O Rio Grande do Sul vem há tempos, revelando grandes nomes do metal extremo nacional. Fica até complicado citar nomes, tamanho número de grupos de qualidade que o Estado tem mostrado ao mundo. Krisiun, Rebaelliun, In Torment, Exterminate... São alguns dos grupos que vem á memória em um primeiro momento. E podemos, com toda a certeza, juntar á esse time o quarteto HORROR CHAMBER. Lançando agora em 2016 seu primeiro full lenght, intitulado "ETERNAL TORMENT", o grupo vem, com este trabalho, dar seqüência ao que já vinha mostrando após o lançamento do EP "The Devil Has No Face", lançado em 2009, que obteve boas críticas e repercussão bastante positivo junto ao público. Apesar da da proposta da banda em fazer um death metal muito bem trabalhado, podemos perceber que o grupo não se limita aos clichês do estilo, buscando incorporar suas influências com muita categoria.
O grupo, formado em 2004, hoje é composto por Guilherme Lannig (vocal/baixo), Paulo Hendler (guitarra/backing vocal), Felipe Pujol (guitarra) e Rafael Machado Kniest (bateria). Na gravação do álbum, as baquetas estavam sob o comando de Dio Britto (Westfield Massacre, ex-Distraught, ex-In Torment). O trabalho foi gravado no Hurricane Studio em Porto Alegre, tendo sido produzido (em parceria com a banda), mixado e masterizado por Sebastian Carsin, que sem dúvida, é um dos melhores produtores do Estado. Se tiver alguma dúvida, cabe lembrar que ele já produziu bandas de rock n' roll, death metal, hard core, thrash, hard rock... E todas, sem exceção ficaram com uma excelente qualidade. O que se repetiu aqui. A brutalidade do som grupo ficou evidente, com todos os instrumentos audíveis, sem aquele, por muitas vezes, tradicional embolamento que acaba acontecendo com algumas bandas do estilo. A arte da capa ficou por conta de Rafael Tavares, enquanto a o layout gráfico, foi obra do guitarrista Felipe Pujol.
Após a climática e angustiante introdução, Beyond The Unknown, o grupo apresenta a faixa título, Eternal Torment. Muito bem executada, a composição traz um grande trabalho de guitarras, onde aquela pegada death metal old school encontra o que bandas como Nile, Hate Etenal, entre outras tem feito ultimamente. O vocal gutural, apesar de não mostrar variação (o que se encontra totalmente dentro da proposta do grupo), possui intensidade e muita energia. Já o duo baixo/bateria mostram grande entrosamento, se encarregando de entregar o peso e brutalidade que a faixa pede. Na seqüência, temos mais agressividade em estado bruto. Rise of The Dead, novamente, mostra que a dupla Felipe Pujol e Paulo Hendler possuem excelente entrosamento e coesão, pois os riffs se mostram variados, enquanto os solos, trazem a tona uma rispidez brutal e direta. Guilherme Lannig que além de vocal também comanda o baixo se mostra eficiente, como muitos dos grandes vocalistas do estilo. Já a bateria de Dio Britto, está muito bem trabalhada e técnica, variando momentos mais velozes e outros executados de forma mais brutal e pesada. Prelude to Perdition é um belo dedilhado, que, como o próprio nome entrega, serve de prelúdio para uma das melhores faixas do trabalho.
Dawn of Madness começa com o vocal que transpassa uma forte dose de violência e desespero, enquanto as guitarras fazem o "serviço" de forma bastante agressiva. Mais variada, a faixa alterna momentos rápidos com passagens mais cadenciadas, onde o peso reina absoluto. destaque para o trabalho de baixo e bateria que não deixa pedra sobre pedra. Nessa composição, podemos ver que a banda se preocupa com os arranjos, pois apresenta aqui, uma versatilidade, que a tira do lugar comum. Já Believe in the Faith, tem uma linha mais tradicional no que tange ao death metal, mas busca nas guitarras, inspiração em bandas mais atuais, não apenas do estilo, mas em bandas de thrash (as mais extremas, como o Dew Scented por exemplo). Os guitarristas mostram sua categoria com riffs fortes e intensos. Blood Obsession é uma porrada que ao lado de Dawn of Madness merece também ser destacada. Insana e cheia de variações, a faixa é uma aula de brutalidade, pois vai de momentos velozes e cheios de riffs brutais á momentos mais trabalhados e cadenciados, com solos muito bem encaixados. Destaque para o trabalho de Dio Britto, que destrói seu kit de forma brutal. O encerramento vem com Perverse Mind, outro momento carregados de riffs tipicamente death metal e que também possui variações em seu andamento, mostrando a criatividade da banda em compôr linhas agressivas e brutais. Um grande fechamento para um excelente álbum.
"ETERNAL TORMENT" tem apenas um pequeno senão. Das oito faixas presentes aqui, duas são introduções, restante ao apreciador do excelente death metal executado pela banda apenas seis faixas. Pelo que se apresenta aqui, o HORROR CHAMBER comprova mais uma vez que o metal extremo produzido aqui, no "Hell" Grande do Sul continua quebrando pescoços sem piedade. Para a nossa sorte!
Sergiomar Menezes