Os anos 70 foram sem dúvida, a época mais criativa da música em geral. Tanto é que, hoje em dia, muitas bandas seguem bebendo direto dessa fonte e conseguem transportar aquele energia e clima como se toda aquela magia recém tivesse acontecido. E um desses grupos é o norte americano SCORPION CHILD. Lançado em 2013, mas saindo agora por aqui, mais um fruto da parceria Shinigami Records/Nuclear Blast. o auto intitulado trabalho de estréia deste quinteto texano, nos mostra um hard rock com uma pegada bem setentista, mas sem soar forçado. Mesclando suas influências (que vão de Led Zeppelin, Deep Purple, Rainbow, até bandas mais "atuais", como o Black Crowes) e fazendo um som muito inspirado, o grupo mostra aqui personalidade e muito bom gosto nas dez faixas que compõem o trabalho.
Formada em 2006, a banda que gravou o trabalho era composta por Aryn Jonathan Black (vocal), Chris Cowart (guitarra), Torn Frank (guitarra), Shaun Avants (baixo) e Shawn Alvear (bateria). Com performances cheias de energia e muita garra, o grupo chamou a atenção da Nuclear Blast que assinou sem pensar duas vezes com os americanos. E logo no primeiro álbum, podemos ver que a gigante alemã, mais uma vez, acertou em cheio. Pesado e com passagens cheias de psicodelia, o álbum foi gravado, produzido por Chris "Frenchie" Smith e soube manter a atmosfera do grupo intacta. A mixagem ficou por conta de Jason "Big Dick" Buntz e Donny James, enquanto a masterização foi feita por Dave McNair. Já a capa e seu conceito muito legal foi obra de Dehron Hite Benson. A repercussão e receptividade do trabalho foi tão boa que a banda foi indicada como "Best New Band" da influente Classic Rock Magazine. O que, convenhamos, não é para muitos...
Kings Highway abre o cd e de cara, podemos perceber que a banda é muito mais do que um resgate á sonoridade dos 70's. Com climas psicodélicos, mas cheia de riffs pesados e intensos, a faixa mostra a capacidade do grupo em criar arranjos que a diferenciam das demais bandas atuais. O timbre do vocalista Aryn Jonathan Black nos remete ao que de melhor as bandas de antigamente apresentavam: vocalistas preocupados em cantar e não em demonstrar suas técnicas vocais. Polygon of Eyes, que foi lançada como single, tem nas guitarras seu destaque. Com uma pegada bem característica, a banda despeja peso e riffs de forma perfeita, transformando a faixa em dos dos melhores momentos do cd. Um refrão bem estruturado se encaixa de forma perfeita, enquanto os solos "viajam" numa atmosfera bastante criativa. The Secret Spot também tem como guia, os riffs sensacionais criados pela dupla Chris Cowart e Torn Frank. Salvation Slave tem riffs com uma levada bem hard, enquanto a cozinha manda ver em uma pegada mais grooveada, com pitadas de funk (o verdadeiro), e isso deixa a composição bem especial. Com uma cara totalmente hard rock clássico, Liquor vem a corroborara a qualidade que a banda apresenta em suas composições. Com um arranjo muito bem pensado, essa faixa também se destaca.
Antioch, a mais Led Zeppelin de todas, traz aquele clima perfeito, onde a alternância entre a suavidade e a densidade, o mais calmo e o mais pesado, andam juntos levando o ouvinte a viajar num tempo, áquela época que a música estava acima de tudo. Mais guitarras a frente em In The Arms of Ecstasy, que também deixa no ar a sensação de que tem muita banda por aí que deveria rever sua carreira e maneira de compôr. As linhas de baixo/bateria se destacam, enquanto o vocal dá mais um show de interpretação. Paradigm é total Rock n' Roll. Mais rápida que as demais, a faixa tem um clima mais festivo. Red Blood (The River Flows) é a mais "viajante" das composições, mas nem por isso perde em qualidade ou intensidade. Apenas dá uma suavizada no clima, pra encerrar o track list regular do álbum. Na versão nacional, temos ainda uma faixa bônus, a excelente Keep Goin'. Mais uma viagem á década de ouro, capitaneada pelo teclado, o que acaba criando um clima ainda mais criativo.
Neste seu trabalho de estréia, o SCORPION CHILD se mostra muito mais do que uma banda saudosista. Trazendo elementos mais modernos e atuais á sua sonoridade calcada nos anos 70, o grupo consegue se destacar e provar que a busca por personalidade, não está apenas em tentar ser original. Ao dosar suas influências de forma correta, o grupo além de conseguir tudo isso, mostra uma identidade própria em tempos em que, aquela velha máxima, "nada se cria, tudo se copia" põe por terra muitas bandas que apenas se repetem.
Sergiomar Menezes
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