, “I Am The One”, que flerta com o Doom Metal, de forma visceral e brutal, algo que o Paradise Lost fez com maestria em seus primeiros trabalhos. “Blind Destiny” é puro sarrafo e porradaria, enquanto os riffs iniciais de “Playing God” evoca o pai de todos: Tony Iommi. “Voices Of Angels” retoma o clima Doom e as mesmas sombras tomam conta de “Under a Dying Sky”, arrastada, lenta e pesada. “Final Resting Place” fecha o trabalho de forma lúgubre, melancólica e caótica.

As faixas são interligadas e conceitualmente contam a história sob a temática de uma possível catástrofe causada pelo nosso já citado “amiguinho” “Apophis”. Parafraseando o nome da banda, será “Assim Que O Mundo Morre”? Esperamos que não, e que tenhamos ainda mais tempo para ouvirmos mais trabalhos desta ótima banda inglesa. Lançamento nacional pela Shinigami Records.

José Henrique Godoy




segunda-feira, 26 de maio de 2025

IN FLAMES - WHORACLE (1997/2025) - RELANÇAMENTO

 


IN FLAMES
WHORACLE (Relançamento)
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Intenso. Criativo. Mas acima de tudo, relevante. Um marco mais do que definitivo da capacidade do IN FLAMES em unir brutalidade e melodia em um mesmo lugar. Assim, de uma forma sucinta, poderíamos definir WHORACLE, terceiro álbum do quinteto sueco lançado em 1997 e que chega novamente por aqui, através da parceria Shinigami Records/Nuclear Blast. Reconhecido como um dos melhores trabalhos da carreira do In Flames e um clássico do melodic death metal, ele fecha a primeira fase da banda, marcada por uma sonoridade mais pura dentro do estilo. Após esse álbum, o grupo passaria por mudanças de formação e exploraria caminhos mais experimentais e acessíveis. Se esse foi o fim dessa primeira parte da carreira do grupo, podemos afirmar que foi um final digno de aplausos.

Anders Fridén (vocal), Jesper Strömblad (guitarra), Glenn Ljungström (guitarra), Johan Larsson (baixo) e Björn Gelotte (bateria) nos apresentam um álbum que traz o equilíbrio entre técnica, agressividade e melodia. As guitarras gêmeas de Jesper Strömblad e Glenn Ljungström criam montagens sonoras ricas, repletas de riffs cativantes, harmonias entrelaçadas e solos com forte influência do heavy metal tradicional. A bateria de Björn Gelotte é precisa, alternando entre passagens rápidas e momentos mais cadenciados, enquanto o vocal de Anders Fridén evolui em relação ao disco anterior, soando mais articulado e emocional. Algo que veio a se aprimorar ainda mais nos trabalhos subsequentes.

Faixas como "Jotun" (fantástica), "Food for the Gods" (excepcional) e "Gyroscope" (uma das melhores faixas da carreira do grupo) mostram a capacidade da banda de criar canções complexas e memoráveis sem perder o peso. Destaque também para a versão ousada de "Everything Counts", cover da banda Depeche Mode, que mostra a versatilidade do In Flames em adaptar sons fora do metal ao seu estilo. Isso fez com que o quinteto cravasse seu nome no rol dos maiores do "Ghotenburg Sound" ao lado de ao lado de bandas como Dark Tranquillity e At the Gates.

WHORACLE consolida a sonoridade que o IN FLAMES vinha desenvolvendo desde The Jester Race (1996), unindo o peso e agressividade do death metal com harmonias melódicas marcantes e uma sensibilidade quase progressiva. Muito mais do que um trabalho obrigatório, o álbum é um dos marcos de uma cena que poucos anos depois, acabaria perdendo um pouco da força que tinha...

Sergiomar Menezes






BEHEMOTH - XXX YEARS OV BLASPHEMY (3CD) (2024)

 


BEHEMOTH
XXX YEARS OV BLASPHEMY
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Existem bandas que, durante a sua carreira, só evoluem, seja musicalmente, esteticamente e comercialmente. Um desses casos mais louváveis, sem sombra de qualquer dúvida, é o gigante polonês Behemoth. Para quem conheceu a banda no início dos aos noventa, sendo mais uma banda genérica de Black Metal, igual a dezenas que surgiram naquela época, ao escutar este trabalho “XXX Years Ov Blasphemy” fica difícil acreditar que se trata da mesma banda.

“XXX Years Ov Blasphemy” é um álbum gravado ao vivo pelo Behemoth, em uma apresentação “online” em meio a peste pandêmica, no ano de 2021, e que agora é lançado em um pacote de 3 cds, dividindo o setlist em 3 atos, cada um gravado em uma locação diferente. A qualidade tanto de áudio, como a parte gráfica é de enorme qualidade, algo que o líder e mentor do Behemoth, Adam “Nergal” Darksi, sabe entregar como poucos músicos no Metal Extremo.

As faixas que o Behemoth despeja com fúria ao longo de mais de noventa minutos, transitam por toda a discografia/ carreira da banda e incluem tanto as favoritas do público, como faixas executadas poucas vezes ao vivo. Um fato que há de ser destacada, é que algumas das faixas foram escritas por um Nergal adolescente e após vinte anos de lançamento, elas aparecem tão forte e tocadas com a mesma ferocidade de quando foram lançadas.

XXX Years Ov Blasphemy” pode ser encarado tanto como um álbum ao vivo, como também como uma coletânea, pois se eu fosse indicar um álbum para alguém conhecer o trabalho dos poloneses, tranquilamente poderia indicar este lançamento. É um belo indicativo do legado do Behemoth. Nergal não veio à este mundo para ser apenas mais um músico, ele veio para fazer história e criar música de altíssima qualidade, brutal, extrema e de imensa categoria. As versões aqui contidas foram feitas, como se diz ,para “chutar bundas”. Cuidado para não se pegar gritando “Hail Satan” durante a audição. Lançamento nacional Shinigami Records, que caprichou numa bela versão, com encarte detalhado, trazendo aos fãs não apenas um álbum, mas uma verdadeira obra de arte!

José Henrique Godoy




PRETENDERS - AUDITÓRIO ARAÚJO VIANNA - 18/05/2025 - PORTO ALEGRE/RS

 


PRETENDERS
Abertura: NEI VAN SÓRIA
AUDITÓRIO ARAÚJO VIANNA
18/05/2025
PORTO ALEGRE/RS
Produção: Opinião Produtora

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Carol Capeletti Peres

Tarde/noite de domingo com show de rock no Auditório Araújo Vianna em Porto Alegre, com certeza um evento em um local que traz muitas recordações aos rockeiros porto-alegrenses, em especial os que viveram a cena rock gaúcha nos anos 80 e 90. E sem dúvida a atração era mais que especial e que traria também muita nostalgia aos presentes: The Pretenders.

A banda liderada pela lendária e icônica Chrissie Hynde fez a sua segunda visita a capital (a primeira vez havia sido em 2018, em show conjunto com o não menos icônico Phil Collins) e levou um público excelente ao Araújo Vianna, que se não estava com sua lotação total esgotada, estava próximo a isto. A abertura dos trabalhos ficou por conta de Nei Van Sória.

Pontualmente as 19h, Nei Van Sória iniciou seu show, em formato trio, acompanhado dos músicos Juliano Pereira (baixo) e Leandro Schirmer (bateria). Infelizmente o público foi chegando aos poucos e vagarosamente, em meio ao show da banda de abertura. Chego a ser chato e repetitivo com isso, mas até quando os artistas encarregados de abrirem os shows de bandas internacionais, vão sofrer com um certo descaso e até falto de respeito? Por que o público não se esforça um pouquinho e chega mais cedo? Na maior parte das vezes, perde um ótimo show, como foi o de Nei Van Sória e banda. Enfim, em um set de trinta minutos, Nei tocou músicas de sua carreira solo, e o maior clássico da sua banda de origem, os Cascavelettes, “Sob Um Céu De Blues” finalizou sua apresentação.



Após um intervalo de 40 minutos, as luzes do auditório se apagam e Chrissie Hynde e seus asseclas adentram o palco e iniciam o show com “Hate For Sale”, faixa que dá título ao álbum de 2020. Logo de início, o que mais chama a atenção é a forma física de Chrissie, com praticamente o mesmo visual que conhecemos há 40 anos: cabelo espetado, jeans e camiseta (camiseta com a capa do álbum do Frank Zappa – Freak Out) e a sua inseparável guitarra Telecaster Ice Blue Metallic . E a voz? A mesma que acostumamos ouvir tantas vezes nos vídeos, nas rádios, nos álbuns: alta, clara, afinada e potente.

James Walbourne (guitarras), Dave Page (baixo) e Rob Walbourne (baterista e irmão de James – que veio substituindo o baterista original Martin Chambers) também mandam muito bem, mantendo os arranjos originais de todas as músicas, e ainda tendo uma presença de palco matadora, principalmente o guitarrista James, um show a parte. Chega a ser engraçado, quando olhamos para a banda, visualmente falando, parece estarmos olhando uma foto do Pretenders o inicio dos anos 1980.

No setlist, músicas como “Kid” e “My City Was Gone”, junto a mais recente “The Buzz” (dedicada à outra lenda, Johhny Thunders, falecido guitarrista do The New York Dolls) vão fazendo a alegria dos fãs, mas é a partir da mais que clássica “Back On The Chain Gang” que o show pega fogo, com todos os presentes cantando junto. “Don't Cut Your Hair”, “Junkie Walk”, “Forever Young (cover de Bob Dylan) numa sequencia de muita energia, e “Don´t Get Me Wrong" tem novamente o Araújo Vianna em peso fazendo os “backing vocals”. Não posso deixar de ressaltar mais uma vez a estrela que é Chrissie Hynde: pura energia e carisma.


“Middle Of The Road” fecha o setlist principal, e aquela velha saída falsa do palco abre a expectativa para o “bis”, e o Pretenders retorna sem delongas: “Message Of Love”, “Stop Your Sobbing” (cover do The Kinks) e “Tattooed Love Boys” fazem mais uma trinca sensacional, e então, a banda sai do palco novamente. Mais um retorno demonstra que a banda estava feliz no palco com a festa que ocorrida na plateia, tanto quanto nós, espectadores, estávamos felizes pelo show.

“I'll Stand By You”, a bela e clássica balada é tocada na segunda volta ao palco. Chrissie dá uma aula de voz e interpretação. “Precious” e “Mystery Achievement” encerram esta show histórico e excelente. O Pretenders deu uma demonstração de que também é possível fazer um puta show de Rock n' Roll, com apenas alguns amplificadores e uma banda afiada, sem efeitos visuais. Apenas a crueza do bom e velho Rock n' Roll. Quem foi testemunhou mais uma noite inesquecível de ótima música. Longa vida a Chrissie Hynde! Longa vida ao Pretenders! Agradecimento especial à Opinião Produtora, Music On Events e Mercury Concerts pelo credenciamento, a todo o staff do Araújo Vianna pelo excelente tratamento.




quinta-feira, 22 de maio de 2025

WEDNESDAY 13 - MID DEATH CRISIS (2025)

 


WEDNESDAY 13
MID DEATH CRISIS
Shinigami Records/Napalm Records - Nacional

No início dos anos 2000, o Rock n' Roll norte-americano parecia viver uma ressaca dos anos 90. Em meio a chatice do Nu Metal, que era o que mais se aproximava do Rock/Metal, tínhamos zilhões de artistas de Rap, milhares de Boys Bands que acabavam soterrando qualquer esperança do surgimento de algum artista genuíno de rock.

Então em 2002, surge o Murderdolls, uma banda que fundia Glam Metal com Punk Rock, acrescentando elementos de rock industrial, dissolvendo nessa mistura, influências de Motley Crue, Nine Inch Nails, Misfits, Alice Cooper, e letras contando histórias de horror juvenis. Um alento aos fãs de Rock “Old School”. O membro mais famoso da banda, era o falecido baterista do Slipknot, Joey Jordison, que no Murderdolls tomava conta das guitarras.

Outro destaque foi o vocalista da banda, Wednesday 13. Muito do material gravado no álbum do Murderdolls “Beyond The Valley Of Murderdools” (2002) foi escrito por Wednesday 13, para algumas de suas bandas anteriores, então por óbvio grande parte do êxito do Murderdolls estava na habilidade como compositor do seu vocalista. Após o término do Murderdolls, Wednesday 13 segue seu trabalho solo, com as mesmas temáticas e sonoridades, principalmente nos seus três primeiros trabalhos solo partindo depois para uma sonoridade mais pesada e sombria.

Porém com o lançamento do novo “Mid Death Crisis”, Wednesday 13 retorna ao seu som tradicional, para a alegria dos fãs mais “die hard”. O que temos no “pacote” é o que Wednesday 13 sabe fazer de melhor: Horror Punk/ Sleazy Metal. “There´s No Such Thing As a Monster” é uma horripilante “intro” que abre caminho para “Deceased and Desist” com riff nervoso e bateria marcante. “When The Devils Command” já nasceu clássica, com um andamento no seu início que lembra bastante “Dr. Feelgood” do Motley Crüe.

“Rotting Away” é uma das melhores faixas do álbum, com riff incendiário, enquanto Wednesday proclama um verdadeiro “poema”: “I can’t wait until you’re in your grave and you’re cold and rotting away”. Um verso realmente muito singelo. Em “No Apologizes” temos a participação de Taime Downe, o lendário vocalista do Faster Pussycat. Faixa rocker até o talo. “Decapitation”, ”In Misery “ e “Blood Storm” mantém o nível altíssimo, com altas doses de Horror Punk, para a felicidade de quem curte Misfits e outros da mesma linhagem.

“Xanaxtazy” mostra uma veia mais hard Rock, enquanto “I Hurt You” é a mais melódica do álbum, com riff  “bate cabeça” ao mesmo tempo que tem um interlúdio acústico na metade da faixa, que deixa a música ainda mais interessante. Outro destaque que não posso deixar de citar é o excelente trabalho do baterista Mike Dupke, ex-W.A.S.P., com viradas e levadas marcantes, deixando todas as faixas com peso e categoria. “My Funeral” parece ser uma faixa gêmea/complementar de “When The Devils Command” e tão boa quanto. O trabalho fecha com a porradaria de “Sick and Violent”, pesadíssima e muito agressiva. Ao final dela o único caminho é recolocar “ Mid Death Crisis “ para rodar novamente.

Se você não conhece o trabalho de Wednesday 13, este novo trabalho é um excelente início, se comparando sem sombra de dúvida aos seus ótimos trabalhos iniciais. Com certeza, um trampo que vai para os melhores do ano. E agora fácil de conferir, pois foi lançado nacionalmente pela gravadora Shinigami Records.

José Henrique Godoy






SACRIFICE - VOLUME SIX (2025)

 


SACRIFICE
VOLUME SIX
Cursed Blessings Records/ High Roller Records - Importado

Uma das qualidades principais do canadense Sacrifice é ser uma banda íntegra. Desde seu surgimento nos anos 80, com álbuns clássicos como “Forward to Termination” (1986) e “Soldiers of Misfortune” (1989), e a mesma formação jamais inalterada, o grupo sempre entregou em seus trabalhos, um Thrash Metal visceral, intenso e sem firulas.

E agora em 2025, Rob Urbinati – vocal/ guitarra, Joe Rico – guitarra, Scott Watts – baixo e Gus Pynn – bateria, lançam “Volume Six”, e como o óbvio título denuncia, é o sexto trabalho do Sacrifice. E que trabalho, senhoras e senhores! Uma aula de Thrash Metal Old School para nenhum “thrasheiro” colocar um pingo de defeito.

Originalmente, a banda planejava lançar um EP com 5 músicas, porém, para a sorte de todos os fãs, o quarteto escreveu mais músicas e temos um trabalho completo, com onze faixas. A abertura com “Comatose” não deixa nenhuma dúvida do que vamos escutar por toda a audição. Riffs precisos e rápidos, bateria “um por um” e vocais ásperos e agressivos.

Ao mesmo tempo que a produção se apresenta crua e indomável, remetendo aos velhos tempos, temos uma dinâmica muito grande nas composições, que faz o álbum não parecer como uma obra “requentada”. “Incoming Mass Extinction” e “Lunar Eclipse” são outros grandes momentos de “Volume Six”. “Black Hashish”, uma instrumental mais lenta e pesada, num clima “Black Sabbathico”, demonstra que nem só de velocidade vive o Sacrifice.

Volume Six” estará com certeza entre os melhores lançamentos de 2025, sem dúvida alguma. O Sacrifice conseguiu traduzir o seu amor pelo metal em um trabalho muito sólido , que sem dúvida, se tornará mais um clássico do Thrash Metal. O “ Headbanging” aqui é obrigatório!!!

José Henrique Godoy




GOTTHARD - STEREO CRUSH (2025)

 


GOTTHARD
STEREO CRUSH
Reigning Phoenix Music - Importado

O Gotthard tem um espaço especial na minha coleção, pois é uma banda que com mais de 30 anos de existência, que não apenas atravessou os anos mais difíceis para quem curte e fazia hard rock, os sombrios anos 90, como se estabeleceu como uma das bandas mais importantes do estilo, lançando álbuns excelentes e marcantes até a metade da década de 2000.

Infelizmente, a tragédia se abateu sobre a banda em 05 de outubro de 2010, quando o seu vocalista e principal estrela, Steve Lee, acabou falecendo em um estúpido acidente de motocicleta, nos Estados Unidos. De lá para cá, confesso que perdi um pouco o interesse na banda, por mais que o vocalista Nic Maeder, que assumiu o microfone do Gotthard, se esforce e faça um trabalho realmente bom, é impossível não sentir falta de Steve.

Stereo Crush” é o décimo quarto álbum de estúdio do Gotthard, e de uma forma bem variada, mostra todas as facetas que os suíços produziram em trabalhos anteriores. A abertura com a pesada “AI & I”, hard-rockeira e uma ótima letra se mostra uma faixa empolgante, seguida por “Thunder and Lightning”, que podemos chamar de mais “radiofônica”, com um pé no AOR.

“Burning Bridges” é uma ótima balada, que podemos imaginar inclusive que o saudoso Steve Lee iria brilhar interpretando esta ótima faixa. “Drive My Car”, cover dos Beatles aqui tem um ótimo arranjo pesado e rockeiro. e surpreende por não ser apenas um cover para preencher o tempo do álbum. Não por acaso uma das faixas seguintes chama-se “Liverpool”, animada e com grande espírito estradeiro. “Shake Shake” mantém o clima hard rockeiro, enquanto “Devil In The Moonlight” se mostra uma das melhores faixas do álbum, pesada, cadenciada, e com excelente refrão, semelhante à próxima “Dig A Little Depper”, outra faixa muito boa. O trabalho fecha com a balada “These Are The Days”, uma música na veia do Aerosmith anos noventa.

Com o lançamento de “Stereo Crush” o Gotthard prova que ainda tem bastante lenha para queimar e entrega um trabalho sólido e agradável da primeira a última faixa. Os suíços superaram as desconfianças e perdas, e se apresentam fortes e mostrando que ainda sabem fazer “esse tal de Rock n' Roll”.

José Henrique Godoy




terça-feira, 20 de maio de 2025

FABIO LIONE'S DAWN OF VICTORY - TEATRO DA AMRIGS - 14/05/2025 - PORTO ALEGRE/RS



FABIO LIONE'S DAWN OF VICTORY
Abertura: DOGMA
TEATRO DA AMRIGS 
14/05/2025
PORTO ALEGRE/RS
Produção: Estética Torta

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Carolina Capeletti Peres

Fabio Lione é um dos principais vocalistas do Power Metal melódico há muito tempo, isso não é novidade para ninguém. Quando veio o anúncio do show do renomado músico em Porto Alegre, acompanhado de orquestra e coral, e ainda para completar, em um teatro, tocando na íntegra um dos maiores clássicos da sua banda original, o Rhapsody, a promessa de uma noite épica deixou os fãs em alvoroço. E sim, foi uma noite para nenhum fã de Fabio Lione colocar defeito.

A abertura ficou por conta da misteriosa banda Dogma, as “freirinhas do cramulhão”. Envolta em mistério, não se conhece a identidade das integrantes ( apesar de algumas teorias da conspiração já terem entregado algumas ex-integrantes) e nem mesmo a sua nacionalidade, o fato é que o Dogma é uma ótima banda que produz um ótimo Hard/Heavy, com músicas cheias de peso e melodia.

Pontualmente as 19 h, e ainda com o público chegando, as 5 “madres superioras” iniciaram o seu ritual, com as ótimas “Forbidden Zone” e “ My First Peak”. Logo de cara, se nota uma banda afiada, composta por quatro ótimas instrumentistas e uma fenomenal vocalista, com uma presença de palco marcante, num misto de sensualidade, mistério e terror.

A comparação com o Ghost é quase que óbvia, mas apesar de fazerem parte de uma mesma temática, a sonoridade é mais acessível aos ouvidos daqueles que desgostam da banda de Tobias Forge. Lilith (vocal), Lamia (guitarra), Rusalka (guitarra), Nixe (baixo) e Abrahel (bateria) desfilaram, por 45 minutos, 11 músicas, quase que a totalidade do track list do seu ótimo álbum de estreia, com destaque também para o cover de “Like A Prayer” da Madonna. Ao final de “The Dark Messiah”, as cinco “religiosas” se retiram do palco ao som de “Tubular Bells”, de Michael Oldfield, a clássica trilha sonora do filme “O Exorcista”. A aprovação do Dogma foi geral, e espero realmente que a banda chegue ao topo do Rock/Metal mundial, pois já estão prontas para isso.



Após um intervalo de 30 minutos, é chegada a hora da atração principal, e pouco a pouco, os integrantes da orquestra, coral e a banda sobem ao palco para os aplausos de um Teatro da AMRIGS já totalmente lotado. Fabio Lione adentra o palco para delírio dos fãs e após a “intro” “Epicus Furor”, detona “Emerald Sword”, iniciando a execução na íntegra de “Symphony Of Enchanted Lands”, o segundo álbum de estúdio do Rhapsody, um dos maiores clássicos não apenas do Rhapsody, mas do Power metal Melódico no geral.

Fabio Lione além de um vocalista muito acima da média é um ótimo frontman, e com simpatia e simplicidade interage muito com o público, como quando pediu para que todos ficassem de pé, “se possível, pois sei que é difícil” disse ele, se referindo ao fato de estarmos sentados...l embre que estamos em um teatro. Antes de “Riding Wings of Eternity”, Lione contou sobre seu primeiro encontro com o grande ator Christopher Lee, o eterno Drácula, que colaborou com o Rhapsody em algumas oportunidades, e dedicou a música ao falecido mestre do Horror.

A platéia já estava deslumbrada com o espetáculo e tudo estava em altíssimo nível, sendo a qualidade de som e luz, a execução perfeita das músicas e a excelente performance vocal de Lione. “Symphony of Enchanted lands”, a épica faixa de mais de treze minutos fecha a execução do álbum de mesmo título na íntegra, e então teremos mais músicas do Rhapsody, como  Knight Rider Of Doom”, do álbum “Power of The Dragonflame” de 2002.


Fabio Lione pede desculpas para a banda, orquestra e coral por estar se alongando demais nas conversas com o público, coisa que não incomoda nem um pouco, pois além de falante, ele se mostra muito bem humorado, quando conta como fez para se juntar ao Rhapsody em 1997, incluindo um caso romântico para poder ganhar vantagem para viajar para a Alemanha, arrancando gargalhadas da plateia. Ele agradece ao coral e à orquestra, mas diz que só vai agradecer a banda após eles executarem “Rain Of A Thousand Flames” que segundo ele é uma música muito veloz (214 bpms pelas palavras de Lione) e após a execução dessa, ele aplaude sua banda e diz que “sim, a banda também é foda” .

Chegando ao final, Lione conta que vai tocar uma música de uma banda, mas não é qualquer banda... é “A BANDA” e ele anuncia “We Are The Champions” do imortal Queen. Em “Holy Thunderforce”, Fabio desce do palco, e vai cantar no meio do público, e “Dawn Of Victory” fecha o setlist e termina este verdadeiro espetáculo épico, que sem dúvida não só atendeu, como superou as expectativas de um público ávido e formado por fãs que se deleitaram com uma performance excelente de Fabio Lione, orquestra, coral e banda. Uma noite que se tornou inesquecível para os admiradores do vocalista, do Rhapsody e de Power Metal. Agradecimento especial à Estética Torta pelo credenciamento e à toda equipe do Teatro da AMRIGS pela cordialidade.