RICHIE RAMONE
Abertura: ROTENTIX
18/11/2023
BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS
Produção: Ablaze Productions
Abertura: ROTENTIX
18/11/2023
BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS
Produção: Ablaze Productions
Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: José Henrique Godoy
Fotos: José Henrique Godoy
E mais uma vez o palco do Bar Opinião na capital gaúcha foi escolhido para mais uma celebração do rock n' Roll. Ou do Punk Rock. Na verdade, chame como quiser. Porque o que se viu durante a apresentação de RICHIE RAMONE, ex-baterista do RAMONES, que tem uma carreira solo que não se fundamenta apenas naquilo que ele fez em sua passagem com o grupo, foi sim, uma verdadeira aula de como ser despojado, despreocupado, mas ao mesmo tempo, ser um autêntico rocker. O público, que compareceu em número razoável (mas que poderia ter sido bem melhor devido a importância do evento), mostrou que por mais que o tempo passe, as músicas escritas pelo quarteto que revolucionou o mundo da música, seguem mantendo acesa a chama da juventude, quer você tenha 20, 30, 40, 50, 60, 70 anos.
A abertura ficou sob a responsabilidade da banda gaúcha ROTENTIX. Cabe lembrar que o grupo também foi responsável pela abertura dos show pelo sul do brasil (Paraná e Santa Catarina), o que criou entre os músicos uma amizade (algo que foi comprovado durante o show de Richie). Mais do que inspirada em Ramones, o quarteto gaúcho mostra que a influência dos americanos está por todos os cantos, seja do palco, seja da música, seja da presença de palco, seja do espírito. Porque vou dizer uma coisa: QUE BANDA FODA! A energia e adrenalina que Douglas Wyse (vocal), Thiago Kamming (guitarra), Felipe Bittencourt (baixo) e Alex Lamarque (bateria) entregaram nos cerca de 40 minutos da apresentação do grupo foi de arrepiar. A postura de Douglas (um "quase" Joey Ramone), a pegada de Thiago (e sua guitarra autografada por CJ e Marky), Felipe e seu "one, two, three, four" e o peso e velocidade de Alex, fazem da Rotentix a melhor banda de punk do Rio Grande do Sul.
Sabe aquela alegria que você sente quando assiste uma banda que tá feliz em cima do palco? Foi isso que o grupo deixou transparecer em faixas sensacionais como "Cemitério", "Rotensedados", "Tarja Preta", "Olheiras"... Tudo aquilo que a gente cresceu ouvindo com o Ramones, a Rotentix consegue reproduzir de um jeito totalmente seu, com letras que retratam o cotidiano, qual seja, de festas a roubadas, de bares à mulherada, de sonhos a homenagens. E o baile seguiu com outras pérolas como "Jovem pra Sempre", "Te Explorou", "Judas", "Fuckin Cretin", "Matambre da Cidade" (título genial), "barros Cassal", "Dale Porão", "Adrenaline" (homenagem ao famoso Adrenaline Rock Bar), além das duas homenagens que encerram o set do quarteto: "Ouvindo Ramones" (que poderia estar tranquilamente no Rocket to Russia) e a versão de "What a Wonderful World", de Louis Armstrong que foi eternizada pelo saudoso Joey, e que, sendo o mais sincero possível, ficou bem melhor que a apresentada por Marky Ramone no show do mês passado. Sem muito mais a dizer, uma banda que merece mais reconhecimento! Que banda!
Após um pequeno intervalo, Rodrigo Txory (guitarra), Clare Misstake (baixo e uma espécie de faz tudo, inclusive atendendo na banca de merchandise da banda - e extremamente simpática, que fique registrado), adentram o palco antecedendo Richie, que durante as três primeiras faixas, tocou bateria. Alto, magro, jaqueta de couro e tênis All Star. è ou não é o "modelo" legítimo de um punk rocker? Divulgando seu mais recente e ótimo trabalho, "Live To Tell", o baterista começa a festa com "Durango 95", instrumental que durante muito tempo abriu os shows do Ramones. Em seguida, "Teenage Lobotomy", clássica faixa do quarteto, mas que não foi gravada por ele enquanto batera da banda. E aqui cabe um elogio a Richie: tocar músicas que não são suas ou que não foram gravadas por ele, deixaram o show com outra cara, satisfazendo muitos dos presentes que ali estavam. E por falar no público... Quando olho pro lado, um cara com uma camiseta sensacional: uma foto de Johnny com Linda escrito THE KKK TOOK MY BABY AWAY. Simplesmente demais! Antes de deixar a bateria e entregá-la a Chris Moye, Richie tocou e cantou "Somebody Put Something in my Drink", clássico presente em "Animal Boy" (1986).
"Smash You", aquele lado B que deveria ser muito mais do que isso, foi a escolhido para começar o show com Richie apenas nos vocais. Que música fantástica, lembrando os bons tempos que a música estava sempre em primeiro lugar, sem depender de conotações políticas, ideológicas ou qualquer outra coisa que venha a atrapalhar a finalidade principal: a diversão! Na sequência, aquele refrão cantado a plenos pulmões por todos: "Nobody Can't Tell Me , I Know, I Know Better Now!", trazendo o excelente "Halfway to Sanity" (1987) ao show. "I Don't Care" antecedeu "Pretty Poison", primeira faixa da carreira solo do baterista a ser apresentada. Logo após "Who Stole my Wig", presente no mais recente trabalho de Richie veio trazer a questão que todo fã de Ramones tá "careca" de saber: a treta entre ele e Marky não é pouca não! O hino máximo "Blitzkrieg Bop" fez com que o mosh rolasse solto e a roda punk viesse a se abrir de forma contundente na pista do Opinião. Mais duas faixas da carreira solo: "The Last Time" e "Fix You" antecederam "Howling at the Moon (Sha-La-La)", trouxe de volta o espírito de "Too Tough to Die" (1984).
Ainda na primeira parte do show, tivemos mais momentos de destaque como "Enjoy the Silence", cover do Depeche Mode, que poderia ter ficado um pouco mais interessante se o guitarrista Rodrigo tivesse um melhor desempenho. E aqui fica o único "senão" do show. Embora tenha executado um bom trabalho, faltou aquele "punch" característico ao guitarrista. Ainda, Richie chamou o vocalista da Rotentix, Douglas Wyse, algo que não estava programado, para cantar "Loudmouth" e "Havana Affair", num dos momentos mais legais do show e era nítida a alegria de Douglas nesse momento. Nessas horas, vemos o quanto um ídolo pode ser humilde sem perder a grandeza... Pra fechar a noite e dar tchau (como se alguém ainda acreditasse nisso), "Sheena is a Punk Rocker" veio e colocou, mais uma vez, o público a quebrar tudo na pista.
Após um pequeno espaço de tempo, a banda retorna e manda ver em "I'm Not ready", uma semi-balada ao estilo Ramones, fruto da carreira solo do baterista. Em seguida, três faixas que arrasam qualquer quarteirão: "I Wanna Live", "I Believe in Miracles" e "Rockaway Beach", músicas que dispensam qualquer tipo de apresentação, não é mesmo? Todos se despedem, mas a internet já nos dizia que teríamos um segundo bis... Então, eles retornam e dessa vez, com a faixa que fez valer o show: "Can't Say Anything Nice", faixa espetacular, cantada e composta por Richie, mais um daqueles lados B que ninguém consegue entender. Que música espetacular! Jamais imaginei que eu estaria em um show e cantaria essa música do início ao fim num misto de emoções... E agora, pra encerrar de vez esse show mais do que especial, "Judy is a Punk", "Commando" (que me trouxe belas lembranças, pois tive uma banda e nós tocávamos essa faixa) e "Cretin Hop", hino de toda uma geração, fecharam com chave de ouro a apresentação de um Ramone, que se não foi um integrante original, soube imprimir sua personalidade na maior banda de punk rock de todos os tempos!
Após o show, Richie desceu e foi à banca de merchandise tirar fotos e dar autógrafos a todos que ali estavam, independente de compra ingresso diferenciado, comprar algum merchandise... Um cara que sabe valorizar seu público e sua importância para sua carreira.
Fica o nosso obrigado a ABLAZE Productions pelo credenciamento e cordialidade no atendimento, marca registrada da produtora.
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