2016 está sendo um ano sensacional para o metal nacional. O que temos de lançamentos excelentes das bandas de nosso país chega a ser imensurável. E o segundo trabalho das garotas da NERVOSA se encaixa perfeitamente nessa descrição. Que baita disco! AGONY, que tem seu lançamento nacional via Shinigami Records, é uma síntese perfeita do que é o thrash metal atual, trazendo em sua bagagem muito do que se fez e faz na Bay Area e incorporando a pegada e também o lado mais cru do thrash alemão. Se em Victim of Yourself (2014), seu trabalho de estréia, a banda já apresentava um thrash visceral, aqui o negócio ganhou ares mais brutais e mais trabalhados, sem abrir mão do peso e agressividade. E a experiência adquirida nas turnês e shows fora do país contribuíram para esse "amadurecimento".
Fernanda Lira (vocal e baixo), Prika Amaral (guitarra) e Pitchu Ferraz (bateria e que recentemente deixou a banda) gravaram um dos melhores álbuns deste ano. Sem exageros. São onze faixas regulares e mais uma bônus track que mostram que elas não estão para brincadeira. O trabalho foi produzido por Brendan Duffey e foi mixado e masterizado pelo renomado Andy Classen. Ou seja, ficou na medida exata. Sujo, pesado mas sem soar forçado. A produção apenas deixou a sonoridade da banda "natural", pois não deu limites á criatividade e capacidade do trio. A capa foi um trabalho de Godmachine que soube dar vida ao que o álbum representa. Num geral, a banda manteve sua essência, mas evoluiu musicalmente. Os riffs de Prika Amaral, seguem agressivos, mas ganharam mais punch, enquanto Fernanda mostrou muita versatilidade na fora de cantar, além de mandar muito bem no baixo. Pitchu Ferraz por sua vez, se mostrou técnica e brutal, pois a bateria soa intensa em todas a s faixas.
Arrogance já chega arregaçando tudo. Escolha perfeita para abrir o álbum, a faixa traz riffs fortes, com uma pegada bastante agressiva, enquanto o vocal de Fernanda ganha linhas que se mostram mais ríspidas. Os backing vocals também s e destacam, pois ficaram bem encaixados. velocidade e brutalidade ao extremo! Theory of Conspiracy é uma típica faixa trash metal, com bateria "bate-estaca", mas que em algumas passagens se mostra variada, enquanto os riffs se mostram mais pesados. Em Deception, o vocal ganha uma linha mais death metal, principalmente em seu início, onde o gutural de Fernanda mostra sua versatilidade. A faixa possui um solo destruidor, enquanto a bateria segue ditando o ritmo, não tão veloz, mas com uma pegada bem agressiva. Intolerance Means War (que belo título, por sinal), traz guitarras carregadas de peso, trazendo um refrão daqueles que ficam na nossa mente por muito tempo. Aliás, essa faixa tem que estar no set list do grupo. As mudança de andamento durante sua execução são muito bem estruturadas. Guerra Santa, cantada em português tem uma pegada mais Hardcore. E pode-se dizer que ficou bem legal esta forma mais direta de cantar de Fernanda. Failed System tem guitarras com influências death metal, pois os riffs estão mais mortais aqui. E podemos perceber o baixo bem trabalhado nesta faixa.
Hostages, que possui um vídeo animal, começa mais cadenciada, mas em seguida ganha velocidade e peso. É sem dúvida, um dos grandes destaques do trabalho. Linhas agressivas, um vocal intenso e violento, e a bateria se destacando com um grande trabalho num misto de técnica/brutalidade. Já em Surrounded By Serpents, a guitarra de Prika se destaca, pois adota uma veia em certos momentos mais "old school", enquanto Fernanda segue esbanjando qualidade com um vocal que vai do gutural ao mais rasgado com facilidade. O baixo comanda o massacre sonoro de Cyber War. Riffs mais diretos, aquelas paradinhas típicas e velocidade alucinante dão a faixa muita autenticidade. Hipocrisy, tem um inicio pesado, com um grande trabalho de baixo/bateria, e em seguida ganha velocidade e intensidade com riffs fortes. Muito bem arranjada, a faixa também é um dos destaques do trabalho, que na verdade, tem como destaque o excelente nível em todas as composições. Devastation, a última faixa do track list regular, é veloz e direta. Sem frescuras, a banda detona um thrash sem concessões. A faixa bônus, Wayfarer, mostra Fernanda mandando ver em um vocal limpo, e diga-se aqui, que baita vocalista! Com uma forte influência do blues e da soul music, a vocaista esbanja categoria, numa faixa que tem guitarras pesadas e um ritmo mais cadenciado. Quando resolve sotar a voz mais agressiva, Fernanda mostra desenvoltura e a banda acompanha em passagens mais brutais. Uma faixa sensacional!
AGONY mostra uma banda que evoluiu de forma considerável em seu segundo trabalho. A NERVOSA mostra que não é apenas uma revelação e promessa do metal brasileiro. A banda é, sim, uma realidade e um dos grandes nomes atuais da cena nacional. Fortíssimo candidato ao topo da lista de melhores do ano!
Sergiomar Menezes
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