Glenn Danzig é um nome lendário dentro do rock/metal. Se com o Misfits e o Samhain (especialmente com o primeiro) ele influenciou desde o punk rock/hardcore até os grandes nomes do heavy/thrash, com o DANZIG ele conseguiu transformar toda aquela atitude visceral e crua em algo mais sombrio e soturno. E seu décimo primeiro trabalho de estúdio (contando com o álbum de covers, Skeletons, lançado em 2015) vem para confirmar o retorno (ou pelo menos, a tentativa de retornar) aos bons momentos de seus primeiros trabalhos sob este nome. BLACK LADEN CROWN, que chega por aqui na parceria entre a Shinigami Records e a Nuclear Blast, mostra que, ao lado do guitarrista Tommy Victor, Glenn está disposto a retomar seu lugar dentro do cenário.
Formado hoje por Glenn Danzig nos vocais, o já citado guitarrista Tommy Victor (Prong), o grupo contou com o auxílio de alguns bateristas na gravação do álbum, dentre eles Johnny Kelly, Joey Castillo, Karl Rockfist, Dirk Veuberen (Megadeth) e do próprio Glenn Danzig, que também foi responsável pelo baixo. O baixinho invocado, se responsabilizou pela produção do trabalho que ficou bastante crua, o que de certa forma, acabou por combinar muito bem com a sonoridade apresentado no trabalho. Nunca é demais ressaltar que a banda sempre trouxe em sua música várias vertentes, indo do doom ao southern, passando pelo blues e pelo metal, sem nenhum tipo de problema. Assim, podemos afirmar que Black Laden Crown é um dos melhores trabalhos do grupo e anos!
Abrindo com a sombria e densa faixa título, podemos perceber o bom trabalho de Tommy Victor, que agrega peso e técnica aos clima soturno que a música de Danzig pede. Já a voz inconfundível de Glenn, que serve de referencia para muitos, mesmo que não seja reconhecido, continua rendendo ótimas linhas, pois o tempo deu ao experiente músico a sapiência para usá-la de forma eficiente. Na sequência, Eyes Ripping Fire se destaca pela pegada mais "rock", mostrando novamente que a escolha de Victor foi muito bem feita. Preste atenção nos riffs e no solo caprichado que o guitarrista apresenta aqui, deixando a faixa ainda mais especial. Assim como em Devil on Hwy 9, talvez a faixa mais pesada do trabalho. Glenn mostra versatilidade, criando linhas mais variadas durante a execução da composição. Last Ride vem em contraponto, pois é uma faixa mais cadenciada, mas também é um dos destaques pois carrega consigo uma atmosfera bastante sombria e e introspectiva, além de contar com um excelente trabalho vocal.
The Witching Hour, em alguns momentos me trouxe à mente a voz de Jim Morrison (The Doors), que com toda a certeza, é uma das grandes influências de Glenn Danzig. O peso da guitarra de Tommy Victor volta com tudo em But a Nightmare. Cadenciada e carregada de passagens bem sombrias, a faixa se destaca ao mostrar toda a potencialidade que o vocalista ainda pode oferecer em suas interpretações. Uma das melhores faixas do álbum, com toda a certeza! Skulls and Daisies possui uma certa melancolia bem explícita em sua execução, da mesma forma que Blackness Falls. O encerramento vem com Pull The Sun, outro bom momento de Tommy Victor, que é, sem dúvida, o grande destaque do trabalho.
BLACK LADEN CROWN vem para provar, mesmo que a esta altura do campeonato isso não seja precisa, que o DANZIG ainda é relevante e serve de referência para muitas bandas da atualidade. Não é apenas com suas primeiras bandas ou com os primeiros trabalhos do grupo atual que Glenn Danzig se mostra importante. Este trabalho deixa claro que o músico ainda tem muito à acrescentar ao rock/metal.
Sergiomar Menezes
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