terça-feira, 23 de abril de 2024

JEFF SCOTT SOTO / JELUSICK / SINISTRA - 19/04/2024 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS


JEFF SCOTT SOTO / JELUSICK / SINISTRA
19/04/2024
BAR OPINIÃO
PORTO ALEGRE/RS
Produção: Ablaze Produtora

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Carolina Capelleti Peres


O evento com JEFF SCOTT SOTO , JELUSICK e SINISTRA no Bar Opinião na sexta-feira passada pode ser definido como uma excelente noite de Hard/Heavy Metal para uma reduzida platéia. Os motivos para tal fato realmente podem ser muitos: o horário de inicio às 18 horas em um dia que muitas pessoas ainda estão saindo de seus trabalhos, o período do mês onde as pessoas não tem aquela grana sobrando (apesar do preço justo dos ingressos), ou outros menos votados. O que realmente podemos definir é que é lamentável um show desses para um público de 200 pessoas.

Às 18h15, as luzes se apagam e podemos ouvir a introdução e a seguir o Sinistra adentra o palco. Para quem ainda não sabe, o Sinistra é um super grupo formado pelo vocalista Nando Fernandes (Cavalo à Vapor/Hangar e outros), o guitar hero brasileiro Edu Ardanuy (Dr. Sin, Anjos da Noite), o baixista Luis Mariutti (Angra, Shaman, Henceforth) e o baterista Rafael Rosa(ex-Andre Matos). A primeira música, a pesada “Mente Vazia” já ganhou os poucos mas entusiasmados presentes. Quem estava lá conhecia e realmente era fã do Sinistra e a retribuição foi em alto nível por conta da banda.

O som estava alto, pesado e incrivelmente limpo, podendo ser completamente audível todos os instrumentos. Edu Ardanuy não precisa de apresentações, riffs e solos perfeitos, Luis Mariutti mais contido e sem se afastar do fundo do palco durante toda a apresentação garante a gestão dos graves, e junto ao baterista Rafael Rosa nos apresentam um peso descomunal. Nando Fernandes, na minha opinião de fã, o melhor vocalista de Heavy Metal do Brasil e vou além: Nâo deve nada aos vocalistas internacionais, sua postura no palco e timbres vocais nos lembram muito o mestre imortal Ronnie James Dio. Músicas como “Viver”, “Santa Inquisição” (esta é puro Black Sabbath fase Dio) ficam ainda melhores ao vivo. Nando Fernandes manda um recado antes da fantástica “Umbral”: “meninos e meninas, sejam bonzinhos, senão vocês irão para o Umbral!!!!”... Puro Heavy Metal!!

Mais próximo ao final, em uma pausa entre músicas, um “desavisado” grita “toca a saideira!!!”... para a reprovação de todos os presentes. Ao ouvir isso, Nando Fernandes pergunta ao “super bonitão querendo aparecer”: “Você cara? É sério?/Você é músico?”. Perante a negativa do “c*gão, Nando com muita classe pergunta se o restante gostaria que o Sinistra continuasse, e a resposta foi obviamente positiva. Fico pensando o que faz um sujeito sair de casa para ter uma atitude dessas. Falta de educação, respeito e noção. Em tempo: diante da “ enquadrada” do Nando, ele negou ser músico, mas é baixista de uma banda no underground Porto Alegrense. Omitirei nomes para não dar publicidade para o individuo. O Sinistra finaliza com “ O Amanhã”, e aos gritos de “mais uma” Nando agradece e explica que os horários tem que ser respeitados. O Sinistra sai do palco após uma apresentação de 45 minutos, sobre aplausos e os músicos ovacionados, para desespero do “loser frustrado” que pediu pela saideira.



Após um intervalo de 20 minutos, sobe ao palco a banda a banda liderada pela mais grata revelação vocal do Rock/Metal dos últimos anos, Dino Jelusick, a banda que carrega seu sobre nome, Jelusick. Acompanhado por Ivan Keller (guitarra), Luka Brodaric (baixo) e Mario Lepoglavec (bateria) o quarteto croata toma de assalto o palco do Opinião e despeja a excelente “Reign Of Vultures”, faixa de abertura do ótimo álbum de estréia ”Follow The Blind” lançado em 2023. Com um público ligeiramente melhor do que no Sinistra, porém definitivo, os croatas desfilaram perfeitamente a classe das suas composições. Interessante verificar que, se no álbum, a sonoridade hard/heavy da banda é envolta numa timbragem mais moderna e porque não dizer até meio prog, ao vivo elas soam muito mais Hard Rock.

Muito dessa pegada mais Rock, se deve a performance dos músicos: O baixista Luka é simplesmente insano, não pára um minuto e agita o tempo todo. A sua performance é um misto de Rob Trujillo e Steve Harris, sem errar nenhuma nota. O guitarrista Keller é o perfeito guitar hero, tocando tudo o que pode e mais um pouco, o batera Mario é um monstro no seu instrumento. O vocalista Dino é realmente tudo que se tem falado dele. Um ótimo frontman, com um vocal excelente, e vez que outra ainda ataca nos teclados, com a mesma maestria.

Ao longo de 50 minutos, um uma performance contagiante, o Jelusick tocou as músicas contidas no seu excelente álbum de estréia, como “Acid Rain”, “Healer” e “All I Want”, finalizando com “Fly High Again”. Esperamos por uma nova visita do Jelusick num futuro próximo, pois nos deixaram uma excelente impressão e com vontade de assisti-los novamente.



Passava um pouco das 21 horas, quando entra no palco a atração principal da noite, o “quase brasileiro” Jeff Scott Soto. Brincadeiras a parte, Jeff já é figurinha carimbada do público brasileiro, devido as suas inúmeras passagens e turnês desde a sua primeira aparição por aqui, lá no distante ano de 2002 (já são mais de 50 shows em solo brasileiro, seja como artista solo, seja como integrante de banda). A banda de Jeff é formada por renomados e conhecidos músicos brasileiros, que o acompanham há mais de 15 anos, à saber: Leo Mancini (guitarra), BJ (vocais de apoio, teclado e guitarras), Henrique Canale (baixo) e Edu Cominatto (bateria).

A abertura é com a incendiária “Now Your Ships Are Burned”, música do primeiro disco do sueco Yngwie J. Malmsteen e que apresentou Jeff ao mundo. Na sequência “Livin The Life”, da banda fictícia Steel Dragon, trilha sonoro do filme Rock Star, gravada com Jeff no vocal, e logo a seguir “ Warrior” de Axel Rudi Pell. Na primeira fala de Jeff com a platéia, ele saúda Porto Alegre, diz que o Brasil é a sua segunda casa e emenda “Eyes Of Love” do álbum solo “Prism” de 2002.

Jeff estava ligeiramente menos performático do que o de costume e a causa foi uma lesão no seu joelho ocorrida aqui no Brasil alguns dias antes, porém nada afetou a simpatia, carisma e uma visível sensação de se divertir o tempo todo enquanto está no palco. Fã incondicional da nossa tradicional “Caipiroska”, ele comenta que o médico dele “prescreveu” que tomasse apenas duas no palco, por conta dos remédios que estava tomando para a sua lesão. Após “Stone Cold Crazy”, cover do Queen, ele seguiu as orientações médicas e entornou um copo ao coro dos presentes “ vira, vira, vira”...e virou mesmo.

Para os fãs de Malmsteen, mais duas pérolas do álbum “Marching Out “ foram tocadas em sequência:“I´m a Viking“ e “I`ll See The Light Tonight”. Em seguida, o anti-climax do show, ao meu ver: um pequeno Medley de músicas “piano/vocal” dos primeiros álbuns do Queen, como “The March Of Black Queen” e “ Nevermore”, onde Jeff Scott Soto, ficou sozinho no palco e cantou por cima das bases pré-gravadas originais do Queen. Não me entendam mal, sou apreciador da música do Queen, mas creio que este “intervalo” quebrou o clima do show que vinha num crescendo. A seguir mais Queen, porém com um dos seus maiores clássicos, “Love Of My Life”, onde Jeff convida Dino Jelusick para um dueto, e o mesmo o fez lá do segundo andar do Opinião.



Na sequência, um outro medley, só que dessa vez muito mais vibrante: Várias músicas da banda Talisman, onde Soto tem uma vasta discografia. “Coming Home”, “Misterious”, “Colour My Xtc”, entre tantas outras elevaram o clima às alturas, tendo em vista que alguns dos trabalhos mais celebrados de Soto estão na discografia do Talisman. Cover de “Frozen” (Madonna) e “Crazy” (Seal) gravados pelo Talisman também estiveram presentes neste Medley. “Stand Up And Shout”, clássico da fictícia “Steel Dragon”, também do filme Rock Star faz a platéia vibrar e a mais que clássica “I'll Be Waiting” vai ser a próxima, porém desta vez com convidados: “Dino Jelusick e Nando Fernandes voltam ao palco e junto a BJ e Soto dividem os vocais, com direito a Nando Fernandes, a pedido de Jeff cantar o refrão em português. Dino não quis cantar em ucraniano, em meio a risadas de todos.

Para finalizar, com todos ainda no palco, Jeff traz um cover/Medley de Disco Music, estilo que também Jeff é apreciador. “Play That Funky Music/Jungle Music/Shake Your Booty/Kung Fu Fighting/Another One Bites The Dust (e tome mais Queen)/Staying ALive”, dividiram o público, pois a galera menos radical (eu incluso) curtiu muito, enquanto os mais “trues”, de braços cruzados e torcendo o nariz, provavelmente preferiam que o medley de músicas de Yngwie Malmsteen. Show encerrado, a tradicional foto com o público e todos se retiram do palco.





O saldo final deste mini-festival é que o pequeno público presente foi privilegiado com três excelentes shows com três ótimas bandas, e os artistas mereciam muito mais público sem sombra de dúvidas. Enfim, felizes os que foram. Agradecimentos especiais para Ablaze Produtora pelo credenciamento e que Sinistra, Jelusick e JSS possam retornar mais vezes a Porto Alegre, para públicos maiores.

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