terça-feira, 9 de junho de 2020

SCARS - PREDATORY (2020)


Sabe aquela banda que você coloca o CD pra tocar e de cara, reconhece sem pestanejar? Pois é... Podemos afirmar, sem a menor chance de errar que uma delas é o SCARS!! Poucos grupos conseguem imprimir sua personalidade dessa forma, e muito disso se dá pelos riffs de guitarra, algo bastante difícil, uma vez que o Thrash Metal não é um dos estilos mais diversificados que existem... Outro ponto que se torna bastante característico são os vocais que mostram uma dose extra de agressividade sem se tornarem maçantes. E agora, 12 anos após o último álbum (Devilgod Alliance - 2008), o grupo retorno com PREDATORY, um trabalho repleto de fúria, violência e agressividade, mas ao mesmo tempo técnico. Em 09 faixas (mais duas bônus) o grupo mostra que o tempo que ficou afastado não prejudicou em nada sua música. E se não soubéssemos que isso havia acontecido, passaria batido, tamanha a coesão e entrosamento do grupo!

Régis F (vocal), Alex Zeraib (guitarra), Thiago Oliveira (guitarra), Marcelo "Mitché" (baixo) e João Gobo (bateria) gravaram PREDATORY no renomado estúdio Loud Factory em São Paulo, sob a supervisão e produção de Wagner Meirinho (Warrel Dane, Torture Squad) o qual, nas palavras do próprio Alex, sabe exatamente como o Scars deve soar. Dessa forma, tudo no álbum tem uma pegada bastante característica, evidenciando o "modo" SCARS de fazer Thrash Metal. Cabe salientar que as duas faixas bônus presentes aqui, também foram produzidas por Wagner, mas contaram com as seis cordas de Edson Navarrette (substituído pouco tempo depois por Thiago). O vocalista Régis ressalta que "o ser humano é um 'super predador único' e que essa é uma temática muito forte, mas apesar de se tratar de um assunto vasto, o álbum não é conceitual". Nunca é demais lembrar que "The Nether Hell", EP de estréia do grupo lançado em 2005, era baseado na Divina Comédia de Dante Alighieri, mias precisamente no Inferno. Aliás, das duas faixas bônus presentes no CD atual, e que foram lançadas digitalmente em 2019, uma delas mantém uma ligação com este trabalho de estréia.

A faixa título abre o álbum com as guitarras de Alex e Thiago despejando riffs ríspidos, enquanto a dupla "Mitché" e João, mostram um entrosamento perfeito, garantindo uma base pesada e intensa, formando assim, a combinação perfeita para os vocais de Regis. E aqui, já fica uma constatação: só existe um único vocalista possível para o Scars. Impressiona o modo como Régis imprime sua personalidade, uma vez que consegue cantar de uma forma mais rasgada, sem nenhum tipo de restrição. Em seguida, "These Bloody Days" vem como um chute na boca do estômago. Com pouco mais de dois minutos, a faixa tem aquela velocidade típica do thrash metal oitentista, sem que soe datada ou fora de lugar. Na sequência, uma das melhores faixas do CD: "Ancient Power". Com um começo mais intimista, ela vem naquela pegada "Blacklist" do Exodus e até mesmo "Inner Self" do Sepultura. Que faixa, meus amigos! Clássico instantâneo, daqueles que não podem faltar em nenhum show do grupo. E, o mais engraçado nisso é que, em uma conversa que tive com o guitarrista Alex, essa faixa por muito pouco não entrou no disco! 

"Sad Darkness of the Soul" é outro grande momento, pois o peso das guitarras é descomunal, enquanto mais uma vez, a cozinha mostra serviço, principalmente o baterista João Gobo, que imprime uma pegada quase tribal, dosando de forma exata o peso e a técnica à favor da música. Mas o baixista não fica para trás, pois as quatro cordas adotam um alinha bastante densa durante a  execução do play. Já "The Unsung Requiem" é uma faixa instrumental, curta, que antecede "Ghostly Shadows", um momento mais próximo da Bay Area. Essa composição deixa exposta a classe e versatilidade de todos, pois ela navega entre momentos mais intensos e pesados, a outros onde uma linha mais trabalhada se faz presente. Assim como " The 72 Faces of God", onde é possível imaginar o mosh comendo solto durante sua execução nos shows!!

A penúltima faixa, "Beyond Valley of Despair" carrega consigo os vocais de Regis que apresentam uma dose maior de "dramaticidade" em sua interpretação. E talvez essa também seja uma das diferenças que o vocalista mostra em sua performance. Muito mais do que um vocalista, Regis é um intérprete, algo raro dentro do estilo. Escute e depois me diga se estou errado. A carga emocional passada durante a faixa é intensa e ele soube encaixar sua impostação vocal de form perfeita. O tracklist regular encerra com "Violent Show", que ao lado de "Ancient Pwer" ostenta o lugar mais alto do pódio em um álbum muito, mas muito acima da média. Veloz, instigante e agressiva, a brutalidade que emanam dos alto falantes faz com que se torne impossível ouví-la e ficar parado. Um encerramento perfeito!

Como bônus, o álbum traz duas faixas: "Armageddon" e "Silent Force". A primeira, mantém uma ligação e fechamento com o EP "The Nether Hell", contando como foi criado o Inferno. Essa foi a primeira composição do grupo após sua volta com essa formação e é um Thrash Metal seco, potente e sem meio termo. Se você é fã do estilo, vai curtir com toda a certeza. A outra faixa, "Silent Force" tem uma cara mais atual, apesar da personalidade da banda estar presente. Mas vejam bem, esse "atual" não significa moderno, e sim, com a pegada atual da banda, mais próximo das composições presentes no tracklist regular do álbum.

PREDATORY é um forte candidato a estar nas listas de melhores do ano. Seja pelas músicas presentes, seja pela apresentação gráfica, seja pela parte lírica, seja pela volta dessa formação. O que aliás, segundo Alex, é única que consegue realmente transparecer a musicalidade do SCARS. E ao término da audição, não há a mínima chance de se duvidar de tal afirmação! STAY THRASH!

Sergiomar Menezes








Um comentário:

  1. Com certeza será um dos melhores do ano!
    Os anos se passaram, e com este retorno,estão mostrando pra nós fãs do Scars,tamanha evolução phodásticamente!
    Os anos que estiveram afastados, só mostrou o crescimento, a dedicação e muito trabalho.
    Predatory chegou chegando com tudo.
    Parabéns ScarS! Tenho muito orgulho por ser fã de vcs monstros do Trash Metal Nacional.😈🔥💀


    ResponderExcluir