Um rock n' roll forte e visceral! Dessa forma podemos classificar a sonoridade apresentada pelo trio gaúcho BLACK TRIAD. Formado em 2014, o grupo lança seu primeiro trabalho, intitulado GENESIS, e apesar do pouco tempo de carreira, a banda conta com músicos experientes, o que garante a qualidade tanto técnica quanto no nível das composições apresentadas aqui. Podemos perceber influências de nomes como Motörhead, mas nada que possa interferir na personalidade da banda, que demonstra identidade e que busca seu lugar ao sol neste concorrido cenário.
Formada por Ricardo "Malcolm" Aronne (vocal e guitarra - e um dos nomes sempre lembrados quando se fala em Rock no Rio Grande do Sul), Marcelo Pithan (baixo) e Zico Cavinatto (bateria) trazem neste álbum de estréia 10 faixas muito bem gravadas e produzidas. Aliás, o trabalho foi gravado no Estúdio Hurricane e a produção ficou sob a responsabilidade de Sebastian Carsin, o que já significa uma excelente qualidade neste quesito. Mas o nível de excelência não se restringe apenas a parte técnica, pois os três músicos capricharam em faixas que não se prendem a nenhum tipo d e clichê, buscando variações sem perder a essência desafiadora do Rock n' Roll. E se não fosse pra ser assim, qual seria o motivo pra banda existir, não é mesmo?
Abrindo com Go On, a faixa tem início com a bateria pesada e intensa de Zico Cavinatto que recebe o "apoio" preciso do baixo de Marcelo Pithan. Já Ricardo Aronne, despeja riffs fortes enquanto seu vocal, bem característico, nos lembra um pouco o bom e saudoso Lemmy. O solo da faixa merece destaque pois tem uma perfeita sintonia ao que a composição pede. Uma guitarra cheia de malícia guia R.I.P., com uma pegada mais hard rock. O que faz do Black Triad uma banda até certo ponto despojada, pois não se limita a nenhum tipo de imposição na sua sonoridade. E isso se comprova em Fallen Masks, uma faixa que chega a lembrar um pouco o que as bandas mais alternativas dos anos 90 faziam, sem abrir mão do peso e da veia rocker. E a cozinha se destaca com linhas bem intensas. The Duke é uma faixa mais "heavy", com passagens mais sombrias, tendo na guitarra seu fio condutor. O refrão acaba por levar o ouvinte á uma atmosfera que nos remete aos anos 70. Já a faixa título, Genesis, é puro Rock n' Roll, sem concessões. Direta e simples, a faixa contagia pleo clima cheio de energia que ela transpassa.
Carnage é mais cadenciada e também possui um clima mais pesado, enquanto o solo se destaca por adotar uma linha mais incisiva. E a versatilidade dos músicos fica muito evidente pois aqui, percebemos as variações que a composição impõe, ocasionando momentos bem interessantes. Into the Void é a próxima e, se o título nos remete ao Black Sabbath, a atmosfera aqui é outra. Com toques mais hard, a faixa possui um andamento bem trabalhado, com destaque para a bateria de Zico Cavinatto. Zeigeist vem na seqüência e é mais acelerada, com uma cara bem Motorhead, não apenas pelo vocal de Ricardo mas também pela linha adotada. Evil Lady possui um riff "moderno" e um solo muito legal, além de apresentar um grande trabalho do baixista Marcelo, o que dispensa comentários. O encerramento vem com a faixa Sandero, que possui riffs que nos lembram, dessa vez em sua sonoridade, os pais do heavy metal. A guitarra de Ricardo mostra que tem em Iommi uma forte inspiração e coloca a faixa como um dos destaques do trabalho, que de forma geral, soa bem regular.
Em seu trabalho de estréia, o BLACK TRIAD mostra que não é necessário se prender á estilos para ter personalidade. Fazendo a música que quer, sendo original em sua proposta e o mais importante, apresentando qualidade muito acima da média, GENESIS é mais um grande trabalho vindo das bandas do sul do Brasil. O que já e quase uma redundância, diga-se de passagem. Que o grupo mantenha essa pegada e nos presenteie com mais trabalhos de alto nível como esse!
Sergiomar Menezes
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