O título do quarto álbum da banda mineira CANÁBICOS não poderia ter sido melhor escolhido. INTENSO define de forma clara, aquilo a que o grupo formado em 2013 se propõe a fazer: Rock n'Roll direto, forte e, perdoem a redundância, intenso! desde a criação do grupo, já foram lançados três álbuns em uma interessante sequência. "La Bomba" (2013), "Reféns da Pátria" (2014) e "Alienígenas" (2015), vieram na sequência de um ano de diferença. Já este mais recente trabalho, "passou" um pouco do tempo, mas mostra-se um trabalho mais forte e variado que os anteriores.
Clandestino (vocal), Murcego González (guitarra - UGANGA), Marcelo Maluco (baixo) e Mestre Mustafá (bateria) apresentam uma sonoridade bastante rica em influências, que se encaixam de forma bem uniforme dentro da sonoridade do grupo. Beatles, Rolling Stones, Black Sabbath, Led Zeppelin, The Doors, Jimi Hendrix, Raul Seixas, Mutantes, Steppenwolf... Consegue imaginar todas essas bandas "juntas"? E ainda por cima, cantado em português? Pois o Canábicos conseguiu agrupar essas influências, criando uma música cativante. Principalmente pelo excelente trabalho de guitarra, que consegue soar suja e pesada, mas na medida, usando uma timbragem muito bem escolhida. O álbum foi gravado, produzido, mixado e masterizado por Gustavo Vazquez (Uganga, Black Drawing Chalks, Hellbenders), no estúdio RockLab em Goiânia (GO), e ficou na medida.
Planeta Estranho abre o play e já entrega que as guitarras conduzirão o álbum. Um rockão que traz, além das influências citadas anteriormente, algo de AC/DC e Motorhead, o que dá um tempero ainda melhor ao rock n' roll cheio de atitude do grupo. O vocal de Clandestino se mostra bem encaixado no estilo. E o fato de ser cantado em português, cria uma certa nostalgia que acaba se contrastando ante o som despojado da banda. Fora da Lei possui um andamento mais cadenciado, ms que com o andamento da faixa, ganha velocidade em determinados momentos. Os riffs de guitarra fazem a diferença, pois não soam monótonos. A cozinha também se destaca, pois o entrosamento da dupla MM e Mestre Mustafá (baixo e bateria, respectivamente) é consistente. Já a faixa título,fala sobre a morte, imprevisível e inevitável. Com passagens introspectivas, a composição possui um arranjo bem elaborado. A levada mais cadenciada e "viajante" de Não Faz Sentido, acaba destoando um pouco da "intensidade" das três primeiras faixas. Mesmo assim, a composição apresenta bons momentos.
Lei do Cão possui uma levada groove e bons riffs. O refrão se torna sintomático, ainda mais do jeito que as coisas se apresentam em nosso país nos dias de hoje: "Você tem que mentir pra sobreviver"... Viagem Espacial é um rock à moda antiga. Guitarra, baixo e bateria diretos, sem firulas, reto, vigoroso. Sem dúvidas, uma faixa que deve e precisa ser executada ao vivo pela banda. Rotina tem um quê do mestre Iommi nos seus riffs... A faixa tem um andamento bem trabalhado, e mostra a criatividade e versatilidade do grupo na hora de compôr. A última faixa não foge muito que se apresenta durante todo o álbum, mas tem um pequeno diferencial: sua letra retrata a viagem completa que as drogas proporcionam. A curiosidade inicial, a euforia da primeira sensação, a "bad trip" e, no final, a exaustão. Eu Não Sei o Que Vai Ser de Mim, acaba, no fim do álbum, remetendo sua letra ao nome do grupo. Mas segundo a própria banda, o grupo não faz apologia, mas sim, propõe um debate mais sério sobre o assunto.
INTENSO foi lançado pela Monstro Discos, que nas palavras do sócio-fundador e diretor executivo da gravadora "apresenta uma banda que faz um power rock vigoroso. Como o rock tem que ser". Intensidade e criatividade. assim é o CANÁBICOS. Que o grupo siga fazendo música "intensa" e cheia de energia!
Sergiomar Menezes
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