Minas Gerais sempre foi uma referência quando se fala sobre heavy metal no Brasil. Principalmente quando falamos da parte mais extrema do estilo. Overdose, Sepultura, Chakal, Mutilator, Sarcófago, Holocausto... Toda uma cena que influenciou bandas ao redor do planeta e que ainda segue influenciando muito do que se faz hoje. E uma dessas bandas é a BURNKILL, grupo que vem do mesmo Estado e que mantém muitas daquelas características que marcaram aquela época grandiosa. GUERRA E DESTRUIÇÃO, o primeiro trabalho deste jovem grupo, foi lançado de forma independe e traz 8 composições pesadas, agressivas e cheias de energia.
Antony Damien (vocal), Lucas Maia (guitarra), Pablo Henrique (guitarra), Jorge Luiz (baixo) e Anderson de Lima (bateria) apostam em um misto de thrash/death e metal tradicional. Cantando em português, o grupo aproxima mais ainda as referências ao metal praticado pelas bandas brasileiras nos anos 80. Com dois anos de formação, o grupo resolveu lançar logo de cara um full lenght, trazendo em suas letras muito dos problemas sociais dos dias de hoje e também abordando os males que a religião vem causando ao mundo, sempre em nome de Deus. O próprio gruo reforça que não possui cunho religioso, mas critica a doutrina imposta á sociedade. A produção do trabalho não ficou 100%, pois em alguns momentos não podemos ouvir os solos e por vezes os instrumentos acabam alternando momentos. Mas, como trata-se de um primeiro álbum e independente, isso não compromete o resultado final do trabalho.
Corredor da Morte inicia o cd com uma introdução dedilhada que logo sofre a interferência de um riff ríspido e pesado. O vocal de Antony, é enérgico e o fato de cantar em português parece dar mais peso á faixa. Uma pegada suja e uma levada quase "rock n' roll", além do bom trabalho das guitarras ( Lucas e Pablo estão muito bem entrosados) são os destaques da composição. Vivendo uma Ilusão traz uma letra ácida e questiona o momento atual de grade parte da população. Riffs nervosos fazem a base para a letra: " Ei você aí que está na porra do sofá/ Sua vida está passando, você tem que levantar", traduzindo aquilo que assola muita gente por aí. Um refrão intenso e brutal. Grande trabalho da dupla Jorge e Anderson (baixo/bateria respectivamente), que mostram boa técnica e muito peso. A faixa título, Guerra e Destruição, começa arrastada mas logo entra um bom riff e uma levada thrash old school. Aqui, o solo, bem estruturada acaba perdendo um pouco do brilho devido á produção. Repressão vem na seqüência e traz um ritmo mais cadenciado. A faixa apresenta passagens mais variadas, mostrando que os músicos possuam, além de boa técnica, versatilidade.
Cadáver do Brasil é uma das faixas mais pesadas do álbum. O vocal de Antony assume ares mais death metal aqui. As guitarras também caminham por esse lado, enquanto a cozinha alterna momentos mais thrash com levadas mais tradicionais, dando á composição um arranjo bem estruturado. Em Tempestade de Horror podemos perceber uma influência do hardcore. Mais "seca" a faixa também poderia ter um melhor resultado com uma produção mais esmerada. Chega de Mentiras tem na bateria de Anderson destaque. Linhas bem trabalhadas e uma pegada certeira dão á bateria um destaque por aqui. E mais uma letra ácida, criticando a sociedade brasileira de uma maneira geral. Sinfonia da Guerra fecha o trabalho e também poderia ter um melhor resultado se a produção. A idéia da faixa é boa, mas falta um maior preenchimentos dos "espaços" que soam um tanto vazios.
O BURNKILL faz uma boa estréia em GUERRA E DESTRUIÇÃO. A pouca experiência dos músicos foi compensada com garra, disposição e boas faixas. Uma produção mais caprichada pode fazer com que o grupo venha a se destacar mais. Talento e capacidade eles já mostraram neste primeiro trabalho.
Sergiomar Menezes
Grato pelas palavras! Abração!
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