Antes de dissertar sobre o disco, um “pequeno”, mas justo e necessário elogio: meus mais sinceros parabéns a Reverbera Music Media pelo excelente press kit, não apenas pelo capricho, mas pela organização e zelo. Todos os arquivos vieram rigorosamente estruturados; devidamente nomeados e separados por pastas. O release, por si só merece uma resenha (elogiosa) por toda sua minúcia e detalhamento. Profissionalismo e parceria (não parasitismo) funcionam desse modo: A banda respeita sua própria arte, a assessoria dá o necessário suporte e os ditos veículos de imprensa, respeitam ambos, assim como exigem ser respeitados — de qualquer outra forma é folclore e “fac-símile”.
Eis que finalmente o paulista HEVILAN apresenta-nos o seu segundo álbum — uma odisseia musical carregada de fascinantes e poderosas passagens épicas; emocionantes e bem dispostas orquestrações e um cardápio composto por riffs musculares, solos e melodias elegantes, capazes de fazer qualquer bom amante de Heavy Metal salivar pelos tímpanos. O Seu título? “SYMPHONY OF GOOD AND EVIL” — um tutorial de bom gosto, vitalidade, primor e versatilidade. Arquitetado em estúdio por Biek Yohaitus (gravação e produção) e Lasse Lammert (mixagem e masterização), o disco vem trajado com uma magnífica ilustração do mestre Gustavo Sazes, cujos traços e cores enfatizam a dicotomia versada no conteúdo do mesmo; a eterna dualidade humana — bem versus mal.
Indo ao teor do disco (o que realmente importa), logo somos agraciados com uma avalanche de ótimos riffs na intrincada e potente “Dark Paradise”; perfeita como boas-vindas e com uma leitura que vai do Prog ao Thrash Metal. Ouso dizer que a mesma resgata ao paladar da memória o saudoso e disforme, Nevermore; destaque ao baterista debutante Rafael Dyszy, por conseguir imprimir peso, dinâmica e técnica sem se abstrair do bom senso e ao guitarrista Johnny Moraes por conseguir transmitir inteligência e feeling nas seis cordas sem tornar, não só a faixa em questão, mas no trabalho em sua totalidade, num tutorial maçante baseado em virtuoses. “Rebellion Of The Saints” e “Great Battle” mantém as características já citadas, muito embora se desenvolvam com maior apreço melódico, permitindo assim uma variação de ambientes que vão da velocidade a cadência com a mesma desenvoltura — Alex Pasquale abrilhanta ambas com seus dotes vocais acentuados e versáteis, tanto nas transições estruturais das mesmas quanto nos refrães. (A banda caprichou nestes).
A balada “Always In My Dreams” (bela e elegante) acrescenta novos e suaves contrates ao disco: serenidade com relevos planejados, solo memorável e vocais emotivos. Perfeita para agradar casais durante os shows. “Devil Within” se reserva a apresentar duas partes: “Evil Approaches” (que cria o clima) e “Hammer Of The Gods” (potente e classuda, o melhor refrão do disco na humilde opinião deste que vos escreve). “Waiting For The Right Time” é mais um momento de calmaria, não acrescenta muito, mas também não destoa e como já dito, cairá bem no setlist das apresentações ao vivo (que não são feitas apenas por punhos erguidos e brados heroicos, fãs do Whitesnake que o digam). A tetralogia “Symphony Of Good And Evil” encerra o disco gloriosamente; permeada por ambições sinfônicas, entonações épicas, corais vigorosos e um instrumental que, mesmo incrustado de nuances, não se furta ao Heavy Metal. Destaque para às duas primeiras partes: “Revelation” e “Dark Ages” (que muito memoram Christofer Johnsson e seu Therion) e também para o terceiro ato aqui, intitulado “Song of Rebellion” (simplesmente magnífico!).
“SYMPHONY OF GOOD AND EVIL” marca a ascensão do HEVILAN — uma obra completa; seja por sua temática, por seus arranjos ou pelo ecletismo que se alonga em seu conteúdo. Suas ambições não ultrapassam os limites entre criatividade e ostentação de firulas (o que é bom). O Hevilan soube usar todos os elementos e extravagâncias que geralmente naufragam álbuns do gênero a seu favor — num misto de sabedoria musical e ousadia calculada com precisão.
Fábio Miloch
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