quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

SOMEWHERE IN BRAZIL - THE BRAZILIAN TRIBUTE TO IRON MAIDEN (2020)

 

E a Secret Service Records/Armadillo Records solta no mercado mais um excelente trabalho de tributo com bandas brasileiras reverenciando mais um dos grandes nomes do Heavy Metal mundial. Dessa vez, o homenageado é um dos nomes que, não apenas no Brasil, mas também mundo a fora é considerado quase como uma religião. Obviamente que estamos falando da Donzela de Ferro, o nosso queridíssimo e amado IRON MAIDEN! SOMEWHRE IN BRAZIL - THE BRAZILIAN TRIBUTE TO IRON MAIDEN é mais um belo projeto lançado, trazendo 26 faixas que abrangem toda a carreira da Donzela, com interpretações bem pessoais das bandas participantes. 

Escrever aqui sobre a importância do Iron é chover no molhado, afinal, estamos falando de uma das bandas mais influentes, importantes e que até hoje mantém a sua relevância, apesar de alguns insistirem em dizer que o grupo está acabado, que não tem mais condições, e mais todo aquele chorôrô de moleque que não aceita que nossos ídolos envelhecem e que acabam, por vezes, não mantendo aquela mesma regularidade de antigamente. Mas, estamos falando do IRON MAIDEN! O que seria do Heavy Metal se não fosse Mr. Steve Harris e cia? Muito provavelmente, algumas das bandas que aqui estão nem existiriam! E pode-se afirmar com total certeza e segurança que este tributo faz jus à carreira do sexteto inglês!

A banda Bulletback, formada por ex-integrantes da Pastore Band,  tem a difícil tarefa de abrir o álbum executando "Where Eagles Dare", faixa seminal de "Piece of Mind" (1983) e a faz com maestria. Sem nenhum tipo de invencionice e apostando em guitarras um pouco mais pesadas que o original, o grupo mostra desenvoltura e coloca a responsabilidade de manter o alto nível no colo da Sacrificed, que resgata uma das faixas da era Blaze no Iron. Não por acaso, "Lord of the Flies", presente em "The X Factor" (1995), ganhou uma versão bem pessoal, com as características da banda, sem contar a bela performance da vocalista Kell Reis, que deu vida nova a melodia vocal da composição. Já a banda Obskure traz "Phantom of the Opera", faixa de "Iron Maiden" (1980), que ganhou um peso absurdo, com uma pegada voltada para o lado mais death/black do metal, mas manteve aquela aura intimista e até mesmo sombria da versão original. Os gaúchos da Rage in My Eyes não deixam pedra sobre pedra com "Aces High", clássico indiscutível, presente em "Powerslave" (1984). Sem querer reinventar a roda, o grupo manteve as características originais da faixa, com destaque para os vocais de Jonathan Pozzo, que não quis cantar como Bruce e também para o batera Francis Cassol, que senta a mão sem piedade em seu kit. A banda Syren, do vocalista Luis Syren surge com "Be Quick or be Dead", faixa que abre "Fear of the Dark" (1992). Ainda que Luis tem um timbre muito, mas muito parecido com o de Bruce Dickinson, aqui ele cantou de forma mais rasgada, algo que o próprio Bruce fez no citado álbum. Uma boa versão, mas que não apresenta nenhum tipo de variação. 

O maior clássico dos clássicos do Iron, "The Number of the Beast", faixa título do maior disco de Heavy Metal de todos os tempos (1982), ganhou uma versão simplesmente matadora feita pelo Pátria, que incorporou sa sonoridade black metal de forma contundente dentro da proposta apresentada. Sem nenhuma dúvida, um dos grades momentos do trabalho! "Wrathchild", faixa de "Killers" (1981) vem com o Chemical Desaster, onde o peso se destaca, numa pegada thrash/death de qualidade. Já o Kamala transforma "The Wicker Man", de "Brave New World" (2000), num thrash metal de responsa, mas que peca um pouco pela produção ter ficado um pouco abaixo das demais faixas. Ainda sim, é nítida a entrega da banda em sua execução. o "veterano" Mario Pastore, liderando a Pastore Band no traz uma versão magnífica de "Flesh of the Blade", faixa de "Powerslave" (1984). Não é preciso falar da qualidade vocal de Pastore, mas sua interpretação navega facilmente pelo lado mais rasgado de catar e ainda assim, guarda as características originais do vocal de Bruce em diversos momentos. Outro grande destaque do álbum!

Um dos grandes nomes do metal tradicional brasileiro, o Steel Warrior, apresenta uma versão bem pessoal de "Moonchild", clássico presente em "Seventh Son of a Seventh Son" (1988). Com destaque para as guitarras, que honram o trabalho da dupla Murray//Smith, a faixa ganha uma intensidade maior durante sua execução. Com a tarefa de executar uma faixa de um dos álbuns mais odiados da Donzela, a saber "No Prayer for the Dying" (1990), e que eu particularmente gosto bastante, o grupo Attrachta apresenta "Tailgunner", numa versão simples, direta e honesta. "Wasting Love", a "balada" presente em "Fear of the Dark", surge numa bela versão interpretada pelo grupo Quintessente. Ao alternar as vozes masculinas e femininas, a banda conseguiu dar uma cara nova à composição, mas de uma forma especial, sem que a própria perdesse sua melodia ou características principais. Entre tantos destaques, aqui temos mais um belo momento. O primeiro CD encerra com o grupo Tailgunners executando "The Clansman", faixa de "Virtual XI", outro momento da era Blaze no Iron. Talvez, um dos únicos momentos que se salvem no citado trabalho, aqui a faixa ganhou uma versão ipsis literis do grupo. Ou seja, garantia de qualidade durante a audição.

O segundo CD abre com um dos maiores nomes do Heavy Metal brasileiro: Hellish War! E o grupo, como não poderia deixar de ser diferente, traz uma ótima versão de "Heaven Can't Wait", faixa de "Somewhere in Time" (1986). "The Evil That Man Do", uma das melhores faixas da história do Maiden, surge aqui pelas mãos do Posthumous, numa versão que traz um misto de metal tradicional, thrash e death metal, dosados de forma homogênea e bem encaixados. Uma das faixas com pegada "hard" da Donzela, "From Here to Eternity", ganhou peso e vocais rasgados muito próximos do death metal melódico, cortesia do Savagez, que impôs personalidade numa interpretação cheia de garra e sentimento. É chegada a vez de uma das instituições do metal brasileiro. Sim, falo do Genocídio, uma das primeiras, se não a primeira banda de metal extremo do Brasil. E o grupo mostra que sabe muito bem o que faz com uma versão simplesmente destruidora de "Killers"! que puta versão foda! sem dúvidas, mais um grande momento deste trabalho que é nivelado por cima! O Headhunter D.C., outra verdadeira instituição do metal nacional, apresenta uma versão de "To Tame a Land", outro clássico presente em "Piece of Mind", que ganhou uma densidade e agressividade death metal, como a própria música do grupo é. E isso é uma das coisas que ficam marcadas, principalmente se a banda consegue transpôr sua sonoridade sem que com isso, a música se descaracterize.

"Prodigal Son" uma daquelas faias que todo fã de Iron gostaria de ver o grupo executando ao vivo algum dia, ganhou uma versão bem trabalhada e honesta do grupo Orquídea Negra. Outro momento que também é muito esperado por todos os fãs do grupo é que um dia eles voltem a executar "Stranger in a Stranger Land", faixa de "Somewhere in Time". Mas já que esse momento parece que nunca vai chegar, fiquemos ouvindo essa bela versão do grupo Revengin. Já o grupo Apple Sin traz uma versão de "Blood Brothers", de "Brave New World". Apesar do empenho e dedicação do grupo, que interpretou a faixa sem nenhum tipo de pormenor, essa é uma daquelas músicas do Maiden, infindáveis, que acabam se tornando chatas pelo andamento e repetição. Na direção contrária, o Uganga surge com "Running Free" numa versão bem similar à original, diferenciando-se pelos vocais de Manu Joker, que empresta uma urgência hardcore nos sua maneira de cantar.

O Andralls, nome recorrente quando o assunto é thrash metal no Brasil, apresenta uma versão pesada e instigante de "Chains of Misery", faixa presente em "Fear of the Dark", enquanto o Encéfalo mostra a que veio numa versão thrash/death de "Man onthe Edge" uma das melhores faixas da era Blaze no Maiden. Sem descaracterizar a composição, o grupo imprimiu sua identidade de maneira forte e direta. Já o grupo Darkside, em "2 Minutes to Midnight" nos traz uma versão que guarda similaridade com a original, mas com um toque pessoal. O encerramento vem com "Afraid to Shoot Strangers" com a banda Ignispace, com destaque para a performance vocal, que traz um ainha melódica muito bonita durante a execução da faixa.

SOMEWHERE IN BRAZIL - THE BRAZILIAN TRIBUTE TO IRON MAIDEN pode ser facilmente encaixado entre os melhores trabalhos do gênero já produzidos ao redor do mundo. E olha que não foram poucos... Muito disso se deve a qualidade das bandas participantes que souberam dar sua identidade em versões bem pessoais, e mesmo que mantendo as características originais em diversos momentos, criaram sua própria sonoridade a lá Maiden. Que venham mais tributos como esse!

Sergiomar Menezes





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