Algumas bandas brasileiras conseguem algo que pode ser considerado um marco em sua carreira. Agregar ao seu nome o subtítulo de instituição do Metal Nacional. E esse é o caso do NERVOCHAOS. Tendo completado 21 anos de atividades em setembro deste ano, o grupo chega agora ao seu sétimo trabalho de estúdio. E o que ouvimos em NYCTOPHILIA lançado pela Voice Music/Cogumelo Records é o mais puro Death Metal brutal e agressivo que a banda consagrou ao longo de sua vitoriosa carreira. Com elementos do hardcore, thrash, black, grindcore e punk, o álbum vem para consolidar o status do grupo como uma das uma das melhores bandas brasileiras do estilo.
Lauro Nightrealm (vocal e guitarra), Cherry (guitarra e backing vocal), Thiago "Anduscias" (baixo) e Edu Lane (bateria) formam a banda que ao lado de Alex Azzali produziu o trabalho na Itália. Alex, também foi o responsável pela mixagem e masterização. E ambos capricharam pois o "metal da morte" que o grupo nos entrega aqui, é algo matador! Mesmo tendo passado por mudanças de formação, a essência do grupo permaneceu intacta, provando que por mais percalços que tenham acontecido, a persistência de Edu Lane manteve firme o ideal de destruição sonora da banda. Nas treze faixas apresentadas em NYCTOPHILIA, vemos um grupo disposto a manter seu death metal brutal e agressivo, como sempre foi.
A abertura com Moloch Rise comprova a qualidade e brutalidade da atual formação da banda. Os riffs pesados e ríspidos proporcionados pela dupla Lauro e Cherry (ex- Okotô, Hellsakura) mostram o entrosamento e coesão, enquanto que a dupla Thiago e Edu (baixo e bateria, respectivamente), sentam a mão, deixando a base rítmica do grupo num nível de peso e agressividade absurdos. Ritualistc, com um andamento mais "ameno", mostra que nem só de velocidade se faz death metal, pois a estrutura mortal das composições permanece intacta. Ad MajoremStanae Gloriam apresenta riffs mais "rockers" (dentro da proposta da banda, obviamente), com uma levada um pouco mais cadenciada. A faixa mostra a versatilidade do grupo. Season of the Witch é uma faixa que mantém um andamento mais cadenciado mas que descamba pra porradaria tradicional do death metal, assim como Waters of Chaos, que possui riffs sombrios e intensos. The Midnight Hunter também apresenta elementos de death tradicional, mas com as características que sempre nortearam a carreira do grupo agressividade em estado bruto!
Rites of the 13 Cemeteries mantém essas características, com algumas mudanças de andamento que ficaram interessantes, não deixando que a faixa se torne repetitiva. Vampiric Cannibal Goddes é outra aula de death metal à moda antiga. Sem invencionices, é uma porrada direta e mortal. Já Stained in Blood possui momentos mais cadenciados que alternam com outros mais tradicionais, enquanto que as guitarras deixam tudo pesado e sujo. Aliás, mesmo sendo um trabalho bastante homogêneo, podemos dizer que as guitarras acabam sendo o grande destaque do álbum pois mantém uma unidade consistente. Lord Death é outra faixa bem direta, mesmo que as guitarras aqui apresentem linhas mais próximas do hardcore. Dead End tem no trabalho da cozinha seu destaque. O baixista Thiago cria linhas bem interessantes, fugindo um pouco daquela pegada mais tradicional do estilo. World Aborted é uma faixa típica da banda enquanto que o encerramento com Live Like Suicide é um massacre proporcionado por Edu, que destrói seu kit sem piedade, dando ao álbum um fechamento grandioso!
O NERVOCHAOS mostra que continua sendo um dos nomes fundamentais da cena extrema brasileira. NYCTOPHILIA traz a banda em um estado de brutalidade e agressividade que parece não esmoecer com o passar dos anos. Sorte dos apreciadores do metal da morte que tem nessa instituição do metal brasileiro, uma de suas referências!
Sergiomar Menezes