terça-feira, 14 de novembro de 2023

GLENN HUGHES - 07/11/2023 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS

 

GLENN HUGHES
PERFORMS CLASSIC DEEP PURPLE LIVE
BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS
07/11/2023
Produção: ABLAZE Productions

Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: Uillian Vargas

"I'm the last man standing". Essa foi uma das inúmeras frases marcantes que GLENN HUGHES, THE VOICE OF ROCK proferiu ao público na noite do dia 07/11/2023 no histórico palco do Bar Opinião em Porto Alegre/RS. E a cada nota tocada, cada performance executada, cada comunicação com o público e, principalmente, a cada entrega realizada pelo músico no auge dos seus 72 anos anos, essa certeza ficava ainda mais evidente. Glenn não precisa provar nada a ninguém, mas o que ele protagonizou ao lado de sua excelente banda, foi algo que deve (e vai) ficar na mente de cada uma das cerca de 1200 pessoas que compareceram a essa verdadeira celebração da música, e porque não dizer, da vida de um ícone do rock.

Desde cedo a expectativa do público era grande, visto que esse show havia sido cancelado por causa da pandemia. No entanto, para minha surpresa (felizmente) o público presente foi excelente. E o mais curioso, e bacana, foi ver a quantidade de "tiozões do rock" presentes, cantando todas as músicas, numa empolgação praticamente juvenil, como reza a cartilha do rock. Se fisicamente a idade já não é mais a mesma, o espírito continua jovem, liberto e cheio de disposição. E foi para esse público que às 21h, Soren Andersen (guitarra), Ed Roth (teclados) e o monstro Ash Sheehan (bateria) subiram ao palco e precederam a entrada do mestre. Não é preciso dizer que o público foi à loucura não é mesmo?

De cara, para mostrar que o jogo era fácil e já estava ganho (risos) "Stormbringer", faixa título do mais que clássico álbum lançado pelo Deep Purple em 1974, foi executada com maestria pela excelente banda. Um simpático e entusiasmado Hughes, mas também extremamente incomodado com os problemas técnicos em seu baixo, mostrou que apesar da idade (e do seria revelado) logo em seguida, continua com uma voz impecável. Obviamente que não podemos esperar a performance de 10, 20, 30 anos atrás. Mas basta fazer um leve exercício: qual outro vocalista passou por todos os perrengues que Glenn e está ainda na ativa cantando dessa forma? Logo em seguida, o vocalista/baixista agradece o público (a primeira de muitas vezes) e diz feliz por estar no palco novamente e emendam com "Might Just take Your Life", segunda faixa de "Burn", o melhor álbum do Deep Purple, também lançado em 1974. Confesso que ouvir as músicas desse álbum mexem com meu emocional, pois ainda que o quinteto inglês tenha excelentes discos, esse em especial, mostra a verdadeira face do grupo (ao menos para este que vos escreve).



"Sail Away", outra pérola presente m "Burn" veio na sequência, já com o problema no baixo quase resolvido. Digo quase por que um bem humorada Hughes soltou a seguinte pérola: "Porto Alegre! You're in my heart! But... there's someone in may back!", fazendo referência ao roadie que estava tentando resolver o problema e que acabou sendo solucionado. Mais uma grande performance da banda que seria coroada com a apresentação da faixa seguinte. "Porto Alegre, vamos relembrar California Jam"? E tem início "You Fool No One". Meus amigos... Que momento! Uma banda afiada, entrosada e coesa como poucas vezes se viu, principalmente quando não estamos falando de um "grupo", se é que me faço entender. Ed Roth, ainda que discreto, se mostrou mais que competente, com classe estilo e boa dinâmica de palco. Já Soren Andersen ("meu amigo desde os anos 70, nas palavras de Hughes), honrou como poucos as seis cordas empunhadas por Blackmore e Bollin. Mas o destaque da banda, sem dúvidas, é Ash Sheehan. O que esse cara toca é brincadeira! Como estávamos relembrando o "California Jam", houve ainda o insert de "High Ball Shooter" e o solo de bateria. Já adianto à todos que nenhum tipo de solo me atrai nos shows de rock e heavy metal. A não ser que seja de alguém extra classe. Mas o que esse cara fez foi fantástico. Um solo repleto de técnica e felling como poucas vezes vi. Com a volta dos demais integrantes, "You Fool No One" é encerrada e Glenn nos relata algo que era um tanto quanto perceptivo, mas que veio a ser confirmado por ele próprio.

"Gostaria de agradecer a todos e dizer que estou feliz em estar aqui. Mas eu estou muito doente. Esse show não ia acontecer. Mas eu sei que vocês estão aqui por minha causa. Vocês são a minha voz. Mesmo estando com problemas, eu não podia cancelar o show. Eu amo vocês!" Meus amigos... mesmo ardendo em febre, Hughes (que tomou alguns comprimidos durante o show) nos trouxe uma performance que deixa muito moleque saudável no chinelo. Pergunte para quem esteve lá! Depois dessa explicação, parece que o público, que já estava interagindo de forma consistente, decidiu apoiar ainda mais o vocalista, e o que se viu dali em diante foi uma troca de energia fantástica entre público/banda. Isso ficou ainda mais nítido em "Mistreated", uma das mais belas músicas já lançadas na história, e que "curiosamente" também está em "Burn"... Brincadeiras à parte, Glenn mostrou toda a potência de sua voz, que volto a lembrar, está muito bem obrigado! Bacana de olhar para os lados e ver todos cantando e sentindo a música. Coisas que só um show de rock/metal podem proporcionar.



Era chegada a hora de homenagear "my brother Tommy Bolin" e "Gettin' Tighter", faixa de "Come Taste the Band", álbum de 1975 do Deep Purple. Como é bom poder ouvir essas faixas tocadas de forma perfeita, num jeito clássico de tocar rock n' roll, sem que se precisa fazer uso de nenhum recurso externo. Então "You Keep on Moving", trouxe um dos mais belos momentos da apresentação. A química entre banda e público foi algo único. A interpretação de Hughes, sabendo de seu estado de saúde, só comprovou que o apelido "The Voice of Rock" só pode pertencer mesmo, a uma pessoa. Quanta entrega, sentimento e magia presentes durante a execução dessa música espetacular. Sem nenhum medo de errar, um dos mais lindos momentos já presenciados por mi em um show. Simplesmente fantástico.

Ao término da faixa, a banda agradece e um Hughes emocionado se despede do público. Admito que temi por realmente ser o fim do show, o que me deixaria um tanto quanto frustrado, pois ainda faltava, pelo menos, a música que eu não posso ouvir quando dirijo: "Burn". Mas após alguns poucos minutos, a banda retorna e detona esse clássico de forma visceral, sem muito papo. E um dos pontos mais legais disso foi que Glenn cantou apenas partes do refrão, principalmente os agudos, deixando sob a responsabilidade do público o restante da letra. e não fizemos feio! Dessa forma, chegava ao fim essa noite mágica e especial. Hughes agradece novamente ao público pela presença e pede desculpas por estar doente e não ter entregado mais. Não precisa pedir desculpas, mestre. A gente é que AGRADECE!

Quero aqui deixar meu agradecimento à ABLAZE Productions e ao Homero Pivotto Jr pelo credenciamento e cordialidade de sempre no atendimento à imprensa. Digo e não canso de repetir: In UNION WE STAND!



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